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ANTECEDENTES E A CRIAÇÃO DA IMPERIAL COLÔNIA ALEMÃ

ANTECEDENTES E A CRIAÇÃO DA IMPERIAL COLÔNIA ALEMÃ Paulo Roberto Martins de Oliveira, Associado Titular, cadeira nº 10 Sinto-me honrado pelo convite simultâneo do Clube 29 de Junho e do Instituto Histórico de Petrópolis, para que num roteiro de recordações históricas, possamos lembrar e homenagear os pioneiros colonos alemães de Petrópolis. A viagem, a chegada e os primeiros tempos da Imperial Colônia Alemã. Ilustres historiadores deixaram-nos registrados em livros e publicações diversas o fruto de suas pesquisas. Hoje, para percorrermos os mesmos caminhos da história, nos orientamos nestes preciosos trabalhos e ensaios, para darmos continuidade ao trabalho de nossos grandes mestres do passado. Portanto ouso a continuar ou a preencher alguns espaços através das minhas pesquisas. Se pensarmos no tempo percorrido desde 1835, 10 anos antes da grande colonização até os dias de hoje, quando no próximo dia 29 completaremos 151 anos da fundação da Colônia, teremos uma resenha de fatos que transformaram-se em história. A história dos nossos colonizadores germânicos. Antes dos alemães de 1845, houve uma grande movimentação de pessoas que Koeler e o Presidente da Província já consideravam como colonos: Os açorianos, que foram os primeiros, a seguir os alemães do Itamarati e outros de várias origens Em 1835 a parte administrativa da Província do Rio de Janeiro era dividida em 4 seções. A que formavam a nossa região era a segunda, sendo o chefe o Major de Engenheiros Julio Frederico Koeler que pertencia ao corpo de Engenharia da Administração da Província. Abrangia esta seção os atuais municípios de Magé e Paraíba do Sul, além de parte de Vassouras, Iguaçu e Valença. Cobria a extensão desde o Porto da Estrela até o Rio Paraibuna, nos limites com Minas Gerais. A única estrada que possibilitava a subida da serra era a calçada de pedra, não permitia veículo com tração animal por ser muito íngreme. Esta estrada era a principal via de comunicação entre a Corte e Minas Gerais. Foi dado a Koeler a incumbência de mantê-la em bom estado, conservando-a e de construir pontes por todo o interior para facilitar as tropas que iam e vinham com produtos agrícolas e minerais. A princípio os trabalhadores das estradas eram os escravos que podiam ser alugados nas fazendas das imediações. Os fazendeiros nunca permitiam que eles ficassem longe da fazenda com medo de perde-los. Com a continuação das obras, sucediam-se turmas de escravos que não tinham tempo para especializarem-se. O […] Read More

PETRÓPOLIS E O CENTENÁRIO FRANCISCANO

PETRÓPOLIS E O CENTENÁRIO FRANCISCANO Paulo Machado da Costa e Silva, Associado Titular, cadeira nº 2 – Em caráter solene, nos reunimos hoje, convocados pelo Instituto Histórico de Petrópolis, para nos associarmos às homenagens pela celebração do centenário da chegada à nossa cidade dos primeiros Frades Franciscanos no já distante 16 de janeiro de 1896, apenas cinco anos depois que a Província dos Frades Menores da Saxônia, na Alemanha, de acordo com compromisso assumido, havia enviado os primeiros missionários, que deveriam restaurar as duas Províncias Franciscanas do Brasil, em fase de quase extinção. Para Petrópolis, eles vinham trazidos pela interferência do zeloso Internúncio da Santa Sé no Brasil, Monsenhor João Batista Guidi, preocupado em propiciar aos descendentes dos colonos alemães católicos uma assistência religiosa mais efetiva e permanente do que a ele próprio vinha realizando com muito zelo, desde 1890, mas de forma intermitente, na capelinha do Sagrado Coração de Jesus da Rua Montecasseros, inaugurada em l874. E os Frades Franciscanos, nesses 100 anos de contínua permanência em Petrópolis, não só cumpriram a sua missão de propagadores da boa nova do Verbo de Deus encarnado, crucificado e ressuscitado, como se desdobraram a serviço da população de diversos bairros da cidade e estenderam os seus serviços à boa parte da Baixada Fluminense. Assim, os Franciscanos de Petrópolis foram criando raízes, se desenvolveram e se expandiram. No seu convento e em torno dele foi surgindo um centro cultural, que se projetou no país e ganhou renome no exterior. Podemos afirmar, sem exageros, que eles cresceram juntamente com a cidade e contribuiram também para projetá-la nacional e internacionalmente. Ao longo dos anos, mas desde o início, foram surgindo várias instituições por iniciativa desses pioneiros. Em 1901, tinha início a Tipografia da Escola Gratuíta São José, transformada depois no avançado parque editorial da EDITORA VOZES Ltda, cuja influência quase centenária em nosso país é indiscutível. A produção bibliográfica das VOZES, hoje, se concentra, resumidamente, em três áreas: a cultural, a teológico-bíblica e a catequético-pastoral. Apenas para se ter uma ligeira noção dos assuntos abrangidos em cada área por essas publicações, podemos mencionar o que segue, acentuando-se a qualidade dos critérios exercidos na seleção dos autores e das respectivas obras. Assim, na área cultural se destacam, entre outras publicações, os títulos sobre antropologia, comunicação, ecologia, economia, filosofia, história, letras e literatura, pedagogia e psicopedagogia, política, psicologia e psicanálise, serviço social, saúde e trabalho, sociologia… Na […] Read More

PETRÓPOLIS, FILHA QUERIDA DE PAULO BARBOSA

PETRÓPOLIS, FILHA QUERIDA DE PAULO BARBOSA Célia Lobo Paulo, ex-Associada Titular, falecida – O Conselheiro Paulo Barbosa da Silva nasceu em Sabará – Minas Gerais – a 25 de janeiro de 1794. Teve uma mocidade toda dedicada ao Exército. Foi cadete aos 14 anos – Alferes aos 16. Matriculou-se na Academia Militar em 1818, sendo promovido a tenente no ano seguinte. Em 1822, aos 28 anos, já como Capitão, foi transferido para o Imperial Corpo de Engenheiros. Na campanha do Fico coube-lhe o papel de Emissário dos Patriotas a Minas, onde desempenhou bem sucedida missão. Em 1837 foi promovido a major e em 1839 a tenente coronel; neste mesmo ano foi eleito deputado por Minas Gerais. Com a queda do tutor José Bonifácio é nomeado mordomo da Casa Imperial, cargo em que é confirmado por D. Pedro II em 1840 e no qual iria prestar os mais assinalados serviços (Mordomo, Cargo de confiança do Imperador, era o administrador de todos os bens do palácio). Sua casa, na Chácara da Joana (o clube da Joana como era chamado) nos fundos da Quinta Imperial em São Cristovão – no Rio de Janeiro – foi o centro político-social do início do Reinado. Sua casa está até hoje preservada: é a Casa do Barão de Laguna, próxima ao Maracanã e que serviu de residência, antigamente, ao Ministro da Guerra, depois Ministro do Exército Comandante da 1ª Região Leste. O decreto Imperial de 16 de março do ano de 1843 estabeleceu metas prioritárias cuja concretização nos mostra que houve um perfeito entrosamento entre a Mordomia da Casa Imperial e o governo da Província do Rio de Janeiro, concretizando as providências oficiais dos vários setores da administração pública para o plano de Fundação de Petrópolis, que ele tão bem conceituou como “Projeto: Povoação Palácio de Petrópolis”. D. Pedro I havia planejado construir um palácio na Fazenda do Córrego Seco – não o concretizou devido a sua abdicação. O jovem D. Pedro II, orientado pelo seu experiente Mordomo construiu o palácio e uma vila doando lotes de sua fazenda a quem se dispusesse a colaborar no empreendimento. Fatores importantes contribuíram para que o sonho petropolitano brotado do coração de Paulo Barbosa, se tornasse realidade dentre outros. – Sua influência junto ao jovem imperador. – Sua amizade com o engenheiro Koeler, colega de carreira na arma de engenharia e que elaborou e executou o projeto urbanístico de Petrópolis. […] Read More

AMÉRICO LOURENÇO JACOBINA LACOMBE

Américo Lourenço Jacobina Lacombe Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, falecido, Patrono da cadeira nº 28 – Eis um consócio sobre o qual é muito difícil falar. Meu primo irmão duas vezes, pois que nossos pais eram irmãos e nossas mães eram irmãs. Fomos criados praticamente na mesma casa, de minha avó, que se comunicava com a nossa, por uma passagem no jardim. Embora mais velho do que eu, pois teria feito 84 anos e eu ainda não completei 80, Américo sempre foi para mim, o companheiro certo das ocasiões incertas, o amigo que não me falhava nas horas mais necessárias. Quantas vezes chego ainda pensar: vou comentar isto com Américo; preciso conversa sobre isto com Américo – e logo depois vem a desilusão da verdade… Guardo, por isso, dele uma lembrança imperecível e uma saudade profunda e dorida que me acompanhará, estou certo, até o fim de minha vida. No dia em que completaria 84 anos celebrou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro expressiva sessão em sua homenagem, quando falaram os companheiros Arno Welling e Homero Sena. Seus discursos, perfeitos e definitivos, disseram tudo que poderiam dizer sobre o homenageado. E no final da sessão, coube-me a pedido de meus primos, filhos de Américo, ali presentes, agradecer em nome deles a homenagem. Não consegui. Subi a tribuna e mal pude pronunciar comovido: “Obrigado! Muito obrigado – mesmo!” E desci, emocionado. Américo nasceu como que sob o signo do número 7. Os estudiosos em numerologia poderão, talvez, explicar o que isto representou em sua vida. Era sétimo filho do casal Domingos Lourenço Lacombe e Isabel Jacobina Lacombe; nasceu no dia 7 do sétimo mês do ano e seu nome tem exatamente sete letras. E para completar esta série de coincidências morreu no dia sete (de abril) de 94 Sua personalidade deve ser estudada sobre quatro aspectos que se entrelaçam e se completam: o professor, o historiador, o ruista e o homem de fé. Depois de seus primeiros estudos no saudoso Curso Jacobina, de tão gloriosa tradição na vida educacional brasileira Bacharelou-se na velha Faculdade de Direito da Rua do Catete. O velho e desconfortável casarão abrigava nessa época uma plêiade de jovens idealistas aos quais logo Américo se uniu e que viriam a se destacar na vida pública do país – entre os quais a figura estelar de San Tiago Dantas. Recebido o diploma em 1931, mais sem sentir a vocação […] Read More

SANTA CECÍLIA, 120 ANOS DE MÚSICA

Santa Cecília, 120 anos de música Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, cadeira nº 14 – Eu nasci na Escola de Música Santa Cecília, posso afirmar, na constatação de que meu pai, o grande cidadão petropolitano Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, naquele dia 10 de fevereiro de 1935, era presidente da instituição e comandava reunião de sua Diretoria. Chamado às pressas, subiu a Aureliano Coutinho, ganhou a pacata Teresa e, quando chegou à casa, já o menino chorava após as palmadas de praxe tão bem executadas pelas parteiras de antanho. Assim, em meio a uma reunião de Diretoria na “Santa Cecília”, eu cheguei, a pouca distancia do prédio da Escola, porém no seio da musical sociedade. Desde pequenino andei e corri, brinquei e traquinei no velho prédio e ali aprendi a amar a música, o teatro, o cinema.Adulto, presidi a Casa por quase uma década e até hoje integro conselhos e diretorias e leciono. Quando cheguei já não mais existia o maestro Paulo Carneiro, em sua forma física, mas seu nome e sua obra andavam em crescimento constante no acanhado casarão da rua Marechal Deodoro nº 192, ecoando por toda a cidade. Uma história eu conto e repiso: Paulo Carneiro, músico diplomado e “Medalha de Ouro” do Conservatório Nacional de Música, chega a Petrópolis. Traz bagagem de muita sensibilidade nordestina e raro talento musical. Mestre de música acompanha alunos no veraneio da serra. Apaixona-se pela musicalidade da pequena cidade, e, incontinenti, resolve abrir uma Escola de Música para atender aos talentos que desabrocham no dia-a-dia, das alvoradas, nos ocasos dos dias, na imensidão do plenilúnio, encanto e magia de Petrópolis. Na tarde de 16 de fevereiro daquele ano (1893) organiza e abre a Escola de Musica Santa Cecília, com duas dezenas de interessados. Seus espaços são emprestados e ele anda daqui para ali nos passos da determinação. O talentoso e humanitário maestro torna-se uma das personalidades maiores de Petrópolis, mantendo sua Escola, com amor e dedicação, até a sua morte em 1923, após manter o ensino durante completos 30 anos de meritória atividade. Morto e sepultado o fundador e mantenedor, alunos, admiradores e amigos constatam que a Escola era ele, o querido maestro. Nada possui senão o aguerrido nome e o registro da bela atividade realizada por sua Escola. Ele solicitara, no leito de morte, que não deixassem sua Escola terminar. Resolve o grupo de admiradores manter a Escola […] Read More

SABEDORIA

Sabedoria Joaquim Eloy Santos, Associado Titular, cadeira nº 14 – A sabedoria oriental chega pouco até nós. Ouvimos falar de Confúcio mas pouco conhecemos sobre o que pensou, escreveu e ditou ao Oriente como puras verdades, tão simples de compreender porém tão difíceis de praticar no Mundo Ocidental, mais preocupado com a sua “superioridade” e com o radical desejo de incuti-la ao “inculto” fora da cartilha. Em nosso País, de infeliz política, o nome de Confúcio é confundido com Pafúncio, aquele personagem dos quadrinhos, marido da Dona Maroca, coisa tipizada pelo ex-presidente imediato, em sua verborragia inconsequente, tola e primária. Questão de nível, falta de pudor, ausência do desconfiômetro mais banal. E ele continua falando mesmo de garganta arranhada. O País espera que algum jornalista, do nível do Ponte Preta, do Millor, do Cavaca, do Nery, esteja coligindo a asneirada total da cada pronunciamento, para a edição de um novo livro, talvez sob o título “Febedolu”, ou “Festival de Besteiras do Luiz”… Confúcio retratou muito bem alguns homens brasileiros, em uma única sentença: “O homem superior vê o que é direito; o homem inferior vê o que lhe traz proveito”. A sentença cai como uma luva em nossa política, onde existem poucos postulantes sinceros em favor do País e centenas de cidadãos que só almejam proveitos próprios, qualificados, portanto, na segunda categoria. É de grande infelicidade a postulação de missão pública por aqueles que nem pessoalmente dizem porque estão vivendo em comunidade; alguns desprovidos de mínimo raciocínio; outros que apenas tilintam em suas registradoras do cérebro o aporte financeiro da função. Estamos nos últimos dias da expectativa eleitoral. As urnas eletrônicas esperam os votos e os candidatos se agitam com suas bandeirolas e cartazes; nos santinhos coloridos; em campanhas de dedo no olho do adversário… Felizes os sustentadores de placas que faturam um trocado para o final de ano. Infelizes os eleitores que estão indecisos, chateados, desmotivados… Alguns dizem que não votarão para reeleição de quem já esta lá, clamando por renovação total. É o tipo de coisa muito esquisita porque os candidatos – com poucas exceções – são os mesmos de eleições passadas. Deve-se considerar que nem todos os que estão com mandatos merecem o desprezo. Sempre se salva alguém que merece continuar representando o povo. E isso é componente do fator democrático, sob o qual nossos pleitos tem sido realizados. O maior problema é que os maus fluidos […] Read More

PAÇO MUNICIPAL – O SOLAR DA RUA DOM AFONSO, 260

PAÇO MUNICIPAL – O SOLAR DA RUA DOM AFONSO, 260 José De Cusatis, ex-Associado Titular, falecido – O Solar da rua Dom Afonso, 260, hoje é o Paço Municipal. Mas, a sua história é longa e interessante. Tudo começou em 1872, quando o Visconde Silva, futuro Barão do Cattete, requeria à Câmara Municipal que fosse marcado o alinhamento do terreno que comprara para a casa que pretendia construir. Koeler, dividiu a cidade em Quarteirões (bairros atuais) e denominara o Quarteirão Central de Vila Imperial. Os lotes da Vila Imperial foram reservados para aquisição por nobres, diplomatas e homens de negócios. Uma das principais vias do Quarteirão Vila Imperial era a rua Dom Afonso, nome dado por Koeler em homenagem ao primogênito de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, Dom Afonso Pedro, nascido no Paço de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, no dia 23 de fevereiro de 1845, tendo falecido no mesmo palácio, em 11 de abril de 1847. A rua Dom Afonso iniciava na praça São Pedro de Alcântara, hoje praça Princesa Isabel e ia até o início da atual rua Barão do Amazonas, atravessando a atual praça da Liberdade, na época chamada largo Dom Afonso. Então, Dom Afonso era uma denominação dupla: rua e largo Dom Afonso. O Major de Engenheiros Júlio Frederico Koeler, casado com Dona Maria do Carmo de Lamare Koeler, primeiro Diretor da Imperial Colônia de Petrópolis, deu início à construção da rua Dom Afonso, rua que veio a ser o principal núcleo arquitetônico do centro histórico da cidade, constituindo um conjunto de construções do início da segunda metade do século XIX até o início do século XX. Essas construções são grupáveis em três estilos arquitetônicos: as neoclássicas, as da fase romântica dos chalés e as de estilos eclético, que tem como belo exemplo o Nº 260 da rua Dom Afonso a casa do Visconde Silva e Barão do Cattete , prédio do atual Paço Municipal. Aliás, na arquitetura petropolitana não se encontram estilos definidos, mas um hibridismo geral que levou ao ecletismo arquitetônico do Solar do Barão do Cattete. Com o advento da República a Câmara Municipal baniu os nomes dos logradouros que lembravam a Monarquia deposta (05/12/1889). A partir de então, a rua Dom Afonso passou a ser chamada de avenida 28 de Setembro. Somente em 31 de agosto de 1895 é que a antiga rua Dom Afonso recebeu a denominação de […] Read More

PRELÚDIO GETULIANO EM PETRÓPOLIS

PRELÚDIO GETULIANO EM PETRÓPOLIS Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito – O novo hóspede do Palácio Rio Negro durante o verão de 1931 seria Júlio Prestes, se o movimento revolucionário 3 de Outubro de 1930 não tivesse triunfado, levando Getúlio Vargas à chefia do governo provisório da Nova República. Enfim, Vargas no Catete, organização do Ministério, acertos múltiplos, apaziguamento de alguns arraiais insatisfeitos com a partilha dos quinhões do poder. Boataria. Incertezas. Vem janeiro de 1931. Petrópolis se inquieta ante a perspectiva de não ter o primeiro mandatário da Nação no comando da saison, como era tradicional na vida da cidade, de Pedro II a Washington Luiz, com pequenos lapsos nos tempos duros de Deodoro e Floriano. A 9 de janeiro, o prefeito Yeddo Fiuza foi ao Catete, para levar a Getúlio a mensagem da Liga do Comércio de Petrópolis, clamando pela presença do Presidente nestas serras, ainda que fosse por pequeno período. A Tribuna de Petrópolis de 18 de janeiro, trazia na íntegra, em nota de primeira página, o resultado da diligência de que se encarregara Fiuza. Eis o texto: “Cabe-me informar à Liga do Comércio, que no dia nove do corrente, cumprindo a missão que me foi dada, fui pessoalmente entregar ao Exmo. Sr. Dr. Getúlio Vargas a mensagem que por intermédio do da classe comercial, a população de Petrópolis fez ao Exmo. Sr. Presidente do Governo Provisório, para que sua estação de repouso fosse feita nesta encantadora e hospitaleira cidade. Recebido no Palácio Guanabara por S. Excia. e depois de fazer-lhe o apelo em nome da população e em nome do governo da cidade, mostrando-lhe a honra e o entusiasmo com que o povo petropolitano o receberá, S. Excia. respondeu-me que recebia o apelo com grande satisfação e provavelmente em fevereiro, depois de resolver as questões relativas ao orçamento e após seu regresso de Minas , virá fazer sua estação de repouso em Petrópolis. Atenciosas saudações. Yeddo Fiuza – Prefeito.” Esse encontro não ficou consignado no “Diário de Getúlio Vargas”, agora (1995) trazido a lume, em dois grossos volumes pela Siciliano/FGV. Está à pág. 41 do 1º volume, no que concerne aos dias 3 a 9 de janeiro de 1931: “Esqueci-me de tomar notas. Várias coisas importantes ocorreram, que não guardo na memória para relatar.” Falou do câmbio, do Banco do Brasil, da liquidação do Banco Pelotense, mas nada disse sobre a visita que lhe fizera Yeddo Fiuza. […] Read More

RELEMBRANDO AMIGOS… E FATOS

RELEMBRANDO AMIGOS… E FATOS Paulo Machado da Costa e Silva, Associado Titular, cadeira nº 2 – Difícil a tarefa que aceitei de, em muito breve espaço e tempo, fazer o elogio de três pessoas tão ilustres, quanto foram, o Dr. Jorge Bouças, o Dr. Arthur de Sá Earp Netto e o nosso inesquecível Lourenço Luiz Lacombe. Jorge Bouças foi meu sucessor na presidência deste Instituto Histórico. Lembro-me das agradáveis reuniões que, em continuação, ele presidia em torno da grande mesa, na sala do Arquivo do Museu Imperial, nossa acolhedora sede, por muitos e muitos anos. Eram reuniões da Diretoria e, ao mesmo tempo, reuniões abertas à participação dos demais sócios, que podiam e faziam provocar debate em torno dos mais variados temas, ligados à cultura histórica em torno de Petrópolis. Deliciosas tardes de sábado, que, muitas vezes, no verão, se prolongavam ao sabor de um chopps, no D’ Angelo. A presidência de Jorge Bouças teve o mérito de manter acesa a chama do entusiasmo pelo estudo das coisas de Petrópolis. Tinham a presença brilhante personalidades como Américo Jacobina Lacombe, Arthur Cezar Ferreira Reis, Pedro Calmon, Gustavo Ernesto Bauer, Luiz de Oliveira, Lourenço Luiz Lacombe, Carlos Rheingantz, Arthur de Sá Earp Netto e muitos outros com sugestões, propostas, pequenos ensaios, mas, sobretudo, com suas reflexões e achegas, sempre enriquiecedoras. Pena é que, de tudo isso, não haja registros para melhor aproveitamentos pósteros. A passagem de Jorge Bouças pelo Instituto Histórico de Petrópolis deixou, assim, as suas marcas e, em sinal de respeito e gratidão, ele merece ser lembrado nesta oportunidade. Arthur de Sá Earp Netto era para a maioria, simplesmente, o Dr. Arthur. Como costumava dizer, tinha um bom arquivo sobre Petrópolis e sobre algumas de suas personalidades, familiares seus. Acreditamos que tal arquivo não se dispersou e esteja guardado em boas mãos, no interesse de nossa cultura histórica. para mim, se o Dr. Arthur não produziu obra de vulto sobre a história local, ele era, indubitavelmente, um debatedor de boa memória e de amplos conhecimentos, que enriquecia qualquer debate com a variedade e a minudência de suas recordações. Aliás, ele foi personagem importante, em determinado momento da história de Petrópolis, porque mais do que escrever a história da cidade, ele fez essa história como protagonista dela. Homem de convicções profundas e permanentes, cônscio das responsabilidades, que lhe adviam de suas crenças e de uma ascendência de glórias, o Dr. Arthur […] Read More

AÇÃO DO CONSELHEIRO AURELIANO COUTINHO NA COLÔNIA DE PETRÓPOLIS E SEU RELACIONAMENTO COM O MAJOR KOELER (A)

A AÇÃO DO CONSELHEIRO AURELIANO COUTINHO NA COLÔNIA DE PETRÓPOLIS E SEU RELACIONAMENTO COM O MAJOR KOELER Carlos O. Fróes, ex-Associado Titular, falecido – O Conselheiro Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, somente, veio estreitar seus vínculos funcionais com a Província Fluminense quando foi nomeado para presidi-la, em março de 1844. Até então ele esteve ocupando postos políticos e administrativos da mais alta projeção no âmbito do Império e das outras Províncias. E, naquele momento, era o titular de uma cadeira no Senado, pela bancada de Alagoas. Nessa mesma ocasião estavam sendo desenvolvidos os trabalhos preliminares para a implementação do plano de Koeler, com vistas ao estabelecimento de uma “colônia de alemães em Petrópolis”, apenas subentendida – não explícita – no teor do Decreto Imperial no 155 de 16.III.1843. A adequação desse propósito à legislação vigente pareceria, à primeira vista, uma tarefa bem simples, bastando observar-se a sistemática baixada pela Lei Provincial do Rio de Janeiro, no 226 de 30.V.1840 que normatizou o “estabelecimento de colônias agrícolas e industriosas, com emprego de mão-de-obra livre, estrangeira”. Entretanto, não se tratava, apenas da implantação de uma colônia. S. M. I. D. Pedro II, além de ter aprovado o plano de Koeler e autorizado o arrendamento da Imperial Fazenda do Córrego Secco, determinou a edificação de uma povoação inserida na mesma propriedade. E tal condicionamento, certamente, tornaria a questão bem mais complexa. Para que se possa melhor entender o quanto significou para Petrópolis a nomeação de Aureliano Coutinho para a Presidência da Província, parece necessário uma breve digressão a alguns pontos da gestão de seu antecessor. Durante o período de 1.III.1843 a 2.III.1844, Caldas Vianna, na qualidade de Vice-Presidente da Província do Rio de Janeiro, substituiu interinamente o titular Honório Hermeto Carneiro Leão e, inquestionavelmente, imprimiu uma ação efetiva para instalação de “colônias agro-industriosas de estrangeiros”, notadamente na Região Norte Fluminense e Paraty. Durante a gestão em pauta e em outras situações semelhantes pelas quais passara no final da década anterior, ele não escondia sua preferência pela arregimentação de trabalhadores estrangeiros de origem latina e notadamente Católicos-Romanos, provavelmente, no intuito de evitar conflitos futuros ante à intransigente posição político-religiosa das correntes conservadoras do Império. Falando mais objetivamente, suas preferências recaíam sobre açorianos, franceses e belgas. Porém as experiências exteriores com tais imigrantes, comparadas com aquela que Koeler tentou empreender com alemães na “pseudo-colônia do Itamaraty”, eram bastante convincentes. Os primeiros, ao contrário dos […] Read More