Antônio Eugênio de Azevedo Taulois

BARÃO DE LANGSDORFF E A SUA TENTATIVA DE PROMOVER A IMIGRAÇÃO ALEMÃ NA FAZENDA DA MANDIOCA (O)

  O BARÃO DE LANGSDORFF E A SUA TENTATIVA DE PROMOVER A IMIGRAÇÃO ALEMÃ NA FAZENDA DA MANDIOCA Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, associado efetivo, titular da cadeira n.º 29, patrono Luiz da Silva Oliveira SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO 2. O BARÃO DE LANGSDORFF 3. A FAZENDA DA MANDIOCA 4. A TENTATIVA DE IMIGRAÇÃO 4.1 A contratação de imigrantes na Alemanha 4.2 A viagem para o Rio de Janeiro 4.3 As questões financeiras 4.4 O malogro da tentativa. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.5 A Fazenda da Mandioca era um centro de estudos da natureza 5.6 As causas do fracasso da colonização alemã 5.7 A importância cultural da obra do Barão de Langsdorff BIBLIOGRAFIA 1.0 INTRODUÇÃO A partir de 1820, no fundo da Baía da Guanabara onde começava a subida da Serra da Estrela, ao longo do Caminho Novo que conduzia tropeiros ao interior das Minas Gerais, foi feita uma expressiva tentativa de colonização estrangeira pelo Barão de Langsdorff, na sua Fazenda da Mandioca, com noventa e quatro imigrantes, vindos especialmente da Alemanha para essa empreitada, visando o cultivo de novas espécies e a introdução de modernas técnicas agrícolas entre nós. No momento em que o Brasil surgia como nação, despertando a cobiça e a curiosidade no cenário internacional, o alemão Georg Heinrich von Langsdorff (fig 1), a serviço do império russo, onde era conhecido como Grigory Ivanovitch Langsdorff, se destacava não só pela audácia e cultura, mas, principalmente, pela sua infatigável capacidade de organização e trabalho, como ficou demonstrado nas espantosas expedições científicas que realizou pelo interior do Brasil. Estudou e reuniu cerca de 300.000 itens representativos da natureza e da gente brasileira entre os anos de 1813 e 1828 e os enviou à Academia de Ciências da Rússia, da qual era membro. Pretendia dedicar o restante da sua vida ao estudo desse acervo, o que representaria uma significativa contribuição para o conhecimento das coisas brasileiras, porém, paradoxalmente, os fortes laços que ligaram o Barão a nossa terra e a nossa gente e que marcaram profundamente a sua vida foram, ao mesmo tempo, a razão da sua glória e a “via crucis” que o anulou para a ciência e para a sociedade. A Abertura dos Portos, em 1808, e as surpreendentes facilidades concedidas aos cientistas estrangeiros que vieram para o Brasil após o término das campanhas napoleônicas fizeram com que viajantes franceses, alemães, austríacos e ingleses invadissem o interior do país, não […] Read More

REPENSANDO O FUTURO DE PETRÓPOLIS

  REPENSANDO O FUTURO DE PETRÓPOLIS Antônio Eugênio Taulois Com esse título, o Sr. Ebenézer Anselmo, Instrutor de Motivação Pessoal, publicou no último dia 30, nessa página da Tribuna, um extenso artigo, com uma avaliação crítica sobre o futuro de nossa cidade, valorizando com desconfiança, as tradições e o passado petropolitano. Ele interpretou fotos dos idos de 1920-30, afirmando que só se viam casas pobres, em Petrópolis, ruas estreitas e mal cuidadas, carros com manivelas na frente do motor, pessoas simples e mal vestidas, sem demonstrarem a menor ação e progresso. E arrematou, afirmando que Petrópolis precisa acordar, porque o saudosismo exagerado propõe o atraso, o antigo, a manutenção do velho, do ultrapassado. Por isso Petrópolis tem fábricas fechadas, combustível caro, poucos empregos e não tem um grande shopping, um conjunto de supermercados concorrendo entre eles, no centro da cidade. São considerações surpreendentes para um Motivador Pessoal, que deve formar opiniões. Ele não valoriza o nosso passado porque desconhece a nossa história e o sentido de sua preservação. È bom saber que, naquela época, 1920-30, as casas e ruas petropolitanas não eram tão miseráveis, pois a cidade foi escolhida pelo recém-criado Rotary Clube do Rio de Janeiro, uma entidade que reúne profissionais destacados na comunidade, para sediar o segundo Rotary Clube da região do Rio. Essa opção poderia facilmente, ter sido por Botafogo, Copacabana, Tijuca ou São Cristovão, todos, importantes bairros do Rio de Janeiro. As grandes fábricas de Petrópolis foram fechadas, principalmente, porque a moderna fiação para tecelagem usava fios sintéticos, incompatíveis com a umidade da serra. Nenhuma cidade de porte médio, tem supermercados no seu centro, por causa do movimento de cargas. Especialmente Petrópolis, que nasceu espremida entre montanhas e rios. Koeler entendeu bem essa dificuldade e a fez tão pitoresca. Sem pretensões a megalópolis, também não cabem no seu centro big-shoppings. Dizia Le Corbisier, “… as cidades são finitas.”. O Sr. Ebenézer conclui que “… manter a cidade bonita é muito pouco, pois é necessário crer, sonhar e buscar o nosso desenvolvimento, para enfraquecermos e esvaziarmos as cidades vizinhas. Ao passado, basta o nosso respeito, ao futuro, o nosso suor”. É uma afirmação espantosa. Nenhuma teoria econômica preconiza um desenvolvimento pontual, que diferencie comunidades, instabilizando a convivência entre elas. No seu comentário, o articulista também mistura desenvolvimento, riqueza e pobreza com combustível caro, desemprego, preços injustos e lucros exorbitantes, numa avaliação simplista de uma questão bem mais […] Read More

FRANCESES NA ORIGEM DE PETRÓPOLIS (O)

  OS FRANCESES NA ORIGEM DE PETRÓPOLIS Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, associado efetivo, titular da cadeira n.º 29, patrono Luiz da Silva Oliveira O petropolitano nasceu de muitas nacionalidades mescladas num caldeirão de etnias, que foram se integrando com harmonia e conciliação, resultando numa identidade própria, de certo modo, diferente da sua vizinhança próxima. Os FRANCESES em Petrópolis, participaram ativamente dessa união construtiva. Antes dos franceses se aproximarem de Petrópolis, eles descobriram o Brasil logo depois de Cabral e não o deixaram mais. No início, foram expulsos a ferro e fogo, mas, depois, deixaram marcas profundas, como a Missão Artística de 1816, que identificou os encantos e as desigualdades de nossa sociedade; a Missão do Gen. Maurice Gamelin, que reformulou o Exército Brasileiro e a Missão Cultural que criou a USP. Antes da fundação de Petrópolis em 1830, dois franceses, o arquiteto Pierre Pézerat e o engenheiro Pierre Taulois assinaram o orçamento do Palácio da Concórdia que Dom Pedro I pretendia construir na sua fazenda do Córrego Seco e não saiu do papel por ter sido o imperador forçado a retornar a Portugal. Em 1835, o professor de caligrafia e desenho de Dom Pedro II, M. Louis Boulanger esteve em tratamento de saúde naquela fazenda e registrou: “L’air pur que l’on respire dans cettes montagnes et dont la fraîcheur rapelle le printemps d’Europe”. (O ar puro que se respira nessas montanhas e o seu frescor, são os mesmos da primavera da Europa) Em 1843, outros 59 franceses vieram trabalhar na conclusão da Estrada Normal da Estrela. Eles faziam parte de um contingente que deixou Dunquerque no brigue Curieux para a Colônia do Saí (SC), mas resolveram ficar por aqui. A primeira estatística da Colônia em 1845, indicava a presença de 15 franceses, 61 portugueses, 7 ingleses e mais 81 brasileiros e 1921 alemães. Não se sabe quem eram esses franceses, mas as atas de distribuição de terras, contratos de obras e outros documentos, depois de 1847, indicavam os engenheiros Jean Gustave de Frontin, Eugène Jeanne, Charles Philippe Garçon Rivière e Pierre Taulois, os médicos Thomas Charbonnier e Vincent Sigaux e alguns comerciantes, como Thimothe Durier, Antoine Morin, Adolphe Bartels e outros. Entre os colonos alemães, havia quinze famílias com nomes tipicamente franceses – Rabelais, Noël, Dupont, Dupré, Delvaux (Delvô), Duriez, Moret etc – possivelmente descendentes huguenotes que deixaram a França por causa do Édito de Nantes e não mais […] Read More

EDMUNDO JORGE (1921 – 2005)

  EDMUNDO JORGE (1921 – 2005) Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira Faz um mês que os petropolitanos perderam Emundo Palma Jorge. Ele nos deixou marcados exemplos de dedicação extremada à cultura através da arte e da literatura. Sua atividade cultural sempre teve tanto o sentido subjetivo do desenvolvimento intelectual do homem, como também o significado objetivo da criação artística, da produção cultural e da gestão administrativa dessas práticas. Assim pudemos acompanhar Edmundo como pintor reconhecido, escritor e poeta, do mesmo modo que o vimos como conferencista e professor de História da Arte, diretor municipal de cultura, criador e participante ativo das entidades culturais petropolitanas, organizador de exposições e eventos culturais de peso na nossa comunidade. Edmundo Jorge nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu sempre serra acima. Descendente de italianos de Petrópolis, foi em 1987 reconhecido como Cidadão Petropolitano pela Câmara Municipal. Ainda garoto, pelos dez anos, mostrava seu pendor para o desenho, segundo sua irmã Myriam. Mas ele gostava mesmo era de uma bolinha. Destacou-se no futebol escolar e chegou a fundar o Condor Futebol Clube que, “… depois de grandes façanhas, morreu jovem de anemia financeira”, conforme explica na suas Memórias da rua Paulino Afonso. Ele conta que “… jogávamos futebol sadiamente descalços. As bolas eram muito criativas, feitas com meias femininas recheadas com qualquer coisa, desde retalhos até jornais amassados, borracha, tiras de couro, tudo isso amarrado firmemente com cordame resultando num formato sem definição”. Valorizava tanto o esporte que resolveu mudar de casa porque queria um campo de futebol no fundo do quintal para seu filho de dez ou doze anos. Como aluno da Faculdade Nacional de Filosofia, foi reconhecido pelo saudoso Alceu Amoroso Lima como “um futuro escritor”. Concluiu também o curso de Odontologia, exercendo a profissão por trinta anos. A luta pela vida, os encargos de família, retardaram a manifestação do seu talento em toda a sua plenitude. Aos poucos porém, seu pendor para as artes plásticas foi se impondo e ele passou a pintar com muito afinco, ao mesmo tempo que se aprimorava culturalmente. Edmundo Jorge era um idealista que considerava o pensamento como sendo a essência da realidade, mas a seu jeito, por um viés muito romântico. Certa vez ele me garantiu com toda a convicção, que o excesso de racionalidade poderia levar a loucura. Essa crença fica bem clara na […] Read More

CENTENÁRIO DO ROTARY: ATIVIDADE

  CENTENÁRIO DO ROTARY: ATIVIDADE Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira Quando o Rotary foi fundado há cem anos atrás em Chicago, por quatro homens de negócios que queriam reduzir os efeitos desenfreados da concorrência entre eles, ninguém poderia imaginar que daquele quarteto surgiria pouco tempo depois, espalhada por 165 países, uma megainstituição com mais de 1 200 000 associados agrupados em cerca de 32 000 clubes. Não há exemplo de globalização mais visível do que essa. Com o tempo, o objetivo inicial da reunião ganhou um outro sentido e foi expandido para atender às mais diferentes necessidades das pessoas, melhorando a vida de comunidades internacionais. Hoje, o envolvimento de Rotary em programas de assistência internacional procura promover a alfabetização entre os mais carentes e combater a fome e a miséria, que são os maiores obstáculos à Paz e à compreensão mundial. Por exemplo, no ano passado, duas aldeias africanas na Etiópia, foram ligadas por uma pequena ponte que foi construída sobre as ruínas de uma velha ponte portuguesa de mais de 300 anos que tinha desabado, prejudicando uma comunidade de 375 mil aldeões, que eram obrigados a se arriscar numa perigosa travessia com cordas. A ponte foi levantada por rotarianos voluntários em férias e com o apoio da Fundação Rotária. Em Petrópolis, os três Rotary daqui e mais um de Palma de Majorca, Espanha, doaram à Escola Rotary e a COMAC salas com dez computadores e seus periféricos, para serem usados em aulas de informática de seus alunos. Alguns projetos rotários são de grande vulto como o de uma escola da Ordem Franciscana que estava quase fechando no Morro da Conceição, no Rio de Janeiro, e se transformou em 2003 em uma Escola Técnica para 1000 alunos, com apoio da Fundação Rotária e de mais oito Rotary Clubes da Alemanha. 900 000 dólares foram investidos no projeto, sendo este, o maior investimento rotário no ano em todo o mundo. Na inauguração dessa escola, quarenta rotarianos alemães dos clubes que patrocinaram a obra vieram participar da festa e fizeram questão de vir a Petrópolis jantar conosco, quando souberam que a cidade tinha sido colonizada por alemães. O aporte financeiro para os programas humanitários internacionais de Rotary é garantido pela Fundação Rotária. Trata-se de uma instituição criada e mantida por rotarianos de todo o mundo, que patrocina bolsas de estudo, intercâmbio […] Read More

MEMÓRIA DO FUNDO DA BAÍA DA GUANABARA

  MEMÓRIA DO FUNDO DA BAÍA DA GUANABARA Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira SUMÁRIO Apresentação 1.0 Ocupação da Baía da Guanabara 2.0 Ocupação do fundo da Baía da Guanabara 2.1 A doação de sesmarias 2.2 Fazendas e engenhos 2.3 As primeiras vilas e cidades 2.4 Aspectos humanos da ocupação 2.5 Aspectos sociais da ocupação 2.6 Aspectos econômicos da ocupação 2.7 Descrição das atrações e dos valores do fundo da Baía da Guanabara APRESENTAÇÃO O Fundo da Baía da Guanabara faz parte do cinturão verde que envolve a cidade do Rio de Janeiro e desde os anos 1600 participa de perto da sua história e suas tradições. Quando o Brasil Colônia era apenas uma nesga litorânea de terra do Nordeste até São Paulo, com engenhos de açúcar localizados aqui e ali, foi dessa região que se abriu a primeira porta de acesso oficial ao interior da colônia, o Caminho Novo, levando a administração pública, funcionários e a presença do estado português na comunidade, garantindo a ordem e o controle social necessário para a consolidação da unidade colonial. Pela primeira vez, a administração pública portuguesa se instalava no interior da colônia. Assim, era pelo fundo da Baía da Guanabara que passava toda a riqueza que o ouro “oficial” proporcionava. Lembrando essa época, muitos vestígios históricos arquitetônicos e econômicos, todos eles muito fortes, ficaram na região e ainda hoje permanecem vivos muitas vezes desconhecidos ou até mesmo desprezados por seus moradores. O movimento “Água Doce” pretende com uma série de artigos históricos sobre a memória do Fundo da Baía da Guanabara, que todo esse patrimônio cultural seja reconhecido, admirado e, principalmente, preservado para que possa motivar a auto-estima da atual e das futuras gerações nascidas nas históricas regiões de Magé, Suruí, Mauá, Guia de Pacobaíba, Inhomirim, Guapimirim e arredores. Vamos iniciar essa descrição pela ocupação de toda a Baía da Guanabara e depois passaremos para o fundo da baía que é o nosso objetivo principal. Iremos focalizar o desenvolvimento e os principais valores culturais, econômicos e sociais dessa região. A ocupação das margens da Baía da Guanabara começou logo após o descobrimento do Brasil e foi realizada por aventureiros, navegantes e exploradores portugueses e franceses que queriam conhecer, tomar posse e explorar as terras recém descobertas. 1.0 OCUPAÇÃO DA BAÍA DA GUANABARA Apesar de ter sido visitada antes por diversos navegadores, considera-se […] Read More

TRATADO E A SOBERANIA DA AMAZÔNIA (O)

  O TRATADO E A SOBERANIA DA AMAZÔNIA Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira A questão acreana, decidida pelo Tratado de Petrópolis tem certos desdobramentos que não podem ser subestimados, alguns deles repercutindo até os dias atuais. O recente centenário desse importante acordo diplomático foi comemorado com destaque no Acre e na cidade serrana onde ele foi decidido. Trata-se da mais complexa questão de limites enfrentada pela diplomacia brasileira, levando em conta os vultosos interesses econômicos internacionais envolvidos, seus profundos aspectos sociais e humanos, além do enorme risco da interferência estrangeira na soberania da Região Amazônica. A prolongada seca nordestina de 1878 e a demanda internacional cada vez maior de borracha provocaram uma corrida aos seringais naturais amazônicos, muito semelhante à corrida do ouro dos tempos coloniais. O Acre boliviano da época, foi ocupado por uma numerosa população brasileira de trabalhadores mas, vinte anos depois, o governo boliviano começou a cobrar taxas aduaneiras elevadas sobre a produção, provocando inquietação e agitação entre os seringalistas. O presidente Campo Salles não só não se envolveu no caso, como ainda afirmou ser aquele um território realmente boliviano. Seguiu-se então uma sangrenta revolta quando os brasileiros prenderam as autoridades bolivianas, obrigando o governo da Bolívia, sem recursos e nem meios de resolver a situação, firmar um contrato com um consócio anglo-americano, o que hoje seria uma multinacional, o Bolivian Syndicate, dando-lhe poderes excepcionais para agir, como cobrança de impostos e uso de força armada para resguardar os interesses nacionais na região. No início da era do automóvel, as seringueiras eram a única fonte disponível de borracha industrial, tornando a presença estrangeira na região, ávida pela hévea brasiliensis, com similares extraídos em poucos locais no mundo, um grande risco para todos os países vizinhos. Impressionado com a arbitrariedade do ato, o Congresso Brasileiro suspendeu as relações do Brasil com a Bolívia, ao mesmo tempo em que um gaúcho na região, ex-aluno da Escola Militar, o agrimensor José Plácido de Castro reuniu os seringalistas, enfrentou e expulsou bolivianos e norte-americanos da região, e proclamou o Estado Independente do Acre. Assim, eliminou a ameaça do domínio estrangeiro na Amazônia e a conseqüente distribuição da borracha amazônica para todo o mundo. Restava agora enquadrar aquela solução de força no direito internacional o que se afigurava um apuro diplomático complexo, embaraçoso e desfavorável ao Brasil, envolvendo os Estados Unidos, […] Read More

COLÓQUIO DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS SOBRE OS 150 ANOS DA IMPERIAL COLÔNIA DE PETRÓPOLIS

  Em 1565 teve início a colonização da Baixada Fluminense, ao fundo da Baia da Guanabara, com a concessão de uma sesmaria à Cristóvão de Barros. Mas a subida da Serra do Mar, mil metros acima, com sua crista encarpada e, principalmente, coberta por uma mataria selvagem, afastou dali o colonizador português. Aquela penosa subida somente foi vencida no princípio dos anos setecentos, com a abertura do Caminho Novo. É importante destacar aqui, que essa barreira natural influiu decisivamente nos destinos do Brasil, pois “nossa história atrevida de Bandeiras teria sido outra sem esse impedimento”, como lembra Alberto Ribeiro Lamego. A ocupação da Serra da Estrela foi logo iniciada e a partir dos primórdios dos oitocentos, a colonização com imigrantes alemães, uma tendência da época, foi experimentada. Primeiro com o Barão Georg Heirinch von Langsdorff na sua Fazenda da Mandioca, uma iniciativa particular que não teve o sucesso esperado. Na década de 30, trabalhadores alemães foram usados com eficiente resultado na construção da Estrada Normal da Estrela, uma moderníssima rodovia que subia a serra. Em 1845, chegou o primeiro contingente de colonizadores alemães que iria começar a construção de Petrópolis. Dez anos após passariam pela cidade outros colonos alemães que iriam construir a Rodovia União e Indústria e iniciar a vida na nascente cidade de Juiz de Fora. Por todo o final daquele século, centenas de imigrantes germânicos, sem um planejamento especial, iriam se estabelecer em algumas cidades mineiras para tentar vida nova. Comemoramos, 150 anos da chegada do “Virginie” ao porto do Rio, trazendo os primeiros 161 colonos e suas famílias, que arribaram Petrópolis em 29 de junho de 1845. De junho até novembro daquele ano, foram 2338 pioneiros vindos, principalmente, do Rheiland-Pfalz. A chegada desse contingente de desbravadores, significou efetivamente, a existência de Petrópolis. A cidade porém já existia desde 16 de março de 1843, quando Dom Pedro II assinou o Decreto Imperial nº 155, criando Petrópolis através do arrendamento das terras da Fazenda do Córrego Seco ao Major Júlio Frederico Koeler. Nos três anos seguintes, houve muito trabalho administrativo, técnico, comercial, político, social mas, no Córrego Seco, quase nada. A povoação verdadeira do lugar só começou a existir com a chegada das primeiras famílias de alemães que vinham ocupar o espaço que lhes tinha sido reservado. É tão significativa a presença do elemento alemão em Petrópolis, que durante cem anos houve uma grande indecisão sobre a verdadeira […] Read More