EXÉRCITO E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA (O) – UMA RELEITURA

  O EXÉRCITO E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA – UMA RELEITURA Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Com a Abdicação de D. Pedro I, forças políticas que assumiram os destinos do Brasil provocaram um enfraquecimento do poder militar do Brasil, sob o falso lema de que as Forças Armadas não podiam ficar nas capitais e sim na defesa das fronteiras e do litoral e com base nesta falsa premissa: “Forças numerosas e permanentes são uma ameaça: À Liberdade. À Democracia. À Prosperidade econômica. À Paz .” O caso mais gritante foi a dispensa, por estrangeiro, do Tenente Emílio Mallet, atual patrono da Artilharia, então consagrado herói em Passo do Rosário e que havia cursado a Escola Militar do Brasil . No Rio Grande do Sul esta política atingiu radicalmente a estrutura do Exército, ao ser ordenado que o Batalhão de Artilharia, ao comando do Major de Artilharia José Mariano de Mattos fosse aquartelar em Rio Pardo. José Mariano era carioca formado pela Escola Militar. Na República Rio-Grandense para cuja adoção ele influiu decisivamente, depois da vitória de Seival, em 10 de setembro de 1836, pela Brigada Liberal de Antônio Neto, ele foi Ministro da Guerra e da Marinha, Vice-Presidente da República e Presidente da República interino, além de autor do brasão que figura na bandeira da República Rio-Grandense que foi adotado para o Rio Grande do Sul pelos constituintes de 1891. Assunto que abordamos em nosso livro Símbolos do Rio Grande do Sul… Próximo do final da Revolução ele foi preso em Piratini, por Chico Pedro ou Moringue, e mais tarde Barão de Jacuí e mantido preso em Canguçu, a sua base de operações, em cadeia que mandara construir como “quarto de hóspedes para os farrapos”, como ironicamente divulgava. Finda a Revolução, José Mariano de Mattos foi o Ajudante General de Caxias na guerra contra Oribe e Rosas em 1851-52 e ao retornar ao Rio retomou sua carreira, sendo Ministro da Guerra em 1865. O Major de Infantaria João Manuel Lima e Silva, tio de Caxias, por irmão de seu pai o Brigadeiro Lima e Silva, possuía o curso da Escola Militar e comandava a unidade de Infantaria do Exército em Porto Alegre. Unidade que foi transferida com ele para São Borja e para lá se deslocando, estacionou em Rio Pardo, por falta de condução para seguir para seu destino. Ele foi um dos que opinaram pela proclamação da República Rio- Grandense e […] Read More

RESENDE, CIDADE E MUNICÍPIO – 204º ANIVERSÁRIO

  RESENDE, CIDADE E MUNICIPIO – 204º ANIVERSÁRIO Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 29 de setembro de 1801, o município e vila de Resende foram instalados em cerimônia pública que teve lugar no local da hoje Praça do Centenário. Presidiu a sua criação o seu donatário de honra , o Cel. Fernando Dias Pais Leme, bisneto do bandeirante Fernão Dias, o Caçador de Esmeraldas e descobridor das Minas Gerais . O Cel. Fernando comandava no Rio de Janeiro um Regimento de Auxiliares e havia comandado uma Companhia do 2º Regimento de Infantaria de Linha (O Novo) que participou da Guerra Guaranítica no Rio Grande do Sul atual de 1752/ 1759. Ele se deslocou para este ato desde a sua fazenda em Araperi, na Baixada Fluminense, sendo transportado em rede por escravos por estar doente e, segundo o Dr João Maia, o primeiro historiador de Resende, ”ele concorreu com todas as despesas da instalação do município e vila de Resende e sem nenhuma humilhação aos resendenses”. O Coronel Fernando herdara o direito adquirido por seu avô, Garcia Rodrigues, o construtor do caminho novo da Baia de Guanabara até as Minas Gerais, para de lá transportar o ouro e foi quando fundou Paraíba do Sul. O direito que adquirira pelo Alvará de 16 setembro de 1715, fora em razão de haver salvo o tesouro do Rio de Janeiro, o colocando a salvo, em local seguro, quando da invasão desta cidade em 1711, pelo corsário francês Duclerc. Direito consistente em poder levantar uma vila, numa das passagens do Rio Paraíba. Ele vinha dar cumprimento a ordem do 13º Vice-Rei e Capitão General de Terra e Mar do Brasil, o Tenente General (hoje General de Exército) D. Luiz de Castro e 2º Conde de Resende, que havia ordenado, 2 anos e 3 meses antes, em 1799, ao seu Juiz de Fora, a criação de uma nova vila no distrito de N. S. da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, “ em razão de interesses convergentes do donatário de honra da nova vila, a atual Resende, com os dos seus 100 moradores pioneiros, “para evitar-lhes os prejuízos da grande distância do Rio de Janeiro, onde deviam tratar de seus interesses administrativos.” Foram estes pioneiros resendenses que decidiram que a nova vila e município em Paraíba Nova, fosse dado o nome do título de seu criador, Resende. E isto ocorreu na instalação de Resende, […] Read More

SOLDADOS NEGROS FARRAPOS NA SURPRESA DE PORONGOS E NO CONVÊNIO DE PONCHE VERDE (OS)O

  OS SOLDADOS NEGROS FARRAPOS NA SURPRESA DE PORONGOS E NO CONVÊNIO DE PONCHE VERDE Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 16 nov 2004, no Rio Grande do Sul, o Correio do Povo, deu amparo, sem o contraditório, a interpretações históricas ” revisionistas ” radicais apresentando Davi Canabarro como traidor dos negros farrapos de Infantaria e Cavalaria, na Surpresa de Porongos. Isto “por se deixar surpreender mediante acerto com o Barão de Caxias.” Surpresa feita pelo famoso guerrilheiro imperial Chico Pedro ou Moringue e futuro Barão de Jacui “com vistas a matar os índios, mulatos e negros farrapos que poderiam prejudicar o processo de paz em curso.” Vejam que absurdo histórico !!! Henrique Oscar Wiedersphan, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e hoje patrono de cadeira na Academia Militar Terrestre do Brasil em seu livro original e pioneiro, O Convênio de Ponche Verde (Porto Alegre: EST/Sulina/Universidade de Caxias do Sul, 1980), escreveu: “A respeito desta surpresa de Porongos há uma série de coincidências que chegariam a atingir Canabarro, ao ponto de que suscitaria séries suspeitas de haver sido o mesmo executado em conluio dele com o Barão de Caxias e até com Antônio Vicente de Fontoura, embora se tenha posteriormente conseguido desfazer tais suspeitas de modo cabal e definitivo.” E a base da acusação foi um ofício bem forgicado (falsificado) por Chico Pedro, como sendo assinado pelo Barão de Caxias para ele, no qual este lhe ordenava que atacasse Canabarro, pois este não resistiria conforme combinação entre ambos. E mais que ele aproveitasse “para atacar e eliminar os mulatos, negros e índios farrapos e poupasse sangue branco.” E esta falsidade atribuída a Canabarro fez o efeito esperado, entre os farrapos, num quadro de Guerra Psicológica, os quais em parte passaram a considerá-lo um traidor, até por interesse político escuso e como descarrego ou fuga de responsabilidades pelo insucesso militar da revolução que seria colocado assim na conta de Canabarro, “pelos demônios de todas as revoluções,” segundo Morivalde Calvet Fagundes, o autor do mais completo livro sobre o Decênio Heróico. Ou seja perto do fim do insucesso de uma revolução, ocorre a caça de um bode expiatório e no caso em tela foi Canabarro, não habituado às guerras de alfinetes.. E o ofício falsificado, que tantas injustiças provocou à bravura, à honra e até hoje à memória histórica de Canabarro, teve a seguinte origem: “Chico Pedro […] Read More

ORIGINAL CONTRIBUIÇÃO DE PAULO PARDAL A HISTÓRIA DO ENSINO NO EXÉRCITO (A)

  A ORIGINAL CONTRIBUIÇÃO DE PAULO PARDAL A HISTÓRIA DO ENSINO NO EXÉRCITO Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 1939 o General José Pessoa, que em 1931 havia mandado copiar em escala a Espada do Duque de Caxias que se encontrava no IHGB desde 1925 para criar o Espadim de Caxias dos Cadetes do Exército, declarou ao escrever na Revista da Escola Militar sobre este símbolo que desde 15 de dezembro de 1932 tem sido usado por todas as gerações de Cadetes, e que o estudamos na RIGHB jan/mar 1980. “Vou registrar a História do Espadim de Caxias dos cadetes para não acontecer como com a Academia Real Militar que hoje apenas se sabe que existiu”. Mas graças a descoberta de documentos sobre a Academia Real Militar de 1810 nos arquivos da Escola de Engenharia no Largo do São Francisco, pelo saudoso consócio General Francisco de Paulo Azevedo Pondé, foi possível se conhecer mais sobre a História da Academia Real, conforme ele publicou sobre o assunto nos Anais do Sesquicentenário da Independência, aqui do IHGB. E foi com a interferência e informações do Professor Paulo Pardal que conhecemos que os arquivos da Academia Real se encontravam no Museu da Escola de Engenharia. E recorrendo aos bons ofícios do Professor Paulo Pardal, conseguimos por empréstimo para o Arquivo Histórico do Exército, que dirigíamos, os citados documentos que ali foram indexados e microfilmados e conhecidos os nomes e aproveitamento de seus alunos. Mas não ficou por ai a excelente contribuição do professor Paulo Pardal. Ele foi além. Mostrou que antes da Academia Real Militar existiu, de 1792-1809 na Casa do Trem, a Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho, destinada a formar oficias de Infantaria, de Cavalaria, de Artilharia e Engenheiros, militares e civis, o que consagraria o Conde de Resende como o fundador do ensino militar acadêmico nas Américas (West Point só foi fundado em 1801, 9 anos mais tarde ) e do ensino superior civil no Brasil. Isto o professor Pardal revelou em seu livro Brasil 1792. Inicio de Ensino da Engenharia Civil … Rio de Janeiro: Odebrecht, 1985. Obra que revolucionou o que se tinha como certo sobre o inicio da formação acadêmica de oficiais do Exército no Brasil. E ficou para nós que a citada Real Academia destinada à formação de oficiais do Exército da Colônia foi promovida a Academia Real, por D. João, e agora destinada a formar […] Read More

GOVERNO DE GETÚLIO VARGAS E A SUA PROJEÇÃO NA EVOLUÇÃO DA DOUTRINA DO EXÉRCITO (1930-45) (O)

  GETÚLIO VARGAS E A SUA PROJEÇÃO NA EVOLUÇÃO DA DOUTRINA DO EXÉRCITO (1930 – 45) Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente O Presidente Getúlio Vargas, cujo sesquicentenário de falecimento ocorre em 24 de agosto de 2004, em sua juventude foi militar do Exército, por 5 anos. Inicialmente como soldado e sargento do 6 º Batalhão de Infantaria em São Borja, em 1899. A seguir como aluno da Escola Preparatória Tática do Rio Pardo em 1900 ,1901 e 1902 até maio. E finalmente como 2º Sargento de Infantaria do 25º Batalhão de Infantaria, na Praça do Portão em Porto Alegre, em 1902 e 1903, matriculando-se na Escola Brasileira com o idéia de cursar Direito, tendo neste ano tomado parte em Expedição Militar até Cuiabá, com o 25º Batalhão de Infantaria, em função da Questão Acreana. Deu baixa do Exército ao retornar de Cuiabá, em dezembro de 1903, para cursar a Escola de Direito, onde ingressou como aluno ouvinte, matriculando-se em 1904 no 2º ano . Foi seu comandante lá na 9ª Região Militar em Cuiabá, o General João Cézar Sampaio que como coronel comandara a Divisão do Sul que libertou Bagé, em 8 de janeiro, de cerco federalista a que fora submetida por 46 longos dias (1). (1) – Abordamos em Comando Militar do Sul; Porto Alegre 1993-1995. Porto Alegre: CMS, 1995, os reflexos da morte do Presidente Getúlio Vargas no Rio Grande e salientamos: “Ali no Catete encerrou-se uma vida das mais expressivas do processo histórico brasileiro”. O pai de Getulio Vargas fizera a Campanha do Paraguai, de Cabo e Tenente Coronel. E na Revolução Federalista 1893-95 lutou em defesa do Governo Federal sendo promovido a Coronel e a General Honorário do Exército pelo Marechal Floriano, por quem Getúlio nutria admiração. Em 1898, aos 18 anos Getúlio decidiu ser Oficial do Exército. Ingressou como soldado do 6º Batalhão de Infantaria em São Borja onde atingiu ao graduação de 2º Sargento. Dali foi freqüentar em 1899, 1900 e 1901 a Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo. Foi dali desligado em 1901, por haver se envolvido em incidente disciplinar em protesto contra a atitude de um oficial que exorbitou sua autoridade contra um aluno. Foi desligado junto com outros colegas e mandado servir no 25º Batalhão de Infantaria que aquartelava na Praça do Portão, em Porto Alegre.. Em 1903 participou de expedição com o 25 º Batalhão de Caçadores, até Cuiabá – […] Read More

CAXIAS NA CONTROVÉRSIA DA SURPRESA DE PORONGOS

  CAXIAS NA CONTROVÉRSIA DA SURPRESA DE PORONGOS Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 29 de março de 2003, às 12.30, no programa da RBS A Ferro e Fogo, em Porto Alegre, sobre a Revolução Farroupilha, o antropólogo da Pontifícia Universidade Católica, e homem da gloriosa raça negra, Iosvaldir Carvalho Bittencourt, ressuscitou a controvérsia que parecia haver transitado e julgado na História, de que a surpresa do Exército Farrapo em Porongos, em 14 nov 1844, no atual município de Pinheiro Machado, foi resultado de uma traição de Canabarro à causa farroupilha, em combinação com o Barão de Caxias e Chico Pedro. Ressurreição apoiada em falso oficio (ou forjicado) que teria sido dirigido pelo Barão de Caxias ao Tenente Coronel GN Francisco Pedro de Abreu, comandante da Ala Esquerda de seu Exército, baseada em Canguçu, desde agosto de 1843. Perguntando ao Sr. Iosvaldir o amparo de sua afirmação, à grande e atenta audiência do programa A Ferro e Fogo, informou haver buscado apoio no escritor Mário Maestri em sua obra O Escravo Gaúcho Resistência e Trabalho, Porto Alegre: Ed. da UFRGS,1993, que aborda o ofício para nós forjicado, bem como para vários historiadores gaúchos, como Alfredo Varela, em sua História da Grande Revolução, Porto Alegre: Ed. Globo, 1933 p. 255-259; Othelo Rosa, ao biografar Canabarro na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (RIHGRGS), 3 trim. 1934, p. 248; O Major João Baptista Pereira na RIHGRGS, 1 e 2 trim. 1928, p. 34-47; Alfredo Ferreira Rodrigues, em Canabarro e a surpresa de Porongos, no Almanaque Literário e Estatístico do RGS 1899. p. 215-272; Assis Brasil, em História da República Rio Grandense,1887; Walter Spalding, em Canabarro mestre de brasilidade, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v.197, 194, p.3/62; Henrique Oscar Wiedersphan, em Convênio de Ponche Verde, Porto Alegre EST/SULINA/Universidade de Caxias do Sul, 1980, p.67/79, em que fez um retrospecto sobre o problema Porongos e, mais, Ivo Leites Caggiani, em David Canabarro de tenente a general, Porto Alegre: Martim Livreiro, 1993, além dos não gaúchos como o Dr. Eugênio Vilhena de Moraes, o grande biógrafo de Caxias, e o General Augusto Tasso Fragoso, em A Revolução Farroupilha, Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1939, p.271 e, mais, nós, em O Exército farrapo e os seus chefes, Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1992, p.127/136, bem como em O Negro e seus descendentes na Sociedade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: […] Read More

MARECHAL BENTO MANOEL RIBEIRO (1783-1855) – (Na História e na Fantasia das Sete Mulheres)

  MARECHAL BENTO MANOEL RIBEIRO (1783-1855) – (Na História e na Fantasia da Casa das Sete Mulheres) Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Na mini-série A Casa das Sete Mulheres, o Marechal Bento Manoel Ribeiro foi escolhido como o vilão, na fantasia de 60% que ela representa. E mui justamente como herói o General Bento Gonçalves da Silva, 5 anos mais moço do que Bento Manoel, e que focalizaremos noutro artigo . Mas para que não se confunda a fantasia com a realidade, apresentamos ao leitor e pesquisador interessados o perfil histórico desta personalidade singular para que seja apreciada dentro das circunstâncias complexas que ele vivenciou e coerente como Ortega Y Gasset : “Eu sou eu e as minhas circunstâncias!” Abordagem histórica da vida e obra de um grande guerreiro e dos maiores que o Brasil possuiu, segundo se conclui de análise de Osvaldo Aranha em 1946 na Revista Província de São Pedro. Significação histórica. Bento Manoel Ribeiro prestou relevantes serviços militares, de soldado a marechal do Exército Imperial, à Integridade e à Soberania do Brasil, colônia e independente, nas guerras do Sul de 1801, 1811-12, 1816 e 1821, 1825-28 e 1851-52, onde se afirmou entre as maiores espadas de seu tempo. Foi militar de raros méritos como estrategista, tático, profundo conhecedor do terreno e grande capacidade de nele orientar-se. Possuía grande capacidade de liderança em combate e de bem combinar Infantaria e Cavalaria, além de conhecimento apreciável da psicologia de seus homens e dos adversários e dentre estes dos caudilhos platinos. Durante a Revolução Farroupilha (1835-1845), em função de seu temperamento singular, segundo Sanmartim, mentalidade “mais caudilhesco do que militar “, adotou posições até hoje controvertidas e aparentemente inexplicáveis. Isso, ao combater, ora ao lado dos farrapos, ora ao lado dos imperiais, mas sempre desequilibrando, acentuadamente, o prato da balança, em favor da causa que defendia. Inicialmente como farrapo, depois como imperial, novamente como farrapo e, finalmente, depois de mais de dois anos de neutralidade, lutou pela Unidade do Império até o final da Revolução, “como vaqueano-mor de Caxias”. Por esta razão, entrou para a História do Rio Grande do Sul como a mais controvertida personalidade do ponto de vista político e psicológico, com defensores a explicar seus gestos como Osvaldo Aranha e acusadores impiedosos, até na poesia popular da época, o que a fantasia da mini-série citada reflete com extremo exagero . Mas Bento Manoel é um raro caso […] Read More

CASA DAS 7 MULHERES (A) – (A História e a Fantasia)

A CASA DAS 7 MULHERES – (A História e a Fantasia) Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Gaúcho natural da Serra dos Tapes onde se encontra a cidade de Piratini e Canguçu, o seu distrito de mais perigo e “mais farrapo” durante a Revolução Farroupilha 1835-45 e, além, autor do livro O Exército Farrapo e os seus Chefes em 1991 e outros sobre o assunto, cabe-me fazer algumas considerações históricas sobre o magnífica mini-série A Casa das 7 Mulheres da Globo que vem com traje de gala divulgando a Revolução Farroupilha, onde possui suas raízes a República Federativa do Brasil implantada há 114 anos. A mini-série atende em seu miolo ou espinha dorsal, até agora, o desenvolvimento histórico da Revolução Farroupilha. Mas como disse seu diretor Jaime Monjardin “ela possui 40 % de História e 60 % de fantasia”. E aproveitou um tema histórico e o vestiu de gala com toda a pompa e circunstância e de forma notável. No tocante à Fantasia como elemento notável para atrair os tele- espectadores e passar-lhes o essencial da História, usou recursos inexistentes na época e tudo por conta da citada e louvável fantasia. Exemplos: O uso de lenços vermelhos e brancos pelos farrapos e imperiais, um costume que remonta a Guerra Civil na Região do Sul 1893-95. O cenário lindíssimo dos Aparados da Serra onde a revolução não chegou. Luxo nas estâncias, casas e igrejas incompatível com aspecto espartano das mesmas, do que a estância de Bento Gonçalves em Cristal-RS, hoje Parque Histórico em sua memória, é um exemplo. Imperiais entrando a cavalo dentro de uma igreja quando os santos no Império eram mais respeitados que os próprios generais e a canção do Exército era a de N. S. da Conceição a sua padroeira. Era raro o uso de carroças e sim carretas. E não existiam carruagens que só aparecem em Pelotas por volta de 1865. Os Farrapos não possuíam uniformes conforme abordamos no livro citado e nem usavam bigodes. As casas não possuíam vidraças o que só apareceria mais tarde. Tanto que o Ministro de Fazenda Domingos de José de Almeida, mineiro de Diamantina, levava em suas viagens em sua carretinha, uma pequena janela com vidraças para instalar nos locais onde montava o seu escritório itinerante. Aliás ele não foi ainda citado bem como os cariocas João Manoel Lima e Silva e José Mariano de Matos, oficiais com curso na Escola Militar […] Read More

PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DE TUMUCUMAQUE E A SOBERANIA DO BRASIL? (O)

  O PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DE TUMUCUMAQUE E A SOBERANIA DO BRASIL ? Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Levando em conta os antecedentes históricos sobre nossos problemas militares no atual Amapá, no passado, com franceses, ingleses e holandeses, a criação ali do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso é visto pela publicação Alerta Científico e Ambiental como uma ameaça potencial real, a médio e longo prazo, à Soberania do Brasil no Amapá, historicamente ameaçada pela França até 1898. E pela Inglaterra e França durante a Revolta da Cabanagem e por holandeses que invadiam o Amapá, no passado, para tirarem madeiras, além de, no período da União das Coroas Ibéricas, terem construído fortificações e feitorias no Amapá e no baixo Amazonas. Segundo o citado Alerta Científico e Ambiental, ano 9, n.º 33 de 12/19 ago 2002. “O Parque com 3,8 milhões de hectares, localiza-se na fronteira com a Guiana Francesa e limita-se com reserva indígena de 2 milhões de hectares, que abriga índios Tiriós, Apalaé, Waiana e Kaxuiana, localizada no Pará, junto a Guiana Holandesa (atual Suriname). E assim, esta fronteira com o Suriname e Guiana Francesa estaria se tornando terra de ninguém, o que a História nos dirá! Para estudiosos da História Militar da Amazônia, como é o nosso caso no presente, julgamos, salvo melhor juízo, que 5,8 milhões de reservas naturais e indígenas junto a fronteira desguarnecida do Brasil, com o Suriname e Guiana Francesa, com apoio nas lições de História Militar da Amazônia Brasileira, constitui séria ameaça potencial real estratégica a integridade e soberania brasileiras no III Milênio, a médio e longo prazo, caso não sejam tomadas medidas preventivas que assegurem a soberania e a integridade brasileira naquela área que foi a mais disputada da Amazônia entre o Brasil e França ate 1898 com solução arbitral a nosso favor, depois de disputa inclusive armada em 1895 pelo território Contestado entre os rios Oiapoque e Araguari . Luta resgatada em detalhes pelo ilustre falecido sócio deste Instituto Dr. Silvio Meira na obra Fronteiras sangrentas – heróis do Amapá. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1977. 2ed. Obra que dedicou aos sócios deste Instituto Pedro Calmon, Raymundo Moniz de Aragão e ao próprio IHGB. O Governo do Amapá, segundo o citado Alerta Científico e Ambiental e outras entidades locais se opuseram ao Presidente Fernando Henrique Cardoso que teria afirmado: ” Crio o parque assim […] Read More

CONTROVÉRSIA (UMA) – O MASSACRE DOS INDIOS PURIS DE RESENDE, ITATIAIA, PORTO REAL, QUATIS, BARRA MANSA E VOLTA REDONDA ETC ???

UMA CONTROVÉRSIA – O MASSACRE DOS INDIOS PURIS DE RESENDE, ITATIAIA, PORTO REAL, QUATIS, BARRA MANSA E VOLTA REDONDA ETC ??? Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em Ecos das comemorações dos 200 anos de Resende divulgado pelo Portal Agulhas Negras da Resenet, no item Questões controversas contestávamos a versão de terem sido massacrados índios puris pelos primeiros habitantes dos municípios que um dia integraram Resende. Contestação com apoio na análise das fontes históricas em que apoiamos nosso ensaio Os puris da vale do Paraíba fluminense e paulista in: Migrações do Vale do Paraíba. São José dos Campos: UNIVAP, 1994, que publicou os Anais do XII Simpósio de História do Vale do Paraíba, promovido pelo IEV. Trabalho republicado pela Academia Itatiaiense de História (ACIDHIS), em Volta Redonda: Gazetilha, 1995. Tese que reproduzimos na revista Resende 200 anos editada pela CAT Editora etc. Trabalhos que sugerimos ao leitor e pesquisador interessados no tema que os consultem. Estudo básico este, para contestar o que afirmou em 1a mão Joaquim Norberto de Souza e Silva em sua Memória documentada das aldeias de índios da Província do Rio de janeiro, a p. 207 do n. 14 da RIHGB, ano 1854, p.71/230 e que completou no n. 15 do citado ano. Memória que apresentou na Sessão Magna do IHGB de 15 dez 1852. Aliás magnífico trabalho em seu conjunto . Fonte de 2a mão, não calcada em fontes históricas, como se verá e na qual buscou apoio o Dr. João Maia, em seu excelente e basilar livro Do Descobrimento do Campo Alegre até a criação da Vila de Resende e a p. 15, de sua 2a edição para afirmar : “Á peste de bexigas (varíola) levada ao seio das tabas dos Puris, como meio eficaz para reduzí-los “. (eliminá-los). Eis o trecho de Joaquim Norberto cuja fidedignidade constestaremos: ‘” O ousado Sargento–mor Joaquim Xavier Curado, depois general e Conde de Duas Barras, transportando-se aos campos infestados de Puris, formou um corpo (tropa militar) com seus moradores” (de Resende atual). E completa com uma consideração imprudente para um historiador e gravíssima por não comprovada; “Ainda hoje (1852) se relata à tradição, as maiores atrocidades cometidas em vingança contra os atentados dos índios ( puris? botocudos ? Ou puris e botocudos ? ) e acusa a peste das bexigas (varíola) levada ao seio das tabas puris como um meio eficaz de reduzi-los ( elimina-los ). O horror de […] Read More