CURSO VARNHAGEN – RODOLFO GARCIA (1873-1949) Hélio Viana Na historiografia brasileira, onde são numerosos os autores de muitos livros, um existe que se distingue por não possuir grande bibliografia própria, em volumes autônomos, nos quais o seu nome figure nos cabeçalhos. É Rodolfo Garcia, que preferiu anotar e apresentar trabalhos alheios, comentando-os, ampliando-os e corrigindo-os sempre que isto se tornava necessário. Fê-lo, porém, com tanto saber que, muitas vezes, praticamente, criou obra nova, valorizada por suas notas e achegas. A modéstia com que o fez, somente se compara à utilidade e seriedade dos complementos que lhes trouxe. “Trabalho braçal” – dizia ele, ao lembrar o do anotador que recorre aos manuscritos inéditos e aos alfarrábios, para ajuntar algo útil aos textos que de acréscimos esclarecedores necessitam. A seguir, acompanhando sua vida de honrado trabalhador intelectual, podemos aquilatar o mérito de sua contribuição à historiografia pátria. Mocidade no Recife. Nasceu Rodolfo Augusto de Amorim Garcia a 25 de maio de 1873, em Ceará-Mirim, na então Província do Rio Grande do Norte. Filho do Dr. Augusto Carlos de Amorim Garcia e de D. Maria Augusta de Amorim Garcia. Não pode ser imediatamente batizado, por ser maçom o padrinho que lhe queriam dar, nessa época em que ainda estavam vivos os ressentimentos da Questão Religiosa. Destinando-se ao Exército, cursou as Escolas Militares do Ceará e Rio de Janeiro. Da Praia Vermelha estava ausente, por ter ido à cidade, quando ocorreu uma de suas florianescas manifestações de indisciplina, no governo de Prudente de Morais. Desligado com outros alunos, à Escola não quis voltar, quando anistiado. Preferiu regressar ao Recife, em 1895. Em sua Faculdade estudou, bacharelou-se e doutorou-se em Direito, em 1908. Ainda estudante, foi redator do jornal Estado de Pernambuco, órgão do Partido Republicano Federal. Colaborou na revista A Cultura Acadêmica, na qual publicou, em 1906, um trabalho sobre “Antônio Vicente do Nascimento Feitosa”. Pertenceu, então, ao Cenáculo, que, à imitação do de Eça de Queirós, em Lisboa, sob a presidência do Professor da Faculdade, Faelante da Câmara reunia-se na Livraria Silveira, à imitação do que antes faziam literatos na de Cruz Coutinho, da cidade do Porto. Apontados, os seus membros, como imitadores de intelectuais franceses, que lhes deram apelidos, Rodolfo e seu irmão Aprígio foram Jules e Edmond de Goncourt, como em versos àquele dedicados lembrou o Presidente do Grêmio: Rodolfo Garcia Se nunca me passara pela mente – E entanto […] Read More