Manoel de Souza Lordeiro

ENCANTADA (A) – LUMINÁRIA – IDENTIFICAÇÃO DE DESENHO

  A ENCANTADA – LUMINÁRIA – IDENTIFICAÇÃO DE DESENHO Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Trata-se de luminária que teria sido presenteada ao inventor pela Princesa Isabel após o incidente envolvendo o balão dirigível S-D n.º 5 em julho de 1901. Nessa ocasião a aeronave, perdendo altura, foi chocar-se com um dos mais altos castanheiros da propriedade de Edmond de Rotschild, próxima à residência da Princesa Isabel, Condessa D´Eu, então no exílio, em Paris. Sabedora da ocorrência e de que o inventor lá estava dependurado à espera de resgate pelos bombeiros, apressou-se em enviar-lhe um almoço que foi providencialmente içado por uma corda. Superado o incidente, Santos-Dumont foi visitar a princesa para agradecer-lhe o almoço e narrar a aventura. Posteriormente a princesa enviou-lhe uma medalha de São Benedito que, segundo ela, “iria proteger-lhe contra acidentes”. Desse relacionamento teria resultado um novo presente: a luminária que hoje integra o acervo da Encantada por doação do sobrinho-neto do inventor, Jorge Henrique Dumont Dodsworth. O desenho que adorna a luminária é uma policromia representando o pavilhão imperial de D. Pedro I. O pavilhão, sinônimo de bandeira, insígnia ou estandarte, teve origem nos selos reais. É composto pelo manto ou mantel, em geral representado na parte externa pelo esmalte púrpura e é rematado pela coroa real (ou imperial). No caso em estudo o mantel é rematado pela coroa de D. Pedro I, facilmente identificável não somente pela forma como pelo gorro (forro interno) que é de cor vermelha (o de D. Pedro II é de cor verde). Sobre o mantel está representado o brasão de armas do Brasil do Primeiro Reinado, que é igualmente encimado pela coroa imperial, daí a duplicidade da mesma. O pavilhão d´armas do Império do Brasil no Segundo Reinado é bem mais, digamos, elaborado, dele constando o cetro e a Mão da Justiça, símbolos da autoridade soberana. Um exemplar desse pavilhão, esculpido em cedro e pintado a óleo, faz parte do acervo do Museu Imperial. Petrópolis, março de 2002 Fontes consultadas: Lello Universal. Porto, Portugal: Lello & Irmão, s/d. SANTOS-DUMONT, Alberto. Os meus balões. Rio de Janeiro: Fundação Projeto Rondon – Ministério da Aeronáutica, 1986. TOSTES, Vera Bottrel. Princípios de heráldica. Petrópolis, Museu Imperial / Fundação MUDES, 1983.

SANTOS-DUMONT, O INVENTOR

  SANTOS-DUMONT, O INVENTOR Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Cartaz comemorativo (M. S. Lordeiro) Desde cedo Alberto Santos-Dumont mostrara pendores para a mecânica. Ainda menino, conduzia os pesados locomóveis da fazenda dos Dumont em Ribeirão Preto. Aos doze anos já tomava o lugar dos maquinistas nas locomotivas Baldwin que tracionavam os vagões de café através da extensa via férrea que cortava a fazenda. Enquanto seu pai e seus irmãos inspecionavam a fazenda em suas montarias, o pequeno Alberto corria para a usina onde passava horas observando as máquinas de beneficiamento de café. Vem de tempos remotos o desejo de elevar-se às alturas e navegar pelo céu. Até o século XIX, entretanto, os balões que empregavam o ar aquecido ou os gases mais leves que o ar, eram a única realidade em aeronáutica. Podemos considerar como ponto de partida o feito do padre brasileiro Bartholomeu Lourenço de Gusmão que, em 8 de agosto de 1709, em presença de D. João V e sua corte, ergueu-se do solo num balão Bartholomeu de Gusmão 08/08/1709 com ar aquecido de onde pendia uma cesta de vime com a forma de um pássaro, a “passarola”. Passarola Em 1888 Santos-Dumont viu, pela primeira vez, um balão tripulado. Tinha, então, 15 anos, e já estava bastante informado sobre as invenções dos irmãos Montgolfier, de Charles e Pilâtre de Rozier e Henri Giffard. Montgolfier (06/1783). Blanchard e Jeffries (1785) Já pensando além dos balões, e por influência dos conhecimentos adquiridos em mecânica, dizia: “No dia em que for produzida a invenção vitoriosa (referia-se ao vôo mais pesado que o ar) ela não será constituída nem por asas que batam nem por coisa semelhante que se agite”. Navegar em um balão esférico passa a ser um dos seus objetivos. A oportunidade surgiria em 1891 quando seu pai, Henrique Dumont, necessitando de tratamento de saúde, resolveu viajar com a família para a França. Em Paris fora lançado o primeiro balão de hidrogênio e voara a primeira aeronave “com sua máquina a vapor, seu propulsor de hélice e seu leme”, diz Santos-Dumont. Ele acreditava que a aeronáutica teria feito progressos desde o feito de Giffard em 1852. Henri Giffard (1852) Foi com surpresa que constatou que ainda não existiam balões dirigíveis: à exceção das tentativas dos irmãos Tissandier em 1883, e de Renard e Krebs em 1885, ninguém dera continuidade […] Read More

CORTE PORTUGUESA NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE (A)

  A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Em 1806 quase toda a Europa se encontrava sob o domínio de Napoleão Bonaparte: a nação que não se aliasse aos franceses era por eles subjugada. Restavam ainda, no extremo ocidental, a Inglaterra – seu inimigo maior – Espanha e Portugal, este um tradicional aliado dos ingleses. Através de um decreto que fez publicar em Berlim, em novembro de 1806, Bonaparte determinava que “os navios, as mercadorias e os imóveis de propriedade de súditos ingleses, e eles próprios, que se encontrassem em qualquer país do continente, seriam considerados boas presas de guerra”. A resposta não se fez esperar: Canning, ministro de George III, declarava à França e a todas as nações que a ela se aliassem ou estivessem sob seu controle, que se considerassem bloqueadas, sendo ilegal todo o comércio marítimo por elas praticado; autorizava-se, ao mesmo tempo, o corso contra os seus navios. Em 1807 Napoleão dominava a Espanha, colocando no trono espanhol seu irmão José Bonaparte, restando, assim, a adesão de Portugal para que se completasse o bloqueio continental. Em novembro desse ano, intimados pela França a declarar guerra aos ingleses, os portugueses ainda tentaram uma manobra de despistamento, com uma fictícia declaração de guerra, ainda que, secretamente, permanecessem fiéis aos compromissos assumidos com a Inglaterra. O ardil não deu certo, ordenando Napoleão a imediata invasão de Portugal. Um tratado secreto assinado entre França e Espanha, em outubro de 1807, suprimia Portugal da carta política da Europa, dividindo o seu território em três Estados, cabendo um deles ao Rei da Etrúria (atual Toscana), outro ao Príncipe da Paz, D. Manuel de Godoy – ministro de Carlos IV de Espanha e que traiu sua pátria em favor de Napoleão – e o terceiro à França, que o manteria sob seu domínio, podendo até restituí-lo, mais tarde, à dinastia de Bragança – desde, é claro, que esta lhe fosse submissa. Por outro lado, o Imperador havia deixado bem claro o tratamento humilhante que seria dispensado à família real quando suas tropas chegassem a Lisboa. Em Portugal, o Conselho de Estado era presidido pelo Príncipe Regente D. João, que assumira o governo em 1792 em substituição à sua mãe, a Rainha D. Maria I, afastada do trono por problemas mentais. Diante das ameaças […] Read More

PRESENÇA, EM PETRÓPOLIS, DO MAJOR ARCHER, O PRECURSOR DA SILVICULTURA NO BRASIL (A)

  A PRESENÇA, EM PETRÓPOLIS, DO MAJOR ARCHER , O PRECURSOR DA SILVICULTURA NO BRASIL Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 A concentração populacional e o caráter predatório da exploração dos recursos naturais vem preocupando governos e instituições desde o início do século XIX, momento em que eclodiu a Revolução Industrial. Toma corpo a partir de então, em defesa do meio ambiente, uma mentalidade conservacionista que adotaria o lema “usar sem destruir”. O Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX enfrentava sérios problemas de urbanização com reflexos visíveis na qualidade de vida. Quase meio século havia decorrido desde a chegada da família real portuguesa e seu séquito, com a população acrescida, repentinamente, de cerca de 20.000 pessoas. Mas os efeitos dessa transformação ainda se faziam sentir, principalmente no que se referia ao abastecimento de água potável, que atingia níveis críticos. Os mananciais de então, situados nas encostas de Santa Teresa e do Corcovado, tinham seus cursos canalizados até alcançar os chafarizes e torneiras localizados em diversos pontos da cidade. Dali, através dos “Aguadeiros” – escravos – a água era conduzida às residências e estabelecimentos públicos e comerciais. As atenções dos administradores voltavam-se, assim, para os mananciais das encostas da Tijuca, em especial o rio Maracanã. O problema é que a partir do século XVIII essas encostas vinham sendo paulatinamente divididas em sítios e fazendas, dadas as suas condições propícias para a agricultura: fácil acesso e água em abundância. Tal procedimento resultou na devastação das matas, fato agravado pela extração de lenha e fabrico de carvão – os combustíveis da época – além do corte de madeiras-de-lei para construção. Tudo isso formava um cenário desolador. Diante da escassez que cada vez mais se acentuava, a única preocupação naquela época era aumentar o volume das águas dos mananciais através de práticas intensivas de reflorestamento das nascentes. É nesse contexto que são tomadas as primeiras medidas efetivas para implantação da Floresta da Tijuca, iniciativa de Almeida Torres, então na Pasta do Império, em 1848. Entre outras providências era sugerida a destinação de uma verba para desapropriação dos terrenos necessários ao reflorestamento daquela área. A propósito, foi nas encostas da Tijuca que tiveram. origem os primeiros cafezais do Brasil. Mais tarde essas culturas iriam expandir-se para a Província do Rio de Janeiro, principalmente para o Vale do Paraíba, até alcançar as terras […] Read More

AUTOMOBILISMO EM PETRÓPOLIS (1908 A 1958) (O)

  O AUTOMOBILISMO EM PETRÓPOLIS (1908 A 1958) Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 O primeiro evento automobilístico de que se tem notícia em Petrópolis data de 9 de março de 1908, com a chegada à cidade, dos volantes Gastão de Almeida e Braz de Nova Friburgo, conduzindo um Dietrich, procedentes do Rio de Janeiro. Fazendo-se acompanhar do mecânico Chocolat, haviam partido da então Avenida Central, hoje Rio Branco, às 13 h 30 min do dia 6 de março, chegando a Petrópolis no terceiro dia às 13 h. Tratava-se de um raide de resistência em que o automóvel teve ótimo desempenho, já que se constatou apenas “ algum desgaste na borracha das rodas” , como se disse na época. O trecho da baixada foi o que apresentou as maiores dificuldades, pois tiveram que enfrentar áreas alagadiças e caminhos mal conservados. Naquela época havia a alternativa do trem, partindo da estação de São Francisco Xavier, e também a das barcas que saiam da Prainha em demanda do porto de Mauá, onde se tomava o trem para a Raiz da Serra e de lá a Petrópolis. Daí que caminhos de terra eram para veículos de tração animal. Automóvel ainda era “ avis rara”… O melhor trecho que percorreram foi o da Estrada Normal da Serra da Estrela, por onde subiam as diligências até 1883, quando foi inaugurada a linha de cremalheira que possibilitou a chegada dos trens àquela cidade serrana. Os autores da façanha, algo excepcional naquela época, foram recebidos como heróis, sendo hospedados no Hotel Bragança. No dia seguinte, condutores e veículo retornaram, de trem, ao Rio de Janeiro, onde foram recebidos, também, entusiasticamente. A 8 de setembro de 1910, Gastão de Almeida, Artur Bilbau e Sully de Souza, partem de Petrópolis rumo a Juiz de Fora, completando o raide em 8 horas, o que foi facilitado pelas condições favoráveis da Estrada União e Indústria. Igual sorte não tiveram Luiz Tavares Guerra, Luiz Prates e Honorato Pereira que, em 12 de abril de 1911, partiram rumo a Teresópolis, só completando o percurso em 39 horas! A 4 de maio de 1914, às 10 h, os petropolitanos José Tavares Guerra, Henrique Cunha e João Raeder, mais os mecânicos Waldemar Rocha e José Silva, partiram de Petrópolis rumo a Paraíba do Sul, completando o percurso em cerca de 5 horas. A partir de […] Read More

PROFESSOR HENRIQUE PINTO FERREIRA

  PROFESSOR HENRIQUE PINTO FERREIRA Manoel de Souza Lordeiro Henrique Pinto Ferreira nasceu em Guimarães, noroeste de Portugal, a 17 de dezembro de 1888. De família humilde, eram seus pais o alfaiate José Pinto Ferreira e Dª Josefa Ferreira Gonçalves. Nos tempos de sua juventude a família de Henrique passou por muitas provações, o que contribuiu para moldar-lhe o caráter, tornando-o um homem obstinado e possuidor de uma grande força de vontade. Em busca de uma oportunidade, trabalhou como “bedel” na Universidade de Coimbra, onde mais tarde viria a se formar. Pensando em seguir a carreira eclesiástica, chegou a ingressar num seminário onde teve como companheiro de clausura Manuel Gonçalves Cerejeira, o futuro Cardeal Patriarca de Lisboa. Consta que teria ingressado, também, na Escola de Engenharia Militar, sem concluir o curso, entretanto. Por motivos políticos ou por desentendimentos com a família, não se sabe ao certo, aos dezoito anos resolveu emigrar para o Brasil, fixando-se inicialmente em São Paulo, onde foi funcionário concursado do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS. Transferido para o Rio de Janeiro, ingressou na Faculdade Nacional de Medicina no Largo da Misericórdia, formando-se em 1918; não satisfeito, ainda cursou Química Industrial e Farmacêutica pela então Universidade do Brasil. Em todos esses cursos foi aluno distinto mercê de uma inteligência privilegiada, à qual se somava uma dedicação incomum. A transferência para Petrópolis se deu em razão de um convite que lhe foi formulado pelo Professor Antonio Noronha, diretor do Colégio Luso-Brasileiro, onde Pinto Ferreira passaria a lecionar. Em 1925, com apoio do Professor Noronha, funda o Ginásio Pinto Ferreira, a ele associando-se, mais tarde, o Professor Napoleão Esteves; o prédio onde se instalou o Ginásio ficava na Praça Visconde do Rio Branco, no início da Rua Paulo Barbosa. Anos mais tarde o imóvel seria vendido para dar lugar à construção do Edifício Imperador. Nessa época o educandário, já com a denominação de Colégio Pinto Ferreira, era dirigido pelo Professor Napoleão Esteves e foi transferido para o prédio da Av. Koeler (atual Palácio Koeler) [atual Palácio Sérgio Fadel], onde funcionara, até então, o Instituto São José, dos padres de Sion. A razão social do Colégio foi mantida ainda por dois anos após a morte de Pinto Ferreira, ocorrida em 1948. A partir de 1950 o educandário, vendido finalmente aos irmãos Mesquita, passou a denominar-se Colégio São José. Henrique Pinto Ferreira foi membro da Academia Petropolitana […] Read More

PRESENÇA DE SANTOS-DUMONT EM PETRÓPOLIS (A)

  UMA NOVA VERSÃO PARA O BRASÃO DE PETRÓPOLIS? Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Armas ou brasões são emblemas heráldicos adotados como insígnias por pessoas e famílias nobres, sociedades ou corporações, cidades, estados ou países. A ciência (ou a arte) dos brasões remonta ao tempo das Cruzadas, passando nos fins do séc. Xlll a subordinar-se a preceitos rígidos. Os brasões são metodicamente compostos por figuras diversas em variadas cores, denominadas metais e esmaltes, representadas sobre um fundo ou campo, cujo desenho lembra o escudo dos guerreiros medievais. Os metais são o ouro e a prata. Os esmaltes são: goles (vermelho), azul, sinopla (verde), sable (preto) e púrpura. Os brasões de cidades são normalmente encimados por coroas murais: em ouro, quando capitais, e prata, quando cidades e vilas, as cidades identificadas por cinco torres. Proclamada a República, muitos estados ou cidades adotaram armas próprias para utilização em fachadas de edifícios públicos, veículos e documentos oficiais. Tais emblemas, entretanto, não se subordinavam, na maioria das vezes, às regras fixas da heráldica, apresentando símbolos e alegorias em excesso e, quase sempre, de acentuado mau gosto. Nessas ocasiões, heraldistas e artistas gráficos raramente são consultados; todos se acham competentes para criar símbolos que são encaminhados a simples desenhistas para passá-los a limpo… Datam do início da República as primitivas armas de Petrópolis. De um artigo de Paulo Olinto em “Geopolítica dos Municípios” transcrevemos o seguinte trecho: “Em conseqüência da Revolta da Armada, Petrópolis passara a ser a capital provisória do estado do Rio de Janeiro. A mudança do governo verificou-se a 20 de fevereiro de 1894, e mesmo depois de sufocada a revolta, ali permaneceu até 4 de agosto de 1902. Um dos primeiros atos da respectiva Câmara Municipal foi a criação das suas armas, cujo projeto, aprovado na Assembléia Municipal de 11 de junho de 1894, pomposamente determinava: “Emblema de forma oval, orlado na parte superior pelas palavras RECTE REPUBLICAM GERERE e na inferior ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ESTADOS UNIDOS DO BRASIL; em fundo azul, destacando-se as montanhas que circundam o município de Petrópolis, por onde corre o Rio Piabanha, margeado por fábricas de tecidos, e no espaço, a esfera, encimada por uma estrela, e tendo em faixa a data de 30 de junho de 1892, instalação da municipalidade de Petrópolis, tudo enlaçado pelos produtos locais, café e cana, com o […] Read More

TOPONÍMIA PETROPOLITANA: UMA SITUAÇÃO PREOCUPANTE

  TOPONÍMIA PETROPOLITANA: UMA SITUAÇÃO PREOCUPANTE Manoel de Souza Lordeiro, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido Topônimo (do grego topos, lugar, e onyma, nome) é nome próprio de lugar: identifica acidentes geográficos, povoações, logradouros, cidades, estados e países, por exemplo. A toponímia vem a ser o estudo lingüístico ou histórico da origem dos topônimos. Trata-se, em suma, da ciência dos nomes dos lugares e acidentes. No dizer de J. Romão da Silva a toponímia não é um elemento subsidiário da História, mas um apoio de inegável valor para a ciência geográfica. Para Camille Vallaux, que a elegeu como uma das partes mais atraentes da Geografia Descritiva, a nomenclatura deveria ter precedência sobre qualquer outro procedimento, já que a “toponímia pode se constituir em um fio condutor de grande utilidade”. Da mesma forma que datas e fatos são importantes para o conhecimento histórico, uma base nomenclatural é indispensável para o conhecimento geográfico. Um exemplo significativo é o dos topônimos de origem tupi-guarani que tornaram possível tirar conclusões sobre determinados fatos a partir de sua etimologia. Segundo J. Romão, os topônimos indígenas possuem, geralmente, uma impressionante força descritiva, proporcionando definições sintéticas e expressivas dos acidentes e lugares a que se aplicam. Técnicos que projetaram usina atômica em uma praia de Angra dos Reis, não teriam sido surpreendidos com a instabilidade do solo se tivessem atentado para o significado do topônimo tupi Itaorna: pedra que afunda… Existe uma prática generalizada de se criar ou substituir topônimos – ignorando-se a denominação original – ao sabor de preferências pessoais e até de modismos. Tal procedimento tem sido explicado – mas não justificado – pela carência de informações confiáveis, mas o que ocorre, na maioria das vezes, é que não se faz o menor empenho em apurar a verdade. Não precisaríamos buscar exemplos em outros países, eis que aqui mesmo são incontáveis os topônimos, de origem indígena ou não, que vêm desde o descobrimento. Ainda assim, parece exemplar o que ocorreu com o famoso Cabo Cañaveral, que cidadãos bem intencionados, sem sombra de dúvida, tentaram rebatizar como Cabo Kennedy. Ainda que incontestável o mérito da homenagem, após algum tempo prevaleceu a denominação original: o nome do presidente que pretendiam homenagear acabou sendo atribuído ao centro espacial lá existente. Um exemplo de desprezo aos topônimos foi o que aconteceu, em Petrópolis, com a Pedra da Lagoinha (1.520m), que passou a ser conhecida, […] Read More

ATUALIDADE DO PLANO URBANÍSTICO DE KOELER (A)

A ATUALIDADE DO PLANO URBANÍSTICO DE KOELER Manoel de Souza Lordeiro, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido As cidades nascem e se desenvolvem para atender às necessidades humanas. Sua localização obedece a uma lógica e Petrópolis não fugiu a essa regra. Muitas cidades, na antigüidade, foram criadas para se constituírem em bastiões de defesa – eram cidades estrategicamente situadas – e várias delas tiveram como núcleo inicial um acampamento militar romano: Colônia, por exemplo. Outras, se desenvolveram ao longo de rotas comerciais, de entroncamentos, junto a portos marítimos e fluviais, nas proximidades de fontes de matérias primas, etc. No Brasil, os primeiros embriões de cidades tiveram origem em aldeamentos indígenas por iniciativa de catequistas jesuítas e franciscanos, principalmente. Eram, em geral, do tipo “tabuleiro de xadrez”, ocupando a igreja o lugar de destaque numa praça central: o largo da matriz (Fig. 1). Intervenções de ordem governamental têm sido igualmente responsáveis pela criação de cidades: Washington, Belo Horizonte e Brasília são alguns exemplos (Fig.2). Petrópolis pode ser enquadrada nesta categoria, uma vez que a decisão de criá-la partiu do Imperador D. Pedro II, objetivando proporcionar à Corte um lenitivo para os meses cruciais do verão em que o calor sufocante, a febre amarela e outros males faziam do Rio uma área de risco. A decisão, na verdade, coube ao Imperador; mas quem seria o pai da idéia? Surge, então, a figura do major Júlio Frederico Koeler, nascido em Mogúncia (Mainz) , capital da Renânia- Palatinado ( Rheinland-Pfalz), em 1804. Chegando ao Brasil em 1828, logo de imediato Koeler incorpora-se ao exército imperial; por decreto de 31 de outubro de 1831 e Carta Imperial de 12 de fevereiro de 1833 obtém a naturalização brasileira. Em 1835 recebe a incumbência de executar um levantamento topográfico na província do Rio de Janeiro, no trecho compreendido entre a Vila da Estrela e Paraíba do Sul, com vistas à construção de uma nova estrada para as Minas Gerais, possibilitando, assim, o escoamento mais rápido e seguro para a produção originária daquela província. Koeler fazia-se acompanhar, naquela ocasião, por sua esposa D. Maria do Carmo de Lamare Koeler, residindo algum tempo na vargem situada entre a Vila da Estrela e a Raiz da Serra. A permanência de Koeler nessas paragens pouco salubres fez com que acalentasse o sonho de um dia poder construir uma casa para si no sítio de clima ameno […] Read More

NOVA VERSÃO PARA O BRASÃO DE PETRÓPOLIS? (UMA)

UMA NOVA VERSÃO PARA O BRASÃO DE PETRÓPOLIS? Manoel de Souza Lordeiro, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido Armas ou brasões são emblemas heráldicos adotados como insígnias por pessoas e famílias nobres, sociedades ou corporações, cidades, estados ou países. A ciência (ou a arte) dos brasões remonta ao tempo das Cruzadas, passando nos fins do séc. Xlll a subordinar-se a preceitos rígidos. Os brasões são metodicamente compostos por figuras diversas em variadas cores, denominadas metais e esmaltes, representadas sobre um fundo ou campo, cujo desenho lembra o escudo dos guerreiros medievais. Os metais são o ouro e a prata. Os esmaltes são: goles (vermelho), azul, sinopla (verde), sable (preto) e púrpura. Os brasões de cidades são normalmente encimados por coroas murais: em ouro, quando capitais, e prata, quando cidades e vilas, as cidades identificadas por cinco torres. Proclamada a República, muitos estados ou cidades adotaram armas próprias para utilização em fachadas de edifícios públicos, veículos e documentos oficiais. Tais emblemas, entretanto, não se subordinavam, na maioria das vezes, às regras fixas da heráldica, apresentando símbolos e alegorias em excesso e, quase sempre, de acentuado mau gosto. Nessas ocasiões, heraldistas e artistas gráficos raramente são consultados; todos se acham competentes para criar símbolos que são encaminhados a simples desenhistas para passá-los a limpo… Datam do início da República as primitivas armas de Petrópolis. De um artigo de Paulo Olinto em “Geopolítica dos Municípios” transcrevemos o seguinte trecho: “Em conseqüência da Revolta da Armada, Petrópolis passara a ser a capital provisória do estado do Rio de Janeiro. A mudança do governo verificou-se a 20 de fevereiro de 1894, e mesmo depois de sufocada a revolta, ali permaneceu até 4 de agosto de 1902. Um dos primeiros atos da respectiva Câmara Municipal foi a criação das suas armas, cujo projeto, aprovado na Assembléia Municipal de 11 de junho de 1894, pomposamente determinava: “Emblema de forma oval, orlado na parte superior pelas palavras RECTE REPUBLICAM GERERE e na inferior ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ESTADOS UNIDOS DO BRASIL; em fundo azul, destacando-se as montanhas que circundam o município de Petrópolis, por onde corre o Rio Piabanha, margeado por fábricas de tecidos, e no espaço, a esfera, encimada por uma estrela, e tendo em faixa a data de 30 de junho de 1892, instalação da municipalidade de Petrópolis, tudo enlaçado pelos produtos locais, café e cana, com o dístico MUNICÍPIO […] Read More