As atividades da Igreja Católica nas terras que constituem o atual Município de Petrópolis, começaram muito mais cedo que podemos imaginar.

Os primeiros habitantes de nossas terras, portugueses, principalmente das Ilhas e seus descendentes, provenientes da Baixada Fluminense e de Minas Gerais, ligados pela fé católica, concorreram eficazmente para difundir a prática do Catolicismo nestas paragens.

Assim, o primeiro centro religioso, segundo informa Schaette “surgiu em 1734, na fazenda do Dr. Euzébio Álvares Ribeiro, na Quadra das Pedras, localizada ao sul do píncaro da Maria Comprida, fazendo rumo com a Quadra de Araras” (1).

(1) SHAETTE, Estanislau (Frei). Histórica Eclesiástica do Município de Petrópolis, in Petrópolis em 1948, Cia. Brasileira de Artes Gráficas. Rio, 1948, pág 71.

Ali o ilustre fazendeiro construiu uma capela pública, em honra de Nossa Senhora da Conceição, com cemitério nas proximidades, a qual funcionou até 1760, prestando assistência religiosa aos viajantes em demanda de Minas Gerais e aos sitiantes

Informa ainda o ilustre historiador que, “com a mudança de dono e da estrada geral, deixou de existir a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Roça das Pedras” (2), como era popularmente conhecida.

(2) SHAETTE, Estanislau (Frei). Os primeiros sesmeiros estabelecidos no território petropolitano, in Centenário de Petrópolis,1942, vol. V, pág 213.

Referia-se certamente à Picada que, partindo do Tamarati, passava sucessivamente por Carangola, Rio da Cidade, Araras, Quadra das Pedras, indo encontrar o caminho do Secretário, caminho que foi modificado, quando foi traçada outra picada que, partindo do Tamarati, acompanhava o lado direito do rio Piabanha até a foz do rio Araras, onde o caminho passou para o lado esquerdo do rio Piabanha, alcançando as fazendas do Alto Pegado e do Secretário.

Em 1749, Manuel Antunes Goulão, fazendeiro no Rio da Cidade, requereu à Cúria Episcopal do Rio de Janeiro permissão para construir em seus domínios uma capela em honra de “Nossa Senhora do Amor de Deus”, a qual foi concluída e recebeu benção eclesiástica em 1751.

E ainda Shaette quem afirma que “os livros da freguesia de Inhomerim relatam atos religiosos na capela até 1808 e enterros no cemitério até 1841”(3).

(3) SHAETTE, Estanislau (Frei). Histórica Eclesiástica do Municí pio de Petrópolis, in Petrópolis em 1948, Cia. Brasileira de Artes Gráficas. Rio, 1948, pág 72.

A imagem de Nossa Senhora do Amor de Deus encontra-se hoje na Igreja, inaugurada em 28 de agosto de 1932, em Corrêas, ao contrário da imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da primeira Capela de Petrópolis, cujo destino desconhecemos.

Em 29 de abril de 1763, Manuel da Costa Guimarães obteve a provisão para construir a “Capela de Nossa Senhora da Lapa” em sua propriedade no Secretário.

Posteriormente, com a aquisição de suas terras pelo Pe. Antonio José Leal Penafiel, Presbítero secular do hábito de São Pedro, exerceu este o cargo de capelão da referida Igreja, palco de intenso movimento religioso, já que as tropas de muares que cruzavam o caminho que ligava Rio a Minas, necessariamente, passavam por lá.

Com a multiplicação das fazendas e sítios, resultantes de fragmentação das sesmarias que abrangiam o território petropolitano, tornou-se maior a necessidade de assistência espiritual aos fiéis. Tal fato, ao que tudo indica fez surgir, a partir de 1764, a figura do Coadjutor da Serra acima, o qual representava o vigário de Inhomerim nestas paragens. Em conseqüência, multiplicaram-se também o número de Oratórios Particulares nas mencionadas fazendas.

Com a fundação da colônia, Petrópolis formava um curato anexo à freguesia de São José do Rio Preto, que na ocasião pertencia ao Município de Paraíba do Sul. A 20 de maio de 1846, pela lei nº 397, o curato foi desmembrado de São José do Rio Preto, passando a integrar a Vila da Estrela, na categoria de freguesia, sob a invocação de “São Pedro de Alcântara de Petrópolis”.

A 30 de junho de 1846 foi celebrada na Praça da Confluência uma missa campal pelo Internúncio Apóstolico Mons. Gaetano Bedini que costumava subir a Petrópolis a passeio e que ao falecer era Cardeal da Cúria Romana.

Após ter sido sede da Diocese de Niterói de 1897 a 1908, Petrópolis teve sua Diocese em 1946.

Em conseqüência, neste ano, nossa cidade comemora dois expressivos fatos ligados à sua vida religiosa, o Jubileu de Ouro da criação de sua Diocese, no próximo dia 13 de abril e o Sesquicentenário da fundação de sua paróquia, no próximo dia 20 de maio, havendo portanto justo motivo para que se registrem e festejem estes auspiciosos acontecimentos.