AS VOCAÇÕES DE PETRÓPOLIS E O TURISMO

Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida

Petrópolis é uma localidade que já viveu várias etapas significativas em sua trajetória de parte de uma sesmaria até hoje.

Foi trecho de um caminho para o interior do país na busca das riquezas minerais da região.

Local de veraneio da Família Imperial, da Nobreza e da Diplomacia na época do Império, o mesmo acontecendo na época da República.

Cidade fabril de grande produção , exportando seu produto até para a Europa igualando-se em importância com São Paulo.

Local de concentração de educandários, tanto masculinos quanto femininos por oferecer clima saudável e agradável numa época em que o Estado do Rio era assolado por febres e doenças diversas, Colônia alemã se bem que prejudicada em suas características pelo convívio dos veranistas e nobres que faziam parte da “entourage” do Imperador.

Recanto de calma e belezas naturais que sempre atraiu e atrai escritores, filósofos e artistas.

E outras que agora não me ocorrem agora.

Como local onde o chefe do Estado passava grande parte do ano foi a pioneira em várias melhorias dos diferentes aspectos da vida e inventos úteis etc. Neste aspecto também teve grande importância a proximidade com o Rio de Janeiro, quando este era a capital do País.

Hoje continuam algumas de suas vocações, modificadas pelas circunstâncias como é o caso dos estabelecimentos de ensino que, atualmente compreendem Faculdades, na sua maioria. Outras vezes está atualizada em suas preferências como no caso da informática que encontrou grande interesse.

Suas grandes vocações, atualmente, parecem ser para santa e mártir.

Santa porque em cada bairro, em cada rua surgem todos os dias igrejas, templos e casas de oração dos mais diversos credos: católicos, crentes, etc. Menos mal, precisamos mesmo muito de orações!

Mártir porque estão sendo destruídas todos os indícios que a caracterizam como uma cidade que já viveu todas as vocações que mencionamos, que são a prova de seu passado, enfim que fazem parte de sua história.

Temos prédios grandiosos que atestam a importância que teve como centro industrial como é o caso do complexo que formou a Fábrica Petropolitana, de Cascatinha e que é hoje quase uma ruína, o prédio da ex-fabrica de São Pedro de Alcântara que corre o mesmo risco por não haver pessoas que tenham posses e sensibilidade para aproveitar o rico cabedal que constituem.

Alguns prédios que guardam suas características antigas e que em outros países seriam considerados uma riqueza e um mimo, aqui, infelizmente, são desprezados e deixados ruir para em seu lugar construir edificações atuais sem a mesma importância rememorativa como é o caso de duas antigas construções que estão se transformando em escombros, uma na entrada da Mosela e outra na rua 13 de Maio.

Um prédio que merece a atenção ou pelo menos a curiosidade do turista que se interessa por História é o ocupado pela Reitoria da UCP na rua Benjamin Constant que pertenceu ao Visconde de Ubá e que foi alugado a D. Pedro II para a princesa Isabel passar sua “lua de mel” e cuja visão, infelizmente, será brevemente encoberta por uma quadra de “skate” que está sendo construída na praça que lhe ficava defronte. Onde está a preservação do “em torno” do bem tombado ?

Petrópolis, mesmo em seus bairros, que foram habitados por pessoas simples, sem grandes posses, apresenta, não uma aparência desolada, sem ambições, mas um aspecto de que aquelas moradias haviam pertencido a pessoas que tinham tido contato com a cultura, como era o caso dos colonos alemães e que ornavam suas habitações, dentro de suas possibilidades financeiras, dando-lhes características próprias, como no caso dos lambrequins de madeira que eram usuais na época, com desenhos variados que as individualizavam …