CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO DR. DÉCIO JOSÉ DE CARVALHO WERNECK

Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette

Comemoramos este ano o centenário de nascimento do Dr. Décio José de Carvalho Werneck, um dos mais destacados educadores de nosso tempo, que soube encantar com a clareza da exposição e a lucidez de suas idéias. Educador no sentido autêntico da palavra, a quem todos procuravam recorrer em busca de sua orientação sensata e equilibrada.

Nascido em Petrópolis, a 23 de março de 1910, era filho de Aristides Werneck e Elazir de Carvalho Werneck, dos quais recebeu uma sólida formação moral e religiosa e uma esmerada educação.

Seus estudos iniciais foram feitos no antigo Colégio Werneck e no Colégio Pinto Ferreira, dois dos mais conceituados estabelecimentos de ensino de nossa cidade. Posteriormente, bacharelou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito. Preferiu, no entanto, não advogar. A banca profissional não o atraiu. Escolheu a carreira docente, tornando-se um pedagogo e um didata admirável.

Em Petrópolis lecionou no Colégio Plínio Leite e no Liceu Fluminense, deixando nos mesmos a marca de seu talento e de sua admirável capacidade didática.

Em 8 de março de 1938, foi nomeado pelo então Presidente Getúlio Vargas, Inspetor Federal de Estabelecimentos de Ensino Secundário.

Neste mesmo ano, tornou-se um dos sócios fundadores do Instituto Histórico de Petrópolis, do qual foi um dos grandes animadores.

Profundo conhecedor da legislação de ensino, desempenhou as funções de Inspetor Federal com dedicação e rara competência, atuando muito mais como orientador e conselheiro, junto às escolas, que como um simples fiscal do Ministério da Educação e Cultura.

Em 1940, com seus sócios Carmem Saavedra e Thomaz da Câmara, fundou o Colégio Padre Antônio Vieira, um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino do Rio de Janeiro, que iniciou suas atividades em 1941 e continua funcionando até os dias atuais.

Seu amor pela Universidade Católica de Petrópolis, manifestou-se desde a primeira hora. Durante o ano de 1954, orientou, como Inspetor Federal, os primeiros passos de nossa Faculdade de Direito. No ano seguinte integrou os quadros de nossa Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, como professor no curso de História, lecionando, inicialmente, História Antiga e Medieval e, posteriormente, Didática Especial, Introdução aos Estudos Históricos e História das Idéias Políticas, Econômicas e Sociais.

Paralelamente, integrou o Conselho Técnico Administrativo da referida Faculdade.

Foi um dos fundadores e organizadores de nossa Escola de Engenharia, conduzindo, com rara habilidade, as conversações entre as Faculdades Católicas Petropolitanas e o Centro Industrial do Rio de Janeiro, colocando em evidência, o excelente conceito das Faculdades mencionadas, a expressiva atividade industrial desenvolvida na cidade e a curta distância do Parque Industrial do Rio de Janeiro.

Em consequência, a 20 de setembro de 1961, com a fusão das três Faculdades então existentes, surgiu a Universidade Católica de Petrópolis, reconhecida pelo Decreto número 383, de 20 de dezembro de 1961, em um grande centro de ensino superior que, no decorrer de todos esses anos, vem apresentando um ritmo constante e crescente de desenvolvimento, dedicando-se não apenas ao ensino, mas também à pesquisa e a prestação de serviços que, engajadas na concepção de uma sociedade baseada na ética cristã, na solidariedade e no respeito humano, acolhe e transforma na busca do desenvolvimento da comunidade e da formação integral do homem.

A Universidade Católica de Petrópolis ainda lhe ficou devendo a fundação, em 1969, do Conselho de Patronos, constituído por personalidades exponenciais na cultura, ciência, administração, comércio, indústria e finanças, nomeadas pelo Grão-Chanceler e que tem como finalidades promover a expansão cultural e o desenvolvimento econômico-financeiro e patrimonial da Universidade, bem como assessorar a mesma em seus planos de expansão, transmitindo-lhe a orientação que a experiência extra-universitária recomende.

Dr. Décio Werneck foi durante muitos anos, secretário do referido conselho, cargo que desempenhou com grande interesse e entusiasmo, até a sua morte, ocorrida em 22 de setembro de 1973.

Foi membro fundador do “Conselho Superior das Classes Produtoras” e membro do “Conselho Técnico do Instituto Euvaldo Lodi”, desde a sua fundação.
Em reconhecimento aos relevantes serviços por ele prestados à educação, a Assembléia Legislativa do antigo Estado da Guanabara concedeu-lhe, em 1968, o “Título de Cidadão Carioca” e, em 1973, pouco antes de seu falecimento, foi-lhe outorgada a medalha do Mérito de Oswaldo Cruz.

Em 31 de maio de 1978, por ocasião das comemorações do 25º aniversário da Fundação das Faculdades Católicas Petropolitanas, a Universidade Católica de Petrópolis o agraciou, post mortem, com a medalha de bronze, de conformidade com o disposto na resolução 1/78, do Conselho Universitário, recebida por sua viúva Dona Elza Rudge Carvalho Werneck.

Dotado de uma profunda e sólida formação religiosa, Dr. Décio Werneck foi, sobretudo, um homem de Fé, que fez da fé a grande luz que iluminou sua alma e sua trajetória de vida, não se descuidando nunca de seus deveres religiosos e procurando sempre manter-se fiel aos mandamentos da Santa Madre Igreja.

Dr. Décio José de Carvalho Werneck, foi um homem à frente e acima de seu tempo, permanentemente aberto para os valores espirituais, para a verdade, para a beleza e a justiça, que soube, como ninguém, compreender a grandeza de sua missão e a complexa delicadeza de sua tarefa educativa, deixando uma mensagem de vida, uma mensagem de integração do homem nos valores sociais, morais e espirituais que enriqueceram a valorizaram a vida humana.