José Kopke Fróes

PETRÓPOLIS E SEU PATRIMÔNIO

  “… a cultura é mais do que as belas artes. É memória, é política, é história, é técnica, é cozinha, é vestuário, é religião, etc…” Palácio de Cristal, Palácio Rio Negro, Casa de Santos Dumont e muitos outros estão sempre presentes no material de propaganda e divulgação da cidade, nos discursos dos políticos, nos slogans, nos anúncios publicitários. Vira e mexe são restaurados e postos à visitação pública como símbolos dignos de preservação. Recentemente, o Palácio de Cristal e a Casa de Santos Dumont mereceram atenção do governo municipal. Certamente é inegável a importância desses bens, mas no tocante às políticas de preservação do patrimônio histórico, essas ações “isoladas” quase sempre guardam a marca da improvisação ou da manipulação e do uso político da cultura. É preciso estabelecer uma política de preservação através do reconhecimento, proteção, tombamento, valorização e divulgação do seu patrimônio histórico, artístico, arqueológico e ambiental. O patrimônio histórico da nossa cidade não é constituído apenas de bens imóveis. Igualmente significativos são os seus bens da cultura material, os objetos de arte, as coleções de documentos escritos e iconográficos (particularmente os de suporte fotográfico), periódicos etc. A preservação dos bens arquitetônicos é importante e inquestionável, mas é preciso que haja projetos que despertem o interesse da população pela história da cidade e que haja meios para ampliar o universo de registros relativos à memória e à história da cidade. É preciso refletir sobre o critério de preservação dos documentos, objetos e monumentos, não deixar que eles sejam meros objetos de reverência a uma memória mítica do passado, mas sim perceber o significado do passado como experiência coletiva de formação da cultura e da sociedade. O patrimônio documental da nossa cidade tem sido valorizado, reconhecido e preservado? Basta ver a situação do Arquivo Público Municipal para se obter a resposta. No último governo, o Arquivo deixou de ficar administrativamente subordinado à Secretaria de Cultura (desde a sua criação em 1977) para se vincular à Secretaria de Educação, com a alegação de que esta possuía maiores recursos financeiros. Sem entrarmos na questão se tecnicamente é recomendável ou não, visivelmente percebemos e lamentamos que a cultura continue ocupando um lugar sem destaque, num plano secundário e as verbas sempre escassas. Recentemente, nesta atual administração, o Arquivo voltou a pertencer a Fundação Cultural Petrópolis. Será que agora o Arquivo deixará de ser apenas um “apenso” da Biblioteca Municipal? Terá uma estrutura […] Read More

RELÓGIO DA ESTAÇÃO NOVAMENTE EM FUNCIONAMENTO (O)

O “RELÓGIO DA ESTAÇÃO” NOVAMENTE EM FUNCIONAMENTO Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva “Eu era então copeiro do rei” (Neemias, 1,11) Com os modernos sistemas de informação da hora, especialmente através das rádios-relógios e do telefone, conjugados e dependentes dos equipamentos de Observatórios Astronômicos, perdeu-se a noção do que representava, tempos atrás, a dificuldade de se saber e de se manter a hora certa. Pense-se, por exemplo, em uma pequena cidade afastada dos grandes centros, em um período em que a população não mais se guiava pelo deslocamento do Sol entre a aurora e o poente. Como se teria ali o conhecimento da exatidão da hora? Quem, afinal, dizia qual era a hora certa? É claro que se está cogitando de referências de tempo mais precisas do que aquelas manifestadas por expressões como “à noitinha nos encontramos”, ou “depois da chuva passo lá”, ou “chegue logo que amanhecer”, ou “o nosso acordo vale até o pôr-do-sol”. Em termos de minutos, quem dizia naquela cidade o que era certo ou errado, quem afirmava que este ou aquele relógio marchava bem ou não? Vem, então, à lembrança os relógios públicos. O da torre da igreja, o da estação, o do relojoeiro. Sim, é interessante marcar que a vida das cidades se organizava, no tocante a horários, pelos relógios públicos, sobretudo aqueles de maior confiança, aqueles dos relojoeiros que forneciam o padrão, a “hora certa”. Em Petrópolis (RJ), na Rua Dr. Porciúncula, diante da Estação da Estrada de Ferro Leopoldina, o relojoeiro OTTO JERKE instalou por sobre a loja onde funcionava a sua “Relojoaria e Ourivesaria Suissa”, um grande relógio, de duas faces, luminoso. Isto ocorreu entre setembro e outubro de 1922. O requerimento de licença para instalação foi protocolado na Prefeitura Municipal sob o nº 3359, a 4 de setembro de 1922 e foi deferido a 18 do mesmo mês, fixando-se o dia 20 de outubro seguinte como termo final do prazo para a colocação do relógio na posição indicada na parede do prédio. O serviço foi realizado satisfatoriamente e encaminhou-se o requerimento ao arquivo a 3 de novembro. Tanto a caixa e o artístico suporte representando uma águia, como o mecanismo haviam sido importados da Alemanha. A precisão do funcionamento foi por todos logo reconhecida e o relógio passou a comandar os avanços, os atrasos e a pontualidade da vida de […] Read More