Julio Frederico Koeler

QUARTEIRÕES DE PETRÓPOLIS (OS)

OS QUARTEIRÕES DE PETRÓPOLIS Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Característica básica do plano ordenador da nascente Petrópolis, designado Plano Koeler, foi a divisão do território da cidade em quarteirões. E eles não são coisa do passado, que só pela vontade de uns poucos ainda estejam na memória e no uso de alguns. Eles existem. O que tem acontecido é que, por causas diversas, se tem deixado de empregar os nomes corretos das regiões da cidade e assim, pouco a pouco, o esquecimento vai se alastrando, o desconhecimento passa a imperar e se tem, então, a idéia de que apenas a teimosia dos saudosistas trata do assunto. Mas, como disse, a realidade é outra. Não tenho a intenção de aqui falar das virtudes do Plano Koeler. Quero apenas fixar dois pontos. O primeiro se refere à afirmação de que os quarteirões não desapareceram. O segundo chama a atenção para a necessidade de se usar a designação dos quarteirões para que a realidade seja revigorada e se retome o caminho de exploração de todas as riquezas que o projeto original da cidade contém, e assim se alcance o objetivo deste, o bem viver da população, tema mais que essencial nos tempos da ecologia. Todo bom petropolitano de nascença ou de vivência deve ter a absoluta convicção de estar respondendo certo à pergunta de como se divide a cidade, o primeiro Distrito de Petrópolis, ao dizer que ela se divide em quarteirões. Sem dúvida. Para o Registro de Imóveis é assim. Para a Prefeitura é assim. Para a Companhia Imobiliária é assim. Isto ocorre hoje como desde os primeiros anos da cidade e do surgimento dos instrumentos e órgãos controladores da divisão do solo. Quem tiver em mãos uma recente escritura de compra e venda de imóvel situado na cidade, pode ver, lendo-a e lendo a certidão do Registro de Imóveis, que o quarteirão lá está mencionado. Continua sendo ele a chave da localização. Quem for ao Cadastro da Prefeitura, verificará que o mesmo ali acontece, salvo alguns lapsos que no correr das administrações se instalaram. Quem se dirigir à Companhia Imobiliária, encontrará o esquema dos quarteirões em pleno funcionamento. Portanto, para o propósito de preservar e desenvolver os valores da cidade de Petrópolis, como tal, nada mais é necessário fazer, em um primeiro passo, com relação aos quarteirões, a não ser […] Read More

QUARTEIRÕES (OS)

OS QUARTEIRÕES Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Como o assunto sempre desperta interesse e antes que se publique, caso haja solicitação, o resumo dos limites de cada quarteirão nas vias públicas, apresento de novo uma visão geral da matéria, feitas algumas modificações no texto estampado no verso do Mapa Turístico de Petrópolis editado pela Petrotur. Petrópolis nasceu na mesa de trabalho do Major Júlio Frederico Koeler. Cidade planejada. Pioneira no Brasil. Como obrigação estabelecida na escritura de arrendamento da Fazenda Córrego Seco, o Major devia “levantar a planta da futura Petrópolis e do Palácio, … demarcar em prazos … todo o terreno … e … numerá-los (artigo 10 da escritura de 26 de julho de 1843, em que foram partes o Mordomo da Casa Imperial e Koeler). O território inicialmente destinado à construção da cidade foi dividido em vilas, áreas centrais, mais vinculadas ao palácio, previstas para maior densidade demográfica, e quarteirões, nos quais os prazos (lotes) tinham dimensão suficiente para permitir a subsistência de uma família. Quarteirão significa o mesmo que bairro. A planta elaborada por Koeler, conforme a reprodução de 1846, apresentou Petrópolis composta de: duas vilas: 01 – Vila (Vila Imperial) 02 – Vila Teresa e onze quarteirões: 03 – Bingen 04 – Castelânea 05 – Ingelheim 06 – Mosela 07 – Nassau 08 – Palatinato Superior 09 – Palatinato Inferior 10 – Renânia Central 11 – Renânia Inferior 12 – Siméria 13 – Westfália Poucos anos depois, com o prosseguimento dos trabalhos de demarcação e ocupação de espaço mais amplo destinado à cidade de Pedro, definiram-se, segundo a planta de 1854, de Otto Reimarus, outros onze quarteirões: 14 – Brasileiro 15 – Darmstadt 16 – Francês 17 – Inglês 18 – Mineiro 19 – Presidência 20 – Princesa Imperial 21 – Renânia Superior 22 – Suíço 23 – Woerstadt 24 – Worms. Com esta figura de duas vilas e 22 quarteirões (aqui incluído o Quarteirão Mineiro, mostrado mas não nomeado na planta de Reimarus) ficou fixada a estrutura física do coração de Petrópolis, vigente até hoje. Os nomes foram escolhidos por Koeler e sucessores em homenagem: 1 – a locais da Alemanha, de onde veio grande parte das pessoas envolvidas na criação e no desenvolvimento da cidade (Bingen, Castelânea, Darmstadt, Ingelheim, Mosela, Nassau, Palatinato, Renânia, Siméria, Westfália, Woerstadt e Worms), 2 – a grupos nacionais […] Read More

RESUMO HISTÓRICO – PETRÓPOLIS

  Passagem obrigatória para todos os viajantes e cargas que iam e vinham das ricas terras de Minas Gerais, a atual Petrópolis, constituída por várias fazendas inexploradas, onde residiam apenas seus proprietários e um ou outro serviçal indispensável à casa de moradia, manteve-se no anonimato até boa parte do século passado. Denominava-se do Córrego Sêco a principal dessas fazendas, cujo limite abrangia todo o centro da cidade e o majestoso alto da serra da Estrela, em que se divisa panorama da baía do Rio de Janeiro. Clima incomparável, temperatura amena, mesmo em pleno verão, possuía extensas matas e belíssimas paisagens que encantaram D. Pedro I, Imperador do Brasil. Já era êle um conhecedor dessas terras, pois sempre por elas passava a caminho da próspera fazenda do Padre Correia, na localidade hoje denominada Corrêas – de que era assíduo frequentador. Motivara essas suas estadas na Serra, a moléstia de uma filha, a Princesa D. Paula, à qual foi recomendada pelos médicos, uma mudança de ares. Em 1829, já casado com a segunda Imperatriz D. Amélia, pretendeu adquirir a propriedade que o agasalhava tão seguidamente. Mas diante da recusa da irmã e herdeira do Pe. Correia, voltou suas vistas para o Córrego Sêco, velha e abandonada fazenda, assinando a escritura de sua compra a 6 de fevereiro de 1830, por 20 contos de réis. A fazenda pertencia então ao Sargento-Mor José Vieira Afonso e D. Pedro I pretendia construir aí o seu palácio de verão. Surgindo depois vários acontecimentos políticos que terminaram com a abdicação de D. Pedro I em 1831, a fazenda voltou ao esquecimento e ao abandono. Por morte de D. Pedro I tocou a fazenda a seu filho menor D. Pedro II. O Mordomo da Casa Imperial, Conselheiro Paulo Barbosa, pensava em realizar então o projeto anterior: a construção de um palácio de verão para o Imperador. Mas, como fazê-lo numa propriedade abandonada e decadente? Depois da maioridade de D. Pedro II, o Major de Engenharia Júlio Frederico Koeler, encarregado pelo govêrno provincial da construção e conservação de uma parte da estrada de rodagem para Minas, fez ver ao Mordomo as vantagens de estabelecer nessas terras um Colônia agrícola de alemães. Koeler tornara-se um entusiasta de colonização estrangeira e pretendia provar a superioridade do trabalho livre sôbre o braço escravo. Júlio Frederico Koeler vê então que, se a fazenda ia ter vida própria, tornava-se possível a construção do palácio […] Read More

RESUMO DA HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS (UM)

UM RESUMO DA HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, Patrono da Cadeira n.º 28 D. Pedro I conheceu a fazenda do Padre Correia em março de 1822 quando, a caminho de Minas, procurava obter o apoio de Vila Rica para o movimento da Independência. Mas ao chegar ao Alto da Serra encantou-se com o panorama daí descortinado e logo pensou em construir um Palácio para si, comprando um terreno a Antônio Correia Maia por 2 contos e 400 mil réis. É a primeira idéia da construção de um palácio na Serra. Mas foi a fazenda do Padre Correia que o encantou verdadeiramente: pelos bons ares, pela vegetação e pelo carinho com que ele e sua família eram recebidos, inicialmente pelo próprio sacerdote, logo depois por sua irmã e herdeira D. Arcângela Joaquina da Silva. Aí procurou o Imperador refúgio para os males que afligiam sua filha, a princesinha D. Paula, a quem os médicos recomendavam mudanças de ares. Por esse motivo foi Pedro I um assíduo frequentador daquela propriedade. E de tal assiduidade veio o desejo da Imperatriz D. Amélia de adquirir a fazenda. D. Arcângela, alegando razões sentimentais – a fazenda era um bem da família e não deveria passar a mãos estranhas -, indica a D. Pedro I a fazenda vizinha, do Córrego Seco, de propriedade do Sargento-Mor José Vieira Afonso. Os entendimentos com o militar chegaram a um bom termo, tanto que, a 6 de fevereiro de 1830, foi assinada escritura de compra da fazenda por 20 contos de réis. Aí pretendeu o Imperador construir o seu palácio de verão a que daria o nome de Palácio da Concórdia, também atribuído à fazenda. Mas não chegou a realizar seu sonho: no ano seguinte sobreveio a abdicação e embarcou D. Pedro I para a Europa. A fazenda passou a ser administrada pelo seu procurador que usou o sistema de arrendamento a fim de prover de meios o Imperador abdicatário. Com a sua morte em 1834, abriu-se-lhe o inventário, tocando a propriedade a D. Pedro II – estava ela, porém, hipotecada aos credores e a Casa Imperial não dispunha dos meios necessários para o levantamento da hipoteca. A Assembléia Geral, então, abriu um crédito necessário e a fazenda do Córrego Seco foi entregue ao jovem Imperador, cujo Mordomo, o Conselheiro Paulo Barbosa, prosseguiu o mesmo sistema de arrendamento. O último arrendatário foi o Major Júlio Frederico Koeler […] Read More

KOELER NO BRASIL – RESUMO

  A chegada do jovem alemão de Mainz ao Brasil. Júlio Frederico Koeler no Corpo de Engenheiros. Sua presença na Província do Rio de Janeiro, especialmente na Vila Real da Praia Grande, onde começou a sua vida familiar. Sua naturalização como brasileiro. O trabalho na Serra do Mar para onde foi designado. A Estrada Normal da Estrela. O rio Paraíba do Sul e sua ponte. Atuação em outros locais do Vale. 1.1 – Ao embarcar para o Brasil se demitiu “livremente do cidadão Grão ducal” e disse que viria “viver e morrer aqui”, e foi o que aconteceu. No Brasil cumpriu uma brilhante trajetória, morrendo de um acidente, em 1847. (1) (1) Koeler chegou ao Brasil em 1828 a bordo da Galera de Bremen denominada “Harmonie”, que segundo o “Jornal do Commércio” de 3 de julho de 1828, gastou 62 dias na viagem, trazendo 225 alemães, dois oficiais subalternos e quatro famílias com 24 pessoas, destacando como passageiros, o Tte. Cel. Jorge Antônio Schaeffer, sendo a mesma notícia dada pelo “Diário do Rio de Janeiro”, da mesma data. 2.1 – Em 9 de julho de 1828 requereu sua admissão no Imperial Corpo de Engenheiros, no posto de Tenente e em 21 de novembro do mesmo ano, o Imperador concedeu-lhe a Carta Patente solicitada. 3.1 – Na então Vila Real da Praia Grande, casou-se com D. Maria do Carmo Delamare e foram pais do menino Rodrigo Delamare Koeler. 4.1 – Em 1831, ano em que seu filho nascera, foi ele naturalizado cidadão brasileiro por Decreto de 31 de outubro daquele ano. 5.1 – A 28 de abril de 1841 é nomeado pelo Visconde de Baependi, então Vice-Presidente da Província do Rio de Janeiro, para chefiar a 2ª Seção de Obras Públicas da mesma Província. Desde 1837 já vinha ali trabalhando incumbido dos trabalhos da estrada que então se construía, ligando o porto da Estrela a Paraíba do Sul, caminho que passava pelo Córrego Seco. (2) (2) O Córrego Seco foi a terra comprada por D. Pedro I em 1830, posteriormente colonizada por D. Pedro II com o auxílio de Koeler e de Paulo Barbosa. Aí surgiu Petrópolis, a Colônia alemã e depois cidade em 1857. 6.1 – Muito trabalhou na serra em diversas comissões, e não só na abertura da referida estrada. Morou com sua família na baixada quente e no clima ameno da serra. Muito lutou para vencer o relevo […] Read More

COLÓQUIO DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS SOBRE OS 150 ANOS DA IMPERIAL COLÔNIA DE PETRÓPOLIS

  Em 1565 teve início a colonização da Baixada Fluminense, ao fundo da Baia da Guanabara, com a concessão de uma sesmaria à Cristóvão de Barros. Mas a subida da Serra do Mar, mil metros acima, com sua crista encarpada e, principalmente, coberta por uma mataria selvagem, afastou dali o colonizador português. Aquela penosa subida somente foi vencida no princípio dos anos setecentos, com a abertura do Caminho Novo. É importante destacar aqui, que essa barreira natural influiu decisivamente nos destinos do Brasil, pois “nossa história atrevida de Bandeiras teria sido outra sem esse impedimento”, como lembra Alberto Ribeiro Lamego. A ocupação da Serra da Estrela foi logo iniciada e a partir dos primórdios dos oitocentos, a colonização com imigrantes alemães, uma tendência da época, foi experimentada. Primeiro com o Barão Georg Heirinch von Langsdorff na sua Fazenda da Mandioca, uma iniciativa particular que não teve o sucesso esperado. Na década de 30, trabalhadores alemães foram usados com eficiente resultado na construção da Estrada Normal da Estrela, uma moderníssima rodovia que subia a serra. Em 1845, chegou o primeiro contingente de colonizadores alemães que iria começar a construção de Petrópolis. Dez anos após passariam pela cidade outros colonos alemães que iriam construir a Rodovia União e Indústria e iniciar a vida na nascente cidade de Juiz de Fora. Por todo o final daquele século, centenas de imigrantes germânicos, sem um planejamento especial, iriam se estabelecer em algumas cidades mineiras para tentar vida nova. Comemoramos, 150 anos da chegada do “Virginie” ao porto do Rio, trazendo os primeiros 161 colonos e suas famílias, que arribaram Petrópolis em 29 de junho de 1845. De junho até novembro daquele ano, foram 2338 pioneiros vindos, principalmente, do Rheiland-Pfalz. A chegada desse contingente de desbravadores, significou efetivamente, a existência de Petrópolis. A cidade porém já existia desde 16 de março de 1843, quando Dom Pedro II assinou o Decreto Imperial nº 155, criando Petrópolis através do arrendamento das terras da Fazenda do Córrego Seco ao Major Júlio Frederico Koeler. Nos três anos seguintes, houve muito trabalho administrativo, técnico, comercial, político, social mas, no Córrego Seco, quase nada. A povoação verdadeira do lugar só começou a existir com a chegada das primeiras famílias de alemães que vinham ocupar o espaço que lhes tinha sido reservado. É tão significativa a presença do elemento alemão em Petrópolis, que durante cem anos houve uma grande indecisão sobre a verdadeira […] Read More

REGISTROS SOBRE KOELER (2)

  A PASSAGEM DO RIO PARAÍBA DO SUL O rio caudaloso na época das chuvas, e mais seco e portanto mais estreito, na época da estiagem, ora dificultava, ora permitia a passagem dos viajantes e tropeiros que do porto da Estrela buscavam a Paraíba, ou de Minas que demandavam aquele movimentado porto. No começo, essa travessia era feita por meio de barcas movidas a remo por exímios remadores e também por meio de pranchas. As dificuldades apresentadas com remadores livres e um cativo, acrescidas com as canoas, como a grande que precisava de reparos, e também as duas outras que necessitavam de consertos. Por isso precisava-se de madeira o que se arrasta até 1837 e sente-se dificuldade de se consegui-la “na vizinhança da Paraíba”. O ilustre historiador José Antonio Soares de Sousa, assim nos falou em trabalho publicado na Revista do IHGB:1 “a passagem fazia-se então por uma velha barca ou uma grande balsa que comportava 15 mulas carregadas”, e isso baseado em Gardner e nos Relatórios de Koeler. Essa passagem era muito freqüentada por tropas com animais carregados e, como exemplo, destacamos o mês de fevereiro de 1838 que apresentou um movimento de 3.509 animais carregados para o porto da Estrela e, para a Província de Minas, 3.272 muares. No Relatório de Koeler, de 1835 e dirigido ao Presidente da Província, há uma referência à estrada da Estrela que é a “mais freqüentada da Província de maneira que nela só transitam mais viandantes que nas outras todas do centro reunidas”. Ainda utilizando o Relatório de Koeler do ano de 1838, vemos um interessante episódio: “aconteceu que carregando o Patrão a canoa grande com os efeitos do tropeiro Cordeiro, este exigiu que a enchesse com as cargas de 3 lotes de animais. O Patrão fez-lhe observações a que o tropeiro não atendeu e o resultado foi submergir-se a canoa no meio da correnteza e perderem-se as cargas e quase a canoa, que arrebatada pelas águas, desapareceu em um momento. Aí o administrador da obra da ponte prometeu 10$000 de gratificação a 2 particulares se salvassem a canoa e a gente embarcada na barca submergida. Marcelino Idálicio Cordeiro e Prodêncio J. de Camargo, não só salvaram primeiramente 7 pessoas que tinham caído no rio e, depois, com risco de suas vidas, foram buscar a canoa encalhada nas cachoeiras e conseguiram salvá-la e maior parte das cargas”. Datado da Vila da Paraíba […] Read More

AURELIANO DE SOUSA E OLIVEIRA COUTINHO Do monólito de fundadores como o Instituto mereceu, nos seus duzentos anos

  Bastante divulgadas as origens do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – ideais, objetivos, ações tendentes. De 16 de agosto de 1838 – a proposta, apresentada ao Conselho Deliberativo, firmada pelos secretários da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional – a 21 de outubro, a instalação, medeiam o exame e a aprovação (19 de agosto) da criação da entidade que nos congrega, completando 162 anos. A compor o quadro fundador, 27 membros (hoje expandidos para mais de 240), integrados o cônego Januário da Cunha Barbosa e o marechal Raimundo José da Cunha Matos, idealizadores e proponentes, uma plêiade de homens que vinham dando ou muito ainda emprestariam ao Brasil, de sua capacidade, de sua inteligência, de seu bem doar. Aureliano um deles, na altura, na força de seus 38 anos, nascido no ano-fim do século XVIII. Sobre ser um dos 27, entre políticos, militares, professores, funcionários do governo, negociantes, titulares ou que o viriam a ser, um religioso e outras categorias profissionais, foi o 1º e 2º vice-presidente do Instituto. Se, na 11ª sessão, de 4 de maio de 1839, o secretário perpétuo, cônego Januário, propôs o pedido de um subsídio ao Legislativo, coube ao vice-presidente, Aureliano, assumindo o exercício, pela morte do marechal Cunha Matos, primeiro titular do cargo, ler requerimento formulando a solicitação (14ª sessão, 7 de junho do mesmo ano). Ainda em exercício, Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho ofereceu, em nome da entidade, na Sessão Solene do 2º aniversário, ao imperador e suas irmãs, d. Januária e d. Francisca, exemplares da medalha da fundação do Instituto, cunhadas por Zeferino Ferrez, em ouro e prata. Viria a tornar-se o dístico, o logotipo da instituição, para suas publicações, o colar acadêmico, sua marca, onde se impregna sua presença. Por sempre tão visualizada, tem-se perdido, acreditamos, para muitos o significado que está bem acorde com a imagem simbólica do Instituto. Na descrição de Januário da Cunha Barbosa – tirâmo-lo da Resenha histórica do sesquicentenário, organizada pelo então 1º secretário, Vicente Tapajós -, “um Gênio gravando com buril na rocha do Pão de Açúcar |a cidade presente| o dia da fundação do Instituto”, encimado pela legenda Auspice Petro Secundo, auspícios nunca negados, mesmo nos mais de cento e dez anos de República, fechada por esta outra, síntese do seu trabalho: Pacifica Scientiae Occupatio. O reverso, ainda em latim, ensina a fundação do Instituto Histórico e Geográfico, no dia 21 de outubro […] Read More

TEMA É AINDA PAULO BARBOSA DA SILVA (O)

O TEMA É AINDA PAULO BARBOSA DA SILVA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Não percamos de vista que o Conde Ney, no seu depoimento sobre o Mordomo da Casa Imperial, desencavado em boa hora por Alberto Rangel nas suas exaustivas pesquisas realizadas no arquivo D’Orsay, disse com todas as letras que Paulo Barbosa da Silva tornara mais regular a administração das terras imperiais, fazendo crescer as rendas, sendo por conseguinte digna de aplausos a maneira como cumpriu suas funções. A leitura desse depoimento nos faz crer que o projeto Petrópolis almejava, antes de mais nada, aumentar as aludidas rendas. De que forma? Até o advento do ato de 16 de março de 1843 e do conseqüente instrumento de contrato celebrado com Júlio Frederico Koeler, a fazenda do Córrego Seco não passava de um taperão, arrendado por inteiro a pessoas que pagavam um aluguel anual que pouco deveria representar na contabilidade da Casa Imperial. A perspectiva do fraccionamento do solo dessa herdade e depois do das demais que se somaram a ela, através do sistema de facteosim ou enfiteuse, com pagamento de foros anuais pelo prazo aforado e suas eventuais subdivisões e laudêmio em face das transações inter-vivos a título oneroso, obviamente, haveria de proporcionar um maior faturamento para os cofres do senhorio direto, no caso, a Casa Imperial. Era o ovo de Colombo a que as terras serranas serviam como nenhuma outra, caindo pois o projeto da colônia / povoação como uma luva nos planos de Paulo Barbosa da Silva, sempre de olho na receita de seu amo e senhor. Na parceria com Júlio Frederico Koeler, o Mordomo matou vários coelhos com uma só porretada: fez crescer paulatinamente as rendas imperiais; atendeu à necessidade de mão de obra livre reclamada pela província fluminense na área das obras públicas com fulcro na construção da Estrada Normal da Estrela; ensejou a criação de uma colônia agrícola na serra acima; provocou o início de uma povoação que se desenvolveria pelos quarteirões nobres da concepção urbanística de Koeler e propiciou ao Imperador uma bela residência serrana de modo a poupá-lo dos rigores e da insalubridade dos verões cariocas. Essa perfeita união do útil ao agradável resultou da urdidura e da costura levada a efeito pelas mãos hábeis e já experientes do Mordomo. É bom lembrar que D. Pedro II, nessa […] Read More

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANO KOELER

  “Só mesmo, eufemisticamente, pode-se considerar como planejamento urbano o processo de trabalho que levou alguns técnicos a elaborarem os “planos” de Belo Horizonte (engenheiro Aarão Reis), Goiânia (Atílio Correia de Lima e irmãos Coimbra Bueno), Aracajú (engenheiro Sebastião Pirro), Teresina, Aragarças, Fortaleza (arquiteto português Silva Paulet), Piracicaba, Londrina e de outras cidades brasileiras. Na melhor das hipóteses, são simples traçados urbanos convencionais, em regulamentação de zoneamento, sem hierarquização de vias e sobretudo sem a implementação necessária e indispensável ao prosseguimento do processo de planejamento. Isto sem falar nos aspectos sociais e econômicos, não considerados no processo. Eram planos para a época em que foram elaborados: só dentro dessa relatividade de tempo podem ser aceitos como planos. Em verdade, não passavam de “riscos” de cidades…” De fato, é discutível a época a partir da qual pode-se falar em urbanismo ou planejamento urbano, associando-se, em geral, tais conceitos ao evento da Revolução Industrial, ocorrida na Europa no final do Séc. XVIII. Entretanto, a história das cidades apresenta vários “riscos” acompanhados de precisas normas de ocupação, etc., em épocas diversas e até anteriores à era cristã… Se considerarmos o período da Revolução Industrial (entre 1760 e 1830) encontraremos um momento em que nas artes, predominava o neoclassicismo, na arquitetura, a técnica sobrepunha-se à arte, e, na economia, o capitalismo era favorecido pelas características do sistema de produção industrial. A sociedade européia modificava-se em consequência das melhores oportunidades de trabalho oferecidas nas cidades, ocasionando um êxodo rural sem precedentes. A sociedade industrial é urbana e impõe relações sociais e espaciais próprias, que alteraram profundamente as até então existentes. O grande crescimento das cidades européias, ocorrido a partir de 1830, e suas consequências, provocam um movimento de observação, reflexão, crítica e polêmica por parte dos pensadores da época, que foi denominado Pré-Urbanismo. As discussões desse período denunciam as condições de deterioração física, moral, social e econômica da classe operária e são movidas por sentimentos humanitários ou por consciência política. A crítica a essa “desordem” levou-os a propostas de modelos “ordenados” para as cidades industriais, que tiveram como base o próprio tempo: o passado (valores antigos foram perdidos) assumindo posições nostálgicas ou progressistas e apontando dois modelos principais de organização espacial da sociedade: o progressista e o culturalista. O modelo progressista, que tem como principais autores Owen, Fourier, Richardson, Cabet e Proudhon, baseia-se em princípios racionalistas da filosofia iluminista e determina o indivíduo “típico”, sua […] Read More