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LUGAR DE PETRÓPOLIS NA DITADURA E O MESTRE DA TORTURA DAN MITRIONE (O)

Lugar de Petrópolis na Ditadura  e o Mestre da Tortura Dan Mitrione (O) Júlio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Se dúvidas restavam acerca da existência, em Petrópolis, de uma casa utilizada pelo aparato repressivo da ditadura, com o livro do delegado Cláudio Guerra, “Memórias de uma Guerra Suja”, e as matérias em O Globo, 24, 25, 26/06/2012, à volta do Tenente-coronel reformado Paulo Malhães e de sumiços de Arquivos, essas incertezas parecem que se extinguiram. A entrevista do militar, que estabelece o seu envolvimento direto com a casa da Artur Barbosa, confirma largamente as denúncias de Inês Etienne Romeu, que, fisicamente, sofreu os horrores da ditadura no período de sua inflexão repressiva; ditadura de 1964 nascida de golpe militar monitorado pelos EUA. Depois desse livro e das reportagens com esse tenente-coronel, dúvida alguma há em relação à casa petropolitana da violência ditatorial. Eu não sei se o movimento para a criação do museu brasileiro da tortura ao redor dessa casa já alcançou setores determinantes de Brasília. Eu desconheço também se o CDDH, embora indicando o local em seu abaixoassinado, teria em vista mais a ideia do que o lugar. Afinal, outro sítio de mais fácil acesso e com abundância populacional, tal como a região do Museu de La Memória de Buenos Aires, talvez fosse mais favorável para os objetivos desse museu. Talvez a própria casa de Petrópolis interesse absolutamente, caso se eleve a reação dos militares e, ainda assim, o empenho pela constituição do museu seja afirmativo, necessitando-se, então, de eventual composição: fundar-se-ia o museu, porém em lugar ermo e em cidade menor e relativamente distante dos grandes núcleos populacionais. O desacerto de tudo é que o Brasil permanece como certa espécie de paquiderme que arrasta demasiadas questões para além do imaginável, exemplo disso é o tempo em que se dá este propriísmo embate, quando os principais responsáveis estão mortos. Em relação a Petrópolis, curiosidade irônica, é que a proposta de se criar um espaço de memória permanente para as novas gerações acerca desse período repressivo, unir-se-ia a atividade turística que foi se fortalecendo aqui e em muitas outras cidades a partir da falência industrial e urbana ocorrida com os anos de 1970 e depois. Dizendo com franqueza, seria apreendido por esse setor como mais um museu, ou mais uma isca, na disputa interurbana pela deambulação turística. Trata-se de imaginar, paradoxalmente, que não […] Read More

PISCINÕES DE KOELER (OS)

OS ‘PISCINÕES’ DE KOELER Flávio Menna Barreto Neves, Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira A origem singular de Petrópolis permanece como fonte de inquestionável interesse histórico. Um interesse que reside, sobretudo, nas soluções urbanísticas do plano de Julio Frederico Koeler. Nos últimos tempos, porém, outras ciências além da que estuda o passado também se debruçam com louvável curiosidade sobre o feito atribuído ao major de engenheiros a partir do Decreto 155, ato oficial de D. Pedro II que instituiu a criação da cidade, em 1843. Uma motivação que se justifica não apenas pelo ineditismo das providências contidas no Plano Koeler, mas principalmente por este envolver aspectos que transcendem estudos sobre urbanismo. Tomem-se os exemplos das valiosas contribuições da cartografia. São oriundas dela revelações recentes do que Koeler realizou e pretendeu com a planta apresentada aos governos Imperial e da Província em 1846, quando a formação da colônia de Petrópolis já estava em pleno curso sob premissas que ele estabeleceu em seu plano inovador. Mantida pelos descendentes do imperador na sede da Companhia Imobiliária de Petrópolis, a Planta de Koeler é objeto de pesquisa do Laboratório de Cartografia da UFRJ (GeoCart), conduzida pelo professor de Geografia Manoel do Couto Fernandes. Há quase uma década, Fernandes e equipe se dedicam a esquadrinhar o documento cartográfico histórico. E já acumulam descobertas importantes. A mais recente delas sugere que o engenheiro, morto em 1847, determinou a construção de dois tanques para acumular água no rio Quitandinha com o claro propósito de reduzir o risco de inundações na Vila Imperial, coração da então colônia e do atual Centro Histórico da cidade.   A solução de engenharia hidráulica de Koeler integrou as intervenções de retilinização do curso original dos rios Quitandinha e Palatino iniciada ainda em 1845, ano em que o palácio do imperador em Petrópolis também começou a ser erguido, sob suas ordens. Na planta, é possível observar um dos piscinões de Koeler posicionado na confluência dos dois rios, no meio da Rua do Imperador, dividindo ao meio a Praça do Imperador, primitiva denominação das atuais praças D. Pedro e dos Expedicionários, onde se encontra o Obelisco dos Colonizadores. O segundo piscinão ficava na Praça D. Afonso, que mais tarde deu lugar à Praça da Liberdade. Especialista em cartografia histórica, Fernandes considera que o posicionamento dos tanques não foi por acaso, mas estratégico: “O formato (dos tanques) em meio a uma obra […] Read More

HOMENAGEM AO MAJOR JÚLIO FREDERICO KOELER

HOMENAGEM AO MAJOR JÚLIO FREDERICO KOELER Frederico Amaro Haack, Associado Titular, Cadeira n.º 17 – Patrono Francisco Marques dos Santos Excelentíssimo sr. Hingo Hammes, prefeito interino de Petrópolis Ilustríssimo sr. Marco Antônio Kling, presidente do Clube 29 de Junho Ilustríssima sra. Emygdia Magalhães Hoelz Lyrio, presidente de honra do Clube de 29 de Junho Excelentíssimo sr. Dirk Augustin, Cônsul-Geral da Alemanha no Brasil Senhoras e senhores, bom dia! Julius Friederich Köeler, nascido em Mogúncia, reino da Prússia, em 16 de junho de 1804, e falecido em Petrópolis, a 21 de novembro de 1847, vitimado por um disparo de arma de fogo quando praticava tiro ao alvo com amigos, em sua chácara, na Terra Santa. Militar do exército prussiano, em 1828 veio para o Brasil, contratado para servir ao Exército Imperial Brasileiro. Aqui constituiu família e, em 1831, assumiu oficialmente a nacionalidade brasileira, integrou diversas equipes de trabalho, em construção de estradas e pontes na província fluminense. A 16 de março de 1843, recebeu do Imperador D. Pedro II a honra de planejar e instalar o povoado de Petrópolis e edificar seu palácio de verão. Nomeado primeiro Superintendente da Imperial Colônia de Petrópolis, conseguiu, em 1845, trazer para fixação no Córrego Seco, por aforamento perpétuo, em benefício do proprietário das terras, imigrantes alemães. Após essa breve biografia, de nosso homenageado gostaria de compartilhar com os senhores uma crônica, publicada em 1858 no jornal Parahyba, escrita por Jean Baptiste Binot. Binot, cidadão francês contemporâneo de Koeler no alvorecer de Petrópolis, montou primitivamente uma chácara no Quarteirão Nassau e mais tarde, no Retiro, que ainda existe, hoje Orquidário Binot. Aqui criou um completo viveiro de plantas adaptáveis ao nosso clima das quais fazia larga exportação. A ele, deve Petrópolis, em grandes parte o renome de “Cidade das flores”. Tão grande era o valor de Binot, que foi agraciado com uma comenda pelo Imperador e teve seu nome incluído na obra de Visconde de Taunay intitulada “Estrangeiros ilustres e prestimosos”, considerando-o notável horticultor. Culto e perspicaz foi, talvez, o morador de Petrópolis que primeiro sentiu, ou melhor, avaliou a irreparável perda que constituiu para o progresso da cidade o acidente ocorrido com Koeler no em, 21 de novembro de 1847. Passados onze anos, ainda chorava Binot a morte de seu amigo Koeler, ao qual assim se referia no jornal Parahyba, de 23 de dezembro de 1858: “Tomou-o a morte no começo de todos os grandes […] Read More

DISCURSOS – SAUDAÇÃO DE RECEPÇÃO AO ASSOCIADO CORRESPONDENTE PAULO REZZUTTI NO IHP

DISCURSOS – SAUDAÇÃO DE RECEPÇÃO AO ASSOCIADO CORRESPONDENTE PAULO REZZUTTI NO IHP Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, Associada Titular, Cadeira nº 27 – Patrono José Thomáz da Porciúncula Senhora Presidenta do Instituto Histórico de Petrópolis, Maria de Fátima Moraes Argon da Matta, demais membros da Diretoria, Confrades e Confreiras, Senhores e Senhoras: Boa noite a todos! Foi com imensa alegria que recebi o convite da Sra. Presidenta para saudar o novo associado correspondente do Instituto Histórico de Petrópolis, PAULO MARCELO REZZUTTI.  Agradeço publicamente a confiança e a honra. PAULO REZZUTTI graduou-se em Arquitetura e Urbanismo, pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, FEBASP, em 1997, quando apresentou a monografia “Revitalização Urbana de Paranapiacaba – Implantação de um hotel”. Porém, mais do que como arquiteto e urbanista, é como pesquisador, profundamente conhecedor de fontes primárias, biógrafo e escritor que Paulo se destaca, nos cenários nacional e internacional.     Ambas as atividades – a de arquiteto e a de pesquisador –, é bem verdade, nunca deixaram de caminhar juntas. O interesse pela pesquisa histórica não só se acentuou a partir do seu trabalho como arquiteto, como a formação acadêmica é sem dúvida um importante repositório de conhecimento para o desenvolvimento de projetos expositivos, como a curadoria e a expografia da exposição “A São Paulo da Marquesa de Santos: cumplicidade de um cenário”, atualmente em cartaz no Solar da Marquesa de Santos, que integra o Museu da Cidade de São Paulo. Esse feliz reencontro com a trajetória da Marquesa de Santos, que se deu com a assinatura de tão bela exposição inaugurada recentemente, é o coroamento de seu interesse por essa personagem e da pesquisa iniciada há mais de dez anos. Paulo, importante sublinhar, localizou 94 cartas inéditas de d. Pedro I para a marquesa, na Hispanic Society of America, em Nova Iorque. Seu primeiro livro, Titília e o Demonão. Cartas inéditas de d. Pedro I à marquesa de Santos, publicado em 2011, é fruto dessa descoberta, e reúne de forma crítica e comentada essas cartas. Como o ofício do pesquisador é fascinante e ininterrupto, já que novas fontes geram perguntas inéditas, da mesma maneira que documentos conhecidos podem instigar a novas problematizações, no ano seguinte, Paulo lançaria Domitila, a verdadeira história da marquesa de Santos, a primeira biografia de sua autoria. A pesquisa realizada para a escrita deste livro marca também a aproximação de Paulo Rezzutti com o Museu Imperial, onde buscou documentos […] Read More

DISCURSOS – SAUDAÇÃO DE RECEPÇÃO AO ASSOCIADO TITULAR FLÁVIO MENA BARRETO NEVES NO IHP

DISCURSOS – SAUDAÇÃO DE RECEPÇÃO AO ASSOCIADO TITULAR FLÁVIO MENA BARRETO NEVES NO IHP Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, Associada Titular, Cadeira nº 27 – Patrono José Thomáz da Porciúncula Senhora Presidenta do Instituto Histórico de Petrópolis, Maria de Fátima Moraes Argon da Matta, demais membros da Diretoria, Confrades e Confreiras, Senhores e Senhoras: Boa noite a todos! Foi com imensa alegria que recebi o convite da Sra. Presidenta para saudar o novo associado titular do Instituto Histórico de Petrópolis, FLAVIO MENNA BARRETO NEVES, e gostaria de agradecer publicamente tamanha honra e confiança. Flavio Menna Barreto Neves é carioca, vivendo em Petrópolis desde a década de 1970. É jornalista, com mais de 30 anos de carreira. Trabalhou em jornais, rádio e emissoras de TV. Foi assessor de imprensa do Sebrae; integrou a equipe de comunicação social do governo do Prefeito Rubens Bomtempo, entre 2001 e 2004, exercendo o cargo de secretário-chefe de Gabinete no segundo mandato deste prefeito, de 2005 a 2008, período em que coordenou os trabalhos de implantação do Cefet-Petrópolis. É sócio da Roteiro Produções, empresa que há mais de dez anos se dedica a serviços de comunicação e a projetos culturais com foco em aspectos da História de Petrópolis. Em 2009, lançou o livro “Apostas Encerradas – O Breve Império do Cassino Quitandinha”, primeira obra a contar a história do hotel-cassino. É coautor de “Traços de Koeler – A Origem de Petrópolis a partir da Planta de 1846”, escrito com a nossa confreira Eliane Zanatta. Em 2019, a convite do SESC, assinou a produção executiva da exposição “Memória Quitandinha”, comemorativa de seus 75 anos, a qual possui caráter permanente. Atualmente, se dedica ao projeto de restauração e digitalização do acervo da César Nunes Produções. O confrade Flavio Menna Barreto passa a ocupar a cadeira de nº 24, cujo patrono é o professor Henrique Pinto Ferreira (1883-1948). Cadeira, anteriormente, ocupada por Manoel de Souza Lordeiro, de 1993 a 2008, e, mais recentemente, por Paulo José de Podestá Filho. Assim como o professor Pinto Ferreira, Flavio também não é petropolitano de nascença, já que o patrono nascera em Guimarães, no norte de Portugal. Ambos, porém, adotaram a cidade de Petrópolis para viver e trabalhar. Foram acolhidos pelos petropolitanos, a quem também escolheram como concidadãos. Os dois, ainda que passadas tantas décadas, convergem nos esforços sempre necessários para a salvaguarda e a comunicação da história de Petrópolis. Ambos jornalistas. Flávio por […] Read More

DISCURSO DE POSSE DO ASSOCIADO TITULAR FLÁVIO MENNA BARRETO NEVES

DISCURSO DE POSSE DO ASSOCIADO TITULAR FLÁVIO MENNA BARRETO NEVES Flávio Menna Barreto, Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira Senhora Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, Maria de Fátima Argon; Senhora Diretora-Secretária do IHP, Marisa Guadalupe Plum; Demais membros da Diretoria e membros associados, novos confrades e confreira, convidados, boa noite a todos: Eu começo agradecendo as gentis palavras de saudação de Alessandra Fraguas. Também sou profundamente grato à indicação apresentada por Fátima Argon, Arthur Leonardo de Sá Earp e Alessandra Fraguas e, sobretudo, à aprovação de meu nome pela Assembleia Geral do Instituto. É com alegria e muita honra que me apresento às senhoras e senhores nesta oportunidade. Quando eu ingressei pela primeira vez na redação de um jornal, há 35 anos, eu não poderia imaginar que um dia me tornaria membro dessa Instituição tão importante, com tantos serviços prestados à memória e à história de Petrópolis, do Rio de Janeiro e do Brasil. Depois de ter recebido de Fátima Argon a notícia da aprovação de meu nome para o IHP, eu fiz um breve e despretensioso balanço do que me trouxe até aqui hoje nesta ocasião. E eu atribuo a dois aspectos: primeiro, o fato de eu, carioca, ter vindo para Petrópolis com 5 anos. Morávamos em um apartamento pequeno, no Centro, sem área de lazer, e o nosso quintal de casa era, simplesmente, o jardim do Museu Imperial. Todos os dias, eu e meu irmão atravessávamos a rua e íamos brincar naquele bosque que, sob a ótica de uma criança, era uma enorme floresta, com ares mágicos, que um dia pertenceu a D. Pedro, Dona Teresa Cristina e à Princesa Isabel. Então, crescer nesta ambiência, numa cidade que, no melhor sentido da expressão, é um baú de boas de histórias e reportagens, foi determinante para que, mais tarde, moldasse minha trajetória como profissional de imprensa. Porque desde o começo da carreira ficou evidente que os assuntos que mais me despertavam interesse eram aqueles que me levavam aos arquivos históricos, a conhecer profissionais abnegados como Fátima Argon, Mariza Gomes, Marisa Guadalupe, a saudosa Maria Luíza e, mais recentemente, Alessandra Fraguas. Essa relação entre as redações e história é explicada pelo jornalista norte-americano, Philip Graham, para quem o jornalismo é o primeiro rascunho da História. E eu concordo. Jornalismo e pesquisa, jornalismo e história sempre caminham juntos. Se não lado a lado, bem próximos. Feito […] Read More

CEMITÉRIOS DE PETRÓPOLIS (OS)

CEMITÉRIOS DE PETRÓPOLIS (OS) Frederico Amaro Haack, Associado Titular, Cadeira n.º 17 – Patrono Francisco Marques dos Santos   O primeiro cemitério de Petrópolis consta da planta da cidade levantada pelo Major Júlio Frederico Koeler em 1846. Era situado onde hoje se acha localizada a Igreja do Sagrado Coração de Jesus e a parte do Convento dos Frades Franciscanos, na Rua Montecaseiros. Daí temos a explicação do porquê que esse logradouro por muitos anos foi chamado de Rua do Cemitério, desde a esquina da Rua Roberto Silveira com a Rua Sete de Abril até a Rua Piabanha, lado da Mosela. Com a mudança do campo-santo para a atual Rua Fabrício de Mattos, tivemos a segunda Rua do Cemitério. A planta de Otto Reimarus (1854) nos mostra esse logradouro no caminho da atual Praça Oswaldo Cruz, antiga Praça Nassau. O historiador Walter João Bretz, em artigo publicado no jornal Tribuna de Petrópolis, de 12 de agosto de 1920, diz que o diretor da colônia de Petrópolis, o Tenente-Coronel Alexandre Manoel Albino de Carvalho, tratando do alargamento daquela região urbana, resolveu no ano de 1854, dar o nome de Rua Montecaseiros ao trecho situado entre o Hospital Santa Tereza e o rio Piabanha, “a fim de apresentar uma prova perdurável dos mais brilhantes feitos das Armas Imperiais naquela época”, em referência a Guerra do Paraguai (1864-1870). O restante da antiga Rua do Cemitério conservou a denominação, porém, mais tarde foi incorporada as atuais ruas Paulino Afonso e Sete de Abril. O novo cemitério, com a criação posteriormente de dois outros, ao longo da Rua Fabrício de Mattos (um contíguo e outro do lado esquerdo) passou a ser conhecido como “Cemitério Velho”. Somente, em 1904, um ato do governo municipal declarou que passava a se chamar Rua Fabricio de Mattos “a via de comunicação que vai da Rua Montecaseiros ao Cemitério Velho”. A mudança do antigo cemitério para a Rua Fabrício de Mattos ocorreu devido ao fato de ser muito pequeno comparado ao grande número de enterros neles efetuados. A administração há muito tempo andava preocupada com a construção de um novo campo-santo. Visto que na Portaria de 27 de Julho de 1854, do Governo Provincial foi ultimada a compra dos prazos de terra para tal fim. Ainda pensava-se em preparar o terreno do novo cemitério, quando em outubro de 1855, estourou em Petrópolis a epidemia de coléra-morbus, se estendendo até o fim de […] Read More

DISCURSOS – Saudação de recepção ao associado titular Paulo César dos Santos em sua posse como associado benemérito no IHP

DISCURSOS – Saudação de recepção ao associado titular Paulo César dos Santos em sua posse como associado benemérito Hamilton Chrisóstomo Frias Martins, Associado Titular, Cadeira n.º 34 – Patrono Antônio Joaquim de Paula Buarque Senhora Maria de Fátima Moraes Argon da Mata, Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, caríssimos confrades e confreiras, meus Senhores e minhas Senhoras. O tempo é uma estrada. Os nossos passos podem ficar registrados nesta caminhada, quando o servir é uma proposta de vida alicerçada na humildade, na discrição, na condução do bem comum que alimenta a esperança na fé de um mundo melhor. A História tem a nobre missão de construir memórias para que se eternizem os feitos dos homens que praticam o bem e que servem de referência em função de valores éticos e morais semeados ao longo do viver. Hoje, estamos aqui, em sessão solene, para registrar, nas páginas dos anais do Instituto Histórico de Petrópolis, a benemerência de um ilustre Membro deste sodalício que, por atos altruístas reveladores do seu amor pela História de Petrópolis, já escreveu o seu nome no patrimônio cultural deste Município. O professor, o poeta, o historiador, o produtor cultural Paulo César dos Santos, que ocupa a cadeira 26, patronímica de José Kopke Fróes, deste Instituto, fez a doação de uma sala, em um shopping que está localizado na Rua Teresa nº 780. Sala esta que será destinada à preservação e conservação do acervo do IHP. Será utilizada para as atividades administrativas, na qual também será instalada a nossa biblioteca. Por uma questão de reconhecimento deste gesto nobre em benefício do IHP, a sala receberá o nome de Professor Paulo César dos Santos. Esse espaço será de grande utilidade, uma vez que não se concebe o fato de uma instituição de natureza memorialista sem um acervo para o registro histórico. Mas é preciso evidenciar que não foi somente essa doação que levou os doutores Enrico Carrano, Arthur Leonardo de Sá Earp e este humilde orador a fazer a indicação do referido historiador para o Quadro de Membros Beneméritos, portanto é preciso mencionar que o professor Paulo César é um dos fundadores da Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni, atual Academia Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni. Esse referido sodalício foi fundado em 1983. Ele a presidiu até 1990. É Membro Titular da Academia Internacional de Literatura desde 1985. Ano este, em que passou a ser Membro […] Read More

JULIUS WALTENBERG E DOM PEDRO II

JULIUS WALTENBERG E DOM PEDRO II Ricardo Pereira Amorim, Associado Titular, Cadeira n.º 39 – Patrono Walter João Bretz   Contar a história do imigrante Julius Waltenberg traz à luz fatos importantes como, por exemplo, ter um Brummer em nossas terras e seus encontros com o Imperador do Brasil.  O Professor Julius Waltenberg pertence a uma leva de legionários (Brummer) contratados pelo Império Brasileiro devido à guerra contra Oribe e Rosas, ocorrida nos anos 1851 e 1852. A Legião era composta de um batalhão com seis companhias de Infantaria, um Regimento de Artilharia com quatro baterias (do qual Julius fazia parte) e duas Companhias de Pioneiros; sendo todos oriundos da região de Schleswig-Holstein, provenientes de um exército de voluntários, apoiado pela Prússia, para ficarem independentes da Dinamarca. Na região existiam três ducados: Schleswig, Saxe Pedro – Lauenburg e Holstein; o primeiro ficou unido à Dinamarca e os outros dois se uniram à Confederação Germânica, depois do Congresso de Viena de 1815. Como a maioria dos habitantes era de etnia germânica e falavam o alemão, em 1848 iniciaram um movimento de libertação, contestando a autoridade do Rei da Dinamarca como Duque de Holstein e Lauenburg. Os prussianos e seus aliados germânicos tiveram vitórias, porém com a pressão da Grã-Bretanha foram obrigados a assinar um tratado de paz em julho de 1850. Com o tratado, a região ainda permaneceria sob influência dinamarquesa mesmo sendo da Confederação Germânica e o exército local (os Brummer) foi desmobilizado: os ex-combatentes eram vistos como um problema. Essa insatisfação faz com que muitos ex-combatentes vejam como uma oportunidade para uma nova vida o recrutamento que estava sendo feito pelo Exército Imperial Brasileiro, que procurava homens com experiência militar no campo de batalha para enfrentar os exércitos de Oribe e Rosas no Sul do Brasil. Devido ao conflito com a Argentina, com a Lei nº 586 de 1850, o Tenente-Coronel Sebastião do Rego Barros, Conselheiro de D. Pedro II, pode recrutar germânicos, engajando em seis meses cerca de 1.800 homens, enviados rapidamente para o Brasil, para serem incorporados como forças auxiliares. O escritor Carlos von Koseritz (1830-1890), ex-Brummer, cita que muitos ex-oficiais foram engajados como sargentos e seus ex-subordinados como oficiais; que muitos soldados teriam instrução superior a muitos oficiais. Com idades que variavam entre 17 e 50 anos, a maior parte dos jovens alistados desconhecia o serviço militar. Muitos eram atraídos pela chance de uma vida melhor […] Read More

DISCURSO DE POSSE DO ASSOCIADO TITULAR LUCIANO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE

DISCURSO DE POSSE DO ASSOCIADO TITULAR LUCIANO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE Luciano Cavalcanti de Albuquerque, Associado Titular, Cadeira n. 30 – Patrono Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacellar Excelentíssima Senhora Presidente do IHP, Senhores Diretores e Membros, Senhoras e Senhores Discursar não está entre as qualidades que meus amigos muito gentilmente possam me atribuir.  Gostaria, pois, de muito brevemente homenagear os que me antecederam nesta cadeira do Instituto, patronímica do Reverendo Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacellar (1801-1884). O célebre Monsenhor Bacellar, como se tornou conhecido inclusive pelo povo, nasceu no Minho, em Portugal. Embora tenha se ordenado sacerdote em data que desconhecemos, ele foi um grande fazendeiro e comerciante no interior da Província do Rio de Janeiro. Adquiriu uma fazenda de café de Manoel Camillo dos Santos em setembro de 1850 e outra do suíço Friedrich Ludwig Hugenen em 1853, ambas no atual Município do Carmo (RJ). A nova estância, batizada de a “Fazenda Santa Fé”, tinha parceria com o seu irmão, o rico negociante da praça de Magé e de Cantagalo, Fernando de Castro Abreu Magalhães. Monsenhor Bacellar e seu irmão transformaram a “Santa Fé” na mais equipada estrutura de produção cafeeira do Carmo, na segunda metade do XIX. Nesta época a fazenda media 800 alqueires, ou quase 22km2, e chegou a produzir 40.000 arrobas (ou 600 toneladas) de café em um ano. Dentro da fazenda foi criada a Estação Bacelar da Estrada de Ferro Leopoldina, impulsionando o sistema viário ainda relativamente incipiente da província fluminense. Mons. Bacellar que foi titulado protonotário apostólico e camarista papal, e sua cunhada, D. Rosa Rodrigues Pinto de Castro Magalhães, cuidavam pessoalmente das condições de moradia e da evangelização dos escravizados da Santa Fé.   A família concedeu alforria à maior parte dos escravizados já nas décadas de 1860 e 1870. Em 1888, após a Lei Áurea, consta que todos os empregados permaneceram no local, em casas que eles mesmos construíram com autorização e auxílio da família Abreu Magalhães. A “Fazenda do Padre”, como também era conhecida a propriedade, se destacava pelas boas condições de trabalho e por nunca ter presenciado fugas ou rebeliões. Ao se mudar para Petrópolis em 1874, Mons. Bacellar construiu o imponente Hotel Orléans – o qual abriga desde 1956 o campus da Universidade Católica.  Como forma de medir a importância de Francisco Bacellar nesta cidade, basta lembrar que ele também foi titulado capelão imperial e recebeu o título de conselheiro do Imperador, […] Read More