Jeronymo Ferreira Alves Netto

VISITA DO ARQUIDUQUE MAXIMILIANO A PETRÓPOLIS (A)

A VISITA DO ARQUIDUQUE MAXIMILIANO A PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Estanislau Schaette De 1821 a 1867, o México viveu uma das fases mais conturbadas de sua história, marcada por uma grande instabilidade política, econômica e social. Sob o governo do General Antônio Lopes de Santa Anna, que por várias vezes ocupou a presidência, o México assistiu a independência do Texas, em 1835 e, com a admissão do mesmo na União estadunidense, envolveu-se numa guerra com os Estados Unidos, que lhe custou a perda da Califórnia e do Novo México, em virtude do Tratado de Guadalupe Hidalgo, em 1848. Com a queda de Santa Anna, o General Juan Alvarez foi conduzido ao governo, sendo confirmado no cargo pela Assembléia de Cuernavaca, a 4 de outubro de 1855, tendo então início o movimento denominado Reforma, liderado pelos Liberais, elementos da classe média que se tinham levantado contra os privilégios do clero e do exército. Despontaram no novo governo o General Ignácio Comonfort, na pasta da Guerra, e Benito Juarez, na pasta da Justiça e Negócios Eclesiásticos, que logo se tornariam presidente e vice-presidente da República, respectivamente. Comonfort, embora moderado, aprovou as leis do Congresso, “secularizando os bens da Igreja e promovendo a venda destas propriedades, avaliadas em trezentos milhões de pesos e que constituíam cerca de metade das terras mexicanas” (1). 1) TAPAJÓS, Vicente. História da América. Rio de Janeiro, Editora Forense, 1968, p. 253. O descontentamento gerado pela política do governo, levou Comonfort a dar um golpe de Estado, tornando-se ditador, fato que provocou a hostilidade de Benito Juárez, que, intitulando-se guardião da lei, obrigou Comonfort a renunciar. As feições anticlericais que caracterizavam as reformas econômicas provocaram, de 1858 a 1861, uma revolta social, à qual se deu o nome de guerra dos três anos, verdadeira cruzada do clero, elementos católicos e índios, contra Juárez. Apesar dos chefes liberais, espoliadores dos bens do clero, terem se enriquecido, o Estado mexicano encontrava-se em péssima situação financeira, sem condições de enfrentar os juros das dívidas contratadas, fato que levou Juárez a suspender o pagamento das dívidas externas. As nações credoras, Inglaterra, Espanha e França vislumbraram nesta situação um pretexto para intervir no México, assinando em 1861 o “Pacto de Londres”, no qual ficou assentada a ocupação das cidades e fortalezas do litoral mexicano, de modo a pressionar o governo de Juárez. Após a Conferência de […] Read More

EXÍLIO E A MORTE DE D.PEDRO II (O)

O EXÍLIO E A MORTE DE D.PEDRO II Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Estanislau Schaette Dezembro é o mês da evocação de D.Pedro II. Neste mês veio ao mundo, às 13 horas, no Palácio Boa Vista, em São Cristóvão; neste mês seus olhos cerraram para sempre no Hotel Bedford, em Paris. Atendendo à incumbência que me foi determinada pelo Instituto Histórico de Petrópolis, do qual sou parte mínima, devo discorrer sobre os últimos anos do reinado do Imperador, seu exílio e sua morte. Procurarei pois, desincumbir-me de tão honrosa tarefa, mantendo-me, rigorosamente, dentro dos limites prefixados pelo Instituto. O ideal republicano esteve quase sempre presente nas primeiras manifestações libertárias, do período colonial. Não obstante, a idéia republicana, “como força organizada e não como idéia isolada”, surgiu com a reação liberal, iniciada com a queda do Gabinete chefiado por Zacarias de Góis e Vasconcellos, em 1868. Foi a partir deste fato, segundo nos informa Oliveira Viana, que teve inicio a “descrença progressiva nas virtudes do sistema monárquico parlamentar e uma crescente aspiração para um novo regime, uma nova ordem de coisas” (1). (1) Citado por José Maria Bello, in História da República. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1959, p.5. A atitude do Imperador, derrubando o citado Gabinete, teve que ser completada pela dissolução da Câmara, liberal em sua maioria, fato que acarretou um profundo descontentamento nos meios liberais brasileiros, provocando exacerbadas críticas pela Imprensa e no Parlamento. Ato contínuo, quase dois anos mais tarde, organizou-se o Partido Republicano, que, a 3 de dezembro de 1870, divulgou seu primeiro manifesto, o qual procurou demonstrar a ação “repressiva e despótica” da instituição monárquica, sem contudo conter qualquer proposta de ruptura brusca com o regime vigente. Seus signatários apresentaram-se como “homens livres e essencialmente subordinados aos interesses da (…) pátria, que não pretendiam convulsionar a sociedade (…) [mas, sim,] esclarecê-la” (2). (2) PESSOA, Reynaldo Carneiro. A idéia republicana no Brasil, através de documentos. São Paulo, ALFA-OMEGA, 1993, p.40. Pode-se portanto perceber que este manifesto foi um documento sem a necessária vibração emocional, que não conseguiu empolgar a opinião pública. Por outro lado, a atuação de D. Pedro II, homem simples, de temperamento pacífico, identificado com as questões nacionais, com grande senso de justiça, liberal por índole, realizando uma grande obra administrativa, bem como as qualidades morais dos homens públicos que com ele trabalharam durante quase 50 anos, “quase […] Read More

EXPRESSIVOS ACONTECIMENTOS LIGADOS À HISTÓRIA RELIGIOSA DE PETRÓPOLIS

  As atividades da Igreja Católica nas terras que constituem o atual Município de Petrópolis, começaram muito mais cedo que podemos imaginar. Os primeiros habitantes de nossas terras, portugueses, principalmente das Ilhas e seus descendentes, provenientes da Baixada Fluminense e de Minas Gerais, ligados pela fé católica, concorreram eficazmente para difundir a prática do Catolicismo nestas paragens. Assim, o primeiro centro religioso, segundo informa Schaette “surgiu em 1734, na fazenda do Dr. Euzébio Álvares Ribeiro, na Quadra das Pedras, localizada ao sul do píncaro da Maria Comprida, fazendo rumo com a Quadra de Araras” (1). (1) SHAETTE, Estanislau (Frei). Histórica Eclesiástica do Município de Petrópolis, in Petrópolis em 1948, Cia. Brasileira de Artes Gráficas. Rio, 1948, pág 71. Ali o ilustre fazendeiro construiu uma capela pública, em honra de Nossa Senhora da Conceição, com cemitério nas proximidades, a qual funcionou até 1760, prestando assistência religiosa aos viajantes em demanda de Minas Gerais e aos sitiantes Informa ainda o ilustre historiador que, “com a mudança de dono e da estrada geral, deixou de existir a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Roça das Pedras” (2), como era popularmente conhecida. (2) SHAETTE, Estanislau (Frei). Os primeiros sesmeiros estabelecidos no território petropolitano, in Centenário de Petrópolis,1942, vol. V, pág 213. Referia-se certamente à Picada que, partindo do Tamarati, passava sucessivamente por Carangola, Rio da Cidade, Araras, Quadra das Pedras, indo encontrar o caminho do Secretário, caminho que foi modificado, quando foi traçada outra picada que, partindo do Tamarati, acompanhava o lado direito do rio Piabanha até a foz do rio Araras, onde o caminho passou para o lado esquerdo do rio Piabanha, alcançando as fazendas do Alto Pegado e do Secretário. Em 1749, Manuel Antunes Goulão, fazendeiro no Rio da Cidade, requereu à Cúria Episcopal do Rio de Janeiro permissão para construir em seus domínios uma capela em honra de “Nossa Senhora do Amor de Deus”, a qual foi concluída e recebeu benção eclesiástica em 1751. E ainda Shaette quem afirma que “os livros da freguesia de Inhomerim relatam atos religiosos na capela até 1808 e enterros no cemitério até 1841”(3). (3) SHAETTE, Estanislau (Frei). Histórica Eclesiástica do Municí pio de Petrópolis, in Petrópolis em 1948, Cia. Brasileira de Artes Gráficas. Rio, 1948, pág 72. A imagem de Nossa Senhora do Amor de Deus encontra-se hoje na Igreja, inaugurada em 28 de agosto de 1932, em Corrêas, ao contrário da imagem de […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – O VISCONDE DE URUGUAI

Brasileiros Ilustres Em Petrópolis – O Visconde do Uruguai Jeronymo Ferreira Alves Netto Embora tenha nascido em Paris, em 4 de outubro de 1807, Paulino José Soares de Souza, o Visconde do Uruguai, merece figurar na galeria dos Brasileiros Ilustres em Petrópolis, já que, “desde a interpretação do Ato Adicional, até o restabelecimento do equilíbrio, da segurança e até certo ponto da liberdade do Rio da Prata, concebeu, delineou, e em grande parte executou todos os planos e grandes medidas políticas que o nosso governo dentro e fora do Império conseguiu levar a efeito” (1). (1) MATOS, Melo. Páginas da História Constitucional do Brasil, 1940-1948, p.304. Filho de José Antônio Soares de Souza, brasileiro, natural de Paracatu, Minas Gerais, então estudante de medicina em Paris e de D. Antoinette Gabrielle Madeleine Gilbert, natural de Paris, Paulino José acompanhou seus pais a Lisboa, em 1814 , e, posteriormente, a São Luís do Maranhão, onde o Dr. Antônio Soares adquiriu grande notoriedade como clínico, fazendo rápida fortuna. Ao chegar a São Luís, já sabendo ler e escrever, Paulino José foi matriculado num colégio, frequentando-o até 1822. No ano seguinte, partiu para Portugal, matriculando-se após os estudos preparatórios na Faculdade de Direito de Coimbra, retornando ao Brasil em 1828, sem ter concluído o curso. Em 1830, inscreveu-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez grande sucesso como poeta, freqüentando com assiduidade as reuniões literárias de estudantes de Direito, chamados pelo jornal “O Amigo das Letras”, de “Filhos de Minerva”. Concluídos seus estudos veio para o Rio de Janeiro, em novembro de 1831, retornando a São Paulo no ano seguinte, já que fora nomeado Juiz do foro da Cidade, e, pouco depois, Ouvidor da Comarca. No Rio de Janeiro conheceu D. Ana Maria de Macedo Álvares de Azevedo, com a qual se casou em 20 de abril de 1833. Foi em grande parte devido a seu casamento, comenta Soares de Souza, “que Paulino em breve se tornaria um dos chefes conservadores de maior prestígio na Província do Rio de Janeiro. Sua mulher era cunhada de Rodrigues Tôrres e tinha parentesco e relações de família com os principais fazendeiros da baixada, que representavam, então, uma das mais consideráveis forças políticas da província” (2). (2) SOUZA, José Antônio Soares de. A Vida do Visconde do Uruguai. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1944, p. 45. Em 1835, ingressou na vida política, como deputado provincial do […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS

  MARECHAL EURICO GASPAR DUTRA Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, a 18 de maio de 1885, sendo seus pais José Florêncio Dutra e Maria Justina Dutra. Fez seus estudos iniciais na Escola dirigida pela professora Bernardina Riche e os estudos preparatórios no Liceu Cuiabano. Em 1902, decidido a abraçar a carreira militar, ingressou na Escola Preparatória e Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, cursando-a com distinção e revelando-se “um aluno estudioso e amigo da leitura… demonstrando desde cedo espírito de método, de ordem e de disciplina” (1). (1) CAÓ, José. Dutra, o Presidente e a Restauração Democrática. São Paulo, Instituto Progresso Editorial S.A., 1949, p. 42. Sua carreira militar foi brilhante, externando seus superiores os maiores elogios à sua atuação. Neste sentido, cumpre ressaltar o que dele disse o comandante do 13º Regimento de Cavalaria, onde serviu em 1912: “Louvo-o com a mais digna satisfação e cumprindo um dever, pelos seus extraordinários e competentes serviços prestados ao Regimento, sempre com muita dedicação e zelo. Sua competência militar ficou por demais firmada entre seus colegas e lhe assegurará um brilhante futuro na carreira que, com tanto amor, abraçou e a que dedica toda sua energia” (2). (2) CAÓ, José, op. cit., p. 44-45. Acompanhou com grande interesse o desenrolar da 1ª Grande Guerra, analisando as transformações militares decorrentes da mesma, o aparecimento das armas automáticas, da guerra de posição com as trincheiras, o que o levou a publicar dois interessantes trabalhos: “Exercícios de Quadro” e “Duas Táticas em Confronto”, além de ter sido o fundador e um dos principais colaboradores da revista “Defesa Nacional”. Em 1917, matriculou-se na antiga Escola do Estado Maior, concluindo o curso com excelentes resultados. Retornando à mesma, três anos mais tarde, quando o programa da escola foi reformulado, com a chegada da Missão Militar Francesa, chefiada pelo General Gamelin, rematriculou-se, obtendo o 1º lugar da turma e a menção “Très Bien”. Promovido a Capitão em 1921, vamos encontrá-lo servindo no 2º Regimento de Cavalaria Independente, sediado em Passo de São Borja. Com o surgimento da revolução chefiada pelo General Isidoro Dias Lopes, em São Paulo, em 1924, o Capitão Dutra segue para aquele Estado, como oficial de ligação do Estado Maior do Exército com as forças legais, tendo sua atuação sido muito elogiada pelo General João de Deus Mena Barreto. Em 1927, é promovido a Major, sendo designado para servir […] Read More

TIRADENTES E O CAMINHO NOVO

  Após ter sido tropeiro, comerciante, pequeno proprietário de terras e exercido a profissão de dentista, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pediu e obteve permissão para assentar praça na Companhia de Dragões de Vila Rica. Nas fileiras, segundo nos informa José Oiliam, “… fez-se logo admirado dos superiores e querido dos companheiros e subordinados, pela presteza, lealdade e generosidade que sabia colocar em suas atitudes”. (1) (1) OILIAM, José. De Tiradentes. Editora Itatiaia Ltda., Belo Horizonte, 1985. Logo adquiriu grande notoriedade pela forma como cumpria as ordens recebidas. Tal fato é testemunhado pela maneira como sem se deixar intimidar pela projeção social dos irmãos Vidal Barbosa, proprietários da Fazenda de Juiz de Fora, efetuou a prisão dos mesmos, por terem se negado a entregar à justiça um casal de fugitivos. Como militar prestou inestimáveis serviços, escoltando Dom Rodrigo José de Menezes em suas famosas andanças pelo interior da Capitania, construindo o Caminho do Menezes que cortava o sertão, atravessando o leste mineiro e examinando os terrenos para verificação da existência ou não de ouro aproveitável. É provável que por todos estes serviços e pelo amplo conhecimento que Tiradentes tinha dos caminhos de Vila Rica para o Rio de Janeiro, que D. Maria I, rainha de Portugal, por carta régia, lhe tenha concedido a patente de Comandante da Patrulha do Caminho Novo, com a finalidade de impedir o contrabando de ouro e diamantes e livrar a região dos assassinos e ladrões que assaltavam os sítios e fazendas e despojavam de seus bens os que transitavam nos citados caminhos. No desempenho de suas funções Tiradentes agiu com a presteza que lhe era peculiar, realizando incursões arriscadas e prendendo inúmeros malfeitores, desbaratando inclusive o bando do famoso contrabandista Joaquim Montanha. Assim, em suas viagens pelo Caminho Novo, fosse para cumprir suas tarefas militares, fosse para tratar de assuntos ligados à Inconfidência, Tiradentes costumava repousar no sítio da Varginha (Queluz de Minas) e no sítio de Cebolas (hoje distrito de Paraíba do Sul). Do mesmo modo, ao atravessar a Variante do Caminho Novo, construída por Bernardo Soares de Proença, é provável que se hospedasse em Correias, único local ao longo do citado caminho que, na época, oferecia condições satisfatórias de hospedagem. Ali ficava localizada a casa do Padre Correia, descrita pelo viajante austríaco Emannuel Pohl, em 1818, do seguinte modo: “à entrada, um terreiro de seus 300 pés de comprimento e outros […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS

  EPITÁCIO DA SILVA PESSOA Nasceu a 23 de maio de 1865, em Umbuzeiro, pequena localidade do Estado da Paraíba, sendo filho do Cel. José da Silva Pessoa e de D. Henriqueta de Lucena, irmã do Barão de Lucena. Fez seus estudos no Ginásio Pernambucano, ingressando, em 1882, na Faculdade de Direito do Recife, então em sua fase áurea, sendo aprovado com distinção em todas as matérias, do primeiro ao último ano. Formado em 1886, foi nomeado no ano seguinte promotor da Comarca do Cabo, um pequeno povoado próximo a Recife. Em 1889 vamos encontrá-lo no Rio de Janeiro, ingressando na vida política, como candidato à Constituinte de 1890, sendo o deputado mais votado da bancada de seu estado. Desenvolveu intensa atividade parlamentar, pronunciando vigorosos discursos. Com a renúncia de Deodoro da Fonseca, foi o mais corajoso oposicionista do Marechal Floriano Peixoto, combatendo-o da tribuna, num momento em que o próprio Rui Barbosa, senador pela Bahia, julgara mais prudente exilar-se. Na ocasião, forneceu “notáveis subsídios à interpretação de nosso Direito Constitucional, pela discussão jurídica dos atos governamentais” (1). (1) RAJA GABAGLIA, Laurita Pessoa. Epitácio Pessoa. São Paulo, Livraria José Olympio Editora, 1951, p. 117. Posteriormente, foi convidado pelo presidente Campos Sales para ocupar o cargo de Ministro da Justiça, deixando sua passagem pelo Ministério marcada pela grande obra jurídica que foi o Projeto do Código Civil, cuja elaboração foi por ele confiada a Clóvis Bevilaqua, que o concluiu em novembro de 1899. Fato digno de nota é que o referido código só foi promulgado a 1º de janeiro de 1916, por decreto do presidente Wenceslau Braz. Outra grande realização do Ministro da Justiça foi a reforma do ensino secundário e superior, consubstanciada no Código de Ensino de 1901, que veio corrigir uma série de irregularidades praticadas no domínio da instrução pública. Sua bem sucedida passagem pelo Ministério da Justiça lhe valeu, em 1902, a nomeação para Ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo no qual revelou invejável cultura jurídica, conquistando a admiração e o respeito de seus pares. Aposentando-se do Supremo Tribunal Federal, foi eleito senador por seu estado natal, atuando sempre, no exercício de suas funções, com serenidade, justiça e verdade. Em dezembro de 1918, foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves para integrar a Comissão que o Brasil enviou à Conferência de Versalhes, chefiando a delegação do Brasil que resolveu satisfatoriamente a questão do café do Estado de São Paulo […] Read More

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  CONDE DA MOTTA MAIA Cláudio Velho da Motta Maia, filho de Manuel Domingos Maia e D. Maria Isabel Velho da Motta Maia, nasceu em Itaguaí (RJ), a 14 de abril de 1843. Recebeu primorosa educação, dedicando-se com grande entusiasmo aos estudos, concluindo com grande brilhantismo seu curso médico. Além disto, sempre manifestou um grande interesse pelos estudos literários, tendo inclusive fundado com alguns colegas a Revista do Atheneu Médico e escrito trabalhos originais como “Tratamento dos Quistos do Ovário”, “Apreciações sobre os trabalhos do Dr. Noronha Feital, referentes a feridas penetrantes”, “Considerações sobre os trabalhos do Dr. Alfredo Gusmão, concernentes às operações de hidrocele pelo processo do Dr. Maisonneuve”, além de sua brilhante tese de doutoramento sobre o tema: “Ovariotomia em geral”, com as proposições: “Febre remitente biliosa dos países intertropicais” – “Distinção entre a morte real e a aparente”. – “Da anestesia cirúrgica”. Formado, iniciou sua clínica domiciliar nas adjacências da Rua da Misericórdia, manifestando desde cedo seu espírito altruísta, pois atendia, sem perceber qualquer remuneração, com o maior carinho, os que não podiam pagar. Neste sentido, é interessante lembrar que por ocasião de uma terrível epidemia que se abateu sobre o Rio de Janeiro, foi grande a sua dedicação no combate à mesma, “expondo diariamente a sua vida ao contágio da moléstia. Sua atuação no combate à doença foi tão expressiva que os moradores da Freguesia de São José lhe ofereceram, em sinal de gratidão, – um retrato a óleo em tamanho natural por Poluceno, pintor de grande nomeada, e uma série de litografias também com o seu retrato, acompanhadas de extensa dedicatória” (1). (1) MOTTA MAIA, Manuel Augusto Velho da. O Conde da Motta Maia. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1937, p. 36 Em l868, o Imperador D. Pedro II concedeu-lhe o foro de Fidalgo Cavaleiro e logo em seguida promoveu-o a “Moço Fidalgo com exercício na casa Imperial”. A 9 de junho de 1870, na igreja de Nossa Senhora da Lagoa, casou-se com a jovem Maria Amália, da tradicional família Cruz Vianna, cujo pai José da Cruz Vianna era grande exportador de café. Cinco anos mais tarde foi agraciado pelo Governo Imperial com uma bolsa na Faculdade de Medicina de Paris, tendo estudado no “Collège de France” com o professor Raunier, um dos maiores especialistas em Histologia, tornando-se em profundo conhecedor do assunto. Pela reputação adquirida e, sobretudo pela confiança que os pacientes nele […] Read More

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  RUY BARBOSA Ruy Barbosa de Oliveira, homem conhecido e acatado, que tão bem soube elevar o nome do Brasil no exterior, foi sem dúvida, uma das mais lídimas expressões da intelectualidade brasileira. O ilustre brasileiro nasceu em Salvador, na Bahia, a cinco de novembro de 1849, sendo seus pais João Alberto Barbosa de Oliveira e D. Maria Adélia Barbosa de Almeida. Sua alfabetização foi confiada ao competente professor Antônio Gentil Ibirapitanga, quando contava apenas cinco anos de idade. Logo o jovem discípulo começou a manifestar seu inconfundível talento, pois segundo depoimento do consagrado mestre “em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar corretamente todos os verbos regulares” (1). Posteriormente foi matriculado no ginásio Baiano onde concluiu, em 1864, seus estudos de humanidades, sendo o primeiro aluno do curso. (1) VIANNA FILHO, Luiz. A Vida de Ruy Barbosa. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1960, p. 23. Após cursar Direito por dois anos no Recife, transferiu-se para São Paulo, onde integrou, inicialmente como orador e, posteriormente, como presidente, uma sociedade literária de acadêmicos intitulada Ateneu Paulistano. Ruy concluiu seu curso jurídico em 1870, fez-se advogado e começou a escrever no “Diário da Bahia”, um jornal liberal do qual ele chegou a ser redator. Em 1876, conheceu a jovem Maria Augusta Viana Bandeira, filha de um modesto funcionário público, mas pertencente a uma tradicional família baiana, de quem ficou noivo naquele mesmo ano. Por influência da noiva, embarcou para o Rio de Janeiro, hospedando-se numa pensão, no Catete e começando a trabalhar com o advogado Souza Carvalho. Em 23 de novembro de 1876, Ruy e Maria Augusta casaram-se na Bahia e logo embarcaram para o Rio de Janeiro. O casal permaneceu pouco tempo no Rio, logo retornando à Bahia, tornando-se Ruy diretor do “Diário da Bahia”, prestigioso órgão de imprensa no qual atuara anteriormente, ao mesmo tempo em que foi indicado como candidato do Partido Liberal à Assembléia Provincial da Bahia, iniciando desse modo uma profícua e duradoura carreira como político. Posteriormente, eleito deputado à Corte, continuou a destacar-se nos debates políticos dos grandes temas nacionais. Em 1879, a reforma Leôncio de Carvalho deu ensejo a que ele apresentasse à Câmara um vasto projeto sobre a “Reforma do ensino secundário e superior’, no qual abordou com inteira proficiência os mais diversos problemas da educação, desde a organização do ensino, à Metodologia, à Psicologia Educacional, à Biologia, à Sociologia […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS

  O VISCONDE DE OURO PRETO Affonso Celso de Assis Figueiredo, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, a 21 de fevereiro de 1837, sendo filho do ilustre casal João Antônio Affonso e Dona Maria Magdalena de Figueiredo Affonso. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1858, foi o Visconde, sem favor algum, um dos últimos representantes da respeitável estirpe de estadistas do Império. Regressando a Ouro Preto, desempenhou importantes cargos, entre os quais os de secretário de polícia, inspetor da tesouraria e deputado provincial e geral e fundou na capital de Minas Gerais a folha liberal “O Progressista”, que circulou de 1859 a 1863. Transferindo-se para a Capital, ali fundou “A Reforma”, órgão do clube político do mesmo nome. Na Corte, com apenas 29 anos, foi nomeado Ministro da Marinha, integrando o Gabinete chefiado por Zacarias de Góis e Vasconcellos, em 1866, tendo na ocasião prestado relevantes serviços durante a Guerra do Paraguai. Na verdade, sua atuação frente ao Ministério da Marinha, naqueles tempos difíceis foi, sem dúvida, extraordinária. Referindo-se a ela, José Bonifácio de Andrada e Silva, citado pelo historiador João Dornas Filho, assim se pronunciou: “O Arsenal da Marinha operava verdadeiros prodígios fazendo construir, com rapidez inaudita vasos de guerra que logo foram movimentados. O Ministro providenciou prontamente sobre tudo quanto era urgente no gravíssimo transe… Em menos de três anos, dos estaleiros do Arsenal foram lançados uma corveta, três encouraçados, seis monitores e duas bombardeiras, além da reconstrução quase completa de uma fragata e duas canhoneiras” 1 . 1) Cf. Dornas Filho, João. Figuras da Província. Belo Horizonte, Movimento Editorial Panorama, 1949, p.248. Sua enérgica e profícua atuação no Ministério da Marinha o projetaram no cenário político nacional. Assim, escolhido senador do Império, em 1879, foi convidado a ocupar a Pasta da Fazenda no Ministério Sinimbu, tendo, no desempenho desta árdua função, reformado o método de apresentação de orçamentos e criado e regulamentado novos impostos. Como conseqüência, em 1882, foi nomeado Conselheiro de Estado e, em junho de 1889, com a queda do Gabinete Conservador de João Alfredo, recebeu a incumbência de organizar novo gabinete, ocasião em que expôs com grande lealdade ao Imperador, a grave situação em que o país se encontrava, com a agitação reinante em algumas províncias, visando à mudança da forma de governo. Fez ver ao Imperador a necessidade de enfraquecer e inutilizar as idéias falsas e imprudentes, responsáveis por tal […] Read More