Curso Varnhagen – Alcindo Sodré (1895-1952) Américo Jacobina Lacombe A primeira vez que fui chamado a falar a respeito de Alcindo Sodré o fiz em tom de necrológio. Foi em 1952, no ano de sua morte, quando exercia eu o árduo mister de orador oficial deste Instituto. E comecei minha oração sobre esse historiador de Petrópolis afirmando que este próprio Instituto certamente não existiria se não nos animasse, a todos que o fundamos, a convicção de que, na força e no fervor do criador do Museu Imperial, estava uma de nossas grandes seguranças. Digo criador porque muitos dos que aqui estamos fomos testemunhas de como a idéia da fundação de um museu imperial em Petrópolis, idéia que várias vezes fora agitada, encontrou, em determinado momento, e em circunstâncias históricas favoráveis, o homem capaz e decidido a corporificá-la. Daí por diante a idéia do Museu, de que o Instituto foi uma das forças convergentes e formadoras, esteve para todos nós, indissoluvelmente ligada à personalidade de Alcindo Sodré. O tema da aula de hoje é Alcindo Sodré, o Historiador, o Intelectual, o homem que teve a vitória suprema de ver realizado na maturidade um sonho da juventude. Por isso a sua biografia tem um tom acentuado de vivo entusiasmo. Sua existência, tão harmoniosa e afinal vitoriosa, conseguiu construir, com tanta repercussão, uma vida das mais profícuas. Foi exatamente esse o aspecto que tão bem acentuou seu antigo e dedicado auxiliar, Paulo Olinto de Oliveira, ao prefaciar o volume In Memoriam publicado em 1956. Fixemos, inicialmente, sua biografia para depois comentarmos-lhe a obra. Nasceu em Porto Alegre, em 30 de novembro de 1895, oriundo de velhos troncos fluminense e gaúcho. Seu pai, o engenheiro Antônio Cândido de Azevedo Sodré, descendia de tradicional família da velha província do Rio de Janeiro, e sua mãe, Helena Porto, era ligada aos Jobim. Veio ainda menino para Petrópolis e aqui ultimou seu curso secundário no velho Colégio S. Vicente, dos padres Lazaristas, período de sua vida que emocionadamente recordou em comovente discurso ao instalar-se a Associação dos Antigos Alunos daquele educandário. Bacharelou-se em Direito em 1916, pela antiga Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, doutorando-se em Medicina em 1921, laureado com a medalha de ouro, Prêmio Miguel Pereira. Iniciando a vida pública em Petrópolis, aqui ficou, constituiu família e construiu residência, militando com destaque na política e na administração do Município. Por […] Read More