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PERFIL DE JOAQUIM NABUCO DIANTE DE SUA PERSONALIDADE DE HOMEM BRASILEIRO E SEU TEMPO

  PERFIL DE JOAQUIM NABUCO DIANTE DE SUA PERSONALIDADE DE HOMEM BRASILEIRO E SEU TEMPO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira nº 14 – Há muitos anos li um impressionante trabalho literário ao tempo em que vivo documento de uma época de nossa História do Brasil. Era um alentado estudo biográfico acerca do estadista Nabuco de Araújo, sob o pomposo título “Um Estadista do Império, Nabuco de Araújo – Sua vida, suas opiniões, sua época – por seu filho Joaquim Nabuco”. O filho, Joaquim Nabuco, que produzira tão alentado trabalho, era uma personalidade das mais respeitadas no decorrer da agitadíssima fase interregna Império – República. Sem dúvida, um dos lummares da cultura brasileira, Joaquim Nabuco tomara o encargo de escrever uma biografia do conselheiro Nabuco, seu pai, exemplo de vida, de homem público, de cidadão brasileiro da mais alta estirpe de amor ao país. Tal como o pai assim o era, o filho, Joaquim Nabuco. A extensa e completa biografia política do pai era, em verdade, o início da expressiva biografia do filho. Ou melhor dizendo, da autobiografia do filho haja visto que a projeção moral, intelectual, pública, familiar, era simbioticamente perfeita; entrelaçavam-se as personalidades, indivisíveis, em seqüência admirável de uma geração para a outra. Umbelicavam-se as vidas com a perfeição maior do sentimento de amor filial, profissional e respeitoso cumprimento da perfeita missão pública por ambos abraçada e levada quase à perfeição. Quase à perfeição porque, seres humanos, cada qual, sem exceção, por pensamentos e obras, têm descaminhos de trajetória, tragando o indivíduo nos abismos da curiosidade da vida por suas opções naturalmente sociais. Os Nabuco de Araújo não fugiram à regra e, tal como os titulares de funções públicas de nossos dias – e de todos os tempos – sofreram a crítica nos impropérios oposicionistas ou, até, na negridão dos cortinados palacianos, que sempre escondem as tramas obscuras embuçadas pelos sorrisos da hipocrisia estampada nas luminárias da falsidade. Não fora a criatura humana o personagem mais inconstante do reino biológico, soprado na materialidade de um astro celeste dotado de vida, pelo destino divino. Joaquim Nabuco escrevendo sobre o pai, falou do país; biografando o progenitor ilustre, fez história; condensando em letras de forma a vida de um ser humano de raras virtudes, contribuiu para o esclarecimento da fase imperial de nosso desenvolvimento como nação. Tomou de paradigma uma figura de exponencial e rara atuação nos fastos […] Read More

IGREJAS NEOGÓTICAS DE PETRÓPOLIS (AS)

  AS IGREJAS NEOGÓTICAS DE PETRÓPOLIS Ruth B. Judice, Associada Titular, Cadeira n° 33, Patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Antes de entrar no assunto peço vênia para um explicação prévia. Sentimos que o turismo, em Petrópolis, começa a interessar a gregos e troianos; pessoas cultas, interessadas na história do período imperial do Brasil, e pessoas apenas curiosas em conhecer a cidade imperial. Enfim o gancho é sempre o nosso passado que desperta interesse. Está na hora de criar mais informações sobre o assunto. Há anos (20) pesquiso a arquitetura de Petrópolis e há uns 5 anos surgiu a idéia de passar para o papel as conclusões a que cheguei. Com esforço, lentamente, pois o pior obstáculo é o financeiro, consegui, sem auxílio algum, editar o – Palácio de Cristal e, se Deus quiser, breve estarei com As Igrejas neogóticas, no prelo. É sobre elas que quero lhes falar hoje. Dei o nome de Guias Turísticos ao conjunto de 10 diferentes livros que estou programando. Aos dois, seguir-se-ão: Os Chalés, Os Casarões e a Arquitetura Palaciana. Palácio de Cristal: comecei com a Revolução Industrial, para inserir no seu contexto, o nosso Palácio que surgiu nessa época. Só entendendo a própria Revolução Industrial, entenderemos a importância do nosso Palácio de Cristal e a necessidade de preservá-lo. Igrejas: comecei com a origem das Igrejas cristãs explicando o plano basilical, chegando ao românico para atingir a sua evolução, ou seja o gótico. Isto posto, fica mais fácil explicar o neogótico de nossas Igrejas. Analisei, não apenas a Catedral, que é a mais importante, mas que não é a única. Falei da Igreja São Vicente de Paula (Westphalia) Igreja Evangélica, Santo Antônio, Coração de Jesus, e Sant’Ana e São Joaquim. Começaremos nossa palestra com a origem das igrejas cristãs no ocidente. A filosofia do cristianismo não começou com Cristo, mas sim multo antes do seu nascimento com seus profetas, que não pregaram apenas no ocidente, mas também no oriente. Passaram pela Grécia pagã e pela Síria. Fugindo das cadeias do Himalaia, seguiam as caravanas nos desertos, e, percorriam com elas o caminho da seda. Assim, evitavam o Mar Mediterrâneo onde havia obstáculos, tais como piratas e tempestades. Sabe-se que chegaram até a China e parece, terem chegado à Índia. Cristo nasceu sob o domínio de Tibério e depois d’Ele, em Roma, os cristãos eram perseguidos e até jogados às feras no Coliseu, por […] Read More

RUI BARBOSA NA VISÃO DE MARTIN GARCIA MEROU

RUI BARBOSA NA VISÃO DE MARTIN GARCIA MEROU Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito Com o advento da República, o Brasil acercou-se enormemente das nações hispano-americanas, tendo havido mesmo uma espécie de febre americanista entre nós. Mais do que da Europa, recebemos de nossos vizinhos representantes diplomáticos com enorme bagagem cultural e intensa produção intelectual. Poder-se-ia mesmo dizer, que muitos desses homens, acabavam eventualmente servindo a seus países no exterior, menos pela capacidade de fazer diplomacia, que pelos seus méritos de escritores ou cientistas, maxime no campo das ciências humanas. O argentino Martin Garcia Merou, pode ser considerado um exemplo bem ilustrativo. Nomeado em março de 1894, para servir no Brasil como Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário de seu governo, apresentou credenciais no Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1894, já depois de extinta a Revolta da Armada e quase no apagar das luzes do turbulento e sanguinário governo do Marechal Floriano Peixoto. Radicou-se Garcia Merou em Petrópolis, como era comum naquela época e, por quase dois anos conviveu entre nós, ilustrando com sua presença o corpo diplomático aqui sediado. Nos seus momentos de lazer, ao invés de viver a vida um tanto frívola e mundana das rodas da diplomacia, preferiu dedicar-se ao estudo da literatura brasileira, para depois divulgar na imprensa de seu país o resultado de suas investigações, levando ao conhecimento de seus patrícios, figuras de primeira linha completamente ignoradas na área platense e de resto em toda a América de fala espanhola. Na verdade, também nós aqui vivíamos a ignorar os autores hispano-americanas, como se estivéssemos em pólos completamente distintos. Os artigos de Martin Garcia Merou foram publicados em Buenos Ayres, em 1897, numa revista chamada La Biblioteca. Depois, foram reunidos em livro, no ano de 1900, sob o título “El Brasil Intelectual”. É aí que vamos encontrar, entre outros, o longo estudo que fez da personalidade e da obra de Rui Barbosa. O diplomata argentino conheceu Rui Barbosa, quando este voltava do exílio na Inglaterra durante a ditadura de Floriano. Pela mão de Tobias Monteiro, foi levado à bela chácara da rua São Clemente, numa tarde de primavera de 1895. E aí teve uma longa entrevista com o intelectual baiano. Confirmando as judiciosas observações de Humberto de Campos exaradas no seu livro de Crítica, lª série, Garcia Merou, viu em Rui Barbosa, muito mais o literato, o homem de frases candentes, de períodos lapidares, de […] Read More

REALIZAÇÃO DE UM SONHO (a história da Câmara Municipal de Petrópolis começa a ser escrita) (A)

A REALIZAÇÃO DE UM SONHO (a história da Câmara Municipal de Petrópolis começa a ser escrita) Paulo Machado da Costa e Silva, Associado Titular, Cadeira nº 2 – Devo declarar, de início, que há muito tempo desejava trazer ao conhecimento da população, que se preocupa com a preservação da memória histórica de nossa cidade, uma notícia auspiciosa e interessante sob vários aspectos. Desejo informar sobre o que se está fazendo para revelar, documentalmente, de forma segura e isenta, como, no passado e no presente, a história da Câmara Municipal de Petrópolis foi, e continua sendo, um fator importante para se compreender o desenvolvimento social, econômico e cultural da pequena povoação/colônia, que se iniciou nos altos da Serra da Estrela. E isto ocorreu a partir do momento em que Petrópolis com apenas 14 (quatorze) anos de existência, quase num passe de mágica, se tornou e se firmou como cidade e cabeça de Município. Por outro lado, é muito bom que, por essa forma, toda Petrópolis tenha ciência de que a Câmara Municipal de nossos dias, por seus Presidentes, com apoio dos demais Vereadores, não pensa exclusivamente em política administrativa e partidária – o que é de sua obrigação –, mas também se tem interessado por muitas outras causas nobres. Entre elas, a de apoiar a recuperação da memória histórica da própria Câmara Municipal, que completou, em 17 de junho deste ano, cento e quarenta anos de atividades, iniciadas na histórica sessão de posse dos seus primeiros Vereadores, em 1859. Convém que, antes de qualquer outra informação, se detalhe como nasceu e se está desenvolvendo esse trabalho de pesquisa histórica. Em 1965, por iniciativa deste palestrante, que então exercia a Presidência da Câmara Municipal de Petrópolis, houve uma primeira tentativa, com o apoio do ilustre historiador e dedicado Diretor do Museu Imperial, prof. Lourenço Luiz Lacombe, para se datilografar o primeiro livro de Atas da Câmara Municipal com o objetivo de tornar possível a leitura e a consulta dessas informações. Infelizmente, por não ter havido adequada preparação e apoio técnico, o projeto teve que ser abandonado. Como integrante do Instituto Histórico de Petrópolis, fiquei decepcionado pelo insucesso, mas disposto a retomar o projeto na primeira oportunidade, que se apresentasse. Os anos se passaram e ela apareceu quase trinta anos mais tarde. Era a grande ocasião de que não se poderia abrir mão. Vejamos. Em 29 de novembro de 1993, a Diretora do […] Read More

VERTENTES DO ENSINO EM PETRÓPOLIS

VERTENTES DO ENSINO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira nº 14 – A educação em Petrópolis é tema veiculado por alguns estudiosos e cujos trabalhos, esparsos na imprensa, necessitam ser agrupados para uma sistematização e complementação que aprecie a temática sob o ângulo científico da História. Quando a cidade ganhou foro de recanto sazonal, a partir da construção do Palácio Imperial de Verão, passando o Império a ostentar duas capitais federais: a Corte, no Rio de Janeiro e Petrópolis, no recôndito interior da Velha Província, montou-se na serra um cenário particularizado, como nenhum outro no país. Duas vertentes de habitantes ilustres vieram chegando, primeiro nas hospedarias e hotéis, em seguida, construindo mansões definidoras do cabedal do veranista proprietário. A primeira delas, iniciada pelo Imperador D. Pedro II, era originária da Corte e representada por titulares do Império, ministros e funcionários graduados, intelectuais, representantes diplomáticos brasileiros e do Exterior; a segunda vinha do interior para o interior; eram os fazendeiros ricos do café, a maioria com títulos e honrarias, edificando prédios que obedeciam ao estilo neoclássico. O Centro Histórico foi enriquecido com variados estilos, tendências e bordados que definiam a posição de cada habitante sazonal. O Palácio Imperial, ocupando grande área, era mais simples, em termos arquitetônicos, do que muitos palacetes, onde o esmero dos adornos recortava no céu da serra as silhuetas rococós. Nos bairros, onde predominava o assentamento dos alemães, uma outra realidade urbana era a construção simples e funcional. Eram duas Petrópolis distintas, à qual se juntaram o centro comercial da rua do Imperador e os complexos fabris em nesgas expressivas de terras, tanto no centro como rompendo áreas e criando bairros novos. Nossos pioneiros, sentindo a necessidade da formação e atualização de nosso povo bastante heterogêneo, visando à educação para o futuro, cuidaram da criação de estabelecimentos de ensino, dentro da simbiose natural da cidade, educandários para os alemães radicados e para os brasileiros fixados em Petrópolis. A distinção se fez presente nos primeiros anos porque os alemães estavam definitivamente instalados nas terras recebidas por aforamento perpétuo, iriam viver na nova pátria e nela criar as raízes do povoamento. Os brasileiros fixados na serra compreendiam dois segmentos: o permanente e o sazonal. Permanente aquele que vinha abrir um negócio; sazonal o habitante por temporada. Para atender a ambos, os educadores estabeleceram colégios com internato e externato, uma das marcantes características de nossa história […] Read More

OBRIGADO DOUTOR !

OBRIGADO DOUTOR ! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira nº 14 – Nos dias da “belle epoque” petropolitana, nos anos 20, os médicos petropolitanos ou aqueles que clinicavam na cidade nas épocas do veraneio, atendiam os pacientes em três áreas: na própria residência, no domicílio do paciente e nas farmácias. Não havia o consultório particular em sala individual ou as cooperativas médicas. O paciente era tratado pessoalmente pelo médico, em casa, e, quando hospitalizado, o médico de família, acompanhava todo o tratamento na casa de saúde. O médico de família era o orientador terapêutico, o conselheiro de toda a casa do cliente, aquele psicólogo sem sê-lo que ouvia as confidências familiares e sabia da vida de cada um. A confiança no médico amigo, pronto em todos os minutos das 24 horas do dia, era absoluta, na mesma importância do padre confessor. Quando o doente podia se locomover, ia até a casa do médico se consultar ou, para melhor comodidade, escolhia os horários nos consultórios das farmácias. Se acamado, corria o doutor até ele, sentava-se na beirada do leito, tomava as medidas preliminares de apuração do mal, diagnosticava e, por fim, no seu talão receituário, indicava o medicamento apropriado, com aqueles hieróglifos só compreendidos pelo farmacêutico. – Vá a senhora, ou mande o menino, na Farmácia Central para o aviamento da receita – ordenava o médico, enquanto ia se levantando, recolhendo os instrumentos, guardando-os na valise e seguindo em direção à porta de saída, completando: Não é nada; tome o remédio e muito repouso. Amanhã estará pronto para o trabalho. Saía e assim findava sua visita. O forte da clínica era a farmácia. As maiores, instaladas na avenida 15 de Novembro, mantinham consultórios equipados com material e móveis para consultas corriqueiras e, alguns, com aparelhos para pequenas cirurgias, para uso exclusivo dos médicos registrados nos estabelecimentos e que cumpriam horários fixos. A Drogaria e Farmácia Central, na avenida 15 de Novembro n. 613, era a maior de todas, de propriedade de Monteiro & Martins, farmacêuticos diplomados e premiados com medalha de ouro na Exposição Nacional em 1908, no Rio de Janeiro. Mantinha o seguinte corpo clínico com consultórios no sobrado: clínica médica: Dr. Joaquim Moreira, Dr. Arthur Cruz, Dr. Heitor Leitão da Cunha, Dr. Modesto Guimarães, Dr. Corrêa de Lemos, Dr. Amélio Tavares, Dr. Vital Fontenelle Dr. Alynthor Werneck de Carvalho, Dr. Cândido Martins, Dr. Lourenço da Cunha, Dr. […] Read More

CONFERÊNCIA INTERAMERICANA DE PETRÓPOLIS (A)

A CONFERÊNCIA INTERAMERICANA DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira nº 15 – Entre 15 de agosto e 2 de setembro de 1947, as atenções do Mundo voltaram-se para Petrópolis, escolhida para sediar a Conferência Interamericana, que reuniu 21 nações americanas, na expectativa auspiciosa de encontrar a fórmula de salvaguardar a defesa e a segurança do continente americano. O governo brasileiro escolheu para sede do importante conclave o imponente e histórico Hotel Quitandinha que, diga-se de passagem, hospedou e soube proporcionar conforto e bem estar aos delegados americanos, correspondendo plenamente à confiança nele depositada pelo governo. O importante conclave foi instalado em 15 de agosto de 1947, com solenidade presidida pelo General Eurico Gaspar Dutra, presidente da República, tendo tomado parte na mesa o Chanceler Raul Fernandes, presidente da Conferência e o embaixador do Canadá, Jean Desy. Discursando na ocasião, disse o presidente Dutra a certa altura: “Tem-se dito que a guerra, como fato social, deve ser tratada , à maneira das doenças, com medidas de prevenção e não de repressão. Sabemos todos que para acabar com a guerra, não basta torná-la ilegal; é preciso também eliminá-la dos costumes, atingindo-a nas suas causas complexas e profundas” (1). (1) Jornal de Petrópolis, 16 de agosto de 1947, p.1. Também fizeram uso da palavra o Chanceler mexicano Jaime Torres Bordet que discorreu sobre a situação do continente e focalizou as questões que seriam debatidas em plenário e o Secretário Geral das Nações Unidas, Trigie Lie que se referiu de maneira elogiosa ao ex-Chanceler Leão Veloso e ao senhor Osvaldo Aranha, com os quais privou na ONU. A Conferência Interamericana de Petrópolis representou um importante passo no sentido de fortalecer princípios básicos que assentara, Simão Bolívar, desde 1815, na sua famosa Carta de Jamaica, James Monroe, desde 1823, na mensagem ao Congresso norte-americano, a respeito das intervenções da Europa nos países constituídos da América, Luís Maria Drago, desde 1902, negando o direito de intervenção armada para cobrança coercitiva de dívidas. Com efeito, os aspectos essenciais do como (prático e imediato) na aplicação dos princípios do pan-americanismo, foram os temas da Conferência de Petrópolis: definição preliminar e jurídica do que seja, de fato, agressão em direito internacional; declaração definitiva —- às complementares, que vigoravam parcialmente, —- do compromisso de auxílio e assistência de todos à parte ofendida e atacada por qualquer potência não americana; redação, quiça militar, pelo menos técnica, da obrigatoriedade […] Read More

AINDA A VINGANÇA DO CONSELHEIRO

AINDA A VINGANÇA DO CONSELHEIRO Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito A morte violenta do Marechal Machado Bittencourt, trouxe à tona os subterrâneos putredinosos da República. Já não se falava do perigo da restauração monárquica, tão explorado durante a Guerra de Canudos. Agora a disputa se circunscrevia à intimidade do novo regime. Nada de fantasmas, de paranóias, de inimigos supostos e muito distantes, como no caso canudeano. Tratava-se então de uma realidade palpável, de um confronto entre facções do mesmo credo político, na disputa desenfreada pelo poder. A Gazeta de Petrópolis, no artigo de fundo de 9 de novembro de 1897, denunciava com todas as letras: “A situação é difícil, porque de um lado se acha, como a única força, a dignidade da Nação brasileira e do outro, um partido, que embora republicano, não teve o poder de desarmar a mão homicida, que se ergueu contra o chefe da nação. Duas forças que disputam a suprema direção da República, devem marchar no caminho que lhes traçou a lei e toda a transgressão dela trará à Nação, não somente dificuldades econômicas, como a desconsideração do estrangeiro, que, forçoso é dizê-lo, ainda não acredita na estabilidade das instituições republicanas.” De longe vinha a luta surda e mesquinha do Vice-Presidente Manoel Victorino Pereira contra Prudente de Moraes, Presidente constitucional do Brasil, durante o quatriênio 1894/1898. Dunhsee de Abranches, testemunha ocular dos fatos, no livro “Como se Faziam os Presidentes”, narra com minúcias as torpes maquinações e o inaceitável comportamento de Manoel Victorino, quando substituiu o Presidente na virada de 1896 para 1897, por motivo de saúde deste. No fundo, Victorino queria perpetuar-se no poder, pelo menos até 15 de novembro de 1898 e para tanto não poupou os expedientes mais escusos e os arranjos mais sórdidos. A volta de presidente ao Itamaratí, então sede do governo da República, em março de 1897, deixou um travo na boca já por natureza amarga do baiano Victorino. E essa volta coincidiu com o desastre de Moreira Cesar em Canudos, ele que havia sido escolhido a dedo pelo Vice Presidente para liquidar o arraial conselheirista e voltar como homem forte, para dar-lhe a ambição de poder. Mas o tiro saiu pela culatra, Moreira Cesar foi para o espaço e Prudente reassumiu pronto para enfrentar qualquer refrega. Correu o marfim. A quarta expedição contra Canudos foi minuciosamente preparada, segundo as circunstâncias do momento e as malogradas experiências anteriores. Pela […] Read More

QUESTÃO DE LIMITES ENTRE OS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E MINAS GERAIS – I (A)

A QUESTÃO DE LIMITES ENTRE OS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E MINAS GERAIS – I Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito Muita gente se recorda da arrastada pendência envolvendo a questão de limites entre Minais Gerais e o Espírito Santo que chegou praticamente aos nossos dias, quando deu-se o deslinde, para a alegria e tranqüilidade dos habitantes de Mantena, Mantenópolis, Barra de São Francisco, Baixo Guandú, Aimorés, etc., etc. Também é do conhecimento geral o renitente protesto de mais de cento e setenta anos, dos pernambucanos, na defesa de um imenso território, que ia até os arredores de Paracatú, perdido para a Bahia e Minas Gerais, como pena pela ousadia da revolução de 1824. Mas, o que poucos sabem é que os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, tiveram durante décadas problemas, em face da imprecisão dos limites na região dos rios Pirapetinga, Pomba, Muriaé e Carangola. O decreto imperial nº 297 de 19 de maio de 1843, considerando as dúvidas resultantes da imprecisão da linha divisória entre as duas províncias, na zona em epígrafe e querendo evitar os conflitos oriundos delas, estabeleceu o seguinte no seu artigo 1º: “Os limites entre a Província do Rio de Janeiro e a de Minas Gerais, ficam provisoriamente fixados da maneira seguinte: começando pela foz do riacho Pirapetinga do Paraíba, subindo pelo dito Pirapetinga acima até o ponto fronteiro à barra do Ribeirão Santo Antonio do Pomba e daí por uma linha reta à dita barra do Santo Antonio, correndo pelo Ribeirão acima até a serra denominada Santo Antonio e daí a um lugar do rio Muriaé chamado Poço Fundo, correndo pela Serra do Gavião até a cachoeira dos Tombos no rio Carangola e seguindo a serra do Carangola até encontrar a Província do Espírito Santo.” Onze anos depois, o relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro, Luiz Antonio Barbosa, datado de 2 de maio de 1854, acusava as instruções dadas ao engenheiro Pedro Taulois para a demarcação de limites entre o município de Campos e a Província de Minas Gerais. Vale esclarecer, que naquele tempo, o município de Campos, extensíssimo, compreendia praticamente todo o norte da província fluminense, abrangendo os territórios hoje pertencentes a Itaperuna, São Fidelis, Lage do Muriaé, Natividade, Porciuncula, Varre Sai… Essas instruções dadas ao engenheiro Taulois, bisavô do nosso preclaro colega Antonio Eugênio de Azevedo Taulois, estavam fulcradas no decreto de 19 de maio […] Read More

FAMÍLIA KOPKE E SUA OBRA EM PETRÓPOLIS PARTE II – OS KOPKE, DE HAMBURGO A PETRÓPOLIS (A)

A FAMÍLIA KOPKE E SUA OBRA EM PETRÓPOLIS PARTE II – OS KOPKE, DE HAMBURGO A PETRÓPOLIS Carlos O. Fróes, Associado Titular (falecido) O tronco da Família Kopke em Portugal foi Christian Kopke que, por volta de 1730, procedendo de Hamburgo, fixou residência definitiva na Cidade do Porto, a fim de cumprir as funções de Cônsul da Liga Hanseática. Casou-se naquela localidade e deu origem a uma numerosa linhagem. Em meados do Século XVII, a família Kopke dominava uma expressiva parcela do Comércio Exterior no florescente Empório Comercial de Hamburgo e, conseqüentemente, gozava de grande prestígio no contexto da Liga Hanseática, então composta pelas Cidades Livres de Bremem, Lubeck, Dantzig e Hamburgo, sendo esta última a líder do grupo. Bem antes de 1730, a presença dos Kopke já vinha se manifestando em Território Português. No terceiro quartel do Século XVII, Nicholas Kopke assumiu as funções de primeiro Cônsul Geral da Liga Hanseática em Lisboa e, poucos anos depois, estabeleceu uma sucursal dos seus negócios no Porto, o importante Empório Português do Norte. As datas, até então, apresentadas pela crônica são imprecisas. Ao que tudo indica, seria impossível chegar-se a uma constatação, pois toda a documentação particular e oficial da família foi consumida, em 1888, por um incêndio que destruiu a “Herdade Kopke”, localizada nas cercanias da Cidade do Porto. Entretanto, fontes fidedignas da genealogia portuguesa nos permitiram o levantamento dos dados suficientes aos propósitos do presente estudo. Nicholas Kopke, natural de Hamburgo, casado com D. Emerence Crochmam, era o pai de Christian Kopke. Christian Kopke nasceu em Hamburgo a 27.VIII.1693 e transferiu-se definitivamente para Portugal, por volta de 1730, a fim de assumir as funções de Cônsul da Liga Hanseática no Porto, local onde fixou residência. Ali, casou-se com D. Dorothea Whittingham Moring, a 22.III.1731. Deste consórcio nasceram cinco filhos: Nicolau, Joaquim, Dorothea, Emerencia e Christiano João. Partindo da premissa de que toda a presença anterior dos Kopke em Portugal tenha ocorrido em caracter transitório, é licito apontar Christiano Kopke como o marco genealógico desta interessante família que se consolidou no Porto e, daí, se espalhou para outras áreas, inclusive o Brasil. Com respeito aos filhos varões, sabe-se que prosseguiram nas áreas do Comércio de Importação e Exportação e da Diplomacia. Joaquim sucedeu o pai nas funções de Cônsul da Liga Hanseática e Nicolau assumiu as de Cônsul do Sacro Império. Despontava, assim, uma vocação de família em relação à […] Read More