Paulo Roberto Damico

BASTIDORES DO PRIMEIRO REINADO

BASTIDORES DO PRIMEIRO REINADO Paulo Roberto Damico, Associado Titular, cadeira nº 35 – Patrono Bernardo Soares de Proença Falar sobre o bicentenário de nascimento da princesa Carolina Josefa Leopoldina, 1797/1997, que nasceu num domingo, a 22 de janeiro de 1797, no Palácio de Schonbrunn nos arredores de Viena, é revelar historicamente a importância de uma das principais figuras que muito contribuiu para o processo de independência do Brasil. No palco das grandes manifestações que antecederam ao Grito do Ipiranga, ela nos deixou exemplos de patriotismo, lealdade, perseverança, sofrimento e amor. Sua bibliografia não é farta, mas com muita acuidade e paciência de historiador foi possível colher algumas informações importantes a respeito de sua vida como esposa, como mãe e como Princesa Real de Portugal, do Brasil e dos Algarves, primeira Imperatriz do Brasil. D. Pedro contava apenas vinte e dois anos quando D. João VI voltou para Portugal deixando-o como regente do reino do Brasil. Nascera no palácio de Queluz, a 12 de outubro de 1798, viera para o Brasil com apenas nove anos e aqui vivera desde então. Era enérgico e decidido, bastante inteligente e possuia imaginação viva, mas sua instrução fôra limitada e superficial. A pouca educação que recebera, aliada ao seu temperamento arrebatado e espírito altivo e independente, acentuou os seus defeitos. Em vez de prepará-lo para o papel que assumiria mais tarde, seus preceptores tinham apenas alimentado seus caprichos. Apesar disso, o príncipe era franco e dedicado aos amigos. Seus hábitos e costumes eram simples e sua maneira de viver bem pouco ostentosa. Até a ocasião em que D. João se tornou rei de Portugal, D. Pedro não tinha qualquer educação política. Reconhecendo essa deficiência, procurou instruir-se: estudou bastante, iniciou-se na música. Segundo consta, possuía o Principe excelente voz, tendo cantado uma ária com as irmãs, que também se exibiram com esse dote na festa comemorativa do casamento de D. Leopoldina. Dispunha de rara habilidade para tocar quase todos os instrumentos, sendo exímio no fagote, no violino e na flauta. D. Pedro tinha, sem dúvida, natureza de artista que não se aprimorou. Várias aptidões desleixadas no Brasil não puderam nunca produzir frutos aceitáveis. Um aforismo de Rousseau diz que a cultura e a forma do gôsto dependem da sociedade em que se vive. No ar que enfezou o virtuose imperial esterilizava-se o talento dos Taunays… Em 1818 casou-se com a arquiduquesa da Áustria, D. Maria Leopoldina, […] Read More