RESGATES PETROPOLITANOS [BARÃO DE PEDRO AFONSO]

RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima O Barão de Pedro Afonso foi luminosa estrela que encantou o Brasil da segunda metade do século XIX às primeiras décadas dos novecentos. Chamou-se Pedro Afonso Franco e foi o único Barão de Pedro Afonso, título que lhe fora outorgado por Decreto de 31 de agosto de 1889. Nasceu em Paraíba do Sul aos 21 de fevereiro de 1845 e faleceu no Rio de Janeiro em 5 de novembro de 1920. Formou-se em Medicina na velha Faculdade do Rio de Janeiro e foi especializar-se na Universidade de Paris. Clínico de nomeada na Corte não se ateve ao seu consultório, somente. Tornou-se professor e sanitarista. Fundou e dirigiu o Instituto Vacínico Municipal do Rio, embrião do Instituto Oswaldo Cruz. Em 1887 dirigiu a Saúde Pública, estabelecendo produtiva parceria com o também médico e sanitarista Visconde de Ibituruna. Na Santa Casa de Misericórdia conseguiu produzir pela primeira vez no Brasil a vacina contra varíola. Numa frase curta e muito ilustrativa, disse Pedro Nava, que o Barão foi “médico de péssimo gênio e ilustre memória”. (in Chão de Ferro – Memórias/3, Rio, 1976) Pedro Afonso Franco foi dos grandes cirurgiões do Rio de Janeiro de seu tempo, quando qualquer intervenção cirúrgica representava alto risco de vida. Obteve sucesso retumbante na carreira, em 1896, ocasião em que extraiu cálculos biliares do Presidente Prudente de Moraes, que se afastara do cargo por longo período, até restabelecer-se de todo já em março de 1897. O Barão também salvou a vida do Ministro do Chile Villamil Blanco, que já vislumbrava o atestado de óbito ante moléstia que parecia incurável. Mas como ninguém consegue colher somente flores na vida profissional, o Barão de Pedro Afonso não fugiria à regra. Ele era médico da confiança do Marechal Hermes da Fonseca. Quando do acidente sofrido por D. Nair de Teffé Hermes da Fonseca nas proximidades da Engenhoca, em Corrêas, durante o carnaval de 1915, o primeiro médico a ser chamado para acudir a acidentada, foi o Dr. Arthur de Sá Earp, que fez o seu diagnóstico e prescreveu o tratamento. No dia seguinte foi chamado à Engenhoca, onde D. Nair encontrava-se em absoluto repouso, o Barão de Pedro Afonso, que depois do exame de praxe, contrariou a avaliação e as prescrições do Dr. Sá Earp. E como era ele o […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [ERNESTO FERREIRA DA PAIXÃO]

RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima ERNESTO FERREIRA DA PAIXÃO, eis um nome que honra a medicina, a política e as letras petropolitanas. Rebento desta terra, nascido no dia de Natal de 1866, trazia do berço as luzes do saber. Seu pai, José Ferreira da Paixão, era o dono do colégio deste nome, eminente pedagogo, que trouxera o menino Ernesto ao pé de si, até torná-lo apto a prestar preparatórios, que lhe garantiram o ingresso na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se formou em 1890. Não se deixou ofuscar pelo brilho das ofertas profissionais que o prenderiam à Capital Federal. Voltou à sua terra e aqui abriu consultório, aberto a todas as classes sociais. Fez da Medicina um sacerdócio, aliás obrigação comezinha dos que realmente levam a sério o juramento de Hipócrates. Teve Ernesto Paixão vasta clientela e gozou do melhor conceito entre seus pares. Dirigiu o Hospital Santa Teresa com eficiência e espírito humanitário. Abolicionista, fez campanhas memoráveis, angariando fundos para a libertação do elemento servil, antes da abolição total do nefasto instituto da escravidão. Foi no início da República Intendente Municipal nesta urbe, distinguindo-se pelo seu equilíbrio e bom senso. Nunca foi um político rancoroso, desses que perseguem o poder pelo poder. Apenas servia-se dele para prestar os melhores serviços à comunidade petropolitana. Formado dentro dos melhores padrões humanistas, Ernesto Ferreira da Paixão tinha menos de vinte anos quando estampou seus primeiros artigos no “Mercantil”, folha que se editou nestas serras de 1857 a 1892. Quando da morte de Victor Hugo, o jornal em epígrafe ocupou toda a primeira página da edição de 27 de maio de 1885 com matérias alusivas à vida e à obra do grande escritor francês. Ernesto Paixão, nos seus dezenove anos incompletos atendeu ao chamado do periódico, fazendo publicar vibrante artigo sobre o autor de “Os Miseráveis”. Bem ao estilo da época e coerente com os arroubos da juventude, escreveu Paixão: “Victor Hugo, o deus da literatura, despiu o invólucro de mortal e tomou lugar no sólio da imortalidade. Assim o foi; porque a matéria que o circundava era impotente para resistir à força das chispas, que o gênio – aninhado em seu cérebro – irradiava por ela”. Quando o “Mercantil” deixou de circular, cedendo espaço à “Gazeta de Petrópolis”, o grande jornal da Capital do […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [JOSÉ FERREIRA DE SOUZA ARAÚJO]

RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima JOSÉ FERREIRA DE SOUZA ARAÚJO, mais conhecido como Ferreira de Araújo, foi das maiores expressões do jornalismo brasileiro das últimas três décadas do século XIX. Era respeitado internacionalmente e gozava de imenso prestígio entre seus colegas, nacionais e estrangeiros. Foi durante anos redator chefe da “Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro, jornal de significativa circulação, em que colaboravam os mais eminentes homens de letras do fim da monarquia ao princípio da república. Ferreira de Araújo faleceu na então Capital Federal aos 21 de agosto de 1900. Sobre ele disse a “Gazeta de Petrópolis” em sua edição de 23 do mesmo mês e ano: “Grande espírito, iluminado sempre pelo sol de uma inteligência superior, talento de eleição, alma aberta para todas as ações generosas, abraçando num volver de olhos todos os cometimentos elevados, encarando todas as questões que se agitavam no país com uma clarividência de inspirado, Ferreira de Araújo era a organização jornalística mais perfeita que existia no Brasil”. Era verdadeiramente um espírito eclético, pois escrevia quase simultaneamente sobre política, sobre economia, sobre questões internacionais e também sobre literatura, teatro, lingüística, etc. Fazia humor e arriscava folhetins que faziam a festa de seus leitores assíduos. Mantinha na “Gazeta de Notícias” seções curiosíssimas que se chamavam “Macaquinhos no Sótão”, “O Mosquito”, “As Balas de Festim”, “Jornal do Ausente”. Aparecia freqüentemente sob os pseudônimos de “Lulu Sênior”, “José Telha” e “A”. Ferreira de Araújo, abraçou algumas causas de incontestável relevância, pondo desinteressadamente sua pena flamante a serviço dos mais condoreiros ideais. Foi assim que dedicou-se de corpo e alma à campanha abolicionista, tendo recusado a condecoração que o Ministro João Alfredo lhe ofertara. Ferreira de Araújo colaborou em 1897 na “Revista Brasileira”, de cujo corpo redacional saíram os fundadores da Academia Brasileira de Letras. Fazia o jornalista comentários políticos, focando os grandes temas do governo conturbado de Prudente de Moraes. Nesta urbe viveu alguns anos Ferreira de Araújo e aqui chegou a escrever para a “Gazeta de Petrópolis”, o grande órgão de imprensa da então capital do Estado. Nas “Palestras Literárias” que fez inserir nas edições da “Gazeta de Petrópolis” de 1897 deu provas cabais de seus profundos conhecimentos lingüísticos. Vinte anos depois da morte de José Ferreira de Araújo, começou a tomar forma nestas serras a Associação de Ciências e […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [JOAQUIM DUARTE MURTINHO]

RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Joaquim Duarte Murtinho, cuiabano de origem e radicado no Rio de Janeiro, das grandes figuras brasileiras na República Velha, ligou seu nome a Petrópolis, especialmente ao Itamarati, onde por muitos anos desfrutou das delícias de sua chácara, nos longos verões belepoqueanos. O Quarteirão Itamarati surgiu em 1885, sendo as primeiras escrituras objetivando os prazos ali criados, de novembro do mesmo ano (apud Guilherme Auler). O major José Inocêncio de Oliveira Matos adquiriu em 28 de maio de 1887 os prazos de terra de ns. 3.303 a 3.307 do referido Quarteirão. Consoante ainda Guilherme Auler, situavam-se tais terrenos perto do marco dos Sete Caminhos, fazendo testada para a estrada geral. Em 19 de fevereiro de 1889 os prazos foram vendidos a Carlos Frederico Travassos que, a 7 de junho de 1898, os transferiu ao Dr. Joaquim Duarte Murtinho. Murtinho morreu em novembro de 1911. Herdou a chácara o Dr. Francisco Murtinho, isto já em 1913. Em 9 de junho de 1924, o imóvel foi transferido ao casal Hermenegildo e Laurinda Santos Lobo, ela sobrinha de Joaquim Murtinho, que passara à história social do Rio de Janeiro como a “Marechala da Elegância”, conforme João do Rio. E é justamente por causa do centenário da morte do Dr. Joaquim Duarte Murtinho e por sua estreita ligação com esta urbe, que resolvi resgatar a história desse cidadão brasileiro, com relevantes serviços prestados à sua pátria. Nasceu ele em Ciuabá, MT, a 7 de dezembro de 1848 e faleceu no Rio de Janeiro a 18 de novembro de 1911. Formou-se em engenharia pela antiga Escola Central, hoje Escola Nacional de Engenharia. Doutorou-se em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, onde foi professor. Foi médico homeopata de nomeada. Na vida pública Joaquim Murtinho foi um grande executivo. Durante o governo de Prudente de Moraes (1894/1898) ocupou a pasta da Indústria, Viação e Obras. Assumindo a Presidência da República Manoel Ferraz de Campos Sales, a 15 de novembro de 1898, foi Murtinho convidado para ser Ministro da Fazenda. Tempos bicudos, economia desorganizada, inflação, enorme dívida interna, descrédito no exterior. Era significativo o desfio e o Dr. Murtinho o aceitou, tendo carta branca para agir com mão de ferro, ainda que grossos interesses fossem contrariados. E ele impondo austeridade ao seu trabalho, meteu mãos à obra. Atacou […] Read More

NOVO TEMPO ACADÊMICO

NOVO TEMPO ACADÊMICO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira A Academia Petropolitana de Letras, no ano de seu 90º aniversário, está de cara nova; elegeu na manhã de 23 de junho nova Diretoria para cumprimento do restante do ano corrente de 2012, ou para completar o biênio 2012-2013; ainda não tenho a informação exata. Assumiram a Presidência e a Vice-Presidência, respectivamente, o acadêmico Paulo Machado da Costa e Silva e acadêmica Christiane Magno Michelin. Está em ótimas mãos a APL, sob o Presidente Paulo Machado da Costa e Silva, acadêmico titular da Cadeira n.º 12, patrono José do Patrocínio, desde sua posse em 13 de maio de 1972, extraordinário professor e político, historiador e sábio administrador. É o acadêmico mais idoso do quadro titular, porém não é o acadêmico decano, como anotado em recente artigo publicado em nossa imprensa. O mais antigo acadêmico, o decano da Casa Literária, sou eu, titular da cadeira n.º 33, patrono Oswaldo Cruz, empossado em 8 de março de 1969, na presidência do extraordinário homem de letras Dr. Mário Fonseca. Desde a minha posse, ocupei em várias diretorias os cargos de: 1º Tesoureiro (1970-1973, 1976-1977, 1982-1983); 1º Secretário (1999-2000); e Presidente (1974-1975, 1984-1985, 1986-1987, 1988-1990, 1991-1992, 1993-1994, 2000-2001, 2002-2003, 2004-2005, 2006-2007, 2008-2009 , 2011-2012 (parte). Foram 24 anos na presidência e mais 10 anos em cargos na Diretoria; mais de um quarto de século sob dedicação à Academia. Não senti os anos passarem no decorrer do meu grande entusiasmo pela condução administrativa de nossa querida Academia Petropolitana de Letras. Agora, entendo que necessito respirar outros ares, enveredar por novos desafios, viver mais despreocupado a minha velhice, comprovada pela série de remédios receitados pela Medicina na tentativa de esticar minha existência terrena. Continuo a peleja em outros sítios. À nova Diretoria Acadêmica, sob meu companheiro de muitas batalhas em favor da Educação e da Cultura de nosso Município, Paulo Machado da Costa e Silva, que respeito, admiro, no que me acompanha toda Petrópolis, desejo sucesso, muita dedicação e amor, tal como, acredito, prodigalizei à APL como administrador e estudioso na salvaguarda de seu patrimônio cultural e de sua magnífica história. Parabéns, meu colega da 1ª turma de bacharéis da Faculdade de Direito, embrião da atual Universidade Católica de Petrópolis, pela coragem de mais um desafio, de tantos que cumpriu com honra e talento em sua prodigiosa vida. […] Read More

ACADEMIA: NOVENTA ANOS

ACADEMIA: NOVENTA ANOS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Aproxima-se o mês de agosto, deste ano de 2012 e, nele, a data dos 90 anos da fundação da Academia Petropolitana de Letras, organizada a partir de 3 de agosto de 1922. Trata-se de uma das mais antigas academias de letras do País. Os pioneiros que a idealizaram, fundaram e organizaram, sempre são relembrados em cada comemoração anual do aniversário. Coube à “Tribuna de Petrópolis” um papel fundamental na divulgação e apoio a todo o processo, publicando a carta de idealização, as repercussões a cada dia, os noticiários das reuniões, a divulgação de discursos e matérias oficiais. O matutino já abrigava colaborações dos escritores locais, em prosa e verso e a própria direção do jornal – sob Álvaro Machado, na época – tinha comprometimento com a literatura. Era uma imprensa diferente da que hoje admiramos e respeitamos. A cidade era mais tranquila, os moradores menos estressados, havia acompanhamento das atividades sociais das diversas famílias que se conheciam e se respeitavam; as crianças eram crianças e os escolares, em seus uniformes, mesmo que crianças por vezes irreverentes, traziam um comportamento do lar mais respeitoso. Poetas e articulistas honravam as páginas dos jornais, fossem matutinos ou semanais, com poemas, crônicas, contos e alguns, mantendo colunas informativas e críticas. Havia intensa atividade industrial, com operários entrando, almoçando e saindo dos prédios sob o comando dos apitos ou sirenes estridentes; o comércio possuía estabelecimentos tradicionais e comerciantes que todos conheciam e cumprimentavam, enfim, a cidade do verão sazonal vivia os tempos do frio e do calor bem definidos, marcando a encantadora vilegiatura. Menos automóveis e ônibus, muitas bicicletas e casas de aluguel do gostoso e saudável veículo; respirava-se melhor e a grande fumaceira esvoaçante no Município vinha mais das chaminés fabris do que das descargas dos ônibus e automóveis. Dificuldades muitas, racionamentos de gêneros ocasionados pelos conflitos armados externos e, nesse ano da APL, a intensa expectativa dos povos diante do fracasso da Liga das Nações e o rearmamento dos beligerantes humilhados e derrotados. Apesar de tudo, Petrópolis respirava tranquilidade e os sonhadores literatos escreviam suas impressões sobre a vida, poetando sonhos e quimeras. A Academia de Letras aportava à cidade sob o embalo dessa vida em busca de mais sensações e opções de entretenimento. Por coincidência, ela chega no mesmo ano da “Semana de Arte […] Read More

REPRESENTEI MILLÔR

  REPRESENTEI MILLÔR Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O grande e admirável escritor Millôr Fernandes deixou seu espaço por aqui. Uma falta a ser lamentada para sempre. Foi Millôr uma das mais lúcidas e ferinas inteligências de todos os tempos. Sua pena era admirada, temida, respeitada; enfim, Millôr estava acima de tudo, mesmo nos momentos de graves crises político-institucionais. Ele era capaz de dizer aos poderosos seu pensamento mais oculto, de uma forma que ninguém pudesse contestar ou criticar ou deixar de compreender. E fazê-los enfiar monumentais carapuças. Com sua morte cessa um momento sublime da inteligência brasileira, que nos deu os saudosos Stanislaw Ponte Preta, Don José Cavaca, Chico Anísio, José de Vasconcellos e alguns outros seriíssimos humoristas. Com efeito, o humorismo é o dito mais sério da vida. E Millôr foi o mestre dos mestres do crítico pensamento contemporâneo brasileiro. Tive a ventura de interpretar Millôr, que foi excelente e apaixonado dramaturgo, sem obra extensa na especialidade, mas com textos perfeitos e definitivos de mestre da cena, representados por grandes artistas e elencos de todo o País. Corria o ano de 1981. Na noite de 26 de abril o TEP (Teatro Experimental Petropolitano) esteve no salão da Casa Paroquial de São José do Rio Preto (naquele tempo o 5º Distrito de Petrópolis) para a estreia da peça de Millôr Fernandes “Do Tamanho de um Defunto”, sob a direção de Walter Borges. No elenco estavam eu, no papel do Médico; Vilma Xavier, no da Esposa do Médico; Lúcio Agra, no do Ladrão; e Nélio Borges, no do Policial. Em seguida, a peça foi exibida na Sala Guiomar Novais, no Centro de Cultura, no mesmo espaço hoje ocupado pela Sala-Teatro Afonso Arinos, durante 5 dias (1, 2, 3, 9 e 10 de maio). Prosseguindo na temporada, o “O Defunto…” foi apresentado ao público de Pedro do Rio, no dia 6 de junho, no salão do E. C. Pedro do Rio; e mais, a 13 de junho no Bogari Clube de Cascatinha; a 20 do mesmo mês no Itaipava Tênis Clube, encerrando as representações em Araruama, nos dias 12 e 13 de setembro, inaugurando o Teatro Municipal daquele Município. A peça “Do Tamanho de um Defunto”, de Millôr é um belíssimo texto, de forte efeito dramático, sob uma ironia desconcertante e foi um dos espetáculos mais perfeitos montados pela Teatro Experimental […] Read More

CENTENÁRIO (UM)

  UM CENTENÁRIO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Sem nenhuma dúvida é o Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Junior) um dos maiores e mais notáveis brasileiros de nossa História pátria e figura de merecido conceito internacional, passados exatos cem anos do seu falecimento (10 de fevereiro de 1912). Felizmente ao Barão tem sido conferido o destaque que merece, aparecendo sua efígie em algumas emissões de nossa moeda circulante, como, no momento, na moeda de cinquenta centavos. Seu nome figura na denominação de artérias urbanas monumentais em dezenas de cidades brasileiras, com menção especial à capital do Estado do Acre, no coração político-administrativo das terras incorporadas ao País graças à diplomacia do chanceler no seu encontro com plenipotenciários bolivianos, em Petrópolis, na assinatura do “Tratado de Petrópolis” (17 de novembro de 1903). Seu campus maior de trabalho, o Itamarati, tem-no presente permanentemente na lembrança, respeito e exemplo, mantendo memória, objetos em valioso acervo de sua vida, aberto à admiração e respeito de qualquer cidadão. Petrópolis, que foi seu refúgio, sua chancelaria na serra, mudou para Rio Branco a Avenida Vestfália. A casa onde residiu e firmou o tratado do Acre, funciona hoje como uma escola, belo e adequado destino ao imóvel histórico tão precioso. É preciso que se empreste à casa uma atenção de restauração e preservação com dignidade, como ela merece e a História de Petrópolis e do Brasil anseiam. Pensando no resgate da data do centenário da morte do grande chanceler e, também, de homenagem ao poeta Sylvio Raphael, retirei do pó da gaveta literária do escritor petropolitano por adoção, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos (Sylvio Raphael era o seu pseudônimo literário) o livro “Suprema Dor”, mantido em originais manuscritos e fi-lo editar, em tiragem especial, fora do comércio, pela Sumaúma, que realizou belo trabalho gráfico. Capa do manuscrito, também elaborada pelo autor Distribuindo os exemplares, renovo as lembranças da Petrópolis do início do século XX, ao tempo em que homenageio o Barão do Rio Branco e seu compungido e apaixonado poeta, o qual, com sentimento incrível, traduziu a vida e obra de Rio Branco em primoroso e longo poema, onde a forma/”fôrma” poética é puro sentimento, respeito, consideração, a par de perfeito poema de largo mérito literário. Foto de Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos e autógrafo do pseudônimo “Suprema Dor” foi escrito nas noites […] Read More

ACADEMIA PETROPOLITANA DE LETRAS – 88º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO

  ACADEMIA PETROPOLITANA DE LETRAS – 88º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Na próxima terça-feira, dia 03 de agosto, é o 88º aniversário de fundação de nossa querida APL. Por isso, a coluna de hoje será inteiramente dedicada à sua história. Reproduziremos trecho do discurso proferido pelo Acadêmico Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, um de seus fundadores, proferido no dia 03 de agosto de 1942, quando a Academia completava 20 anos. Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos (a partir do acervo do autor) São palavras do Acadêmico Joaquim Heleodoro: “Nasceu a então Associação Petropolitana de Ciências e Letras, mais tarde simplesmente Associação de Ciências e Letras e hoje Academia Petropolitana de Letras em 3 de agosto de 1922. Foram seus idealizadores um punhado de pessoas, ainda jovens e que sonharam dotar Petrópolis de um Centro de Cultura Intelectual, não somente das letras, mas também abrangendo a ciência e a arte, em suas múltiplas manifestações. Poucos anos antes, refulgira no céu petropolitano um astro de primeira grandeza: o Círculo de Imprensa. Mas passara como um meteoro. Surgira amparado pelos mais eminentes vultos do jornalismo e de letras destas serras, esparzira a mancheias os raios de uma fulguração invulgar, mas desde logo empalideceu e desapareceu na noite do passado. João Roberto D’Escragnolle, aquele ancião de espírito juvenil que todos conhecemos e admiramos e que, embora enfermo, com os movimentos tolhidos por insidiosa paralisia, era uma oficina viva de energia criadora, fora um dos seus idealizadores. Para ele não era possível conceber que tantos homens ilustres e tantas energias moças que formavam o Círculo de Imprensa o tivessem deixado perecer. E resolveu reorganizar o Círculo de Imprensa. Não mais uma associação, uma obra de muitos, mas o esforço de um só, dele D’Escragnolle. E então montou o Círculo numa saleta da então Pensão Petrópolis, depois Hotel Savóia (atual Edifício Marchese). Ali, em torno de uma mesa, reunia ele todos os dias os jovens que gostavam de brincar com as letras e os homens que já sabiam manejá-las.Havia ali livros e jornais à disposição de todos e, melhor ainda, o conselho e estímulo de sua palavra amiga. D’Escragnolle não era rico. Não possuía, mesmo, nenhum bem de fortuna. Todo esse seu idealismo saía-lhe grandemente pesado. Entretanto, dava-se por imensamente feliz, se esse seu sacrifício fosse compensado com a frequência cotidiana do Centro. […] Read More

ORIGEM E DENOMINAÇÃO MORIN

  ORIGEM E DENOMINAÇÃO MORIN Guilherme Eppinghaus Quanto a origem da denominação MORIN ao bairro da zona sul da cidade de Petrópolis é possível afirmar sem receio de errar, que ela tem procedência no sobrenome do Major da Guarda Nacional da corte e cidade do Rio de Janeiro, Antônio João Morin, que, ainda no tempo de Koeler, adquiriu 5 prazos com frente na estrada que atravessava o Quarteirão, conhecida a seguir como Caminho do Morin. Quanto aos números dados aos prazos em apreço, têm eles os seguintes: 2626, 2627, 2628, 2629 e 2631 com área total de 2.365,00 braças quadradas, o que corresponde a 11.446,60m². Quanto à finalidade principal da compra, ao que tudo indica, pretendia ter uma propriedade de recreio, com a compensação das despesas de custeio imprescindíveis a esse fim. Vejamos, em resumo, os dados, que constam nas páginas 155 e 156, publicados no Volume I dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis, em 1938. O Major Antônio João Morin instalou em terras do Palatinato Superior, uma fazendinha provida principalmente de árvores frutíferas, dispondo também de pastagens que alugava, recebendo animais a trato. A estrada que atravessava o quarteirão foi se tornando conhecida como o caminho do MORIN. O nome ampliou-se, dominou o bairro e quase estendeu-se ao rio, cujo nome é Palatino que até hoje conserva. Na publicação intitulada “Toponímia Urbana de Petrópolis”, exaustiva e muito útil trabalho do historiador Gabriel Kopke Fróes e seu dedicado e eficiente colaborador Tito Livio de Castro, verifica-se que a Prefeitura Municipal em 1922, denominou Avenida General Marciano Magalhães a artéria que corta o bairro. Esta via de comunicação tem hoje muitas ramificações, entre elas ruas, vilas e caminhos, como a Almirante Aristides Mascarenhas, e Augusto Severo, a Coronel Batista da Silva, a Dr. Públio de Oliveira, a Pedro Ivo, a Bezerra de Menezes, a Cristina, a Dr. Sérvulo Lima, a Gabriel José de Barros, a Prof. Eugênio Werneck e na parte alta, a Lugano, a Locarno, a St. Moritz, a Lucerne e a Neuchatel. Por uma publicação de 28-11-1884, o Major Morin fez questão de frisar que adquiriu a propriedade por compra a foreiros, não a recebendo portanto a qualquer outro título. Quanto a sua existência, nasceu em 2-12-1794 e faleceu em 14-02-1886; viveu assim 92 anos. Seus herdeiros, em 1891, venderam os 5 prazos; os adquirentes foram: Cipriano de Souza Freitas, Manoel da Costa Franco, Luiz de Freitas […] Read More