BICENTENÁRIO DO ALMIRANTE TAMANDARÉ EM 13 DE DEZEMBRO DE 2007 Cláudio Moreira Bento O Almirante Joaquim Marques Lisboa e Marquês de Tamandaré – o Nelson Brasileiro, é por tradição cultuado patrono da Marinha do Brasil, e hoje, no Exército, como denominação histórica de seu 6º Grupo de Artilharia de Campanha. Pela Marinha, por ele: “Representar na História Naval Brasileira a figura de maior destaque dentre os ilustres oficiais de Marinha que honraram e elevaram a sua classe. E, que neste dia deveria a Marinha render-lhe as homenagens reclamadas por seus inomináveis serviços à liberdade e união dos brasileiros, demonstrando que o seu nome e exemplos, continuam bem vivos no coração de quantos sabem honrar a impoluta e gloriosa farda da Marinha Brasileira”. Pelo Exército por o considerar o maior herói militar brasileiro nascido na cidade de Rio Grande, sede de seu 6º Grupo de Artilharia de Campanha. Por seus quase 67 anos de heróicos, lendários e excepcionais serviços, além de por tradição ser consagrado o patrono da Marinha e a data de seu nascimento o Dia do Marinheiro. O futuro Almirante Tamandaré ingressou na Marinha em 4 de março de 1823, aos 16 anos, tendo sido designado para servir a bordo da fragata “Niterói”, como praticante de piloto, ao comando de Taylor que, integrando Esquadra Brasileira de Lord Cochrane, combateu os portugueses na guerra da Independência, na Bahia, em 1823. Terminada esta guerra, na qual se destacou, freqüentou por quase um ano a Academia Imperial dos Guardas-Marinha, até ser requisitado pelo Almirante Cochrane para embarcar na nau “D. Pedro I” destinada a combater a Confederação do Equador, no Nordeste. Nestas ações se impôs a admiração e estima dos seus chefes que atestaram que ao tempo de sua participação na guerra da Independência “já possuía condições de conduzir uma embarcação a qualquer parte do mundo”. Segundo Gustavo Barroso: “Foi Tamandaré marinheiro do primeiro e segundo Império, que vira o Brasil Reino, guerreara na Independência, no Prata, tomara parte ao lado da lei em quase todas as convulsões da Regência, criara e legara a vitória no Uruguai e no Paraguai à Marinha, do segundo Império, assistira a Proclamação da República, a Revolta na Armada, pisara o convés de tábuas dos veleiros e na coberta chapeada de ferro dos encouraçados, vira a nau e o brigue, o vapor de rodas e o monitor e a couraça e o torpedeiro destinada a vencê-la”. Após […] Read More
RECORDAÇÕES DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
RECORDAÇÕES DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Cláudio Moreira Bento, associado correspondente O dia 8 de maio de 2012 evoca o 67º aniversário do Dia da Vitória da Democracia e da Liberdade Mundial ameaçada pelo nazifascismo. O Brasil então participou do esforço de guerra aliada em defesa da Democracia e da Liberdade Mundial, a partir de 22 de agosto de 1942, quando entrou na guerra, depois de reconhecer o estado de beligerância contra ele de parte do Eixo e, até 8 de maio de 1945 – Dia da Vitória. Sua extensão geográfica (a quinta do mundo), sua posição geopolítica debruçada sobre o Atlântico e mais a sua solidariedade ao continente americano, não lhe permitiram ficar neutro. Assim participou, do esforço de guerra aliado, nos teatros de operações do Atlântico e do Mediterrâneo, em decorrência do Acordo Bilateral Brasil-EUA, de 23 de maio de 1942, que foi coordenado pela Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA, desdobrada em Washington e no Rio de Janeiro. As Forças Armadas Brasileiras assim participaram: o Exército defendeu o território brasileiro e as instalações militares nele existentes, com ênfase na Zona de Guerra então criada, e, dentro desta, o Saliente Nordestino (RN, PB, PE, AL) e nele o triângulo Natal-Recife-Arquipélago de Fernando de Noronha, além do envio da Força Expedicionária Brasileira – FEB ao teatro de operações do Mediterrâneo, integrando o V Exército dos EUA. A Marinha encarregou-se da defesa dos portos, patrulhamento oceânico e escolta de comboios marítimos, isoladamente, ou integrando a 4ª Esquadra Americana, com Quartel General no Recife. A Aeronáutica executou ações de patrulhamento oceânico e proteção de comboios, isoladamente, ou integrando a 4ª Esquadra Americana, além do envio de um grupo de caça (1º Grupo de Caça) que integrou a Força Aérea Aliada do Mediterrâneo e uma Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO) que combateu sobre o controle operacional da FEB, também na Itália. A cooperação do Brasil com os aliados inicialmente ficou restrita ao continente americano. Cessada a ameaça de uma ação do Eixo de invasão das Américas pelo Saliente Nordestino, resolução da Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA de n.º 16, de 21 de agosto de 1943, ampliou a ação militar do Brasil o que se traduziu, na prática, no envio de tropas de terra e ar para o teatro do Mediterrâneo e ação de nossa Marinha além de águas continentais americanas. Em contrapartida o Brasil recebeu dos EUA para o […] Read More
COMBATE DE MONTE CASTELLO (O) – 67º ANIVERSÁRIO
0 COMBATE DE MONTE CASTELLO – SEXAGÉSIMO SÉTIMO ANIVERSÁRIO Cláudio Moreira Bento, associado correspondente HOMENAGEM AOS HERÓIS DA CONQUISTA DE MONTE CASTELLO No transcurso, em 21 fevereiro de 2012 (3ª feira de Carnaval) do 67º aniversário da vitória brasileira na conquista de Monte Castello, a homenagem da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB), a sucessora, em 23 de abril de 2011, Bicentenário da AMAN, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB), aos bravos que ali combateram e, em especial, aos que ali perderam suas vidas, em defesa da democracia e da liberdade mundial. E uma referência aos historiadores militares e patronos de cadeiras da FAHIMTB que ali conduziram as armas brasileiras à vitória, os Marechais João Baptista Mascarenhas de Morais e Humberto de Alencar Castelo , respectivamente comandante da 1ª DIE e seu Oficial de Operações e, sem esquecermos os patronos de cadeiras da FAHIMTB General Carlos de Meira Mattos que além de integraram a 1ª DIE tiveram atuação destacada junto com os Marechais Mascarenhas de Morais e Castelo Branco, no registro, preservação e divulgação da memória histórica da FEB. Aqui também reverencio a memória do acadêmico Coronel Cecil Wall Barbosa de Carvalho, professor de Direito na AMAN, por largo período, o qual como tenente, com um tiro certeiro de morteiro, silenciou uma posição de metralhadora inimiga que ameaçava a progressão do seu Regimento Sampaio, consagrando-se em uma crônica militar intitulada Um Tiro Feliz , como o seu personagem. INTRODUÇÃO A matéria a seguir sobre o combate de Monte Castello é um exemplo de análise histórica crítica militar que produzimos, em 1978, como instrutor de História Militar na AMAN. Matéria que havíamos inserido em nosso livro Como estudar e pesquisar a História do Exercito Brasileiro editado pelo Estado-Maior do Exercito em 1978 e 1999 e disponível em Livros no site da Academia www. ahimtb.org.br. O combate de Monte Castello é abordado criticamente, ou militarmente, nos Apêndices 5-1 a 5-3, à luz dos Fundamentos da Arte e Ciência Militar que abordamos no capitulo 4 – Fundamentos para o estudo crítico da História Militar, em 28 páginas. História militar: crítica a ser realizada em especial por profissionais militares com o Curso de Estado-Maior, à luz de reconstituições de História Militar descritivas feitas com isenção, por profissionais de História, com o apoio de fontes históricas classificadas como fidedignas, autênticas e íntegras. E este exemplo nos foi […] Read More
VISCONDE DA PENHA (O) – CHEFE DO ESTADO-MAIOR DE CAXIAS NA GUERRA DO PARAGUAI (O) E HERDEIRO DE SUA INVICTA ESPADA (O)
O VISCONDE DA PENHA – O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DE CAXIAS NA GUERRA DO PARAGUAI E O HERDEIRO DE SUA INVICTA ESPADA Cláudio Moreira Bento, associado correspondente Sumário O Conceito de Caxias do Visconde da Penha – Visconde da Penha recebe por testamento de Caxias a sua invicta espada de 6 campanhas e suas armas e cavalo encilhado com os seus melhores arreios. – Visconde da Penha um herói esquecido. A criação do Centro de Doutrina do Exército em 10 de agosto de 2010 – Visconde da Penha patrono de cadeira especial na Academia de História Militar Terrestre do Brasil, como pioneiro em Comunicações em combate a serviço de Caxias. O Visconde da Penha e seu pai o Marques da Gávea – O Visconde da Penha e sua esposa a Viscondessa D. Maria da Penha e sua formação na bicentenária Academia Real Militar do Largo de São Francisco. – Condecorações por campanhas militares e títulos no Império. – Obras que produziu e foram divulgadas. – O Contra-Almirante (post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa o doador da espada de Caxias, em 1925, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. – Caminhos da invicta espada de Caxias depois de sua morte. O Marques da Gávea o Ajudante General do Exército de 1872 a 1888 Saudade e gratidão da Princesa Isabel ao Visconde da Penha e Senhora Síntese da carreira no Exército do Visconde da Penha 1841- 1842-1890 O Conceito de Caxias do Visconde da Penha O Marquês de Caxias, assim se referiu a este esquecido personagem o Marechal de Exército João de Souza Fonseca Costa e Visconde da Penha, conforme registramos em nosso livro Caxias e a Unidade Nacional (Porto Alegre: AHIMTB, 2003), ao tratarmos do Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército, e cópia fiel, em escala, da invicta espada de 6 campanhas do Patrono do Exército e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Visconde da Penha e Marechal de Exército João Manoel da Fonseca Costa que como Tenente foi Ajudante de Ordens de Caxias, na Guerra contra Oribe e Rosas, 1851-52, e como Coronel e Brigadeiro foi o Chefe do Estado Maior de Caxias na Guerra do Paraguai, 1866-1868, e para quem ele deixou em testamento a sua invicta espada de 6 campanhas que comandou, da qual o Espadim de Caxias, arma privativa dos Cadetes do Exército e cópia fiel em escala desta relíquia . Foto […] Read More
CONDE DE RESENDE, O FUNDADOR DO ENSINO MILITAR ACADÊMICO NAS AMÉRICAS E DO ENSINO SUPERIOR CIVIL NO BRASIL EM 1792 E O CRIADOR DA CIDADE E MUNICÍPIO DE RESENDE EM 1801
CONDE DE RESENDE, O FUNDADOR DO ENSINO MILITAR ACADÊMICO NAS AMÉRICAS E DO ENSINO SUPERIOR CIVIL NO BRASIL EM 1792 E O CRIADOR DA CIDADE E MUNICÍPIO DE RESENDE EM 1801 Cláudio Moreira Bento, associado correspondente Conde de Resende – o criador da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho em 1792, e do Município de Resende em 1801 Focalizaremos o 2° Conde de Resende, Tenente-General D. José Luiz de Castro, que foi o 13° Vice-Rei do Brasil (1790-1801). Autoridade máxima do Brasil, que deu foro de vila, em seu governo, a uma única povoação e por ele especialmente escolhida. Vila que, desde 1801, passou a denominar-se, em sua honra e homenagem, Resende, e seus filhos nela nascidos, ou de coração, de resendenses. No último caso, filho de coração, decorrência do cosmopolitismo de Resende, que possui as suas mais profundas raízes no povoamento por mineiros, fluminenses, paulistas e até gaúchos da primitiva povoação de N. S . da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, descoberta e fundada, em cerca de 1744, por bandeira partida das minas esgotadas da Alagoa da Airuoca, em Minas, sob a liderança do Tenente-Coronel do Regimento de Auxiliares de Mogi das Cruzes/ Jacareí, em São Paulo, Simão da Cunha Gago. Campo Alegre por ser a região de Resende e imediações, então, uma belíssima, ampla e fértil clareira predestinada à pecuária, assentada sobre planície terciária. Clareira ampla em planície incrustada na Mata Atlântica dominante ao seu redor, e que viria a ser devastada para ceder lugar ao ciclo do café no Brasil que teve início aqui em Resende. Terras hoje ocupadas pela pecuária. Quando o Conde de Resende assumiu como vice-rei, a atividade econômica no Campo Alegre se intensificara a partir da abertura do Caminho Novo, em 1778, ligando por terra o Rio a São Paulo (pela antiga Rio – São Paulo) e integrando Resende atual na economia nacional e rompendo, por via de conseqüência, o isolamento da mesma. O café havia surgido em Resende muito promissor. O esgotamento do ouro em Minas provocou uma migração mineira para a atividade pecuária no Campo Alegre. A movimentação do anil, do café, do açúcar, exigiu mulas para transportá-las, o que marcaria a presença de gaúchos tropeiros de mulas, circunstância que chegou ao ponto de Resende consumir 1.800 mulas ano, para movimentar a plantação de café, e escoá-la inicialmente para o Rio, por terra, e depois até Angra […] Read More
MAJOR ENFERMEIRA ELZA CANSANÇÃO MEDEIROS (1931-2009)
MAJOR ENFERMEIRA ELZA CANSANÇÃO MEDEIROS (1931-2009) Claudio Moreira Bento, associado correspondente Major Elza enfermeira veterana da FEB com suas condecorações Faleceu a Major Elza Cansanção Medeiros no Rio de Janeiro, sua cidade natal, em 8 de dezembro de 2009, aos 88 anos. Era uma patriota. Em recente entrevista a ANVFEB que ela ajudou a fundar assim se definiu: “Eu sempre fui uma patriota. Eu tenho de hereditariedade o patriotismo. E na minha família registro uma coincidência: de que de quatro em quatro gerações surge uma mulher guerreira.” Foram elas Muira Ubi, a seguir Jerônima de Almeida que combateu os holandeses. Depois veio a guerreira alagoana mãe do Visconde de Sinimbu, líder liberal amigo do General Osório que foi 1º Ministro do Império e titular de diversas pastas, exceto a da Marinha, e que presidiu o Rio Grande do Sul, ocasião em que nomeou como 1º professor régio do Município de Canguçu, criado em 1857, e minha terra natal, meu bisavô Antônio Joaquim Bento, creio com a ajuda do Tenente Coronel Manoel Luiz Osório de quem seria cabo eleitoral.em Canguçu. Elza nasceu em 21 de outubro de 1921, na Rua Santa Clara em Copacabana. Era filha do médico sanitarista alagoano Dr. Tadeu de Araújo Medeiros que foi amigo de Santos Dumont e auxiliar direto de Osvaldo Cruz no combate a Febre Amarela no Rio de Janeiro. Sua mãe foi Aristhea Cansanção. Aos dezenove anos Elza foi a primeira a se apresentar para lutar com a FEB na Itália. Em 1944 concluiu o Curso de Enfermeiras da Reserva do Exército, classificando-se em 1º lugar com grau 9,5, junto com mais duas colegas. E, segundo o acadêmico Tenente R/2 Israel Blagberg, ao recebê-la em nome da Academia de História Militar Terrestre do Brasil no CPOR/RJ, ”logo veio o treinamento na Fortaleza de São João, no HCE e na Policlínica, e o embarque por via aérea para o TO da Itália, onde as Enfermeiras da FEB se destacaram pelo carinho e profissionalismo com que souberam se desempenhar de suas funções, granjeando o respeito e admiração da tropa. Elas foram dignas de uma Ana Néri, que partiu em 1865 para a guerra do Paraguai com autorização especial do Imperador. 75 anos depois estas outras mulheres guerreiras reviveram em todo o esplendor e beleza aquela figura sublime, inspiradas ainda em Joana Angélica, Maria Quitéria, Rosa da Fonseca, Anita Garibaldi, Bárbara Heliodora, Sóror Angélica, e […] Read More
EUCLIDES DA CUNHA E O AMERICANISMO
EUCLIDES DA CUNHA E O AMERICANISMO Francisco de Vasconcellos Transcorre neste ano de 2009 o primeiro centenário do trágico desaparecimento de Euclides da Cunha. Seu assassino cometeu duplo homicídio: primeiro porque tirou a vida a um homem; segundo porque roubou ao Brasil e ao mundo um desses gênios que nascem somente em séculos alternados e que ainda teria muito a contribuir para o enriquecimento da cultura universal. Faz cem anos também o aparecimento da primeira edição da obra póstuma de Euclides da Cunha intitulada “À Margem da História”, que veio a lume cerca de dois meses depois de sua morte. Tinha muitos erros pois não contou com a revisão do autor. Recentemente saiu uma nova edição da Martin Claret com o texto integral e notas de incontestável valor. É justamente neste livro que manifesta-se grande parte do pensamento americanista de Euclides da Cunha baseado simplesmente naquilo que ele conhecia do Brasil e da América espanhola. Não quis fazer doutrina, mas suas observações de ordem prática e objetiva são de tamanha profundidade que merecem demorada reflexão. Numa época em que não havia computador, aerofotogrametria, gps e outros avanços tecnológicos, impressiona o leitor, por exemplo, a visão euclidiana da Amazônia, fosse do ponto de vista físico, fosse do humano, fosse ainda no que concerne ao tema geopolítico. E, se o conteúdo de seus discursos tem a marca de sua genialidade, a forma é lapidar, valorizada por um vocabulário escolhido, cheio de sonoridades e de vibrações telúricas, onde não há despropósitos nem exageros. Embora com os olhos direcionados para as vertentes andinas do Pacífico, Euclides da Cunha nas abordagens ao alcance desta comunicação ocupou-se fundamentalmente da Amazônia e da bacia do Prata. Vamos por partes. O Meio e o Homem Amazônicos do Ponto de Vista Euclidiano Em frases curtas, precisas, cirúrgicas, Euclides expõe os seus conceitos. Ele é o mago dos enunciados concisos mas de cunho enciclopédico. À pág. 18 da obra em estudo Euclides da Cunha, referindo-se à Amazônia, diz que, quando de sua conquista pelo homem branco, não se sabia se aquilo “era uma bacia fluvial ou um mar profusamente retalhado de estreitos”. E ele afirma: “O homem ali é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido – quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão”. Daí se conclui que a chegada do homem à Amazônia foi prematura e tudo o que […] Read More
CENTENÁRIO DA FÁBRICA GETÚLIO VARGAS EM PIQUETE-SP (O)
O CENTENÁRIO DA FÁBRICA GETÚLIO VARGAS EM PIQUETE-SP Cláudio Moreira Bento, associado correspondente A Fábrica Getúlio Vargas foi inaugurada em 15 de março de 1909, no então recém criado município de Piquete-SP. A idéia de sua construção foi iniciativa do Ministro da Guerra (1898-1902) Marechal João Nepomuceno Medeiros Mallet, filho do Marechal Emílio Luís Mallet, patrono da Artilharia do Exército. Anteriormente, em 1898, o Ministro havia criado o Estado-Maior do Exército junto com a então Fábrica de Pólvora e Explosivos de Piquete, a primeira de pólvora sem fumaça na América do Sul constituindo-se, ambos, pontos de inflexão para a Reforma Militar do Exército (1898-1945). Tal reforma elevou os baixos índices operacionais do Exército de 1874-1887, aos elevados índices comprovados pela Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra Mundial nos campos da Itália, onde ela fez muito boa figura, ao lutar contra ou em aliança com frações dos melhores exércitos do mundo presentes na Europa. O nome da Fábrica foi mudado, mais tarde, para Fábrica de Piquete e, em 8 de dezembro de 1942, para Fábrica Getúlio Vargas. Um dos valorosos chefes da construção da fábrica de pólvora de base dupla foi o Coronel Luiz Sá Affonseca que, como general, chefiou a construção da AMAN (vide do autor: Os 60 anos da AMAN em Resende. Resende: Gráfica do Patronato, 2004). O próprio Presidente Getúlio Vargas visitou a Fábrica em outubro de 1942, na ocasião em que ocorriam as manobras do Exército no Vale do Rio Paraíba. A construção da fábrica teve início em julho de 1905, no governo do Presidente Rodrigues Alves, por determinação de seu Ministro da Guerra, Marechal Francisco Paulo Argolo (1896 e 1902/6) e foi conduzida pela equipe do Tenente-Coronel Augusto Maria Sisson. O local definido para a fábrica atendia a critérios topográficos, estratégicos e geopolíticos, principalmente por situar-se entre os dois maiores centros industriais brasileiros, Rio de Janeiro e São Paulo. Por questões de ordem técnica, o local inicialmente escolhido foi substituído pela região das fazendas Estrela do Norte, Limeira e Sertão. A construção da Fábrica Getúlio Vargas levou três anos e atendia ao objetivo de melhor assegurar a soberania e a integridade do Brasil, cujas forças armadas dependiam da importação de munições e explosivos. Cabe ressaltar que em 1908 ocorreu a Grande Reforma do Exército, levada a efeito pelo Marechal Hermes da Fonseca, e marcada pela criação de Brigadas Estratégicas. A reforma importou fuzis Mauser, […] Read More
ABREU E LIMA, O BRASILEIRO QUE FOI GENERAL DE SIMON BOLÍVAR – TRAÇOS DE SEU PERFIL
ABREU E LIMA, O BRASILEIRO QUE FOI GENERAL DE SIMON BOLÍVAR – TRAÇOS DE SEU PERFIL MILITAR Cláudio Moreira Bento, associado correspondente O presente artigo focaliza a vida e obra do brasileiro Inácio Abreu e Lima, general de Simon Bolívar, filho de Pernambuco que, depois de concluir seu curso de cinco anos na Academia Real Militar (1812-16) no Largo de São Francisco no Rio de Janeiro, envolveu-se como Capitão do Regimento de Artilharia em Recife na Revolução Pernambucana de 1817, junto com seu pai, Padre Roma, que foi executado na sua frente em Salvador. Obrigado pelas circunstâncias, deixou o Brasil e se apresentou a serviço da Independência da Grã Colômbia (Panamá, Colômbia, Venezuela e Equador), onde se destacou como Chefe de Estado-Maior de diversos líderes ente os quais Simon Bolívar, sendo o único a possuir um curso numa Academia Militar, e tendo retornado ao Recife em 1831, onde teve destacada atuação política e jornalística. SUMÁRIO Significação histórica do General Abreu e Lima na Venezuela A falsa imagem de Abreu e Lima, uma interpretação A real imagem de Abreu e Lima A falsa visão ultrapragmática de Abreu e Lima Traços do perfil militar de Abreu e Lima Soldado do Regimento de Artilharia de Pernambuco Matrícula na Academia Real Militar em 1812 No 1º Ano Matemático da Academia Real Militar – matérias No 2º Ano Matemático – matérias No 3º Ano Matemático – matérias No 1º Ano Militar – matérias No 4º Ano Matemático da Academia Real Militar – matérias Comparação da formação de Caxias e de Abreu e Lima Indefinições no itinerário de Abreu e Lima, 1816-17 O martírio do Padre Roma segundo seu filho Abreu e Lima Capitão Abreu e Lima a serviço da Grã-Colômbia A primeira missão de Abreu e Lima na Grã-Colômbia Atuação na conquista da ponte de Boyacá Abreu e Lima, herói de Porto Cabello Prenúncio de Guerra Civil na Grã-Colômbia A Guerra Civil na Grã-Colômbia Comandante da Brigada Pacificadora do Rio Hacha Fé de Oficio do general brasileiro de Bolívar Retorno de Abreu e Lima ao Brasil A opinião de Abreu e Lima sobre a Guerra do Paraguai Uma explicação para a duração prolongada da Guerra do Paraguai Conclusão General José Ignácio Abreu e Lima (1774-1869) (Foto IHGB Lata 48, nº1) Significação Histórica de Abreu e Lima na Venezuela O historiador Vamireth Chacon na obra – Abreu e Lima – General de Bolívar. Rio de […] Read More
GARIBALDI O HERÓI DE DOIS MUNDOS E O HOME
GARIBALDI O HERÓI DE DOIS MUNDOS E O HOMEM DE AÇÃO DE SEU SÉCULO NA REVOLUÇÃO FARROUPILHA. Cláudio Moreira Bento, associado correspondente Nasceu Giuseppe Garibaldi em Nizza, Itália, em 14/jul./1807, segundo filho do casal Domenico e Rosa Garibaldi há 200 anos. Cedo se iniciou no mar e revelou grande espírito aventureiro, ao ser preso com outros meninos, já na altura de Mônaco, em expedição marítima realizada à revelia dos pais. Aos 15 anos era marinheiro e fez a sua primeira viagem de San Remo a Odessa. Ao passar por Roma tomou conhecimento da realidade de uma Itália dividida e dominada pelos austríacos e passou então, a viver os problemas da pátria através de intensa leitura. Em 1830, aos 23 anos aderiu à sociedade secreta, “A Jovem Itália” de Mazzini, cujo programa era a Unidade e República italianas, tendo por divisa, Deus e Povo, Pensamento e Ação. Ao ser apresentado a Mazzini, tornou-se carbonário, com o codinome Borel. Fracassando a revolução de Mazzini, fugiu da Itália e atingiu Marselha na França, onde soube haver sido condenado à morte. Por algum tempo prestou serviços ao Bey de Tunis. Depois retornou à Marselha para embarcar para o Brasil, o que fez a bordo do “Nautonnier”. Ao transpor a barra do Rio de Janeiro ficou deslumbrado com a beleza natural do Rio de Janeiro, lamentando não ser poeta para descrevê-la. No Rio, entrou em contato com os carbonários , Rosseti, Carníglia, Cuneo, Torrizano e Castellini. E decidiu comprar um barco que batizou de “Mazzini”. No Rio, quando em atividades comerciais, soube estar preso na Fortaleza de Santa Cruz, o carbonário Conde Tito Lívio Zambecari, feito prisioneiro com Bento Gonçalves na Ilha da Fanfa, no Rio Jacuí. Em decorrência da visita a Tito Lívio, aderiu à Revolução Farroupilha. Armou secretamente a “Mazzini” para realizar o corso no Sul. Ao transporem a Fortaleza de Santa Cruz e terem acenado para o Tito Lívio, mudaram o nome do barco Mazzini para “Farroupilha”. E nele hastearam pela vez primeira, no mar, o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense. Depois de deixarem o Rio, aprisionaram a “Luiza” e o levam para o sul com os escravos apresados. Em Maldonado, no Uruguai, o barco quase naufragou em virtude do mau funcionamento de sua bússola, afetada pelo metal de fuzis colocados próximo. Na Barranca San Gregório, foram surpreendidos por um barco uruguaio hostil, sendo Garibaldi gravemente ferido, entre o pescoço e […] Read More