ORIGEM E DENOMINAÇÃO MORIN Guilherme Eppinghaus Quanto a origem da denominação MORIN ao bairro da zona sul da cidade de Petrópolis é possível afirmar sem receio de errar, que ela tem procedência no sobrenome do Major da Guarda Nacional da corte e cidade do Rio de Janeiro, Antônio João Morin, que, ainda no tempo de Koeler, adquiriu 5 prazos com frente na estrada que atravessava o Quarteirão, conhecida a seguir como Caminho do Morin. Quanto aos números dados aos prazos em apreço, têm eles os seguintes: 2626, 2627, 2628, 2629 e 2631 com área total de 2.365,00 braças quadradas, o que corresponde a 11.446,60m². Quanto à finalidade principal da compra, ao que tudo indica, pretendia ter uma propriedade de recreio, com a compensação das despesas de custeio imprescindíveis a esse fim. Vejamos, em resumo, os dados, que constam nas páginas 155 e 156, publicados no Volume I dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis, em 1938. O Major Antônio João Morin instalou em terras do Palatinato Superior, uma fazendinha provida principalmente de árvores frutíferas, dispondo também de pastagens que alugava, recebendo animais a trato. A estrada que atravessava o quarteirão foi se tornando conhecida como o caminho do MORIN. O nome ampliou-se, dominou o bairro e quase estendeu-se ao rio, cujo nome é Palatino que até hoje conserva. Na publicação intitulada “Toponímia Urbana de Petrópolis”, exaustiva e muito útil trabalho do historiador Gabriel Kopke Fróes e seu dedicado e eficiente colaborador Tito Livio de Castro, verifica-se que a Prefeitura Municipal em 1922, denominou Avenida General Marciano Magalhães a artéria que corta o bairro. Esta via de comunicação tem hoje muitas ramificações, entre elas ruas, vilas e caminhos, como a Almirante Aristides Mascarenhas, e Augusto Severo, a Coronel Batista da Silva, a Dr. Públio de Oliveira, a Pedro Ivo, a Bezerra de Menezes, a Cristina, a Dr. Sérvulo Lima, a Gabriel José de Barros, a Prof. Eugênio Werneck e na parte alta, a Lugano, a Locarno, a St. Moritz, a Lucerne e a Neuchatel. Por uma publicação de 28-11-1884, o Major Morin fez questão de frisar que adquiriu a propriedade por compra a foreiros, não a recebendo portanto a qualquer outro título. Quanto a sua existência, nasceu em 2-12-1794 e faleceu em 14-02-1886; viveu assim 92 anos. Seus herdeiros, em 1891, venderam os 5 prazos; os adquirentes foram: Cipriano de Souza Freitas, Manoel da Costa Franco, Luiz de Freitas […] Read More
EM DEFESA DE PETRÓPOLIS
EM DEFESA DE PETRÓPOLIS Guilherme Pedro Eppinghaus A fim de simplificar o desenvolvimento do tema proposto e atingir a finalidade do estudo em pauta, orientarei a redação de acordo com o seguinte roteiro: 1. – preservação do que pode e deve ser mantido; 2. – correção do que for conveniente, na medida do possível, em molde econômico; 3. – evolução em todos os setores. 1 – PRESERVAÇÃO Neste ítem, o estudo compreende a manutenção de tudo o que existe de bom. De nada vale ter e não manter. Devemos preservar as ruínas dentro dos limites de garantia e tendo em vista a integridade das peças em questão. Na figura do termo ruína, Petrópolis pouco tem a enquadrar. Com respeito à natureza já se dá o contrário. Muito há a preservar. E para preservar é indispensável lutar corajosamente. A ecologia, que abrange inúmeros fatores de influência, oferece as maiores dificuldades. Algumas invencíveis, que são consequência de intempéries que fogem ao controle dos homens. Outras, resultam das alterações havidas na formação do revestimento superficial do terreno. Nestas, têm importância primordial o desflorestamento e o movimento de terra. A derrubada de árvores provoca a erosão, destruindo assim a capa de terra vegetal que as alimenta, riqueza que constitui sua existência. Com a erosão surge o assoreamento, cuja sedimentação promove obstruções nos vales, que perdendo o seu normal escoamento causam as enchentes. Quanto ao movimento de terra, além dos mesmos fenômenos causados pelo desmatamento e por eles agravados, inicia um regime de escoamento que prejudica a natural disseminação da água nascente ou pluvial. Importante ainda no que diz respeito à preservação é o aspecto paisagístico. Não é necessário referir o quanto representa como atração turística, todos o sabem porque todos o sentem. A natureza nos proporciona uma fonte de beleza, uma tranquilidade contagiante que nos é essencial. Não só uma observação da paisagem pelo simples usufruto do belo, mas uma possibilidade de se aliviar a tensão, resultante do trabalho exaustivo e agitação constante a que somos submetidos. De muita valia é a preservação de obras públicas e particulares, não só pelo valor histórico e paisagístico, mas pela utilidade que proporciona a quantos são beneficiados. A preservação e conservação de logradouros, monumentos e edificações são de grande importância pelo seu valor histórico, adequação da denominação, forma e estilo, servem como instrumentos de fixação e instrução. 2 – CORREÇÃO A correção das distorções que […] Read More
PLANO KOELER (O)
O PLANO DE KOELER Guilherme Pedro Eppinghaus A escolha do tema foi imposta pela dúvida levantada sobre o alvorecer da história de Petrópolis. Se, por vezes, escritores tratam com benevolência figuras e fatos da história, fugindo assim à realidade, outros há que aplicam a malevolência, praticando um mal por vezes irreparável. A história de Petrópolis sofreu, lamentavelmente, os efeitos da malignidade, a que interesses inconfessáveis davam campo e medraram os males como cresce a erva daninha. A própria chegada dos colonos foi manchada por correspondência atribuída ao Pastor Stroele e publicada. Nela não foram poupadas as autoridades brasileiras, nem houve moderação ao descrever inverdades que atingiram Koeler, os colonos e suas famílias. O plano de Koeler foi também criticado, houve referências a planos anteriores que fracassaram, não houve restrições na aplicação da maldade e inúmeras inverdades foram inventadas. É indispensável que sejam expurgados os erros, inclusive os consequentes de comentários referentes a esta ou aquela imprevisão, feitos apressadamente. Só a análise tranquila coloca tudo nos devidos lugares, e é o que neste conjunto de apreciações será tentado, com as deficiências e falta de autoridade que o culto e distinto auditório suprirá, com a benevolência que o caracteriza. Falar sobre a data que hoje comemoramos seria repetir o que muitos ilustres historiadores já descreveram, como resultante de suas pesquisas e dos conhecimentos legados também através das recordações dos velhos colonos e seus descendentes. Entretanto, dentro dos limites razoáveis, é bom referir que, depois das acidentadas travessias dos imigrantes, tem início o trabalho concreto das realizações. Como muito bem escreveu Alcindo Sodré, no capítulo “Quando Petrópolis amanhecia”, publicado em 1950 na Revista do Instituto Histórico de Petrópolis: “Petrópolis nasceu com a construção do Palácio Imperial”. O Major Koeler concebera o plano que serviria de orientação à formação e desenvolvimento da cidade que hoje conhecemos como original entre os demais. Ao examinar as realizações que obedeceram o projeto, os documentos que regularam o crescimento com as condições de uso e a legislação geral então vigente, conclui-se que o plano previa, com antevisão de mais de um século, a dilatação horizontal da cidade, expandindo-se pelo vale do rio Piabanha e seus afluentes para montante e, em futuro para ele ainda remoto, para jusante do maior rio que banha o Município. É de admitir-se é, aliás, certo que, não fora o acidente ocorrido em 1847 que teve como conseqüência a morte de […] Read More