BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O IMPERADOR D. PEDRO II A ligação entre o Imperador D. Pedro II e Petrópolis foi tão significativa, que o historiador Alcindo Sodré assim se pronunciou a respeito da mesma: “para dizer-se alguma coisa sobre o último Imperador do Brasil é indispensável falar-se de Petrópolis” (1). (1) SODRÉ, Alcindo de Azevedo. D. Pedro II em Petrópolis. In: Anuário do Museu Imperial. Petrópolis, 1940. De fato, Petrópolis nasceu da magnanimidade, do carinho do Imperador, que a viu crescer e assistiu a sua evolução. Além disso foi dignificada, ao abrigar os seus despojos, sob a cúpula do templo que a sua magnificência também idealizou, a Catedral de São Pedro de Alcântara. Homem de ampla cultura universal, cuja vastidão de conhecimentos chegou a impressionar os intelectuais que lhe foram contemporâneos. Grande estadista, inteiramente consagrado ao serviço do Estado, D. Pedro II buscava em Petrópolis, a tranqüilidade e a plenitude da serra, o refúgio para se recuperar do desgaste de suas elevadas funções e se entregar aos estudos, à leitura, enfim, aos trabalhos intelectuais de sua preferência. Isto fica patente nas inúmeras cartas que escreveu a Gobineau, ao referir-se à nossa cidade: “Aqui passeio a pé todas as manhãs”; “A vida de Petrópolis agrada-me muito…”; “Aqui trabalho melhor que no Rio, apesar dos dois passeios que faço todos os dias”; “Devo ir em dezembro a Petrópolis e lá ser-me-á permitido entregar-me um pouco mais às ocupações do espírito…” (2). (2) Carta a Gobineau, 7 de fevereiro de 1881. Cf. Lacombe, Lourenço Luiz. In: D. Pedro II em Petrópolis. Edição do Museu das Armas Ferreira da Cunha, Petrópolis, 1954. Sabemos que com o Palácio Imperial ainda em construção, D. Pedro II já freqüentava com sua família a então povoação de Petrópolis, hospedando-se na Fazenda do Córrego Seco, então arrendada ao Major Júlio Frederico Koeler. O velho casarão da fazenda teria sido reformado por Koeler, ou então demolido por ele, dando lugar a um novo prédio. Neste sentido, o professor Lourenço Luiz Lacombe, apoiando-se no Decreto nº 187, de 15 de março de 1849, pelo qual D. Pedro II cedeu à viúva de Koeler “o domínio de sua casa situada no prazo nº 82, em Petrópolis, sem reposição alguma do valor da antiga casa de vivenda que ali existiu” (3), concluiu que os termos deste decreto tornam […] Read More
GRANDE MESTRE DA MÚSICA BRASILEIRA (UM)
UM GRANDE MESTRE DA MÚSICA BRASILEIRA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O padre José Maurício Nunes Garcia, um dos grandes nomes da música brasileira, nasceu no Rio de Janeiro, a 22 de setembro de 1767, sendo seus pais Apolinário Nunes Garcia e D. Victória Maria do Carmo. Órfão de pai aos seis anos de idade, José Maurício foi educado pela mãe, filha de uma escrava, a qual envidou todos os esforços no sentido de proporcionar-lhe esmerada educação. Possuindo uma voz muito afinada, desde muito cedo manifestou grande vocação para a música, tocando de ouvido viola e violão, tomando aulas de música com o mestre Salvador José, o qual, por sua vez, fora aluno do renomado padre jesuíta Manuel da Silva Rosa, autor de notáveis composições. Os progressos musicais de José Maurício foram de tal ordem que, ainda muito jovem, tocava vários instrumentos de corda e sopro, em bandas de música e orquestras, cantando modinhas, acompanhadas por cravo, piano ou violão. A par de sua formação musical, possuía José Maurício sólida formação humanística, tendo freqüentado por três anos seguidos a aula pública de latim, língua que chegou a conhecer a fundo, bem como a aula pública de filosofia racional e moral, disciplina que chegou a lecionar mais tarde com grande brilhantismo. Por volta de 1790, resolveu abraçar a carreira eclesiástica, ordenando-se sacerdote aos vinte e cinco anos de idade. A partir de 1792, começou a reunir uma preciosa coleção de músicas e óperas, organizando uma verdadeira biblioteca, ao mesmo tempo em que abriu um curso de música em sua residência. Seu talento musical era de tal ordem que o Visconde de Taunay, um de seus mais sinceros admiradores, procurou interessar como deputado os poderes públicos na obra de José Maurício; no sentido de divulgação da mesma, a ele se referiu do seguinte modo: “Mestre abalizado em canto-chão, conhecendo todos os segredos do ritual gregoriano, arroubado entusiasta das imensas belezas que ele encerra, como inexcedível expressão da fé e unção religiosa, na contínua e absorvente meditação dos modelos que estudava e interpretava, assentava as seguras bases do mais sólido saber musical” (1). (1) TAUNAY, Visconde de. Uma Grande Glória Brasileira. José Maurício Nunes Garcia. São Paulo, Companhia Melhoramentos, 1930, p. 69. Sua formação musical e humanística e suas qualidades como orador contribuíram sobremaneira para que ele, com apenas trinta anos de idade, […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – HEITOR DA SILVA COSTA
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette HEITOR DA SILVA COSTA Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 25 de julho de 1873, sendo seus pais o Jurisconsulto e Conselheiro do Império, Dr. José da Silva Costa e D. Elisa Guimarães da Silva Costa. O Conselheiro José da Silva Costa, pai de Heitor da Silva Costa, um devotado amigo de Petrópolis, conforme depoimento do pesquisador Antônio Machado: “Petrópolis deve à memória do Conselheiro Silva Costa um preito de reconhecimento pelo amor que votava e predileção que tinha pela cidade que viu formar-se: regozijava-se em vê-la prosperar, testemunha que fora de seu progresso por nela residir uma boa parte do ano, desde 1868, e onde terminou seus dias, em 1923, cercado de geral estima e veneração” (1). (1) MACHADO, Antônio. Centenário de Petrópolis. Trabalhos em Comissão. Prefeitura Municipal de Petrópolis, 1938, vol. I, p. 314. Fez seus estudos iniciais no Colégio Abílio (1881-1886) e, posteriormente, no Colégio São Pedro de Alcântara (1886-1889), no Rio de Janeiro. Após ter completado o Curso de Humanidades, matriculou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, concluindo o curso de Engenharia Civil, em 1897. No ano seguinte completou o curso de Engenharia Industrial. Foi casado com D. Maria Georgina Leitão da Cunha da Silva Costa, com quem teve três filhos: Maria Elisa, Paulo César e Carlos Cláudio. Era presença obrigatória em Petrópolis, quer hospedando-se na residência de seu irmão Otávio da Silva Costa, Superintendente da Fazenda Imperial, quer residindo no apartamento que possuiu no Edifício Normando. Em agosto de 1914, ingressou como professor na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, lecionando Trabalhos Gráficos de Construção e Hidráulica, a convite do professor Dr. Nerval de Gouvêa, então diretor da Escola. Foi também professor de religião na Escola Paulo de Frontin. Trabalhador incansável construiu o renomado engenheiro numerosos edifícios no Rio de Janeiro e no interior do país, dedicando-se particularmente à arte sacra, igrejas e monumentos religiosos oficiais. Foram suas principais obras: monumento fúnebre ao barão do Rio Branco; monumento ao Imperador D. Pedro II, na Quinta da Boa Vista; monumento a Pasteur, na avenida do mesmo nome; os monumentos ao Cristo Redentor nas cidades de São João Del Rei e no alto do Corcovado no Rio de Janeiro; prédio do Colégio Sion em Campanha; projeto de uma fachada para o Jornal do Comércio no […] Read More
JUBILEU SACERDOTAL DO PADRE PAULO F. MACHADO
JUBILEU SACERDOTAL DO PADRE PAULO F. MACHADO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette No dia 11 de dezembro, comemorou-se o Jubileu de Prata Sacerdotal do Pe. Paulo Francisco Machado, sem dúvida, uma das mais expressivas figuras do clero petropolitano. Na oportunidade, foi celebrada Missa em Ação de Graças na quadra do Colégio Padre Correia, em Correias, com a presença do Bispo Diocesano, Dom José Carlos de Lima Vaz. Nasceu na Paróquia de Santo Aleixo, Magé, Estado do Rio de Janeiro, em 13 de outubro de 1952, sendo seus pais Antônio Machado e Judith Bastos Machado. Com apenas dez anos de idade, ingressou no Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Correias, em 23 de fevereiro de 1963, sendo recebido pelo então reitor padre José Fernandes Veloso e pelo então diretor espiritual padre Paulo Daher. No seminário concluiu todo o curso eclesiástico, ordenando-se sacerdote em 11 de dezembro de 1977, na Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, por celebração de sua Excelência Reverendíssima Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, bispo diocesano. Dedicando-se aos estudos com devotamento e eficiência, cursou Teologia no Mosteiro de São Bento e bacharelou-se em Filosofia pela Universidade Católica de Petrópolis, revelando uma inteligência abrangente, sedimentada e ampliada por rigorosa disciplina intelectual. Dando continuidade à sua formação acadêmica, em l984 matriculou-se no Mestrado em Teologia Dogmática, na Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma, concluindo-o em 1986. Possuindo forte inclinação para o magistério, quando ainda aluno do Seminário, monitorava os renomados mestres do mesmo, lecionando Geografia, História e Religião. Já ordenado foi convidado a lecionar Filosofia e Teologia no Seminário a partir de 1978 e 1988, respectivamente, fazendo-o com emoção e conhecimento, até os dias de hoje. Em 1998, em razão de suas qualidades pessoais e da confiança que sempre mereceu como pessoa, foi feito Reitor do Seminário. Convidado a integrar o corpo docente do Instituto de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Católica de Petrópolis, vem lecionando com conhecimento e notável capacidade didática, a disciplina Ciências Morais e Religiosas, desde 1982. Em nossa Universidade, desempenhou ainda a função de Vice-Diretor do Instituto mencionado, por três mandatos consecutivos, de 1990 a 1999. Não menos importante tem sido suas atividades pastorais. Foi Administrador da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e Santo Aleixo por seis meses; Administrador da Paróquia de Nossa Senhora das Dores (Areal) e São […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – O VISCONDE DE TAUNAY
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O VISCONDE DE TAUNAY Alfredo Maria Adriano D’Escragnole Taunay, militar, político, literato e musicista, nasceu no Rio de Janeiro, a 22 de fevereiro de 1843, sendo filho do Barão Felix Emílio Taunay e de D. Gabriela Hermínia de Robert d’Escragnole. Felix Emílio Taunay, um dos preceptores do Imperador D. Pedro II, humanista de elevada cultura, renomado pintor, proporcionou ao filho esmerada educação, ele próprio supervisionando a educação do filho. Aos doze anos matriculou-se Alfredo d’Escragnole Taunay no Imperial Colégio Pedro II, onde concluiu o bacharelado em ciências e letras, em 24 de dezembro de 1858, em cerimônia que contou com a presença do Imperador e da Imperatriz, que ele recorda com emoção em suas Memórias ao dizer: “Ao chegar defronte do Imperador e da Imperatriz deles recebi olhar tão bom, tão suave, tão enternecedor, tão de família a partilhar a alegria de um filho, que nesse dia medi a verdadeira afeição que ambos dedicavam ao bom, leal e discreto amigo Felix Emílio Taunay” (1). (1) TAUNAY, Visconde de. Memórias do Visconde de Taunay. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército – Editora, 1946, p. 60. Em 1859, ingressou na Escola Militar que, na reforma havida anteriormente passou a chamar-se Escola Central, no curso de Ciências Físicas e Matemáticas. Estava concluindo o penúltimo ano do curso quando irrompeu a Guerra do Paraguai, sendo então incorporado ao Corpo do Exército, que se formara para expulsar os paraguaios do sul de Mato Grosso, servindo na Artilharia e no Estado Maior, onde alcançou o posto de major. Durante a guerra desempenhou as funções de ajudante da Comissão de Engenheiros, secretário do Comando, sendo ainda responsável pela redação do Diário do Exército. Pelos relevantes serviços prestados ao Exército durante a guerra, foi condecorado com as medalhas das Forças Expedicionárias em Mato Grosso, Constância e Valor e da Campanha do Paraguai. Foi ainda agraciado com a Ordem da Rosa, a Ordem de São Bento, a Ordem de Aviz e a Ordem de Cristo. Retornando ao Brasil, após o término da Guerra do Paraguai, pôde concluir seu curso, sendo em seguida nomeado professor interino da Escola Militar, onde lecionou por vários anos, as cadeiras de mineralogia e geologia. Em 1872, a Retirada da Laguna, sem dúvida, sua maior obra histórica, escrita segundo seu próprio depoimento em “vinte e poucos […] Read More
COLÉGIO ESTADUAL RUI BARBOSA (O)
O COLÉGIO ESTADUAL RUY BARBOSA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O Grupo Escolar Ruy Barbosa, inaugurado em 26 de setembro de 1950, foi uma realização da administração do Governador Edmundo Macedo Soares e Silva. Construído numa área de 6.848 m2, adquirida pelo Governo do Estado pela quantia de Cr$ 1.090.000,00, foi projetado pelos arquitetos Ibsen Rocha Villaça e Francisco Rocha Villaça, obedecendo aos mais rigorosos preceitos técnicos de conforto e higiene. A execução da arrojada obra custou aos cofres do Estado a considerável soma de Cr$ 5.200.000,00. A solenidade de inauguração, presidida pelo próprio governador contou com a presença das seguintes autoridades: Mons. Gentil Costa, vigário geral da Diocese; Bento Soares de Almeida, Secretário de Viação e Obras Públicas; Leonel Homem da Costa, Secretário de Educação e Cultura; Dr. Álvaro de Oliveira, Secretário de Segurança; deputado Prado Kelly; vereador Nazareth Braga Peixoto e professora Hildegonda Silva Barcellos. Esta última, renomada educadora, esposa do ilustre advogado e político Dr. Eugênio Lopes Barcellos, por seu zelo e competência foi escolhida pelo governador para ser a primeira diretora do Grupo Escolar então inaugurado. Anteriormente, assinara, Sua Excelência o governador do Estado, um Decreto, datado de 25 de setembro de 1950, com o seguinte teor: “Considerando que o Brasil teve em Ruy Barbosa um de seus filhos mais gloriosos, pela inteligência e pela cultura, postas a serviço da causa pública; Considerando que o nome do saudoso lidador do Direito é um símbolo do aprimoramento intelectual, exemplo para todos quantos se empenham na obra da educação do povo; Considerando que Ruy Barbosa terminou seus dias no seio da terra fluminense, na cidade de Petrópolis, onde cumpre integrar à sua memória a legenda de inspiração e estímulo das novas gerações, decreta: (1) Tribuna de Petrópolis, 27 de setembro de 1950, p. 1 Art. 1º – É dada a denominação Ruy Barbosa ao novo Grupo Escolar a ser inaugurado no “Alto da Serra”, no Município de Petrópolis. Art. 2º – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário” (1). Criada pelo Decreto nº 03776, de 25 de setembro de 1950, a Escola Estadual Ruy Barbosa que ministrava inicialmente o ensino de 1ª a 4ª série, não tardaria a iniciar outros cursos. Assim, a 18 de maio de 1956, começou a funcionar o Ensino Supletivo (Dec. 5329, de 14 de julho […] Read More
OITENTA ANOS DA INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR D. PEDRO II
OITENTA ANOS DA INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR D. PEDRO II Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette No próximo dia 26 de novembro, transcorrem oitenta anos da inauguração do histórico prédio do Grupo Escolar D. Pedro II em nossa cidade. Trata-se de uma tradicional e modelar instituição de ensino que, desde 1911, vem prestando inestimáveis serviços à causa da educação em Petrópolis. Fundado naquele ano, funcionou inicialmente no Quarteirão Renânia, numa casa da rua 14 de julho, hoje Washington Luiz, em instalações bastante precárias, fato que levou sua primeira diretora, a Profa. Angélica Lopes de Castro a reivindicar uma nova sede para o Grupo, por ocasião da visita do chefe do executivo fluminense, Dr. Raul de Morais Veiga, acompanhado do Diretor de Ensino, Dr. Guilherme Catambry. O presidente do Estado escreveu uma carta à Princesa Isabel, solicitando a doação de um terreno à avenida 15 de Novembro, hoje rua do Imperador, com a finalidade de ali construir um prédio que estivesse à altura do Grupo Escolar em pleno desenvolvimento. A ocasião não podia ser mais favorável, pois o presidente Epitácio Pessoa revogara a lei de banimento da família imperial, a 3 de setembro de 1921, pelo Decreto nº 4.120, tratava-se da transladação dos restos mortais do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Teresa Cristina para o Brasil e iniciavam-se os preparativos para comemorar o centenário de nossa Independência. Segundo nos informa D. Hercília Segadas Viana, “na Renânia, entre o açude e as Duas Pontes defrontavam-se duas escolas, a mista no antigo 34-A, dirigida por D. Angélica Lopes de Castro e a feminina dirigida pela professora efetiva Dolores Lopes de Castro, quando o Diretor de Instrução, Prof. Clodomiro Rodrigues de Vasconcelos, resolveu complementar com mais três séries, as três séries já existentes, de modo a permitir que os alunos se preparassem para enfrentar os exames parcelados ou entrada na Escola Normal” (1). (1) SEGADAS VIANA, Hercília C. Assim nasceu o Grupo Escolar D. Pedro II na Rhenania. In: Jornal de Petrópolis de 16 de setembro de 1969, p. 6. Em conseqüência, Petrópolis ganhou uma escola complementar, que resultou da fusão das duas escolas e que foi denominada Grupo Escolar D. Pedro II, isto em 1911. Em 1920, a Fazenda Imperial resolveu lotear toda uma extensa área pertencente ao Palácio Imperial e abrir a avenida D. Pedro I, lembrando-se a Princesa Isabel […] Read More
ARTHUR CÉSAR FERREIRA REIS (PROF.) – IN MEMORIAM
ARTHUR CÉSAR FERREIRA REIS (PROF.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Esta semana fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento do professor Arthur César Ferreira Reis, um dos mais expressivos valores da intelectualidade brasileira. Nascido em Manaus, em 8 de janeiro de 1906, o professor Arthur César diplomou-se em Direito, pela Faculdade de Direito da antiga Universidade do Rio de Janeiro e devotou toda a sua existência ao serviço público federal, às atividades culturais e ao magistério. No serviço público foi superintendente da SPVEA, diretor de Expansão Econômica do Ministério do Trabalho, diretor do Departamento Nacional da Indústria, diretor do Departamento Estadual do Trabalho, de São Paulo, e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas, da Amazônia, funções que desempenhou com grande devotamento e competência. Em 1964 integrou a delegação brasileira que participou, em Genebra, da Conferência Internacional de Comércio e Desenvolvimento, à qual compareceram representantes de 119 países. A extraordinária competência adquirida no serviço público, aliada aos conhecimentos que possuía acerca dos problemas e necessidades de sua terra natal, contribuíram, sem dúvida, para que em 1964, mesmo não tendo qualquer filiação político-partidária, fosse eleito para o cargo de governador do Amazonas, em substituição ao sr. Plínio Coelho, cujo mandato fora cassado. O professor Arthur César foi sobretudo um estudioso da História, tendo deixado um considerável acervo de livros, especialmente concernentes à Amazônia e à história pátria. Entre eles destacamos “A Amazônia e a Integridade do Brasil”, “A Amazônia e a Cobiça Internacional”, “Portugueses e Brasileiros na Guiana Francesa”, “O Ensino da História no Brasil” e muitos outros, aos quais se somam inúmeros artigos publicados em revistas especializadas, nacionais e estrangeiras. Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, emprestou sua valiosa contribuição ao mesmo, não só integrando suas Comissões Permanentes, escrevendo artigos e proferindo conferências, como também sendo um dos responsáveis pela redação de sua revista especializada. Ligado às atividades do magistério, sobretudo ao ensino universitário, o professor Arthur César lecionou por longos anos História da América, disciplina que conhecia como poucos, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Católica de Petrópolis, à qual se referia sempre com grande afeição, não se cansando de ressaltar “o ambiente amigo, acolhedor e culto” que sempre desfrutou no seio de nossa instituição de ensino. Como professor destacava-se por sua vasta cultura, sendo capaz de discorrer horas a […] Read More
MONSENHOR CONRADO JACARANDÁ
MONSENHOR CONRADO JACARANDÁ Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Nasceu no Rio de Janeiro, a 18 de dezembro de 1891, sendo filho de Conrado Ferreira de Souza Jacarandá. A 11 de agosto de 1906, matriculou-se no Seminário do Rio Comprido, onde após um ano e meio de estudos, transferiu-se para o de Pirapora em São Paulo. Ali pertenceu à Academia Literária e foi escolhido para assistente e disciplinário da classe dos alunos médios e menores. Com sérios problemas de saúde retornou à casa dos pais, tendo sua carreira ameaçada. Felizmente recuperou-se, atribuindo o restabelecimento de sua saúde a um milagre de Nossa Senhora, retornando aos estudos, desta vez no Seminário de Niterói. Recebeu a prima Tonsura e Ordens Menores, em maio de 1913, o Subdiaconato em dezembro do mesmo ano e o Diaconato logo após. Foi ordenado Presbítero a 19 de dezembro de 1914 e celebrou sua primeira Missa no altar do monumento de N. S. Auxiliadora como reconhecimento de, por sua intercessão, ter recobrado a saúde, em 20 de maio de 1914. Sua carreira sacerdotal foi brilhante, tendo desempenhado, no decorrer da mesma, os seguintes cargos: Capelão do Colégio das Irmãs Dorotéas, onde exerceu também as funções de Diretor das Filhas de Maria (1915-1916); Coadjutor da Catedral de Niterói (1917); Secretário particular do Bispo Diocesano; Secretário do Bispado; Professor do Curso de Filosofia do Seminário de Niterói; Capelão da Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Ingá, tendo, no desempenho destas funções, contribuído de modo extraordinário para a criação da Paróquia do mesmo nome, para a qual foi nomeado Vigário, em 21 de setembro de 1924. Transferido para Petrópolis, substituiu Monsenhor Theodoro da Silva Rocha, assumindo a Paróquia, em 21 de abril de 1925, revelando-se desde logo um sacerdote de raras virtudes e privilegiada inteligência, impondo-se à admiração e ao respeito de seus paroquianos. Monsenhor Theodoro da Silva Rocha, grande incentivador das obras da Catedral, faleceu a 22 de fevereiro de 1925, antes, portanto, da Bênção da nova Matriz e da sua inauguração em 29 de novembro do mesmo ano. O então Padre Conrado Jacarandá, que o substituiu, prosseguiu na linha traçada pelo mesmo, dirigindo as obras nos últimos meses e redigindo a ata da Nova Matriz da Paróquia de São Pedro de Alcântara. Monsenhor Conrado Jacarandá dedicou grande atenção às obras de assistência social, fundando o Patronato “O Cruzeiro”, […] Read More
LOURENÇO LUIZ LACOMBE (PROF.) – IN MEMORIAM
LOURENÇO LUIZ LACOMBE (PROF.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Em 29 de agosto de 1994, faleceu subitamente no Rio de Janeiro o Professor Lourenço Luiz Lacombe. Partiu discretamente, como viveu, mas deixou, para todos os que o conheceram e privaram de sua amizade, a imagem de um homem inteligentíssimo, culto e extraordinariamente espirituoso. Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 7 de abril de 1914, filho de Henrique Luiz Lacombe e Francisca Jacobina Lacombe. Fez seus estudos iniciais no Colégio Jacobina, secundários no Colégio Rezende e, em 1939, diplomou-se em Biblioteconomia. Em Petrópolis, Lacombe dedicou mais de cinqüenta anos de sua profícua existência ao Museu Imperial onde desempenhou as funções de Pesquisador Especializado (1940-1946), Chefe da Divisão de Documentação (1946-1967) e Diretor (1967-1990), exercendo suas funções com notável proficiência técnica e probidade profissional. Embora carioca de nascimento, sempre sentiu um indisfarçável fascínio por nossa cidade que aprendeu a amar como poucos, não sendo, pois, nenhum exagero afirmar-se que era um verdadeiro petropolitano, mais do que pelo nascimento – pelo amor. Possuidor de uma inteligência privilegiada, instigada por uma curiosidade intelectual infindável, passava horas inteiras nas bibliotecas e arquivos, consultando escritos e documentos sobre a história de nossa cidade, realizando pesquisas históricas que lhe granjearam notável renome como historiador. Sua vastíssima bibliografia registra os seguintes títulos: “Centenário da Câmara Municipal”, 1959; “Organização e Notas da Cidade de Petrópolis” – Reedição de Quatro Obras Raras’, 1957; “Primeira Visita do Imperador do Brasil D. Pedro II a Portugal”, 1965; “D. Pedro II em Petrópolis”, 1964; “Ruas de Correias e outras Crônicas” (Vol. III dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “Visitantes Estrangeiros de Petrópolis” (Vol. V dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “As Primeiras Sesmarias do Município” (Vol. VI dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “Major Koeler” (Vol. VII dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “Os Chefes do Executivo Fluminense”, 1973 e “Isabel a Princesa Redentora”, 1989. Escreveu ainda numerosos artigos publicados nos Anuários do Museu Imperial, na Revista Vozes de Petrópolis, na Tribuna de Petrópolis, no Jornal de Petrópolis e na Pequena Ilustração, expondo sempre com serena objetividade os resultados de suas laboriosas pesquisas. O último trabalho a que se lançou Lourenço Luiz Lacombe, e que não sei se deixou completo, foi a “História do Museu Imperial”. Ao que se sabe, […] Read More