HOMENAGEM A ERNESTO TORNAGHI Jorge Ferreira Machado, ex-Associado Emérito, falecido Aqui estamos, meus senhores e minhas senhoras, para que eu faça, cumprindo missão que me foi imposta, e para escutardes, o panegírico de Ernesto Tornaghi, que a morte usurpou do convívio desta Academia na manhã de 22 de julho de 1953. Que esta casa não foi feliz ao designar-me para tão espinhosa tarefa, não tenho a menor dúvida. Não poderia recusá-la, todavia, cônscio embora da dificuldade do encargo que a mim cometeu o preclaro presidente deste sodalício, que poderia ter avocado à sua mesma capacidade de intelectual ilustre e, o que representa muito mais, à qualidade de amigo, que sei sempre o fora, muito fraternal, daquele que hoje é motivo desta homenagem, o discurso oficial desta sessão solene, na qual será recordada de um modo especial a personalidade do saudoso confrade, que meu o era duplamente nesta casa e na profissão, que ambos pela vida toda nos dedicamos ao exercício da medicina. Aí, talvez, a razão do gesto do Exmo. Sr. Dr. Mário de Paula Fonseca, a quem agradeço, de início, tão elevada honra, aos meus ouvintes, solicitando, de antemão, as mais amplas indulgências, se vos não falar, como devera, à altura da personalidade do homenageado. O panegírico, diz-nos o Padre Antônio Honorati, teve sua origem nos jogos olímpicos. É uma palavra grega, afirma ele, que, significando o ajuntamento do povo que concorria para ouvir os louvores do vencedor, passou, por metonímia, a traduzir o discurso com que celebravam estes louvores. Dois eram os ofícios de tais discursos: – são ainda palavras do sábio jesuíta o primeiro, exaltar as proezas do herói; o segundo, excitar o povo à imitação. Esta é, assim a compreendo, a comissão que me foi nesta oportunidade imposta. Exalto, com prazer, os feitos do herói; que outra coisa não foi o ilustre confrade, em toda a trajetória de sua existência neste mundo, espero que seja a vossa conclusão ao término das minhas palavras. E que muito se tem dele a imitar, haveis de ver; eu o desejo e imploro a Deus tê-lo demonstrado, muito embora me encontre agora na mesma situação em que, pelos fins do século XVII, por volta de 1677 (segundo Solidônio Leite, Clássicos Esquecidos), se achava o Padre Francisco de Santa Maria ao escrever os panegíricos de São Lourenço e do Padre Antônio da Conceição, quando dizia, no mais puro estilo vieirense: […] Read More