O novo 13 de Maio Maria de Fátima Moraes Argon – Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (G1 5,1) Alceu Amoroso Lima defendia a ideia de que somente com a plena recuperação da liberdade de pensamento e de ação é que se poderia restabelecer a vida democrática real do Brasil. Dessa forma, participou ativamente da campanha em prol da anistia política, escrevendo artigos desde 1964 até 28 de agosto de 1979, esta última, data da promulgação da Lei nº 6.683 conhecida, popularmente, como a Lei da Anistia. Em 17 de junho de 1971, Dr. Alceu publicou no Jornal do Brasil o artigo sob o título “O novo 13 de maio” – escrito por ocasião da transladação dos restos mortais da Princesa Imperial D. Isabel para o mausoléu da Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis –, no qual clamava mais uma vez pela anistia: Será que teremos que apelar para alguma nova Isabel a fim de ser repetido, a quase um século de distância, o que no fim do século XX poderá corresponder, em nossa História, ao da Princesa no dia 13 de maio de 1888? Esse novo gesto, todo mundo sabe qual seja: é a Anistia Geral. Para o autor, a Princesa Regente D. Isabel […] teve mesmo o alto bom senso de realizar, na prática, aquele sonho, que seu pai sempre alimentou sem nunca ter tido a varonilidade de o transformar em realidade política e social: a abolição […]. O seu gesto poupou ao Brasil uma guerra de secessão ou uma revolução sangrenta e continua: Os sancho panças de hoje, sensatos e realistas, nem pensam nisso. Como os do tempo da Redentora julgavam impossível o que ela ia fazer. E depois de feito, a vituperaram por ter ‘arruinado a agricultura’ e com ela o Brasil… Quando teremos uma nova Isabel que compreenda ser com grandes gestos que se constrói a História? E que a Anistia de hoje poderá ser amanhã um novo 13 de maio? Podemos encontrar alguns pontos de contato entre Alceu Amoroso Lima e D. Isabel. Ambos, como católicos, usavam cada um a seu modo a religiosidade como chave de ação para contestarem o sistema em que viviam. D. Isabel, ao tratar das ações visando à restauração da Monarquia, em 1892, em carta escrita a João Alfredo Correia de Oliveira, ex-presidente do Gabinete […] Read More
DESTRUIÇÃO DAS MATAS
DESTRUIÇÃO DAS MATAS Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira nº 23, Patrono Lourenço Luiz Lacombe A destruição das matas de Petrópolis era um problema enfrentado permanentemente pela Imperial Fazenda de Petrópolis. As derrubadas de madeira ilegais tiradas para venda em suas terras exigiam medidas constantes para combater essa prática. O Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barboza da Sylva, em 1866, encarregou Maximiano José Gudehus da guarda e vigilância das florestas reservadas e devolutas da Imperial Fazenda de Petrópolis. Em alguns momentos, era preciso recorrer à Policia para as providências legais a fim de responsabilizar os infratores. A situação não era pacífica como podemos apreender do ofício nº 23 do Superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis ao Delegado de Polícia do Distrito de Petrópolis, no qual informava que os trabalhadores sob a inspeção do guarda-matas se recusavam a prosseguir no serviço que lhes foi ordenado no Quarteirão Princesa Imperial em consequência da oposição e ameaças que lhe foram feitas por Boaventura José de Medeiros, Manoel Francisco Teixeira, Francisco Furtado da Rosa e Henrique Schiffler, os quais tem derrubado grande quantidade de madeira e feito estragos nas matas das coroas denominadas de S. M. O Imperador e solicitava que fossem intimados para assinarem um termo de bem-viver. Pedro II assinou um Decreto, em 6 de outubro 1874, criando o cargo de guardas de matas para cada um dos quarteirões, o que não bastava para solucionar o problema. Três anos depois, em 12 de novembro de 1877, o major Manoel Gomes Archer (1821 – 1907) foi nomeado para o cargo de Superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis, onde permaneceu até 27 de outubro de 1888, quando foi efetivado no cargo de Superintendente da Imperial Fazenda de Santa Cruz, que exercia desde 29 de agosto do ano anterior. Em 15 de setembro de 1879, Manuel Gomes Archer enviou à redação do jornal Mercantil, um ofício ao editorial “Variabilidade de Petrópolis” da edição do dia 13, dando uma resposta a “imerecida censura à casa imperial pelo fato da destruição das mattas, nos terrenos que lhe são foreiros nesta fazenda de Petrópolis”, esclarecendo que a Casa Imperial não podia impedir os foreiros de destruírem as matas em seus prazos, limitava-se, porém, a preservar as matas nas coroas dos morros, justamente no intuito de beneficiar o lugar. Archer escreveu, por ordem de D. Pedro II, em 30 de abril de 1881, uma memória sobre a […] Read More
COLÉGIO DRUMOND
COLÉGIO DRUMOND Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Felisberto Alexandre Drumond entrou para o estado eclesiástico em 1835, com a idade de 10 anos, onde fez os seus estudos que concluiu em 1843. Foi professor em Ubatuba/São Paulo, mas mudou-se para o Rio de Janeiro em virtude do estado de saúde de sua mulher, onde continuou a exercer o magistério. Mais tarde, lecionou em Petrópolis nos colégios Kopke e Calógeras. Em 15 de julho de 1858 fundou o Colégio Drumond, sendo seu proprietário e diretor. O estabelecimento particular exclusivo para meninos funcionava em regime de internato, semi-internato e externato. No ano de sua inauguração funcionavam em Petrópolis o Colégio Kokpe, dos irmãos Guilherme e Henrique Kopke, na rua Nassau e o Colégio de Santa Thereza, de Bernardo José Faletti, antigo Colégio Callogeras, de propriedade de João Baptista Callogeras (1810-1878) e Barão de Taulphoens, que funcionava no Palatinado, em casa do Conselheiro de Estado, Honorio Hermeto Carneiro Leão (1801-1856), futuro Visconde e Marquês do Paraná. O Colégio Drumond estabelecido à Rua do Imperador, nº 52, sobrado. Em comunicado publicado no jornal O Parayba, domingo, 18 de julho de 1858 apresentava o seu programa: Instrucção primaria. Considera-se da maneira seguinte, e será o objecto que ovcupe as primeiras tres horas de cada dia, a saber: instrucção religiosa, leitura, grammatica e analyse da lingua nacional, calligraphia, arithmetica, contabilidade e escripturação commercial, geographia e historia nacional. Instrucção secundaria. Francez, Inglez, Latim e Allemão. Os alumnos começão a frequentas estas classes desde o primeiro dia de sua entrada, depois de ter frequentado as tres horas d’instrucção primaria. Os alumnos que frequentarem o quinto anno terão as classes de geografia e historia pelo systema do meritissimo Sr. João Baptista Callogeras; além destas duas grandes classes terão as classes de philosophia, rethorica e mathematica. No mesmo comunicado prestava várias informações como os valores das mensalidades: 30$000 mensais pagos trimestralmente adiantados, somando ao primeiro 30$ aplicados a cama. Pela lavagem de roupa pagarão 5$000. Os meios pensionistas pagarão 20$000 por mês e os externos 10$000. Todos terão direito às classes acima. As classes de música, piano, dança e desenho serão pagas à parte, no valor de 8$000 mensais por cada uma delas. O Colégio funcionou de 1858 até 1861, sendo no ano seguinte vendido ao inglês Carlos Matson, que se anuncia no Almanak Laemmert, edição de 1863.
HÁ 40 ANOS NASCIA O I FESTIVAL GERMÂNICO SOB A ÉGIDE DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS
Há 40 anos nascia o I Festival Germânico sob a égide do Instituto Histórico de Petrópolis Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Marisa Guadalupe Cardoso Plum, Associada Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes Há exatos 40 anos foi realizado o I Festival Germânico, no parque do Palácio de Cristal, com danças típicas, artesanato e culinária alemã, que teve como “finalidade congregar os descendentes dos colonos alemães e incentivá-los a conservar as tradições de seus antepassados”. A ideia apresentada na sessão do Instituto Histórico de Petrópolis pelo associado Carlos Grandmasson Rheingantz, estudioso dedicado à pesquisa genealógica dos colonos germânicos de Petrópolis, recebeu imediata adesão não só da presidente do IHP, Ruth Boucault Judice, como de outras pessoas e instituições. O Instituto Histórico de Petrópolis, principal promotor e gestor do evento, obteve a colaboração de Raul Lopes para a elaboração da marca do I Festival Germânico. A história da comunicação da humanidade revela as primeiras atividades publicitárias registradas nas tabuletas de Pompéia divulgando, ora as lutas entre os gladiadores, ora as casas de banho, ou mesmo, as mercadorias anunciadas oralmente até a Idade Média pelos mercadores e comerciantes, conforme aponta Eloá Muniz. Segundo ela, nesta época quando não havia numeração nas casas e nem ruas nomeadas, uma “cabra indicaria uma leiteria”, deu-se a evolução dos símbolos que se tornaram “emblemas de marca e logotipos” na modernidade. A invenção de Gutenberg, a máquina de impressão em papel, provocou uma enorme revolução com o surgimento dos panfletos, volantes e cartazes, e posteriormente, os anúncios em jornais, sendo o primeiro no periódico inglês Mercurius Britannicus em 1625. Daí por diante, as profundas transformações socioeconômicas, culturais e políticas mundiais trazem a propaganda como estratégia indutora e estimulante para uma sociedade de consumo e suas interelações. Segundo Marcondes, “a propaganda incorpora os avanços e as conquistas da sociedade, e os coloca a serviço da comunicação comercial.” Nesta perspectiva, os elementos heráldicos medievais são ainda utilizados na contemporaneidade em brasões e escudos, como linguagem de comunicação através de ícones simbólicos e a marca é o produto desta construção. Raul Lopes, como exímio design gráfico, inspirou-se nas tradições germânicas criando a arte final do logotipo do I Festival Germânico usado como a marca do evento. De acordo com documento datado de abril de 1982, Raul Lopes apresentou a descrição do chamado “escudo/símbolo”, iniciando pela coroa mural […] Read More
O PAPEL DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS NO I FESTIVAL GERMÂNICO, EM 1982
O papel do Instituto Histórico de Petrópolis no I Festival Germânico, em 1982 Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Marisa Guadalupe Cardoso Plum, Associada Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes É notório que as terras onde foi erigido o Palácio de Cristal sempre acolheu os encontros dos colonos germânicos, tornando-se icônico dentro desse significado até a atualidade. Ruth Boucault Judice, presidente do Instituto Histórico de Petrópolis (biênios 1981-1982 e 1983-1984), em seu livro “100 anos do Palácio de Cristal-Petrópolis” registra que, em maio de 1982, “o Instituto Histórico de Petrópolis fez surgir o I Festival Germânico em Petrópolis, com danças típicas, artesanato e culinária alemã” no parque do Palácio de Cristal. Anteriormente, de 1959 a 1980, as comemorações à chegada dos colonos germânicos se resumiam em celebrações religiosas na Igreja Evangélica Luterana e na Catedral São Pedro d’Alcântara, homenagem no Monumento do Major Julio Frederico Koeler, visita aos túmulos de alguns colonos e almoço típico. Em 1981, Ildefonso Troyack, descendente de colonos, administrador do Palácio de Cristal e membro da diretoria do Clube 29 de junho teve a iniciativa de realizar uma festa, segundo o depoimento de Paulo Roberto Troyack, simples, reunindo famílias, com poucas barracas, almoço e o som cedido por ele próprio. Na ata do Instituto Histórico, de 16 de abril de 1982, lavrada pela Secretária Aurea Maria de Freitas Carvalho, consta que o consócio José Kopke Fróes (1902-1992) pediu a palavra, na qualidade de presidente do Clube 29 de Junho, para tratar das festividades do dia 29 de Junho e convocou o Instituto Histórico para comparecer a reunião no dia 5 de maio no Centro de Cultura, às 16 horas. Certamente durante esse encontro consolidou-se a ideia do I Festival Germânico apresentada por Carlos Grandmasson Rheingantz (1915-1988), conforme registrado em ata do dia 14 de maio: O consócio Carlos Rheingantz tomou então a palavra para falar sobre o I Festival Germânico, evento do qual foi o idealizador e que será promovido pelo Instituto juntamente com a Fundação Nacional Pró Memória /Museu Imperial e as Secretarias de Educação e Cultura e de Turismo da Prefeitura Municipal. O festival terá lugar nos próximos dias 28, 29 e 30 do corrente, no Palácio de Cristal e constará de espetáculos de ballet, coral, barraquinhas para venda de produtos típicos da culinária alemã, artesanato etc. O evento tem por finalidade congregar os […] Read More
COSTUREIRAS-MODISTAS EM PETRÓPOLIS – 1854-1889 (AS)
AS COSTUREIRAS-MODISTAS EM PETRÓPOLIS (1854-1889) Maria de Fátima Moraes Argon – Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe O projeto para elevar Petrópolis à categoria de cidade, o que ocorreu em 29 setembro de 1857 pela Lei Provincial nº 961, do RJ, teve como um dos seus apoiadores, Bartolomeu Pereira Sudré, proprietário e editor do Mercantil, primeiro jornal de Petrópolis fundado em 3 de março daquele mesmo ano circulando até 1892. O Mercantil, jornal político, literário, comercial e noticioso oferece informações fundamentais para a história da cidade, mas lamentavelmente os números referentes aos anos 1857 e 1874 não são conhecidos. Na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional estão disponíveis os números dos anos 1875 a 1892 e a edição de 18 de maio de 1872. O novo status de Petrópolis e a constante presença da família imperial e de membros da corte provocaram mudanças, resultando, por exemplo, na ampliação do comércio e na criação de novos serviços. Surge, pela primeira vez, no Almanak Laemmert, edição de 1855, o nome de Madame Fraisse, costureira-modista estabelecida à Rua do Imperador. Curiosamente as figuras das modistas aparecem frequentemente nos folhetins e contos publicados no Mercantil, ora de forma romântica, ora depreciativa. Na edição de 18 de maio de 1887, por exemplo, Félix Ribeiro em Ligeiras considerações sobre a sociedade hodierna, questiona Uma mulher médica?! Na realidade, aquela que a este grau chegar, terá dado testemunho de um esforço e de um apurado trabalho. Mas para que desviar-se da trilha que a sua natureza lhe traçou e que é tão somente dela”. O autor defende que a mulher deve ser educada para ser dona de casa e sua ambição deve ser a de ser mãe. E continua: “Enquanto a modista prepara os vestidos para as festas, ela os espera apreciando a leitura das obras as mais prejudicais possíveis”. O estudo dos ofícios considerados tipicamente femininos como os de corte e costura carecem de um trabalho sistemático que demonstrem o papel das mulheres na vida econômica da cidade. Cantares (versão – A uma costureira) Publicado no Mercantil, 10 de outubro de 1888 I Por ti, formosa andorinha, Ando perdido de amores, – Não sei que doudice a minha Que vivo só para dôres! II O sol desse olhar vibrante Fez brotar a luz do dia Na noite, escura e sombria, Da minh’alma tremulante. E em vão procuro esquecer A balburdia compassada Dessa […] Read More
EMPRESA C. PARETO & CIA (A) E A COMPANHIA FIAÇÃO E TECIDOS “COMETA”
A empresa C. Pareto & Cia e a Companhia Fiação e Tecidos “Cometa” Maria de Fátima Moraes Argon – Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Em 5 de março de 1888, o Ministério da Fazenda do Império deu a concessão a uma Companhia para a instalação de uma fábrica de papel em terrenos do Meio da Serra, que pertenciam a Fábrica de Pólvora da Estrella da Serra. A concessão seria por 35 anos, sem responsabilidade alguma para a Fazenda Nacional nem indenização de benfeitorias.[1] [1] Memorial (cópia datilografada) apresentado ao Ministro da Fazenda pelo capitão Angelo Mendes de Moraes sobre a situação da Fábrica Cometa, em terrenos do Patrimônio Nacional. Raiz da Serra, 25 de novembro de 1925. Arquivo Tristão de Athayde (CAALL/ATA/C/C19/114-2). Acervo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade/Ucam. Mais tarde a fábrica de papel converteu-se em fábrica de linha, denominada “Manufactureira de Linhas Estrella”, permanecendo ali até março de 1897, quando abriu falência. Por alvará do Juiz da Câmara Comercial do Tribunal Civil e Criminal da Capital Federal, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, de 13 de fevereiro de 1897, os bens hipotecados ao Banco da Lavoura e Comércio do Brasil foram a leilão em 19 de março, pelo leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, sendo adquiridos pelo valor de 196:000 Rs, conforme escritura pública de 10 de abril de 1897, por Pareto & Claviez (Carlo Pareto e Alexandre Claviez) para a empresa C. Pareto & Cia, que se encontrava em vias de organização, tendo sido constituída legalmente em 14 de abril de 1897. Entre 1897 e 1902, a firma despendeu cerca de novecentos contos de reis para ampliar e melhorar as instalações, tendo sido em 1902 aumentado o capital para 1.500:000 rs.[2] [2] Requerimento (minuta por letra de Alceu Amoroso Lima) da Companhia Fiação e Tecidos “Cometa” ao Presidente do Conselho de Águas e Energia Elétrica. Sem local e data. Arquivo Tristão de Athayde (CAALL/ATA/C/C19/114-3). Acervo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade/Ucam. Nestes terrenos do Meio da Serra é instalada a Fábrica de Tecidos “Cometa”, cujo anúncio é publicado no Almanak Laemmert, de 1898: “Carlo Pareto & Cia – Fábrica de Tecidos “Cometa”. Escritório Rua General Camara, 34 e 36. Rio de Janeiro”. Em 1903 foi aberta a filial no Alto da Serra e, em 28 de março, Carlo Pareto, proprietário da fábrica de tecidos “Cometa” apresenta o requerimento nº 569 à Câmara Municipal de […] Read More
Curiosidade sobre a canonização do Padre Anchieta (Uma)
Uma curiosidade sobre a canonização do Padre Anchieta Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe A princesa imperial D. Isabel exerceu a regência em três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai, o imperador D. Pedro II: a primeira vez ocorreu em 1871-1872, a segunda, em 1876-1877 e a terceira, em 1887-1888. Durante a segunda regência, a princesa Isabel escreveu ao Papa Pio IX, em 11 de julho de 1877, uma carta a favor da canonização do Padre Anchieta – referendada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque –, do seguinte teor: Santíssimo Padre. À presença de Vossa Santidade levam os Bispos deste Império uma súplica que, posso dizer, não é exclusivamente sua. Pedem a canonização do Pe. José de Anchieta: e eu a eles me uno para obtê-la de Vossa Santidade. A vida desse missionário, tão cheia de atos de caridade heroica e de milagres, não é conhecida somente no Brasil; mas aqui onde ele derramou os benefícios da sua palavra e do seu exemplo, é mais viva do que em qualquer outra parte a memória de suas virtudes, e daí vem a esperança que todos nutrem de ver atendida pelo Chefe da Igreja a rogativa daqueles Prelados. Queira, pois, Vossa Santidade resolver que é lícito aos católicos brasileiros venerarem em seus altares a imagem de tão santo varão. Queira também Vossa Santidade lançar sua apostólica bênção sobre mim e sobre minha família e sobre a Nação Brasileira. De Vossa Santidade muito obediente filha. Isabel, Princesa Imperial Regente. O Papa Pio IX era um defensor da doutrina ultramontana – que, em linhas gerais, postulava a infalibilidade papal e combatia as ideias e as instituições que defendiam a secularização e o anticlericalismo – e a princesa Isabel, católica fervorosa, era adepta do ultramontanismo. O excesso de religiosidade da princesa imperial D. Isabel não era visto com bons olhos pelos políticos, que receavam o poder que a Igreja teria sobre os assuntos do Estado. Esse “fervor religioso passou a ser usado como argumento contra a implantação do Terceiro Reinado, a partir de sua intervenção declarada a favor da anistia dos bispos” (DAIBERT, 2004) envolvidos na chamada Questão Religiosa (1872-1875), conflito ocorrido entre a Igreja Católica e a maçonaria no Brasil do século XIX, que acabou se transformando em uma grave questão de Estado. A questão evoluiu centrada na atuação […] Read More
Paulo Rattes e o Decreto nº 198
Paulo Rattes e o Decreto nº 198 Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe O então Prefeito Paulo Rattes assinou, em 7 de janeiro de 1977, um dos mais importantes decretos para a preservação da memória petropolitana, o decreto de criação do Arquivo Público Municipal, que ampara por meio legal a conservação do patrimônio documental da cidade de Petrópolis. Segundo os dados de 1999, apenas quatro dos 91 municípios do estado do Rio de Janeiro possuíam arquivos públicos: a cidade do Rio de Janeiro, Resende, Natividade e Petrópolis. O Arquivo Público de Petrópolis foi o primeiro a ser criado no estado do Rio de Janeiro. O administrador foi sensível ao apelo feito pelas bibliotecárias Maria Amélia Porto Migueis e Yedda Maria Lobo Xavier para que protegesse e conservasse os documentos oficiais reconhecendo neles a importância para a história do município. A fim de resolver alguns problemas de ordem prática, dividiu-se o Arquivo Público em dois setores: o Arquivo Central e o Arquivo Histórico. O Arquivo Central, subordinado à Secretaria de Administração, transferiu os documentos produzidos e acumulados pela Câmara Municipal no exercício de suas funções de legislativo e de executivo – período de 1859 a 1916 – e pela Prefeitura desde 1916 (ano de sua criação) até 1968, formando assim o acervo do Arquivo Histórico, cuja ampliação se daria através de novos recolhimentos previstos no próprio decreto. A documentação foi então transferida para as dependências da Biblioteca Municipal até que se obtivesse um local adequado à sua importância e ao seu natural crescimento. Lamentavelmente, isto nunca ocorreu! O Arquivo Público nunca conseguiu ocupar o seu verdadeiro espaço na administração pública. O Arquivo Histórico subordinado à Fundação de Cultura e Turismo abriga hoje cerca de 700 mil documentos do período de 1859 a 1978, e ocupa as mesmas salas da Biblioteca Municipal sem as condições exigidas para sua adequada instalação e, principalmente, encontra-se inviabilizado para receber novos lotes documentais transferidos do Arquivo Central. O Poder Público precisa consolidar definitivamente o Decreto nº 198. Seria uma homenagem justa e merecida ao seu autor, reconhecendo que o valor dos documentos não se restringe apenas ao campo da história e ao desenvolvimento sociocultural da cidade, mas admitindo que tais documentos são fundamentais tanto para as comunicações administrativas como para a memória do Poder Público, espelho, afinal, do que ele fez ou deixou de fazer pela cidade. […] Read More
AUREA MARIA DE FREITAS CARVALHO, HISTORIADORA E ARQUIVISTA
Aurea Maria de Freitas Carvalho, historiadora e arquivista Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Filha única do casal José Carvalho e Aurea de Freitas Carvalho, nasceu em Petrópolis no dia 03 de julho de 1933 e faleceu na mesma cidade em 11 de dezembro de 2008. Solteira, não deixou descendência. Em 1955, fez o curso de “Técnica de Arquivo” no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e, no ano seguinte, ingressou no Museu Imperial no cargo de Arquivologista, por Decreto Presidencial de 11.01.1956. Em 1959 e 1960, cursou “Preparação de Pessoal de Arquivos” e “Aperfeiçoamento de Pessoal de Arquivo”, ambos promovidos pelo DASP. Em 8 de maio de 1970 foi nomeada para exercer a função gratificada de Chefe do Arquivo, Documentação Fotográfica, Publicações e Intercâmbio Cultural, do Museu Imperial. Dois anos depois, foram criados os cursos de Arquivologia em nível superior no Brasil e, em 1979, ela obteve o título de bacharel em Arquivologia pela Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro (FEFIERJ), hoje Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Graduou-se em História, em 1967, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade Católica de Petrópolis. Foi designada, em 1970, subcoordenadora do projeto “Levantamento de fontes primárias em território fluminense” pela Comissão Executiva do Centro de Pesquisa de História (Convênio: Instituto Histórico de Petrópolis, Museu Imperial, Prefeitura Municipal e Universidade Católica de Petrópolis). Desenvolveu toda a sua vida profissional no Museu Imperial até a sua aposentadoria em 11 de junho 1991. Coordenou diversos projetos e exerceu a chefia da Divisão de Documentação Histórica. Foi professora da cadeira Tipo de Fontes Documentais no Curso de Elementos de Técnica de Pesquisa de História, realizado no Museu Imperial, em convênio com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade Católica de Petrópolis. Representou a instituição em várias oportunidades como, por exemplo, no I Congresso Brasileiro de História em Brasília (1967), no I Colóquio de Estudos Fluminenses em Petrópolis (1968), II Congresso Regional de Documentação no Rio de Janeiro (1969). A importância de sua participação no Guia Brasileiro de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na sociedade atual (1988) foi reconhecida pela Comissão Executiva do Projeto ao destacar a sua larga experiência na área documental. Prestou assessoria ao Arquivo Municipal de Resende e outros. Publicou diversos trabalhos, dentre eles: Arquivos eclesiásticos […] Read More