CURSO VARNHAGEN – RODOLFO GARCIA (1873-1949)

  CURSO VARNHAGEN – RODOLFO GARCIA (1873-1949) Hélio Viana Na historiografia brasileira, onde são numerosos os autores de muitos livros, um existe que se distingue por não possuir grande bibliografia própria, em volumes autônomos, nos quais o seu nome figure nos cabeçalhos. É Rodolfo Garcia, que preferiu anotar e apresentar trabalhos alheios, comentando-os, ampliando-os e corrigindo-os sempre que isto se tornava necessário. Fê-lo, porém, com tanto saber que, muitas vezes, praticamente, criou obra nova, valorizada por suas notas e achegas. A modéstia com que o fez, somente se compara à utilidade e seriedade dos complementos que lhes trouxe. “Trabalho braçal” – dizia ele, ao lembrar o do anotador que recorre aos manuscritos inéditos e aos alfarrábios, para ajuntar algo útil aos textos que de acréscimos esclarecedores necessitam. A seguir, acompanhando sua vida de honrado trabalhador intelectual, podemos aquilatar o mérito de sua contribuição à historiografia pátria. Mocidade no Recife. Nasceu Rodolfo Augusto de Amorim Garcia a 25 de maio de 1873, em Ceará-Mirim, na então Província do Rio Grande do Norte. Filho do Dr. Augusto Carlos de Amorim Garcia e de D. Maria Augusta de Amorim Garcia. Não pode ser imediatamente batizado, por ser maçom o padrinho que lhe queriam dar, nessa época em que ainda estavam vivos os ressentimentos da Questão Religiosa. Destinando-se ao Exército, cursou as Escolas Militares do Ceará e Rio de Janeiro. Da Praia Vermelha estava ausente, por ter ido à cidade, quando ocorreu uma de suas florianescas manifestações de indisciplina, no governo de Prudente de Morais. Desligado com outros alunos, à Escola não quis voltar, quando anistiado. Preferiu regressar ao Recife, em 1895. Em sua Faculdade estudou, bacharelou-se e doutorou-se em Direito, em 1908. Ainda estudante, foi redator do jornal Estado de Pernambuco, órgão do Partido Republicano Federal. Colaborou na revista A Cultura Acadêmica, na qual publicou, em 1906, um trabalho sobre “Antônio Vicente do Nascimento Feitosa”. Pertenceu, então, ao Cenáculo, que, à imitação do de Eça de Queirós, em Lisboa, sob a presidência do Professor da Faculdade, Faelante da Câmara reunia-se na Livraria Silveira, à imitação do que antes faziam literatos na de Cruz Coutinho, da cidade do Porto. Apontados, os seus membros, como imitadores de intelectuais franceses, que lhes deram apelidos, Rodolfo e seu irmão Aprígio foram Jules e Edmond de Goncourt, como em versos àquele dedicados lembrou o Presidente do Grêmio: Rodolfo Garcia Se nunca me passara pela mente – E entanto […] Read More

ESTÁGIO ATUAL DO CAPITAL E O ESTADO DE DÍVIDA CIVILIZACIONAL (O)

  O ESTÁGIO ATUAL DO CAPITAL E O ESTADO DE DÚVIDA CIVILIZACIONAL Júlio Ambrozio, associado titular, cadeira n.° 30, patrono Mons. Francisco de Castro Abreu Bacelar Resumo Se o lugar ambiental denuncia variáveis que empurram a civilização para um estado de incerteza, o fato é que essa ausência de certeza alcança contornos ainda mais problemáticos quando se põe à mesa o horizonte geográfico e histórico da acumulação capitalista. De um lado, o processo de degradação ambiental, se bem que derivado do atual estágio do capital, guarda seu motivo visceral no próprio caráter acumulador do capitalismo; de outro lado, o eventual deslocamento do núcleo de acumulação para o oriente, além de anunciar a possibilidade bélica, amplifica o grau de destruição ambiental. Palavras-chave Ambiente, Oriente, Hiperacumulação, Guerra. Résumé Si le lieu dénonce les variables environnementales qui animent la civilization à un état d’incertitude, le fait est que cette absence de certitude atteints des contours encore plus compliqués quand on présente l’horizon geografique et historique de l’accumulation capitaliste. D’un côté, le procès de dégradation de l’environnement, si bien qu’issu de l’état actuel de le capital, conserve sa raison visceral dans le caractère même qui accumule le capitalisme; et de l’autre côté, l’éventuel d’un déplacement du noyaux de l’accumulation pour l’orient, outre qu’annoncer la possibilité belliciste, amplifie le degré de la destruction de l’environnement. Mots-clés Environnement, Orient, Hiperaccumulation, Guerre. Um olhar que enxergasse o problema ambiental contemporâneo, desnecessário dizer, não poderia descuidar da maquinaria ampliada de acumulação capitalista. Se o estado das coisas materiais ou físicas necessárias à reprodução da existência deriva do atual estágio de acumulação do capital, posto já estava o problema desde a origem dessa acumulação, sobretudo desde os primórdios do capitalismo produtivo. Bastaria como exemplo o testemunho de Charles Dickens e sua vitoriana cenografia londrina. (1) (1) Bem mais adiante, “A Cidade da Noite Apavorante”, o segundo capítulo de Cidades do Amanhã, de Peter Hall, sem mencionar Dickens, reverberou esse testemunho ao descrever os horrores ambientais e, sobretudo, de moradia da Londres vitoriana de 1880-1900, não esquecendo, ademais, de Nova York, Paris e Berlim (HALL, 2002, pp.17-53) O desenvolvimento do capitalismo – um histórico modo de ordenamento espacial e (re) produção material, além de uma maneira datada de dominação social – ocorre no interior de incessante movimento que dá vida ao capital, valendo a notória fórmula geral de Marx D–M–D’: giro, circuito ou rotação no qual certo somatório de dinheiro […] Read More

CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA – AS IRMÃS DE SANTA CATARINA

  CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA – AS IRMÃS DE SANTA CATARINA José Kopke Fróes Quando o Hospital Santa Teresa foi entregue à Congregação das Irmãs de Santa Catarina, em 29 de janeiro de 1901, por Decreto do Presidente do Estado do Rio de Janeiro, contava o edifício com duas enfermarias para homens, uma de medicina, outra de cirurgia, e duas para mulheres, além de quartos particulares, modesta capela, farmácia, secretaria, sala do médico. Irmã Lídia era a Superiora naquele momento, e conservou-se no cargo até 1907, tempo em que os recursos financeiros eram muito reduzidos. Sucedeu-a a Irmã Macrina, também com a mesma situação, por três anos. De 1910 a 1920, a Superiora foi a Irmã Julieta, em cuja direção foi construída a capela atual, inaugurada em 1.º de novembro de 1912, sendo também no mesmo ano inaugurado o andar térreo de Sanatório S. José, logo depois o pavilhão S. Geraldo, destinado a isolar doentes tuberculosos, e iniciada a construção do necrotério. No ano de 1915, ainda sob a direção de Irmã Julieta, foi construída a casa para as Irmãs, ali de serviço, que ocupavam pequenos quartos nos porões do edifício, sem o menor conforto, sujeitos às enchentes. Continuando na direção, Irmã Julieta, foram construídas 3 amplas enfermarias e a seção de maternidade. De 1920 a 1926, a Superiora foi a Irmã Eulalia, que, como era natural, encontrou grandes dívidas, liquidadas em sua administração. De 1927 a 1933, a Superiora foi a muito nossa conhecida Irmã Agatonia, muito estimada de todos os que passaram pela casa, e que, felizmente, vive hoje em dependência anexa ao Hospital. Irmã Agatonia promoveu a aquisição do Raio X, e a renovação da canalização de água. Durante sua administração ali esteve internado o Presidente Vargas, vítima de acidente na serra de Petrópolis, que mais atingiu sua esposa D. Darci Vargas, durante um mês. De 1933 a 1939, Irmã Eustoquium foi a Superiora, de grande atividade, construindo o segundo pavimento do Sanatório, a maternidade, a enfermaria infantil, a nova lavanderia e a nova farmácia. Nos anos de 1939 a 1942, a Superiora Irmã Thadeia, instalou o laboratório de pesquisas clínicas, o aumento da maternidade. Finalmente, chegamos à bondosa Irmã Paula Schaeffer, decana das Irmãs do Hospital, Superiora de 1942 a 1948 e de 1950 a 1956. Em seu primeiro ano de administração, em convênio com a Prefeitura, a 7 de setembro de 1942, foi inaugurado […] Read More

CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA (O) – DATA HISTÓRICA DA CIDADE IMPERIAL

  O CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA – DATA HISTÓRICA DA CIDADE IMPERIAL José Kopke Fróes Dois acontecimentos de grande importância na vida da pequenina cidade de Petrópolis tiveram lugar no dia 12 de março de 1876: pela manhã, o lançamento da pedra fundamental da nova Igreja Matriz e, à tarde, a inauguração do Hospital de Santa Teresa. Deixamos ao “Mercantil”, único jornal da época, em sua linguagem simples, a descrição dos fatos citados, em seu número de 15 de março seguinte, escrita por Bartolomeu Pereira Sudré, proprietário e editor do periódico: “Notícias diversas – foi ontem o dia natalício de Sua Magestade a virtuosa e estimada Imperatriz do Brasil. Sua Magestade completou 54 anos de idade. Conforme anteriormente noticiamos, realizou-se domingo 12 do corrente, às 8 horas da manhã, no morro de S. Pedro, nesta cidade, com a assistência de S. M. o Imperador e Suas Altezas Imperiais, a colocação da pedra fundamental para a nova igreja matriz, e a sagração do terreno em que se vai construir a mesma igreja, sendo em seguida celebrada a primeira missa em um pavilhão convenientemente preparado para esse fim. Depois de assinado o respectivo auto e depositado em uma caixa de madeira com os jornais da Côrte e da Província do Rio de Janeiro, bem como os exemplares de todas as moedas de ouro, prata e cobre, cunhadas neste Império, S. M. O Imperador fechou a referida caixa, e entregou a chave ao Sr. Presidente de nossa Câmara Municipal, para ser arquivada. As cerimônias religiosas foram celebradas pelo Exmo. Monsenhor Luiz Bruschetti, coadjuvado pelos Revmos. Padres Vigário Germain, Teodoro Esch e João Batista. Assistiram a tão edificante solenidade os Exmos. Srs. Ministros da Fazenda, Justiça e Império, Presidente da Província, a Câmara Municipal desta cidade, a Irmandade do S.S. Sacramento, as autoridades civis e militares, alguns titulares nacionais e estrangeiros, funcionários públicos, grande número de famílias e cavalheiros. Duas bandas de música tocaram durante a solenidade, e uma sociedade de canto alemã acompanhou os atos religiosos. Findas as cerimônias do estilo, o Sr. Comendador Paulino Nunes levantou vivas á Augusta Família Imperial e ao dia 12 de março que acabava de assinalar a existência de mais um alicerce firmado para celebração do culto externo e público de nossa religião. O dia 12 de março não devia prender-se à memória dos petropolitanos só por esse acontecimento; um outro tanto mais magestoso quanto do […] Read More

MEMORIAL – BIBLIOTECA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS

  MEMORIAL – BIBLIOTECA MUNICIPAL Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Esclareço, antes de mais nada, que não advogo em causa própria; trato de um tema de interesse público. Histórico Quando em novembro de 1971 radiquei-me em Petrópolis, para aqui fixar residência, encontrei a Biblioteca Municipal ocupando um pardieiro na esquina da Rua da Imperatriz com a Praça Visconde de Mauá, onde a luz havia sido cortada por questão de segurança. Dirigia então a Biblioteca a figura inesquecível de Yeda Lobo Xavier da Silva, que me permitia, apesar da precariedade do ambiente, fazer algumas consultas, usando eu uma lanterna para melhor decifrar o que continham os livros e periódicos. Foi nesse lúgubre e bizarro contexto, indigno de uma cidade como Petrópolis, que iniciei minhas pesquisas sobre a cultura e a história do município, sempre em caráter particular, sem qualquer ajuda, inclusive financeira de quem quer que fosse, principalmente do poder público a que nada devo. Durante a administração Paulo Rates (1973/1977) foi construído num dos lados da Praça Visconde de Mauá o prédio que deveria abrigar o Centro de Cultura, onde acomodar-se-iam a Biblioteca Municipal, propriamente dita, com suas dependências naturais quais fossem a chamada Sala Petrópolis, a Hemeroteca e o Arquivo Histórico, que, diga-se de passagem, tecnicamente deveria ocupar um outro espaço. Já no governo Jamil Sabra o novo edifício começou a tomar forma no concernente à prestação de serviços à cultura petropolitana. Avultavam ali duas figuras fundamentais: Hebe Machado Brasil, que presidia o então Departamento de Cultura e Yeda Lobo Xavier da Silva, que administrava a Biblioteca com extremo amor e zelo, aqui melhorando as condições de pesquisa, ali cuidando da preservação e modernização do acervo, acolá dando total atenção aos consulentes. E ainda lhe sobrava tempo para pesquisar e escrever. Para infelicidade de nós todos faleceu prematura e inesperadamente em setembro de 1991. Mergulhado profundamente em minhas investigações sobre Petrópolis e tomando por base o rico acervo existente na Biblioteca e adjacências, produzi as seguintes obras objetivando especificamente o município a partir de 1978: Petrópolis sua Administração na República Velha – 1.° vol. Petrópolis sua Administração na República Velha – 2.° vol. – 1981 Petrópolis do Embrião ao Aborto – 1.° vol. – 1981 Petrópolis do Embrião ao Aborto – 2.° vol. – 2008 Três Ensaios sobre Petrópolis – 1984 Petrópolis Capital Diplomática – Manuel […] Read More

JÓIAS PETROPOLITANAS

JÓIAS PETROPOLITANAS Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel A Escola de Música Santa Cecília está a completar 118 anos de profícua existência. Sua fundação data de 16 de fevereiro de 1893. E o Teatro Santa Cecília que funciona no prédio da Escola está a completar o seu 56º aniversário. E a festa será naquele local, às 19h do dia 28 de setembro próximo e os ingressos custarão R$.5,00, cuja renda será revertida em prol das obras sociais da Instituição. Nomes como os de Marly Machado – nossa rainha, dos músicos Paulo Gantzel e Ilton Esteves, dentre outros, abrilhantarão o evento. Tanto o teatro baluarte das artes cênicas e a Escola são um patrimônio artístico e cultural em pleno funcionamento. A Escola tem como fim basilar a manutenção do ensino musical e outras manifestações de arte e cultura o que inclui o teatro, nossa jóia rara. Principalmente aqueles militantes nas diversas Instituições culturais, artísticas e benemerentes, têm plena consciência das dificuldades que as permeiam. E neste diapasão dirigimos os aplausos à tão insigne Escola, símbolo de idealismo e elevado senso de servir, pois conta com homens da mais alta envergadura, pela estatura moral, cultural e dedicação ao magistério e ao apostolado. Segue em sua íntegra o mandamento de Cristo no “amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Petrópolis e a música não se cansam de louvar e agradecer ao Maestro Paulo Carneiro, que por seus méritos, recebeu em vida, dentre outros lauréis a “Grande Medalha de Ouro” concedida por S.A.I.R. Imperador Dom Pedro II. Nomes da maior relevância e abnegação ajudaram a constituir e a prosseguir a magnífica obra cultural, artística e social. Ponho em relevo alguns nomes não seguindo uma ordem, nem época, penitenciando-me desde já pela não inclusão de outros tantos merecedores dos encômios e reverências, mas que constituem a senda de mecenas e bravos Anjos Tocheiros que iluminaram e fazem refulgir a magnífica obra cultural e artística. Dentre eles Reinaldo Antônio da Silva Chaves, Walter Eckhardt, Sanctino Carneiro, filho do Maestro Paulo Carneiro, que abriu mãos de todos os bens do pai, notadamente os instrumentos musicais e a própria Escola, a insigne pianista Madalena Tagliaferro (aluna do maestro fundador,) compositor Cesar Guerra Peixe, o maestro, compositor e pesquisador Ernane Aguiar, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, Joaquim Eloy Duarte dos […] Read More

FÁBULA (UMA): DEU NO QUE DEU

  UMA FÁBULA: DEU NO QUE DEU Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Após consulta com o cardiologista, o veredito: – Pressão arterial altíssima; o senhor terá que controlar a pressão, o colesterol e o sangue pelo resto da vida. Por enquanto, até mais ver, um controle medicamentoso com três remédios diários: um pela manhã, o outro com o almoço e o terceiro na hora de dormir. Pedi à minha mulher para comprar os três remédios. – Qual a farmácia? – perguntou. – Qualquer uma de sua escolha nas mais de três dezenas espalhadas ao longo da Rua do Imperador e outras tantas em todo o Município – respondi. Ela foi e cumpriu bem a missão. Entregou-me as três caixinhas, recomendando (será que todas as esposas recomendam tanto?): – Leia atentamente as bulas que eu vou controlar as dosagens e os horários. – Ora, você sabe que estou quase nos oitenta anos, enxergo muito menos, não consigo ler as letrinhas miúdas desse verdadeiro testamento – disse. – Está certo e também não adianta ler aquele palavrório todo; não se entende bulufas de pitibiriba ! – complementou. – E a notinha da farmácia? Perguntei. – Na bolsa; pode pegar. – Cai dentro da bolsa em meio a um desorganizado mundaréu de tudo, conseguindo achar a nota fiscal. Não consegui gritar. Gelei, suei, fui invadido por dores suspeitíssimas e desmaiei. Em uma maca do pronto-socorro, acordando, ouvi ao longe uma voz masculina: – Eu recomendei à senhora não mostrar a ele as notinhas das farmácias. Embora os remédios sejam eficazes e salvem os pacientes, os preços matam. Deu no que deu! Moral da História: com a mesma medicação os cientistas salvam e os laboratórios e farmacêuticos matam!

AMO PETRÓPOLIS

  AMO PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Os céticos, que em nada acreditam, talvez apenas no pessimismo e que acham que Petrópolis está uma droga e que seu povo é contemplativo e, consequentemente, amorfo, sorverão um tônico vivificante, na entrada da primavera, no dia 21 de setembro, uma quinta-feira, das 15 às 18 horas, no Centro Histórico. Pois é, assim mesmo como está dito, graças à efervescente presidente da AMA (Associação dos Moradores do Centro Histórico), Myriam Born, de larga liderança no meio artístico-cultural, entusiasmada sempre quando em jogo a promoção de nossa bela Cidade. Ela reuniu muitas pessoas, de todos os segmentos, na “Casa de Cláudio de Souza”, solicitando a cada artista um sorvo de criatividade no dia marcado para, junto ao povo em circulação, dizer que nós amamos Petrópolis de forma plena e que o ato lúdico e colorido é nosso cartão de visita petropolitano. Todos falarão a mesma língua, traduzida em apenas 4 mágicas letras: AMOR e demonstrarão à Cidade o quanto ela é preciosa para todos e que a ela devemos nossa nobre existência. Todos poderão participar, tornando-se artistas por instantes, cantando, dançando, representando, pintando óleos e aquarelas, equilibrando malabares e com piruetas em cima de elevadas pernas-de-pau. Música, alegria, cores, talentos, tudo para que a população readquira sua autoestima, mesmo que por segundos de um sorriso, de leve alma, de momento de catarse amorosa. Myriam, como fada encantada, conduzirá a arte global na tarde de 21 de setembro, com a presença de personalidades que são nosso orgulho histórico de ontem e de hoje. Será momento lúdico, bom para a alma e precioso no conteúdo da autoestima, a qual precisa urgentemente ser redescoberta no sentimento de cada um. Impressionante a adesão à idéia, iniciada com meia dúzia de pioneiros e, às vésperas do encontro, reunindo mais de uma centena de artistas de todos os pincéis e gambiarras. Como faz bem, é tão bom, a Cidade ter Myriam Born agitando a cultura. Com ela, estarão pessoas que comungam o espírito salutar de expor-se aos dorminhocos, despertando-os dos maus pesadelos para a realidade feliz e colorida. Amo Petrópolis poderia ser Ama Petrópolis, abrangente chamada que homenageia a quem promove e agita e amplia o abraço a todo e qualquer petropolitano que tiver a felicidade de viver o precioso dia por vir. Venha para a rua, na tarde […] Read More

GRANDE HOTEL – PETRÓPOLIS

  GRANDE HOTEL – PETRÓPOLIS Elisabeth Maria da Silva Maller, associada titular, cadeira n.º 31, patrono Napoleão Thouzet O Objetivo deste trabalho é registrar o processo de revitalização do Grande Hotel Petrópolis, narrando a trajetória de vida de dois grandes empreendedores que contribuíram, cada um a seu tempo, para o progresso de nossa cidade. No auge da Belle Époque, o prédio do Grande Hotel trouxe charme e glamour à Petrópolis dos anos 30, com seus salões requintados e instalações modernas em seu estilo eclético, provocou frisson e mudou a paisagem da então Avenida XV de Novembro. O ano de 1930 marcava o início da era Vargas, o país começava um novo ciclo, que mudaria a rotina e a vida dos brasileiros A queda da bolsa de New York mudava o perfil daqueles que buscavam o exterior como destino turístico e as viagens pelo interior do Brasil tornaram-se mais atrativas devido às boas condições das estradas de rodagem. Petrópolis, já famosa desde o tempo do Império por suas belezas naturais e clima agradável, passou a ser freqüentada por um número cada vez maior de visitantes, que buscavam melhores instalações e que, por falta de hospedagem, recorriam aos hospitais, que na época ofereciam bons serviços e os preços eram atrativos. A idéia de construir um hotel, que oferecesse a seus hóspedes acomodações de alta qualidade, agregando lazer, motivou o Coronel Jeronymo Ferreira Alves, homem de posses e visão de empreendedor, a mandar construir no coração da então Avenida XV de Novembro um hotel, que batizou com o nome de “Grande Hotel”. O Coronel Jeronymo Ferreira Alves nasceu em São Martinho do Val, Conselho de Vila Nova de Famalicão, Portugal. Chegou ao Brasil com 14 anos de idade em 28.10.1888, vindo para Corrêas, onde morou e trabalhou como caixeiro do estabelecimento do tio chamado Jeronymo de Oliveira. Mudou-se para Itaipava em 1902, onde se estabeleceu e abriu um armazém próprio, casando-se com D. Margarida Carlos, com quem teve nove filhos: Noêmia, Zaida, Dario, Cármen, Iveta, Narim, Edir, Eda e Jeronymo. D. Margarida Carlos e Jeronymo Ferreira Alves – 1941 (Acervo da família) O Grande Hotel, projetado para proporcionar o que havia de melhor a seus hospedes, teve como responsável pela construção o respeitável Sr. Francisco de Carolis, que não mediu esforços na execução de seu projeto. O Hotel era o único prédio da cidade que possuía um elevador, que atendia a todos os […] Read More

POSSE DE ELISABETH MARIA DA SILVA MALLER

  POSSE DE ELISABETH MARIA DA SILVA MALLER Elisabeth Maria da Silva Maller, associada titular, cadeira n.º 31, patrono Napoleão Thouzet Exmo. Sr. Presidente do Instituto Histórico Sr. Luis Carlos Gomes Exmos. Membros do Instituto Histórico de Petrópolis Exmas. Autoridades presentes Senhoras e Senhores Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer aos srs. Luis Carlos Gomes, Presidente do IHP, Paulo Roberto Martins e ao Professor Jeronymo Ferreira Alves Netto pela indicação do meu nome. É para mim uma grande honra . Agradecer à minha família pela compreensão, nas horas em que estive ausente . Agradecer à Igreja Evangélica de Confissão Luterana pela oportunidade de estar à frente de seu arquivo histórico. Ao Pe. Jac pela oportunidade de organizar o arquivo histórico da Catedral de São Pedro de Alcântara e ao Clube 29 de Junho nas pessoas de Dona Emygdia Hoelz Lyrio e Sr. Bartolomeu Escarlate pelo apoio junto ao Museu Casa do Colono Alemão do qual sou coordenadora. Aos meus mestres da Universidade Católica de Petrópolis, da qual sou ex-aluna de duas graduações, Direito e História, que através de seus ensinamentos me possibilitaram chegar até aqui. A partir de hoje ocuparei a cadeira de n.º 31 cujo patrono é o Dr. Constantino Napoleão Thouzet, médico francês, que fixou residência em nossa cidade à Rua Joinville n.º 9, atual Av. Ipiranga, por volta de 1851. Em sua bela chácara cultivava orquídeas e outras plantas raras, e no ano seguinte passou a lecionar seu idioma, História e Geografia no tradicional Instituto Kopke, também conhecido como Colégio Petrópolis, localizado na atual Rua Walter Bretz, na Piabanha. Em 1855, a colônia de Petrópolis foi acometida de uma terrível epidemia de cólera, vitimando 360 pessoas; entre as vítimas fatais estavam o colono Miguel Bauer e sua esposa Catarina, moradores do Quarteirão Castelânea. Dentre as providências tomadas pelo Presidente da Província, o Visconde de Baependi, estavam a criação de uma junta médica cuja finalidade era visitar os doentes em suas residências, bem como os estabelecimentos comerciais e industriais e a criação de uma enfermaria pública localizada na Rua Montecaseros. Juntamente com os drs. José Calazans Rodrigues de Andrade e Luiz Pinheiro Siquera o Dr. Thouzet trabalhou incessantemente no combate aos males do cólera, recusando-se a receber uma gratificação por seus serviços. Como forma de agradecimento, os habitantes de Petrópolis cunharam uma medalha e ofertaram ao Dr. Thouzet, com os dizeres: “Sabedoria e Filantropia. Ao exímio médico […] Read More