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SEGUNDA OCUPAÇÃO (A): O VERANISMO

  A SEGUNDA OCUPAÇÃO : O VERANISMO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira No decorrer dos meses de março e abril de 1997, participei de um ciclo de palestras organizado pelo presidente da Academia Petropolitana de Letras, Dr. Hélio Werneck de Carvalho, com trabalhos apresentados pelos acadêmicos Laert Rodrigues Goulart, Jorge Ferreira Machado, Paulo Machado da Costa e Silva e este palestrante, todos da Academia Petropolitana de Letras, Dalila Cordeiro Machado, escritora, Mestre em Letras na Bahia e Alberto Venâncio Filho, da Academia Brasileira de Letras. O tema foi Afrânio Peixoto, o grande cientista, professor, escritor baiano, acadêmico da Academia Brasileira de Letras e veranista em Petrópolis. O ciclo foi um grande sucesso, muito prestigiado, assinalando presenças de grandes representantes da Cultura Nacional, como o acadêmico romancista Josué Montello e o embaixador Afonso Arinos de Mello Franco. As palestras do ciclo compuseram uma edição impressa patrocinada pela Fundação Petrópolis de Cultura, Esportes e Lazer, presidida pela Comunicadora e escritora Kátia Chalita Mattar, opúsculo que o Dr. Hélio Werneck de Carvalho intitulou “O Resgate de uma Memória – Afrânio Peixoto”. O meu tema naquele encontro foi “Afrânio Peixoto em Petrópolis”, apresentado na noite de 4 de abril de 1997. Transcrevo, recordando, o início daquela palestra: “Bastos Tigre, nosso grande poeta e cronista, era um inveterado veranista. “Veranista… Era assim chamado aquele que subia a serra e vinha passar alguns meses do verão em Petrópolis. Invariavelmente era de dezembro a março, começando, para alguns, um pouco antes e terminando, para outros, pouco depois. A regra mais comum era obedecer aos maiores: até 1889, a Corte do Imperador D. Pedro II; a partir daí, até os anos 60, ao séquito do Presidente da República. Chegavam os cabeças e vinham atrás os membros. “Petrópolis enfeitava-se de toilettes refinadas, em tempos do final do século XIX e início do século XX e, em seguida, dos costumes de griffes, dos penteados gomalinados, dos ternos de corte nobre. Era um farfalhar incessante de roçados de muitos tecidos, o “cloc-cloc” encampainhado de charretes ou, ainda, “fons-fons” desagradáveis de rolantes viaturas que faziam latir os cães e provocar estrepolias dos meninos de olhos buliçosos”. O soneto de Bastos Tigre é um primor de bom humor e literário. Ei-lo: “O VERANISTA O veranista, porque a moda o ordena para a Serra dos Órgãos se desloca. Mal, com os rigores do verão […] Read More

KOPKE, HENRIQUE KOPKE (DR.)

  KOPKE, HENRIQUE KOPKE (DR.) Gabriel Kopke Fróes, associado fundador, patrono da cadeira n°. 18 Advogado Bacharel em Direito. Nasceu no Porto em 1807 e faleceu em Petrópolis no dia 10 de dezembro de 1881. Veio para o Brasil em outubro de 1829, com 22 anos de idade, viajando de Liverpool no brigue “Meridiano”. Com seu irmão Guilherme, engenheiro, dedicou-se aos serviços de navegação fluvial em Minas. Por Decreto n. 332 de 5 de fevereiro de 1845, recebeu carta de naturalização de cidadão brasileiro, com dispensa das formalidades legais. Residiu em Sabará, onde nasceu seu primogênito. Em 1849 veio para Petrópolis fundar e dirigir o Instituto Kopke, primeiro educandário particular ali fundado, em prédio próprio para tal construído, e que foi também o primeiro edifício de três andares que contou a povoação, construção de seu irmão Guilherme. Seu colégio, que funcionava só no regime de internado, tornou-se famoso pela excelência do ensino, merecendo por várias vezes a visita do Imperador D. Pedro II, que distinguia o diretor com sua amizade. Teve papel saliente nos primórdios da história petropolitana, desempenhando alguns cargos não remunerados, como Juiz de Paz e vereador. Casado com mulher brasileira, deixou cinco filhos: Henrique, Lavínia, Felisbela, (Henrique Augusto) e João. Recebeu a condecoração da Cavaleiro da Ordem do Rosa. Nome à rua: Resolução de 22-3-1902. Referências: Tribuna 4-9-1941 e 18-11-1950. Centenário de Petrópolis, vol. II, pg. 152.

VOCÊ CONHECE O TRONO DE FÁTIMA?

VOCÊ CONHECE O TRONO DE FÁTIMA? Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel Visitar Petrópolis e não conhecer o Trono de Fátima, é o mesmo que estar no Rio de Janeiro e não ir ao Corcovado. Lá, está erigido o monumento em honra ao Cristo Redentor. Belos símbolos de nossa fé, viva expressão e reverências. Ambos foram edificados no alto da montanha. O filho Redentor embeleza a Cidade Maravilhosa e a Doce Mãe de Deus abençoa e adorna Petrópolis. É um convite não só à contemplação artística, mas ao reavivamento de nossa confiança, à conversão, à concórdia e à união fraterna entre os povos. Nesse diapasão, o Trono de Fátima, vive em todos os dias 13 de cada mês um clima de festa e orações, culminando com a Sagrada Eucaristia oficiada pelo Revmo. Frei Abílio e presença maciça da Congregação Mariana, que existe desde 08/12/1915, portanto, às vésperas de completar 95 anos, ora presidida por Vanilton Miranda, com vasta folha de serviços prestados e contando com a diligente direção e abnegados Congregados. Dentre os inúmeros louvores, um em particular merece realce. É ao Frei João José, que desfruta do Cânon Celestial e de quem falaremos obedientes ao percuciente relato do Fr. Constantino Koser (V.F.nº 30-06/63) e depoimentos de vários Congregados que na Instituição permanecem desde sua fundação, enriquecendo esta justa homenagem. Frei João José Pedreira de Castro, nasceu em Petrópolis aos 26/07/1896 e ingressou na Ordem dos Frades Menores (OFM), aos 13 anos de idade, seguindo logo para Itu, SP, junto aos Padres Jesuítas. Retorna à Petrópolis, no final de 1918, com objetivo de concluir seus estudos no Convento do Sagrado Coração de Jesus, aqui permanecendo no exercício das funções de professor de idiomas. Ordenado Sacerdote em 1920, partiu para a Alemanha em 1921, a fim de concluir seus estudos em Ciências Bíblicas. Em 1924 foi surpreendido por uma junta médica, que em síntese apresentou-lhe um laudo onde deixavam transparecer que ele não teria mais que seis meses de vida, pois encontrava-se gravemente enfermo e com alto grau de diabetes. Mais uma vez retorna ao convívio do Convento do Sagrado Coração de Jesus e, ao lado da Congregação Mariana da Anunciação, descobriu que teria uma missão a ser cumprida, para o bem da Igreja de Cristo, alegria do povo de Deus e para gáudio das artes. Em 1940 construiu […] Read More

AO AMIGO CALAU

AO AMIGO CALAU Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel Na parte da manhã tenho o hábito de recitar o terço e a Liturgia Diária. E na manhã de quinta-feira, ainda não havia terminado a leitura do Evangelho Segundo São João e a campainha do telefone tocou . Era a colega de turma Julia Shaefer que estava na linha. É um prazer renovado cada contato com essa amiga que por mais de quarenta anos preservo na lembrança e no coração já que fizemos parte da mesma turma da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Petrópolis desde 1970. E logo ao bom dia e pedido e notícias de ambas as partes veio a informação que causou perplexidade e silêncio: nosso amigo Calau ou Carlos Alberto da Silva Lopes faleceu na madrugada desta quinta – feira! Nesse momento a voz estremeceu, ficou rouca, cessou tudo. Aos poucos fomos nos inteirando e nos cientificamos do velório realizado na Câmara Municipal de Petrópolis de cuja Casa do Legislativo Municipal Calau Lopes fora Vereador e Presidente, com sepultamento às 17h. Pois é, amigo Calau, nós que por tantas vezes em grupo estudamos nos tempos universitários, convivemos com seu jeito alegre, sua eloqüência, aprendemos a admirar o artista, o político, o pensador, o sociólogo, o idealista que trazia na bagagem tantos atributos, planos e projetos a realizar. Sua transição é mais uma lição a que exercitemos a simplicidade, a humildade, a vigilância e o amor à vida porque não nos cabe determinar a hora do dormicio, mas sim ao Criador de todas as coisas e criaturas. Tudo passa, estamos aqui temporariamente, somos meros usufrutuários desta terra e por mais que saibamos disso reincidimos sempre, talvez por nossa fragilidade humana e limitações advindas do pecado adâmico ou original. Uma irreparável lacuna se abre junto a nossos Colegas Advogados que está a completar 37 anos de formatura e, sucessivamente na política, Instituições Culturais a exemplo do Instituto Histórico de Petrópolis, Terceira Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil onde era Conselheiro, nos movimentos teatrais e artísticos, enfim, uma voz se cala e um vazio toma conta do universo. Resta-nos a certeza da vida eterna prometida por Jesus Cristo na presença da doce Mãe dos Céus aos pés da Cruz e que “há um tempo certo para todas as coisas debaixo do céu. Tempo de nascer, tempo […] Read More

AQUELE QUE FICA

  AQUELE QUE FICA Joaquim Eloy Santos Olha ai, Calau, em que prebenda você meteu a todos! E a Petrópolis! E à Cultura! Você sempre foi previsível dentro do imprevisível da vida. Agora quebrou tudo, saindo da vida no meio do sarau. Não ouviu metade do concerto embora tenha organizado toda a programação, agitado os artistas, divulgado o evento, quebrado lanças para sua realização. Sua previsibilidade, que navegava dentro do mais puro entusiasmo, no seio mais doce de impressionante coragem, no meio da indiferença e da descrença, diuturnamente acompanhada por gestos largos e gargalhadas sonoras, está num silêncio que rasga nossa alma de incredulidade. Tinha que ser assim, como foi? O artista deixar o proscênio num repente, num espanto de remexer os sentimentos, em meio ao personagem iluminado pelo seu talento e sua alegria contagiante? A vida cobra muito caro do coração que a sustenta, trazendo nas hordas do imponderável o manto da tristeza e a roupagem cênica da tragédia. O Teatro da existência temporal não devia ser assim, com interpretações tão rascantes de tremores, quanto de risos fáceis, nesse palco da vida acortinado pelo contra-regra absoluto, a morte. Calau Lopes fica espalhafatosamente no coração de Petrópolis, em cujas montanhas ecoarão para todo o sempre sua verve extraordinária, seu talento pela amizade, seu destemor no trato das questões de honra, um de seus bens mais caros e por ele defendido mesmo sob pressões de criaturas humanas que jamais chegariam – nem chegaram e nem chegarão – à sua impressionante vocação para o clímax da interpretação sempre correta, justa, maravilha de sua personalidade que se entregava aos projetos, aos amigos, à Cultura, à Política, ao labor funcional e burocrático, aos sonhos mais elevados que arrancavam de seu peito um entusiasmo que arrasava qualquer vírus da descrença. A imagem passada por Calau, para mim, era a de um cavaleiro daqueles enlatados das Cruzadas, imponente com seu escudo e lança investindo contra as injustiças, mesmo que, em dados momentos, os moinhos quixotescos não cedessem sob suas arremetidas, em rastros de pureza destemida; quando pedia a palavra, era um Cícero estonteando as cabeças senatoriais do Fórum Romano em suas catilinárias ouvidas pela extensão das grandes platéias sem pios de reprimendas ou contestações; na liça guerreira era Alexandre, o grande ou Júlio César, nos embates das estratégias perfeitas; quando no palco, dominava a cena, prendia as platéias aos seus magníficos personagens; quando administrador, por detrás […] Read More

SÍMBOLO DE CULTURA E ARTE

SÍMBOLO DE CULTURA E ARTE Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel A Escola de Música Santa Cecília completou 117 anos de profícua existência. Sua fundação data de 16 de fevereiro de 1893. É um patrimônio artístico e cultural em pleno funcionamento. Ela tem como fim basilar a manutenção do ensino musical e outras manifestações de arte e cultura. Principalmente aqueles militantes nas diversas Instituições culturais, artísticas e benemerentes, têm plena consciência das dificuldades que as permeiam. E neste diapasão dirigimos os aplausos à tão insigne Escola, símbolo de idealismo e elevado senso de servir, pois conta com homens da mais alta envergadura, pela estatura moral, cultural e dedicação ao magistério e ao apostolado do servir. Seguem em sua íntegra o mandamento de Cristo no “amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.” Petrópolis e a música não se cansam de louvar e agradecer ao Maestro Paulo Carneiro, que por seus méritos, recebeu em vida, dentre outros lauréis a “Grande Medalha de Ouro” concedida por S.A.I.R. Imperador Dom Pedro II. Nomes da maior relevância e abnegação ajudaram a constituir e a prosseguir a magnífica obra cultural, artística e social. Ponho em relevo alguns nomes não seguindo uma ordem, nem época, penitenciando-me desde já a não inclusão de outros tantos merecedores dos encômios e reverências, mas que constituem a senda de mecenas e bravos Anjos Tocheiros que iluminaram e fazem refulgir a magnífica obra cultural e artística, dentre eles Reinaldo Antônio da Silva Chaves, Walter Eckhardt, Sanctino Carneiro, filho do Maestro Paulo Carneiro, que abriu mãos de todos os bens do pai, notadamente os instrumentos musicais e a própria Escola, a insigne pianista Madalena Tagliaferro (aluna do maestro fundador), compositor Cesar Guerra Peixe, o maestro, compositor e pesquisador Ernane Aguiar, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, Joaquim Eloy Duarte dos Santos e o irmão Paulo Santos (ex-Presidentes), Professores Deoclécio Damasceno de Freitas, Adelaide Carneiro, João B. Pires, Maria S. Carvalho, João Baptista Maul, Francisco Chaffieli, Dr. Paula Buarque, a extraordinária caricaturista e intelectual Nair de Teffé Hermes da Fonseca, seu atual Presidente Dr. Mauro Carneiro Senna, o Corpo Docente e Discente atual e equipe de funcionários que honram a nobre Arcádia Cultural, dentre os quais a Senhora Ângela Badaró, merecedores do demorado abraço e aplausos porque juntos a seu fundador, co-fundadores, Diretores, benfeitores e ex-presidentes, […] Read More

PLANO KOELER (O)

  O PLANO DE KOELER Guilherme Pedro Eppinghaus A escolha do tema foi imposta pela dúvida levantada sobre o alvorecer da história de Petrópolis. Se, por vezes, escritores tratam com benevolência figuras e fatos da história, fugindo assim à realidade, outros há que aplicam a malevolência, praticando um mal por vezes irreparável. A história de Petrópolis sofreu, lamentavelmente, os efeitos da malignidade, a que interesses inconfessáveis davam campo e medraram os males como cresce a erva daninha. A própria chegada dos colonos foi manchada por correspondência atribuída ao Pastor Stroele e publicada. Nela não foram poupadas as autoridades brasileiras, nem houve moderação ao descrever inverdades que atingiram Koeler, os colonos e suas famílias. O plano de Koeler foi também criticado, houve referências a planos anteriores que fracassaram, não houve restrições na aplicação da maldade e inúmeras inverdades foram inventadas. É indispensável que sejam expurgados os erros, inclusive os consequentes de comentários referentes a esta ou aquela imprevisão, feitos apressadamente. Só a análise tranquila coloca tudo nos devidos lugares, e é o que neste conjunto de apreciações será tentado, com as deficiências e falta de autoridade que o culto e distinto auditório suprirá, com a benevolência que o caracteriza. Falar sobre a data que hoje comemoramos seria repetir o que muitos ilustres historiadores já descreveram, como resultante de suas pesquisas e dos conhecimentos legados também através das recordações dos velhos colonos e seus descendentes. Entretanto, dentro dos limites razoáveis, é bom referir que, depois das acidentadas travessias dos imigrantes, tem início o trabalho concreto das realizações. Como muito bem escreveu Alcindo Sodré, no capítulo “Quando Petrópolis amanhecia”, publicado em 1950 na Revista do Instituto Histórico de Petrópolis: ­ “Petrópolis nasceu com a construção do Palácio Imperial”. O Major Koeler concebera o plano que serviria de orientação à formação e desenvolvimento da cidade que hoje conhecemos como original entre os demais. Ao examinar as realizações que obedeceram o projeto, os documentos que regularam o crescimento com as condições de uso e a legislação geral então vigente, conclui-se que o plano previa, com antevisão de mais de um século, a dilatação horizontal da cidade, expandindo-se pelo vale do rio Piabanha e seus afluentes para montante e, em futuro para ele ainda remoto, para jusante do maior rio que banha o Município. É de admitir-se ­ é, aliás, certo que, não fora o acidente ocorrido em 1847 que teve como conseqüência a morte de […] Read More

BREVE HISTÓRICO DA CATEDRAL SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA

  BREVE HISTÓRICO DA CATEDRAL SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Pelo Decreto de 16 de março de 1843, que foi, no dizer do saudoso historiador Alcindo Sodré, “a certidão de batismo, o ato oficial e político, que promoveria a criação de Petrópolis” (1), quis o Imperador determinar desde logo o levantamento de seu primeiro templo católico, sob a invocação de São Pedro de Alcântara, padroeiro do Império e seu próprio patrono. Em conseqüência, na planta elaborada pelo Major Júlio Frederico Koeler, em 1846, ficou reservado, conforme disposição do Decreto Imperial, o terreno onde deveria ser edificado o referido templo, isto é, uma área triangular compreendida entre as atuais avenidas Tiradentes e Ipiranga e a Rua Raul de Leoni. Tratava-se de uma obra grandiosa que demandava tempo e avultados recursos, por isto os atos religiosos católicos, segundo nos informa Fróes “eram realizados numa sala preparada para tal fim no antigo barracão de obras provinciais, na Rua do Imperador” (2), até que ficou resolvida a construção de uma pequena Capela provisória, na Rua da Imperatriz, em frente ao Palácio Imperial, inaugurada em 1848 e que funcionaria como Matriz até 1925. D. Pedro II, “enquanto durou o seu permanente contato com Petrópolis, manifestou sempre, por atos e ações, o seu interesse pelo culto católico na sua querida cidade” (3). Assim, a 12 de março de 1876, por ocasião das comemorações da data natalícia da Imperatriz D. Tereza Cristina que, no dia 14 daquele mês, completava 54 anos, num pavilhão anteriormente armado no morro do Belvedere, o Internúncio Apostólico, Monsenhor Luís Bruschetti, coadjuvado pelos padres Nicolao Germain e Theodoro Esch, celebrou missa e procedeu a sagração do terreno. (1) SODRÉ, Alcindo. D. Pedro II e a Paróquia de Petrópolis. Vozes de Petrópolis, setembro-outubro, 1946, p. 649. (2) FRÓES, José Kopke. A Velha e a Nova Matriz de Petrópolis. Tribuna de Petrópolis, 30 de novembro de 1985, 2º Caderno. (3) SODRÉ, Alcindo, op. cit., p. 649. Compareceram à cerimônia o Imperador D. Pedro II, o Conde D’Eu e a Princesa Isabel, os ministros da Fazenda, Justiça e do Império, respectivamente Barão de Cotegipe, José Bento da Cunha Figueiredo e Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque; o Presidente da Província, Conselheiro Pinto Lima; o Presidente da Câmara Municipal, Paulino Afonso Pereira Nunes, todos os vereadores petropolitanos e a Irmandade do S.S. de São Pedro de […] Read More

ERA DOURADA DOS TRANSPORTES PÚBLICOS (A)

  A ERA DOURADA DOS TRANSPORTES PÚBLICOS Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “Para entrar no seu quarto eu ía de noite para a rua e voltava quando julgava minha família adormecida. Era um corredor de acústica traiçoeira: o menor ruído estrondava como a queda de um móvel. Tirava os sapatos na escada e ficava parado diante da porta do quarto, à espera do momento exato de abrí-la e de entrar. Esse momento, às vezes demorado e supliciante, era quando o bonde entrava no desvio defronte da loja na Avenida XV, e cobria todos os rumores com um chacoalhar de ferragens e um diálogo destabocado entre passageiros, motorneiro e condutor. Aí eu abria bruscamente a porta e penetrava (…)” (Pongetti, Henrique, O Carregador de Lembranças, Editora Pongetti, Rio de Janeiro, 1971). A história dos deslocamentos de ‘massa’ na cidade de Petrópolis por empresas privadas possui suas operações processadas pela primeira década do século XX, quando justamente em 1910 (18.10), inaugurou-se o serviço de auto-ônibus entre a Estação da Leopoldina e a Cascatinha. Primeiro, no gênero, a ser executado no município, observando-se que o transporte de terceiros e operários para a Cascatinha promoveria alta rentabilidade econômica (Fróes, Gabriel). A princípio a elite de moradores que se deslocavam era composta por privilegiados, pois as tarifas eram altas para o poder aquisitivo do operariado, mas com o aumento do número de coletivos, o transporte iniciou sua consolidação, que logo foi abalada pela chegada dos bondes (Verão em Petrópolis). Outros pequenos empresários passaram também por conta própria e risco a se estabelecer no setor, sem constituir empresas legalmente autorizadas, transferindo capitais de suas operações comerciais, muitos destes de lojas. Estes eram favorecidos pelos poderes públicos, com o estabelecimento imediato das concessões para a atividade e pelas agencias bancárias ‘sedentas’ de participar com créditos e associações para a aquisição ou locação de veículos, ou em muito para confecção de carrocerias, nos tradicionais artesãos carpinteiros alemães, como os Bade (Silveira, Oazinguito F.). Até mesmo o Hotel da Independência, assim como outros, passou a explorar o transporte, principalmente a partir do terminal centro da estação ferroviária da Leopoldina, conduzindo clientes em uma época onde o fluxo de visitantes e hóspedes da cidade eram intensos em seu veraneio e fuga de epidemias. Por outro lado, inúmeras foram também nas primeiras décadas do século as propostas de empresários do […] Read More

DESTINO EM TRILHA RETA

  DESTINO EM TRILHA RETA Joaquim Eloy Santos O turismo em Petrópolis depende exclusivamente de seu povo e da vontade política dos detentores do poder. O povo precisa ser educado no respeito aos bens culturais e incentivado ao poder de polícia, como guarda vigilante da ainda rica herança patrimonial. Sua ação estará deitada ao interesse público e a denúncia que fizer, deve ter fundamento no coração de petropolitano, na visão de futuro e no amor à terra que é dos descendentes. É a sobrevivência que está em jogo, de tudo e de todos, disciplinado o destino turístico-cultural a essa brigada de defensores-agentes da preservação ambiental, cultural, patrimonial, enfim, a herança que recebemos e devemos passar aos que chegam, sejam naturais, sejam adotados. De passagem, a aplicação de rígida xenofobia quanto aos invasores do negócio fácil (as drogas, por exemplo) e aos geradores da violência e do desamor, fatores enfraquecedores da auto-estima. Preservando e explorando os bens herdados, mantendo-os dignos do foro de civilização, estaremos garantindo a autonomia futura de nosso recanto e seu desenvolvimento como um lugar bom para viver. Também deve ser norte de projetos turístico-culturais imediatos e objetivos, a reabilitação de personagens de nossa história, através de novos bens a serem edificados, bem como a criteriosa identificação dos topônimos urbanos, como existe em cidades que já acordaram para essa galinha-dos-ovos-de-ouro. Não deixar a política de resultados imediatistas sobrepor-se ao destino municipal e porque a ganância especulativa não pode agigantar-se acima das legítimas aspirações em favor de nosso futuro. Por muitos anos tenho batido em algumas teclas, sob apoio da imprensa atenta e de pessoas de sentimento cívico, no sentido de ampliar as ofertas turísticas e duas conquistas necessitam ter apoio político imediato e sensibilidade objetiva e que são: 1) um monumento à Princesa Isabel, nos moldes dos modernos Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana e Brigitte Bardot, em Búzios, e outros já instalados em alguns pontos do país. A Princesa Isabel seria representada em escultura de tamanho natural, tirada de uma fotografia na qual acha-se sentada, com duas amigas, no Palácio de Cristal; a escultura marcaria uma grande atração para os visitantes e os habitantes do Município; 2) Brigadeiro Eduardo Gomes, petropolitano nato, morador da cidade, grande nome da Aeronáutica Brasileira, herói de nossa história, que ainda não possui qualquer homenagem no Município (corrijam-me, se estou equivocado), que mereceria uma estátua em tamanho natural e seu nome em […] Read More