Índice de autores

HISTÓRIA DEMOLIDA

  HISTÓRIA DEMOLIDA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Houve um tempo longo de nenhum cuidado. Em nome do progresso civilizações foram destruídas e sepultadas em proveito da futura arqueologia. O que poderia permanecer luzindo ganhou a poeira e o soterramento. Grandes conflitos mundiais destruíram e destruíram em nome da barbárie do poder sem freios. Vivemos 20 séculos, – numerados a partir de um momento histórico-religioso -, de transformações com poucos exemplares vivos da narrativa da Criatura Humana. Essas hecatombes medraram o desenvolvimento científico, aprimorando o conforto de muitos e gerando o infortúnio da grande massa de sobreviventes. Uma lei natural que jamais estancou as graves feridas da Humanidade porém elevou o Ser Inteligente a uma tecnologia de conforto para o bem viver mas frágil diante das botas dos poderosos por sobre as cabeças dos miseráveis. O término da 2ª Guerra Mundial alertou a todos sobre o mau exercício da Humanidade em relação ao seu patrimônio. De repente, após a insanidade de grupos políticos desumanos, o rico patrimônio dos Velhos Continentes estava depositado no pó das ruas cobertas por cadáveres. Urgia a reconstrução, a retomada do conceito de herança, o bálsamo para as feridas expostas no desencanto das criaturas de boa vontade. No Brasil, tão distante de tudo e sofrendo a invasão da massificação cultural distante de nossas origens, ofuscante no brilho das garrafas de refrigerantes, entendeu que modernizar era destruir o velho, coisa que a Capital da República, a cidade do Rio de Janeiro, já fizera no início do século XX com o Morro de Santo Antônio e a moderna Avenida Rio Branco. Pois muito bem – certamente muito mal – chegou a Petrópolis a sanha do “novo” na poeira levantada pela construção civil e reavaliações urbanas, nos tempos da guerra e post ela, gerando uma série de derrubadas de prédios, casarões, monumentos da arquitetura e da engenharia petropolitana histórica, para a edificação de caixotes largos, médios, finos, muito longe da tradição formativa de nossa cultura. Não se respeitou nada, esquecendo-se todos que sepultava-se o futuro da cidade, a vocação tão propalada hoje pelo turismo, deitando-se no chão exemplares raros da História do Brasil dos séculos XIX e XX, enfeixando no meio de prédios bonitos e de estilos rebuscados, os espigões lisos, apertando e afogando os sobrados, machucando a estética e aviltando a beleza espremida. Escapou muito pouco e o […] Read More

HERÓI PETROPOLITANO (O)

  O HERÓI PETROPOLITANO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira   A 20 de setembro de 1896 nasce em Petrópolis o herói nacional Eduardo Gomes. Infância normal aqui na sua terra com seus pais. Aos 20 anos de idade ingressa na Escola Militar de Realengo, seguindo uma tradição militar de família já que seu pai pertencera aos quadros da Marinha de Guerra Brasileira. Entusiasmado com a aviação, cujo pioneiro fora Alberto Santos=Dumont, que apreciava e conhecia em Petrópolis, o jovem passa para a Escola de Aviação, integrada de cadetes cheios de entusiasmo e sob o encanto da grande novidade que exigia arrojo, perícia, coragem e desprendimento. No ano de 1922, eclode a revolta dos tenentes do Forte de Copacabana, em episódio célebre que passou à história como “Epopéia dos 18 do Forte”. Nele está integrado o jovem Eduardo Gomes. No dia 5 de julho, em protesto contra o fechamento do Clube Militar e a prisão do ex-Presidente da República Hermes da Fonseca, estando esgotadas as negociações com o governo os jovens tenentes, liderados por Siqueira Campos, saem em marcha para enfrentar as tropas do governo. Previamente uma bandeira brasileira é cortada em 29 pedaços que são repartidos entre os revoltosos. Começa a caminhada a partir do Forte seguindo a Avenida Atlântica. Alguns debandam e 18 chegam até o Hotel de Londres, a eles se juntando um civil, o engenheiro Otávio Correia. São recebidos por tremenda fuzilaria desfechada por 3.000 soldados legalistas entrincheirados. Caem baleados dez revoltosos e vivos apenas dois: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes, ambos muito feridos, imediatamente internados no Hospital Militar. Morrem no combate: o civil Otávio Corrêa, os tenentes Mário Carpenter e Nilton Prado e os soldados José Pinto de Oliveira, Manoel Antônio dos Reis e Hildebrando da Silva Nunes e dois não nominados. O heroísmo dos tenentes que não recuaram, avançando resolutos contra as tropas do governo, confere a Eduardo Gomes, juntamente com seus companheiros, o primeiro galardão de coragem e desprendimento em favor do país, ficando seu nome gravado no panteão dos mais admirados heróis brasileiros.. Após recuperar-se dos ferimentos é preso, consegue fugir para o interior do país, trabalhando como professor. Consegue identidade falsa até que no ano de 1924 está de novo em luta contra o governo federal participando de um raid de aviadores que sitiam a cidade de São Paulo e […] Read More

CINEMA EM PETRÓPOLIS – SUA HISTÓRIA

  CINEMA EM PETRÓPOLIS – SUA HISTÓRIA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O CINEMA PETRÓPOLIS INÍCIO PELO FIM Na noite de 21 de abril de 1996 a tela do Cinema Petrópolis foi iluminada pela última vez. O filme exibido “Coração Valente”, protagonizado por Mel Gibson, coloriu de muita aventura a despedida do maior e mais confortável cinema do Município. Alguns cinéfilos fizeram questão de permanecerem até as 23 horas, retirando-se devagar e lançando últimos olhares para o salão, a tela, o monumental espaço, esperando o projecionista desligar as máquinas, as luzes serem apagadas e acompanhando, já na calçada, os funcionários fecharem as portas. Na manhã de 22 de abril, muito cedo, funcionários da empresa Luiz Severiano Ribeiro, desmontaram o cinema, embarcaram tudo para o Rio de Janeiro, lacrando as portas e sepultando definitivamente o palácio de tanto sonho, divertimento, emoção, música, levando naquelas barulhentas viaturas um pouco da alma de cada espectador. Na mesma semana, a empresa Severiano Ribeiro recebeu visita de petropolitanos inconformados mas que não apresentaram nenhuma alternativa financeira válida para a continuidade do cinema. A argumentação mais forte do empresário era o número reduzido de freqüentadores, tornando inviável o funcionamento do gigantesco cinema em imóvel alugado, não cobrindo a ínfima renda as despesas da mínima manutenção. Abria-se, para a reminiscência do Município, mais um capítulo da sua melhor História Cultural, que tivera em seu palco tantos teatros e cinemas desde o início da povoação fundada por Júlio Köeler e D. Pedro II. O TEATRO XAVIER No ano de 1913, no espaço urbano, que corresponde ao números 804 a 808 da Rua do Imperador, o capitalista João Xavier fez construir um sobrado amplo destinado ao funcionamento de um teatro. Caprichou na concepção arquitetônica procurando edificar um espaço de diversões com as características dos melhores teatros do Distrito Federal. O salão de espetáculos foi projetado e construído com 28 camarotes, 18 frisas, 620 cadeiras e 400 galerias, com bom palco e camarins confortáveis. A fachada compunha-se, no térreo junto a calçada, de 3 portas, com entrada central onde eram expostos os cartazes e fotografias dos espetáculos, enquanto as demais destinavam-se ao comércio. Passada a sala de exposição e a bilheteria, penetrava-se em um corredor e, em meio a este, a esquerda, abria-se espaçosa sala de espera com cadeiras estofadas; no final do corredor chegava-se a uma grande área ao […] Read More

HOSPITAL DA CASA DE CARIDADE DE PETRÓPOLIS (O)

  HOSPITAL DA CASA DE CARIDADE DE PETRÓPOLIS (O) – CONHECENDO NOSSO PASSADO – (SÉRIE ESPECIAL) Paulo Machado Costa e Silva, associado titular, cadeira nº. 2, patrono Alcindo de Azevedo Sodré. Interrompendo o relato histórico seqüencial dos principais fatos de nossa Câmara Municipal, de acordo com as Atas de suas sessões até 1871, resolvemos tratar, de forma específica, de um assunto que agitou a Câmara Municipal no ano de 1868, a saber, os encontros e desencontros entre o Governo Provincial e os Vereadores desta cidade a respeito da manutenção ou do fechamento do seu primeiro Hospital, o da Casa de Caridade de Petrópolis. Esperamos fazê-lo nos cinco artigos desta série especial, hoje iniciada. Necessário se faz, porém, informar os leitores sobre o que aconteceu precedendo a situação, objeto principal desta narrativa, contada segundo as Atas da Câmara Municipal, embora os preliminares dessa estória, propriamente dita, se situem entre o final de 1867 e maio de 1868. Convém que se saiba, inicialmente, como a Câmara Municipal passou a ser responsável pela administração do primeiro hospital de Petrópolis. O primeiro hospital do povoado de Petrópolis, também conhecido como Hospital da Casa de Caridade de Petrópolis, era mantido pela Diretoria da Imperial Colônia de Petrópolis, alojado em casa nem sempre adequada à finalidade. Sobrevivia graças ao apoio da Superintendência da Fazenda Imperial de Petrópolis e à dedicação dos médicos, que o atendiam. Na época da elevação de Petrópolis à cidade (1857-1859), o Dr. Tomás José da Porciúncula era o Diretor e se dedicava totalmente a esse hospital, embora as dificuldades financeiras fossem ingentes e crescentes. Apenas na condição de médico oficial do hospital, ele continuou até 1° de janeiro de 1861, como comunicou ao Presidente da Província em 17 de fevereiro de 1861, para poder assumir as funções de Vereador. (Atas, 041). Por isso se compreende que o Presidente da Província, Inácio Francisco Silveira da Mota, em portaria de 24 de dezembro de 1859, lida na sessão da Câmara, em 18 de janeiro de 1860 (Atas, 010), tenha convidado a Câmara a tomar a seu cargo a administração do referido hospital, mediante a quota anual que a este couber do produto das loterias. Para responder conscientemente ao convite, diante da responsabilidade da proposta, a Câmara decidiu solicitar ao médico diretor do hospital muitos dos indispensáveis esclarecimentos a respeito desse estabelecimento. Porém, em 1° de março de 1860, o Presidente da Província, voltou a […] Read More

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA – OS GUIAS PETROPOLITANOS

  CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA – OS GUIAS PETROPOLITANOS Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Dando continuidade ao trabalho intitulado “A IMPRENSA PETROPOLITANA NA REPÚBLICA VELHA”, abordaremos neste ensaio “OS GUIAS PETROPOLITANOS”. Porém antes de explorarmos o assunto torna-se necessário definirmos “guia”. O grande filólogo Aurélio B. De Holanda, em seu célebre Dicionário da Língua Portuguesa, página 709, relaciona 19 itens para a palavra guia, onde podemos encontrar no de número 16, o que se coaduna com a nossa proposta: “Publicação destinada a orientar habitantes ou visitantes de determinada região ou cidade sobre atrações turísticas, estradas, logradouros, horários de transportes, etc…; roteiro” Podemos observar que esta definição em muito se difere da que é destinada a “almanaque”, que é uma publicação de características mais genéricas quanto à abordagem dos assuntos e universalista quanto aos mesmos. Já o guia não, este é local ou regional (1) . É claro que não é uma regra especificada e determinada (2) . (1) Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio B. De Holanda, p.71 (2) O guia de Cameron possuía alguns elementos característicos de Almanaque Os guias ou roteiros, como também podem ser denominados, são antigos na história da civilização humana; já na antiga Roma, são inúmeras as descrições de guias produzidos pelos órgãos do Império e dirigidos a seus cidadãos mais ilustres que saíam em viagens de negócios, ou de assuntos políticos de Estado. Entre a Idade Média e a Moderna, eram produzidos como fruto do mercantilismo desenfreado que se processava pelas nações e consumidos pela burguesia comercial ávida por lucros, enquanto frades e padres também possuíam seus roteiros ou cartas de viagem, os quais eram passados de mãos em mãos para a suas solitárias viagens de peregrinação ou de catequização. Com o advento da imprensa, estes se tornam uma rotina dentro das publicações das comunidades sequiosas de informações e atualizações sobre as transformações que se operavam e possuíam como fontes cartas de comerciantes e viajantes que lhes definiam novas rotas e condições. Porém, sua prática e comercialização definitiva ocorre com o advento da Revolução Industrial, onde o aperfeiçoamento da imprensa mecânica e a diversificação das feiras comerciais e industriais européias, a partir do século XVIII, são os elementos propícios à sua evolução. No Brasil, inúmeros foram os guias produzidos desde o estabelecimento da Imprensa Oficial, contudo, o que mais se tornou célebre […] Read More

RUA DO IMPERADOR 881/887

  RUA DO IMPERADOR 881/887 Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “O Corredor cultural precisa entrar num ciclo reformador” (Augusto Ivan, criador do corredor em 1985 no Rio, in Corredor Cultural: Passagem para o Abandono, p.25, O GLOBO) Prédios históricos semidestruídos, obras artísticas e arquitetônicas entregues ao descaso. No artigo o autor apresenta um raio X do descaso público e privado com sua herança e assinala que seu projeto necessita de “revitalização”. E necessário repensar os fins de utilização da herança cultural de nossas cidades para que a sociedade possa desfrutar melhor desta riqueza. Pelo interior, em centenas de cidades que apresentam conjuntos arquitetônicos apreciáveis, tornam-se quase inexistentes reivindicações político-culturais como estas, inúmeros prédios e estruturas arqueológicas urbanas sucumbem a aterradoras tentações e interesses imobiliários. O vistoso conjunto da Rua do Imperador que engloba prédios do final do século XIX e das duas primeiras décadas do século XX necessita urgentemente de uma comissão de especialistas que possam pensar seus fins junto às administrações públicas vigentes, já que se desenvolveu um projeto de revitalização do centro urbano do sitio histórico. O prédio em destaque é parte integrante do conjunto mais representativo da arquitetura petropolitana do final do século XIX, e que foi tombado pelo IPHAM, sob no.1175 em 1981. Dentro da proposta de administração pública, é o mais precioso e talvez único conjunto arquitetônico sobrevivente fora do eixo administrativo republicano Rio-Niterói do século XIX. O no. 881/887 apresenta um prédio de térreo com pavimento superior que foge ao tradicional sobrado colonial por sua apresentação e disposição interna. Com estilo arquitetônico eclético, que não destoava da do prédio público contíguo. Construído na quadra complementar onde foi erguido o magnífico, para a época, edifício público do Governo do Estado, pelo petropolitano Tomás da Porciúncula, para que fosse sede do governo estadual ante a ameaça de bombardeio à Niterói (Revolta da Armada), e sendo posteriormente doado ao município. Sua localização, em termos econômico-administrativos, para a sociedade, foi a segunda mais importante para Petrópolis, secundando a região próxima à Estação Ferroviária, pois se articulava à época com o centro administrativo e financeiro do município, tendo à sua proximidade grandes hotéis, como o próprio Bragança que se situava à frente do conjunto, assim como boutiques e lojas comerciais de grande importância. Para este centro dirigiam-se empresários, industriais e outros profissionais do período. Importante região que após […] Read More

PETRÓPOLIS: POVO & HISTÓRIA II

  PETRÓPOLIS: POVO & HISTÓRIA II Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga O senhor Geraldo Pires Antunes (74), que nos relatou o declive do piso próximo ao Obelisco, também nos informou que a retirada dos bondes da CBEE em 1939, foi observada por muitos na época, como uma manobra do prefeito-interventor Yeddo Fiúza, para favorecer empresários de transporte que se organizavam na época, com seus lotações. O que de certo modo resultou posteriormente no monopólio dos transportes por João Varanda, recém-chegado de Minas, já a partir do mesmo ano (T.P. 1939), com sua Rodoviária Sul Petrópolis, posteriormente chamada de Cia. Rodoviária de Transporte. Geraldo, um dos poucos mecânicos experientes e de tradição, que se criara no Alto da Serra, aprendera seu ofício na oficina de “Niquinho”, Antonio de Souza Lordeiro que era sócio de seu irmão “Chiquinho”, corredor do Trampolim do Diabo nos anos 40. Estas baratinhas ainda chegaram a fazer corridas em Petrópolis, no final dos anos 40, com Chico Landi, Cassini e outros. A oficina localizava-se na Rua Teresa, e Niquinho já parara de correr, e aplicava sua experiência examinando motoristas em Petrópolis para serem autorizados oficialmente à condução. Para Geraldo, as oficinas foram verdadeiras escolas que profissionalizaram tanto para direção de autos como principalmente para a mecânica inúmeros petropolitanos aficionados do automobilismo, em um processo que se iniciara com o famoso Irineu Corrêa, nos anos 30. Com o crescimento demográfico nos anos 30 em Petrópolis, corria a preocupação com a “vadiagem” que se fazia representativa principalmente com o ócio dos jovens. Muitos filhos de operários com a nova legislação ficaram impedidos de trabalhar nas indústrias. Muitas famílias ofereciam seus filhos para oficinas com o objetivo de se tornarem aprendizes e profissionalizando-se mais tarde. Muitos dos também famosos “motoristas de praça” surgiram neste período, já que era necessário noções de mecânica para ganhar sua “carta” de condutor. Geraldo lembra também que o Abrigo Oscar Weinschenck da Paulo Barbosa fora construído em meados dos anos 40 para tornar-se uma “mini-rodoviária”, para os ônibus da Sul Petrópolis, próxima ao posto-oficina e garagem de FILPO, que fora adquirida por Varanda e passava a ser FILPAN, já que ao lado da estação ferroviária ficavam os ônibus da ÚTIL e depois também os da ÚNICA, formando outra Rodoviária com a extensão da calçada da Estação. Segundo Geraldo, Varanda ainda transformou as oficinas de […] Read More

IRINEU CORRÊA: UM PETROPOLITANO DOS EUA PARA O TRAMPOLIM

  IRINEU CORRÊA: UM PETROPOLITANO DOS EUA PARA O TRAMPOLIM Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Irineu Meyer Corrêa da Silva, petropolitano, descendente de colonos pela linha materna, filho de Mário Corrêa da Silva, modestíssimo comerciante e de Mathilde Meyer da Silva, nasceu em 24 de janeiro de 1900. Irineu era apelidado pelos familiares de Dário, um jovem apaixonado por automobilismo desde que os viu aparecer nas ruas de Petrópolis em meados do século XX, principalmente o importado pela família Guerra. Estudou no Instituto Gratuito São José, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus dos Frades Franciscanos, e era o mais velho de oito irmãos. Aos 13 anos de idade, resolveu, sem qualquer conhecimento de seus familiares, se enveredar pelo mundo como aventureiro. Embarcou escondido em um navio para os EUA, a terra do automobilismo, que anos mais tarde observaria o sucesso de Henry Ford, com sua indústria e seu famoso modelo T e seu sistema revolucionário de produção. Irineu estava atraído pelas fascinantes máquinas que lá eram produzidas, permanecendo por exatos sete anos, o suficiente para se tornar aprendiz e alçar-se a condição de profissional, não somente como mecânico, mas também como piloto. Foi nos EUA que também aprendeu a desenvolver a ginástica, modismo típico da Belle Époque que corria pela Europa e desembarcava no Novo Mundo. Em especial, a ginástica hoje considerada item essencial para quem se dispuser a longas jornadas automobilísticas, o que dirá em sua época com os rallyes em moda. Estrangeiro, adolescente, pioneiro brasileiro no exterior, Irineu estabeleceu-se na Philadelphia, exatamente na cidade de Trenton e posteriormente em Detroit, a terra das futuras fábricas de automóveis. Participou de inúmeras corridas de milha, as chamadas pistas de terra, rurais, herdeiras das atuais pistas ovais da atual Indy, onde obteve algumas vitórias. Apresentou-se também nas pistas de meia milha, com bons resultados. Semelhante arrojo conduziu pilotos brasileiros a também embarcarem para os EUA, com semelhante objetivo, seguindo sua trilha. Retornou ao Brasil por volta de 1920. Nesta época, o automobilismo em nossa terra não passava de um número a mais nas atrações circenses, ou em rallyes (os famosos raids). Em nosso país, o limiar do profissionalismo automobilístico ficara restrito ao pioneirismo de duas provas. A primeira corrida de carros realizada no Brasil e na América do Sul aconteceu em 26 de julho de 1908, em São Paulo. […] Read More

QUITANDINHA: MISSES, POETA & TV

    QUITANDINHA: MISSES, POETA & TV Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga O concurso de Miss Brasil foi destaque em nossa sociedade desde a década de 20, mesmo que alguns atribuam suas origens ao final do século XIX, em plena belle époque. Em plena década de 20 as mulheres lutavam por um espaço político e representativo na sociedade, e a ideologia machista afirmava que a beleza é que representava a verdadeira condição da mulher, fato estampado nos jornais de então. Assim, estabeleceu-se uma luta ideológica, onde o sufragismo foi a bandeira de maior presença. Nesta representatividade, a paulista Zezé Leone, foi a miss de 1922; mais tarde, Olga Bergamin de Sá, 1929; e no ano da revolução, 1930, um jornal carioca, A Tarde, promoveu no Rio de Janeiro o “Miss Brasil” e o “Miss Universo”, sendo que Iolanda Pereira, a gaúcha, venceu os dois concursos. Na década de 30, destacaram-se as cariocas Ieda Telles de Menezes (1932) e Vânia Pinto (1939), eleitas Miss Brasil; depois a goiana Jussara Marques, em 1949. Porém, a verdadeira história do concurso de Miss Brasil, contando com a incansável presença da mídia e das empresas de produtos de beleza que foram criadas nos anos 50, mais precisamente em 1954, está em uma passarela armada na boate do Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Por ela desfilaram misses de diversos Estados da Federação, diante de um público extasiado, tendo por fundo um cenário hollywoodiano como o do Quitandinha. Muitos atribuem esta notoriedade do concurso ao reflexo da realização em Long Beach, na Califórnia, em 1952, de um concurso de Miss Universo que foi transmitido para todo o país, fato de grande importância para o universo feminino de então, e com grande popularidade. Mas, o concurso que foi realizado no Quitandinha, em uma noite do mês de junho de 54, com a presença de jurados formados entre inúmeras personalidades destacadas no cenário nacional, como os escritores Manoel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, o artista plástico Santa Rosa, a colunista Helena Silveira, entre inúmeros outros participantes. Fato que propiciou relevo nacional e internacional ao concurso. Ao analisarmos a vida de Bandeira nos anos 50 e sua biografia observamos o que segue: na data de uma carta-poema, existem menções a um livro publicado em 1954 – o “Itinerário de Pasárgada”, a um concurso para a escolha da Miss Brasil […] Read More

MAUÁ E D. PEDRO II

  MAUÁ E D. PEDRO II Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Olhar firme, decidido, sem vacilações; postura altaneira, gigantesca presença recebida entre murmúrios de aprovação, encantamento, respeito, inveja… Entra no salão o senhor Ireneo Evangelista de Souza, nobre cidadão empreendedor, provocando acenos de cabeça, cochichos, interjeições, esgares de repulsa, olhos brilhantes de admiração, o rastejar de víboras traiçoeiras… É o Visconde de Mauá o centro dos olhares e das atenções enquanto passa pelo salão em caminho para o cumprimento formal e protocolar ao Imperador D. Pedro II, como ele, de porte altaneiro e luminosidade gerada pelo clima de raro espanto de quantos vivem a sedução das cores e da pompa do Império Brasileiro. Uma pompa decerto modesta se comparada aos impérios do Velho Mundo, onde a soberba esconde a mediocridade de corações e cérebros sem o poder verdadeiro: o poder da visão de futuro. Aqui, em nossa Monarquia, mesmo enriquecida de poucos notáveis extraordinários idealistas e luminares do saber e do conhecimento, habita o esforço pela conquista, onde tudo puxa o ideal para a ré do desenvolvimento; estes valentes idealistas, nessa contramão, rasgam os ares da indiferença, rompem os caminhos inóspitos, arrostam os perigos das escaladas mais íngremes das montanhas do saber e da superação dos problemas. Eis que dois cidadãos, cada um de um lado dessa visão nobre da cidadania, rompem os cânones da fátua contemplação mediante a criatividade e a coragem, assustando aqueles que nada fazem porque nada têm para oferecer. Dois cidadãos brasileiros ; um, vindo dos lençóis palacianos de ascendência nas velhas famílias aristocráticas há séculos no poder ; outro, apenas um visionário, de biografia modesta quanto a honrarias, de presença comum, cuja inteligência arrojada transforma qualquer idéia em realização, qualquer ação em conquista, qualquer sonho exeqüível em realidade. O olhar desses dois personagens não é enegrecido pelas pálpebras cerradas, antes, abrem-se às maravilhas da Criação Divina para, em as compreendendo, utilizá-las no desenvolvimento do conhecimento e da reta ação humana. D. Pedro II, o magnânimo Imperador, que habita aqui onde nos reunimos agora, mesmo que aparentemente indolente – no juízo de alguns – tem flama tão idealista que supera o ser imperador em favor da simplicidade de apenas ser criatura humana integral. Seus sonhos mais caros passam pelas cores de um arco-íris de sentimentos de realizador, de bom ouvinte como se fora eterno aprendiz, […] Read More