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IGREJA CENTENÁRIA (UMA)

  UMA IGREJA CENTENÁRIA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette No próximo dia 25 de junho de 2005, comemora-se o Centenário da Igreja de Santo Antônio do Alto da Serra. No início do século passado, não era pequeno o número de pessoas ilustres que residiam ou veraneavam no Alto da Serra, particularmente na Vila Teresa. Assim, um dos moradores mais ilustres do citado bairro foi o Conde Afonso Celso de Assis Figueiredo Junior, filho do Visconde de Ouro Preto, Chefe do último Gabinete da Monarquia, que também possuía residência no Alto da Serra. Foi em sua residência de Petrópolis que o Conde Afonso Celso, agraciado, em 1905, pelo Papa Pio X, com o honroso título de Conde da Santa Sé, escreveu a maior parte de seus livros, obras de grande valor literário como o excelente livro de memórias “Oito Anos de Parlamento” e o lírico “Porque me Ufano de meu País”, que, na opinião dos críticos, “marcou profundamente a mentalidade brasileira do início do século XX” e muitos outros. A idéia de erigir um templo católico na região partiu do Conde Afonso Celso que redigiu uma petição neste sentido à autoridade eclesiástica, tendo como fervorosos adeptos e propagadores o Visconde de Ouro Preto, desembargador Henrique João Dodsworth, capitão Antônio Antunes Freire, José Ferreira da Paixão, José Nazario Murta, Gonçalo de Araújo Vianna e José Martins de Toledo. Segundo nos informa a Tribuna de Petrópolis, “o dr. João Baptista de Castro e sua senhora cederam um terreno de 25 metros de frente por 38 metros de fundos, para que nele fosse edificada a igreja pretendida¸ a qual seria consagrada a N.S. da Piedade” (1). (1) SCHAETTE, Estanislau Frei. In: Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 4 de junho de l955, p. 3. O terreno chegou a ser limpo e um pequeno morro que existia no mesmo a ser demolido. Entretanto, Frei Ciríaco Hielscher, um dos primeiros franciscanos chegados a Petrópolis, convidado pelo Conde Afonso Celso “para dar vida à empresa”, chegou à conclusão de que o citado terreno não era o mais conveniente para a construção da igreja, manifestando preferência por outro de propriedade do sr. Manoel Joaquim Valladão, com uma área de 100 metros de frente por 100 metros de fundo. O Visconde de Ouro Preto, amigo pessoal do proprietário, não encontrou dificuldade em obter deste a doação o referido terreno, por escritura pública […] Read More

EDMUNDO JORGE (1921 – 2005)

  EDMUNDO JORGE (1921 – 2005) Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira Faz um mês que os petropolitanos perderam Emundo Palma Jorge. Ele nos deixou marcados exemplos de dedicação extremada à cultura através da arte e da literatura. Sua atividade cultural sempre teve tanto o sentido subjetivo do desenvolvimento intelectual do homem, como também o significado objetivo da criação artística, da produção cultural e da gestão administrativa dessas práticas. Assim pudemos acompanhar Edmundo como pintor reconhecido, escritor e poeta, do mesmo modo que o vimos como conferencista e professor de História da Arte, diretor municipal de cultura, criador e participante ativo das entidades culturais petropolitanas, organizador de exposições e eventos culturais de peso na nossa comunidade. Edmundo Jorge nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu sempre serra acima. Descendente de italianos de Petrópolis, foi em 1987 reconhecido como Cidadão Petropolitano pela Câmara Municipal. Ainda garoto, pelos dez anos, mostrava seu pendor para o desenho, segundo sua irmã Myriam. Mas ele gostava mesmo era de uma bolinha. Destacou-se no futebol escolar e chegou a fundar o Condor Futebol Clube que, “… depois de grandes façanhas, morreu jovem de anemia financeira”, conforme explica na suas Memórias da rua Paulino Afonso. Ele conta que “… jogávamos futebol sadiamente descalços. As bolas eram muito criativas, feitas com meias femininas recheadas com qualquer coisa, desde retalhos até jornais amassados, borracha, tiras de couro, tudo isso amarrado firmemente com cordame resultando num formato sem definição”. Valorizava tanto o esporte que resolveu mudar de casa porque queria um campo de futebol no fundo do quintal para seu filho de dez ou doze anos. Como aluno da Faculdade Nacional de Filosofia, foi reconhecido pelo saudoso Alceu Amoroso Lima como “um futuro escritor”. Concluiu também o curso de Odontologia, exercendo a profissão por trinta anos. A luta pela vida, os encargos de família, retardaram a manifestação do seu talento em toda a sua plenitude. Aos poucos porém, seu pendor para as artes plásticas foi se impondo e ele passou a pintar com muito afinco, ao mesmo tempo que se aprimorava culturalmente. Edmundo Jorge era um idealista que considerava o pensamento como sendo a essência da realidade, mas a seu jeito, por um viés muito romântico. Certa vez ele me garantiu com toda a convicção, que o excesso de racionalidade poderia levar a loucura. Essa crença fica bem clara na […] Read More

CENTENÁRIO DO ROTARY: ATIVIDADE

  CENTENÁRIO DO ROTARY: ATIVIDADE Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira Quando o Rotary foi fundado há cem anos atrás em Chicago, por quatro homens de negócios que queriam reduzir os efeitos desenfreados da concorrência entre eles, ninguém poderia imaginar que daquele quarteto surgiria pouco tempo depois, espalhada por 165 países, uma megainstituição com mais de 1 200 000 associados agrupados em cerca de 32 000 clubes. Não há exemplo de globalização mais visível do que essa. Com o tempo, o objetivo inicial da reunião ganhou um outro sentido e foi expandido para atender às mais diferentes necessidades das pessoas, melhorando a vida de comunidades internacionais. Hoje, o envolvimento de Rotary em programas de assistência internacional procura promover a alfabetização entre os mais carentes e combater a fome e a miséria, que são os maiores obstáculos à Paz e à compreensão mundial. Por exemplo, no ano passado, duas aldeias africanas na Etiópia, foram ligadas por uma pequena ponte que foi construída sobre as ruínas de uma velha ponte portuguesa de mais de 300 anos que tinha desabado, prejudicando uma comunidade de 375 mil aldeões, que eram obrigados a se arriscar numa perigosa travessia com cordas. A ponte foi levantada por rotarianos voluntários em férias e com o apoio da Fundação Rotária. Em Petrópolis, os três Rotary daqui e mais um de Palma de Majorca, Espanha, doaram à Escola Rotary e a COMAC salas com dez computadores e seus periféricos, para serem usados em aulas de informática de seus alunos. Alguns projetos rotários são de grande vulto como o de uma escola da Ordem Franciscana que estava quase fechando no Morro da Conceição, no Rio de Janeiro, e se transformou em 2003 em uma Escola Técnica para 1000 alunos, com apoio da Fundação Rotária e de mais oito Rotary Clubes da Alemanha. 900 000 dólares foram investidos no projeto, sendo este, o maior investimento rotário no ano em todo o mundo. Na inauguração dessa escola, quarenta rotarianos alemães dos clubes que patrocinaram a obra vieram participar da festa e fizeram questão de vir a Petrópolis jantar conosco, quando souberam que a cidade tinha sido colonizada por alemães. O aporte financeiro para os programas humanitários internacionais de Rotary é garantido pela Fundação Rotária. Trata-se de uma instituição criada e mantida por rotarianos de todo o mundo, que patrocina bolsas de estudo, intercâmbio […] Read More

MEMÓRIA DO FUNDO DA BAÍA DA GUANABARA

  MEMÓRIA DO FUNDO DA BAÍA DA GUANABARA Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, Associado Titular, Cadeira n.º 29 – Patrono Luiz da Silva Oliveira SUMÁRIO Apresentação 1.0 Ocupação da Baía da Guanabara 2.0 Ocupação do fundo da Baía da Guanabara 2.1 A doação de sesmarias 2.2 Fazendas e engenhos 2.3 As primeiras vilas e cidades 2.4 Aspectos humanos da ocupação 2.5 Aspectos sociais da ocupação 2.6 Aspectos econômicos da ocupação 2.7 Descrição das atrações e dos valores do fundo da Baía da Guanabara APRESENTAÇÃO O Fundo da Baía da Guanabara faz parte do cinturão verde que envolve a cidade do Rio de Janeiro e desde os anos 1600 participa de perto da sua história e suas tradições. Quando o Brasil Colônia era apenas uma nesga litorânea de terra do Nordeste até São Paulo, com engenhos de açúcar localizados aqui e ali, foi dessa região que se abriu a primeira porta de acesso oficial ao interior da colônia, o Caminho Novo, levando a administração pública, funcionários e a presença do estado português na comunidade, garantindo a ordem e o controle social necessário para a consolidação da unidade colonial. Pela primeira vez, a administração pública portuguesa se instalava no interior da colônia. Assim, era pelo fundo da Baía da Guanabara que passava toda a riqueza que o ouro “oficial” proporcionava. Lembrando essa época, muitos vestígios históricos arquitetônicos e econômicos, todos eles muito fortes, ficaram na região e ainda hoje permanecem vivos muitas vezes desconhecidos ou até mesmo desprezados por seus moradores. O movimento “Água Doce” pretende com uma série de artigos históricos sobre a memória do Fundo da Baía da Guanabara, que todo esse patrimônio cultural seja reconhecido, admirado e, principalmente, preservado para que possa motivar a auto-estima da atual e das futuras gerações nascidas nas históricas regiões de Magé, Suruí, Mauá, Guia de Pacobaíba, Inhomirim, Guapimirim e arredores. Vamos iniciar essa descrição pela ocupação de toda a Baía da Guanabara e depois passaremos para o fundo da baía que é o nosso objetivo principal. Iremos focalizar o desenvolvimento e os principais valores culturais, econômicos e sociais dessa região. A ocupação das margens da Baía da Guanabara começou logo após o descobrimento do Brasil e foi realizada por aventureiros, navegantes e exploradores portugueses e franceses que queriam conhecer, tomar posse e explorar as terras recém descobertas. 1.0 OCUPAÇÃO DA BAÍA DA GUANABARA Apesar de ter sido visitada antes por diversos navegadores, considera-se […] Read More

RESENDE, CIDADE E MUNICÍPIO – 204º ANIVERSÁRIO

  RESENDE, CIDADE E MUNICIPIO – 204º ANIVERSÁRIO Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 29 de setembro de 1801, o município e vila de Resende foram instalados em cerimônia pública que teve lugar no local da hoje Praça do Centenário. Presidiu a sua criação o seu donatário de honra , o Cel. Fernando Dias Pais Leme, bisneto do bandeirante Fernão Dias, o Caçador de Esmeraldas e descobridor das Minas Gerais . O Cel. Fernando comandava no Rio de Janeiro um Regimento de Auxiliares e havia comandado uma Companhia do 2º Regimento de Infantaria de Linha (O Novo) que participou da Guerra Guaranítica no Rio Grande do Sul atual de 1752/ 1759. Ele se deslocou para este ato desde a sua fazenda em Araperi, na Baixada Fluminense, sendo transportado em rede por escravos por estar doente e, segundo o Dr João Maia, o primeiro historiador de Resende, ”ele concorreu com todas as despesas da instalação do município e vila de Resende e sem nenhuma humilhação aos resendenses”. O Coronel Fernando herdara o direito adquirido por seu avô, Garcia Rodrigues, o construtor do caminho novo da Baia de Guanabara até as Minas Gerais, para de lá transportar o ouro e foi quando fundou Paraíba do Sul. O direito que adquirira pelo Alvará de 16 setembro de 1715, fora em razão de haver salvo o tesouro do Rio de Janeiro, o colocando a salvo, em local seguro, quando da invasão desta cidade em 1711, pelo corsário francês Duclerc. Direito consistente em poder levantar uma vila, numa das passagens do Rio Paraíba. Ele vinha dar cumprimento a ordem do 13º Vice-Rei e Capitão General de Terra e Mar do Brasil, o Tenente General (hoje General de Exército) D. Luiz de Castro e 2º Conde de Resende, que havia ordenado, 2 anos e 3 meses antes, em 1799, ao seu Juiz de Fora, a criação de uma nova vila no distrito de N. S. da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, “ em razão de interesses convergentes do donatário de honra da nova vila, a atual Resende, com os dos seus 100 moradores pioneiros, “para evitar-lhes os prejuízos da grande distância do Rio de Janeiro, onde deviam tratar de seus interesses administrativos.” Foram estes pioneiros resendenses que decidiram que a nova vila e município em Paraíba Nova, fosse dado o nome do título de seu criador, Resende. E isto ocorreu na instalação de Resende, […] Read More

SOLDADOS NEGROS FARRAPOS NA SURPRESA DE PORONGOS E NO CONVÊNIO DE PONCHE VERDE (OS)O

  OS SOLDADOS NEGROS FARRAPOS NA SURPRESA DE PORONGOS E NO CONVÊNIO DE PONCHE VERDE Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 16 nov 2004, no Rio Grande do Sul, o Correio do Povo, deu amparo, sem o contraditório, a interpretações históricas ” revisionistas ” radicais apresentando Davi Canabarro como traidor dos negros farrapos de Infantaria e Cavalaria, na Surpresa de Porongos. Isto “por se deixar surpreender mediante acerto com o Barão de Caxias.” Surpresa feita pelo famoso guerrilheiro imperial Chico Pedro ou Moringue e futuro Barão de Jacui “com vistas a matar os índios, mulatos e negros farrapos que poderiam prejudicar o processo de paz em curso.” Vejam que absurdo histórico !!! Henrique Oscar Wiedersphan, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e hoje patrono de cadeira na Academia Militar Terrestre do Brasil em seu livro original e pioneiro, O Convênio de Ponche Verde (Porto Alegre: EST/Sulina/Universidade de Caxias do Sul, 1980), escreveu: “A respeito desta surpresa de Porongos há uma série de coincidências que chegariam a atingir Canabarro, ao ponto de que suscitaria séries suspeitas de haver sido o mesmo executado em conluio dele com o Barão de Caxias e até com Antônio Vicente de Fontoura, embora se tenha posteriormente conseguido desfazer tais suspeitas de modo cabal e definitivo.” E a base da acusação foi um ofício bem forgicado (falsificado) por Chico Pedro, como sendo assinado pelo Barão de Caxias para ele, no qual este lhe ordenava que atacasse Canabarro, pois este não resistiria conforme combinação entre ambos. E mais que ele aproveitasse “para atacar e eliminar os mulatos, negros e índios farrapos e poupasse sangue branco.” E esta falsidade atribuída a Canabarro fez o efeito esperado, entre os farrapos, num quadro de Guerra Psicológica, os quais em parte passaram a considerá-lo um traidor, até por interesse político escuso e como descarrego ou fuga de responsabilidades pelo insucesso militar da revolução que seria colocado assim na conta de Canabarro, “pelos demônios de todas as revoluções,” segundo Morivalde Calvet Fagundes, o autor do mais completo livro sobre o Decênio Heróico. Ou seja perto do fim do insucesso de uma revolução, ocorre a caça de um bode expiatório e no caso em tela foi Canabarro, não habituado às guerras de alfinetes.. E o ofício falsificado, que tantas injustiças provocou à bravura, à honra e até hoje à memória histórica de Canabarro, teve a seguinte origem: “Chico Pedro […] Read More

ESPORTE EM PETRÓPOLIS

  ESPORTE EM PETRÓPOLIS Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 Honra-nos sobremodo a investidura que nos confere a Associação dos Cronistas Esportivos de Petrópolis de orador desta reunião. Somos, com certeza, dos menos credenciados a dirigir a palavra a uma assistência culta e seleta como esta que hoje aqui comparece. É que precárias são os nossos dotes oratórios e duvidosa é a nossa autoridade de historiador. Valha-nos, contudo, nossa boa intenção de, estudiosos do assunto, proporcionarmos algo de util ou interessante àqueles que se dedicam à causa do esporte em nossa Terra. Abrindo seu magnífico trabalho “Apontamentos para a História do Esporte em Petrópolis” publicado em 1943 no VI volume dos “Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis”, sentenciou Luiz Afonso d’Escragnolle: “Petrópolis, mercê de sua privilegiada situação topográfica e climatérica, elevada entre montanhas, plantada entre vales amenos, gozando de uma temperatura média de 18 graus, parece reunir todos os requisitos para ser o ambiente adequado à realização plena e propícia aos trabalhos do cérebro e ideal para a prática dos esportes”. Tem toda a razão o nosso conterrâneo. Petrópolis tudo possui para ser um grande centro esportivo – situação topográfica, clima, mocidade estudantil, espírito associativo – sem que, contudo, haja conseguido, até hoje, tornar-se, ao menos, um centro medíocre. Ainda recentemente, um largo e expressivo inquérito foi aberto em todo o país por um grande jornal carioca para apurar qual o município mais esportivo do Brasil e, no mesmo, o nome de Petrópolis não foi sequer citado. Entretanto, não se incrimine as gerações passadas de responsáveis por este estado de coisas. Ver-se-á, no nosso modesto trabalho, que os antigos não se descuraram, em absoluto, do desenvolvimento esportivo de nossa terra, tomando, não raro, iniciativas que precederam de muitos anos às de outros centros mais importantes do que o nosso. A primeira referência ao esporte que faz a história de nossa cidade – é ainda Luiz Afonso d’Escragnolle que consigna – está contida na noticia da morte do major Júlio Frederico Koeler, o fundador de Petrópolis. A 21 de novembro de 1847, quando em companhia de amigos, na chácara situada no local que hoje constitui o bairro da Terra Santa, praticava o major Koeler o tiro ao alvo, foi ele vítima do acidente fatal já por demais conhecido, dispensando-nos, por isto, de maiores detalhes. Foi, portanto, uma grande desgraça que assinalou o tiro ao alvo como o […] Read More

INAUGURAÇÃO DO JÚRI (A)

  A INAUGURAÇÃO DO JÚRI Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 O Tribunal do Júri foi instalado em Petrópolis a 19 de setembro de 1859. A qualificação dos jurados terminara no dia 22 do mês anterior com a inscrição de 96 nomes de munícipes aptos ao desempenho da magna função de julgarem seus semelhantes, missão essa que, como bem ressaltaria Walter Bretz 60 anos mais tarde, redobrava de importância naquele tempo, pois, com a pena de morte em vigor, poderia levar um mísero pecador ao horror da forca. E dois dias depois, seriam sorteados os 48 jurados para servirem na sessão inaugural já marcada pelo juiz de direito da comarca dr. José Caetano de Andrade Pinto para o referido dia 19 de setembro. O foro petropolitano funcionava na ocasião na casa da Câmara Municipal à rua do Mordomo, em cujo salão foi instalado o chamado Tribunal Popular. A sessão foi aberta com a presença de 36 jurados, sob a presidência do dr. Andrade Pinto, funcionando como promotor público o dr. Júlio Acioli de Brito, e como escrivão, o tabelião Joaquim Júlio da Silva. Durou quatro dias e foram julgados cinco processos. “O juiz foi benévolo em sua primeira sessão – disse um jornal local – absolvendo todos os réus; não derramou sangue, nem fez arrostar cadeias; não privou ninguém de sua liberdade, antes a restituiu a alguns. Foi um belo exemplo, mas daí os díscolos que os verdadeiros criminosos ficarão impunes. A regeneração dos maus costumes populares, a correção dos maus instintos, estamos convencidos de que o Júri de Petrópolis há de consegui-las e praticá-las nos seus futuros julgamentos, quando as índoles más forem levadas a sua barra de tribuna”. O banco dos réus foi usado pela primeira vez por José Teixeira de Azevedo, seguindo-se-lhe, no mesmo dia, as senhoras (ou senhoritas?) Gertrudes e Luiza Wendling. E a dupla Manuel Antônio Lopes – André Koslowski encerraria a sessão inaugural. Como já foi dito, o Júri absolveu todos os acusados. Se foi ou não justo, não vem a pelo discutir agora, quando são passados tantos anos. Vale, no entanto, comentar os aspetos pitorescos. José Teixeira de Azevedo, por exemplo, que respondeu atarantado ao interrogatório do juiz, devido à responsabilidade do papel histórico de reu-primeiro por ele assumido, fora acusado de agressão física a um menor – Motivo: o menino roubara as três galinhas de estimação do galinheiro do […] Read More

VICENTE AMORIM

  VICENTE AMORIM Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 Vicente Amorim, o grande amigo de Petrópolis, nasceu em Vitória, capital do Espírito Santo, a 15 de março de 1873. Jornalista nato, muito cedo iniciou sua atividade literária com a edição do seu semanário “Meteoro” na terra natal. Dai em diante sua vida de jornalista dos mais brilhantes e fecundos, jamais seria interrompida. Em 1893, estava ele no Rio Grande do Sul escrevendo no vespertino “O Rio Grande do Sul” e em 1896 em “O Estado”. Ainda em 1896, Vicente Amorim, já no Rio de Janeiro, ingressou na Imprensa Nacional, passando em breve a fazer parte da redação do “Diário Oficial”. Em 1914, foi designado para servir junto à Secretaria da Presidência da República no governo do presidente Wenceslau Braz com as funções de encarregado do serviço de informações. Exerceu o cargo até se aposentar do serviço público sem que houvesse gozado licença ou férias. Na imprensa carioca, teve papel saliente em quse todos os jornais, entre os quais, O Paiz, Gazeta de Notícias, A Época, O Imparcial, Rio-Jornal, A Pátria, e Jornal do Brasil. Foi como correspondente do “Jornal do Brasil”, no entanto, que Vicente Amorim se identificaria com os petropolitanos. Suas crônicas leves e graciosas, sempre amáveis para Petrópolis e suas coisas, publicadas anos a fio, espontaneamente, no grande jornal carioca, comoveram os filhos da Rainha das Serras, como, então, era chamada a Cidade Imperial. Jamais foi feita melhor propaganda cidadina do que aquelas crônicas. Fixando residência em Petrópolis, Vicente Amorim logo foi admitido na Academia de Letras e no Instituto Histórico e durante largos anos colaboraria na imprensa local, chegando a dirigir a “Tribuna de Petropolis” durante algum tempo. A 15 de março de 1952, foram comemorados os 50 anos da vida profissional de Vicente Amorim, ocasião em que “Tribuna de Petrópolis” proclamou-o decano dos jornalistas brasileiros. Sua colaboração na imprensa petropolitana versou, em geral, sobre a história da cidade, focalizando, entre outros assuntos, o Palácio de Cristal, o Centenário, o Verão, o 29 de Junho, a Estrada de Ferro, a Estrada União e Indústria e a Princesa Isabel. Publicou ainda na Tribuna de Petrópolis de 5 a 13 de julho de 1950 a revista-fantasia “Petrópolis antes e depois”, sendo sua a letra e de Deoclécio Damasceno de Freitas a música. Os seus últimos anos viveu-os em Areal, localidade, sabidamente, possuidora de clima favorável aos […] Read More

VIGARINHO (O)

  O VIGARINHO Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 Monsenhor Teodoro da Silva Rocha foi o que se pode chamar um bom vigário. E muito querido, como todos seus paroquianos sempre faziam questão de demostrar-lhe. A começar pelo nome pelo qual de preferência era chamado: Vigarinho. Vigarinho, um pouco, por ser pequeno de estatura; mas muito mais por carinho e amizade. Após 24 anos de vicariato, já morto, dele dir-se-ia: “A vida do vigário de Petrópolis sintetizou-se nesta idéia: o pároco não viveu para si, viveu para os paroquianos. Sim, o Vigarinho viveu só para os petropolitanos, porquanto, logo que se ordenou, para aqui veio e aqui deveria morrer. Teodoro da Silva Rocha nasceu na fazenda de São Pedro dos Rochedos, no município fluminense de Valença, a 31 de julho de 1873. Aos 13 anos, já adiantado nos estudos sem haver frequentado a escola, foi internado com um seu irmão no Seminário de São José do Rio Comprido, no Rio de Janeiro. Seus pais, ao matriculá-lo no Seminário, visavam a aproveitar, tão somente, o colégio eficiente provido de bons professores. Breve, porém, revelar-se-ia e haveria de prevalecer a vocação de um predestinado. A 10 de abril de 1887, festa da Páscoa da Ressurreição, foi o dia da Primeira Comunhão de Teodoro. Que se passaria entre a alma da criança e Jesus? Que comunicaria Deus a Teodoro e que prometeria, em retorno, Deus a Teodoro? O que se soube foi apenas que, após o ato sagrado, interrogados os dois irmãos se pretendiam seguir a carreira eclesiástica, só Teodoro respondeu afirmativamente: – “Eu não vim aqui senão para ser padre e é o que quero ser”. E assim foi. Dom Francisco do Rego Maia, Bispo de Niterói, conferiria ao jovem sacerdote em 1896, sucessivamente, o sub-diaconato, a 30 de maio; o diaconato, a 13 de dezembro; e o presbiterato, a 19 de dezembro. A 14 de novembro de 1897, por força do Decreto Consistorial do Papa Leão XII designando Petrópolis sede do Bispado Fluminense, o Bispo Dom Francisco do Rego Maia fazia a sua entrada solene em nossa cidade, trazendo consigo, como escrivão da Câmara Eclesiástica, o padre Teodoro da Silva Rocha. Em 1898, não obstante suas absorventes funções na Câmara Eclesiástica, padre Teodoro foi designado também capelão da Escola Doméstica Nossa Senhora do Amparo. E a 28 de janeiro de 1901, apenas com 28 anos de idade, o […] Read More