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MORRO DO CRUZEIRO (O)

  Atualização e nota abaixo, em 2004, por Joaquim Eloy Duarte dos Santos. O “Morro do Cruzeiro” não teve, a partir daí, seus projetos concluídos e acabou tornando-se um loteamento que fracionou o terreno em lotes, cujos proprietários construíram muitas residências servidas pela rua Oscar Weinschenck que corta a elevação desde a rua Dr. Nelson de Sá Earp até a rua Irmãos D´Ângelo, passando pelos fundos da Avenida Koeler. O povo, em razão das construções de prédios residenciais de grande porte apelidou o morro de “Bairro dos Milionários”. O MORRO DO CRUZEIRO Walter João Bretz, Fundador, Patrono Cadeira n.º 39 Está em voga, nestes últimos dias, falar-se do “Morro do Cruzeiro”, o aprazível monte contornado pelas avenidas 15 de Novembro (hoje rua do Imperador), Koeler, Tiradentes e 7 de Setembro (hoje rua da Imperatriz). Nos últimos anos, o “Morro do Cruzeiro” perdeu a sua antiga utilidade de ponto predileto dos petropolitanos, para a realização de excursões e convescotes, como acontecia nos tempos primitivos da colônia. Os colonos alemães e seus descendentes denominavam-no “Morro do Imperador” ou “Coroa do Imperador”, tradução esta que aqueles lhe davam do idioma natal de “Kaiserkopf”. A Superintendência da Fazenda Imperial preparara essa subida de fácil acesso e cuidava-a pois era muito procurado o “Morro do Cruzeiro” pelos forasteiros que o galgavam para desfrutar o magnífico panorama que, do alto dele, se descortina. Na coroa do morro efetuavam-se de preferência, os “pic-nics” dos primitivos habitantes do lugar, especialmente no dia 7 de setembro e nos segundos dias do Natal, Ano Novo, Páscoa e Espírito Santo. O “Sangerbund Eintracht” e os colégios como a Escola Evangélica e a do velho professor Frederico Stroele e outras corporações locais eram “habitués” daquele sítio. No grande “plateau”, que é o ponto terminal do “Kaiserkopf” os excursionista folgavam e dançavam ao som das polcas e valsas das bandas musicais dos irmãos Eckhardt e Esch. Ilustra este artigo uma fotografia dessa Banda Musical dos Irmãos Eckhardt, tirada da Praça da Liberdade. (O artigo foi escrito para ser publicado na “Tribuna de Petrópolis” e o foi na edição de 4 de outubro de 1931, com a reprodução da dita fotografia). Dos musicistas que nela se vêem, vivem apenas dois, que são os senhores André Carlos Olive, caixa e Theodoro Eckhardt, clarinetista, respectivamente o 3º e o último, de pé, da esquerda para a direita. (Na reedição do artigo, agora em 2004, obviamente nenhum […] Read More

FARROUPILHA LEONEL BRIZOLA (O)

  O FARROUPILHA LEONEL BRIZOLA Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar “A Carteira de trabalho de Lula, quem criou foi Getúlio Vargas!” – Leonel Brizola. A grande mídia no Brasil, que golpeou em 1964, pois há muito vivia cúmplice do Imperialismo, melhor, das perdas internacionais, permanentemente demonizou Leonel de Moura Brizola, o que, aliás, muito explica a idiota e desqualificada idiossincrasia de boa parte da classe média contra aquele que, após o exílio de 15 anos, buscava alcançar o Poder de Estado brasileiro com o objetivo de reconduzir o país à união nacional originada em 1930: povo, exército e indústria – a aliança da classe média com o povo. Diga-se a propósito, que esse objetivo não está ultrapassado ou enrugado, como querem fazer crer os ideólogos – travestidos em diversas atividades profissionais – quando escrevem ou falam acerca da ( já capenga ) globalização e do neoliberalismo. Hoje, ainda mais que ontem, tornou-se mais grave a contradição entre a Nação – incluído aí o mercado interno – e o Imperialismo; de modo que a luta pela formação da Civilização Brasileira, através daquela união nacional, mantêm-se urgente e atual. Tanto isso é verdade que a grande mídia só agora quis saber de Leonel de Moura Brizola, quando desce às catacumbas; com ele, descem também a compreensão e o sentimento fronteiriços de nacionalidade, originados nos conflitos entre espanhóis e o mundo luso-brasileiro, em constituição no antigo continente de São Pedro do Rio Grande no período colonial. Quem se debruçar sobre a literatura guasca, sem dúvida, irá encontrar em Brizola, com a Cadeia da Legalidade e com a tentativa de resistência ao golpe imperialista de 1964, a descendência de Mestres-de-Campo, tais como Francisco Pinto Bandeira e Rafael Pinto Bandeira, ou mesmo a herança de José Borges do Canto e Manoel dos Santos – responsáveis estes dois pelo embate que pacificou as fronteiras de tensão do Rio Grande do Sul em 1802: a definitiva conquista da região das Missões. O leitor que procurar a Farroupilha e o Positivismo irá encontrar as origens republicanas de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola: o fortalecimento do Estado como veículo do Federalismo meridional; o guarnecimento do Estado, já agora com Getúlio Vargas, como garantia da nacionalidade. O Positivismo gaúcho possibilitou transferir o respeito, a disciplina e a solidariedade dos clãs de fronteira […] Read More

TECNOLOGIA DOS TRÓPICOS E A CEPAL (A)

  A TECNOLOGIA DOS TRÓPICOS E A CEPAL Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Darcy Ribeiro, em seu “Prefácio à Quarta Edição Venezuelana”, publicado na décima edição do Processo Civilizatório, Vozes, Petrópolis, 1991, narra, no primeiro parágrafo, o impacto que para ele teve o parecer editorial sobre esse livro. Lá pelas tantas, escrevia Darcy, que a raiva causada pela opinião de intelectual ledor de importante editora o salvara, pois desse modo surgiu o seu ímpeto de lutar contra todos aqueles que “… pensam que intelectual do mundo subdesenvolvido tem de ser subdesenvolvido também.” Não está aqui mencionado Darcy Ribeiro por acaso. Muito da tecnologia solar brasileira – anunciada como real e paupável possibilidade pela Escola da biomassa – alcançaria verdadeira compreensão através de um processo civilizatório que enxergaria as revoluções tecnológicas como eficientes e fundamentais causas de formações sócio-culturais, cujas historicidades e concretudes estariam na idéia de civilização, no caso da biomassa, na idéia de civilização brasileira. O caso, porém, é que a antropologia dialética de Darcy aqui surgiu através da específica lembrança desse prefácio venezuelano. Isso porque, folheando ao léu e pela primeira vez Dialética dos Trópicos, minha atenção se fixara em um parágrafo da página 154; pude ler ali uma espécie de informação ou conhecimento objetivo que a lógica da natureza determinaria a qualquer cultura: o aldeído acético (CH3 CHO) e o eteno (C2H H4) são os produtos básicos na produção de 70% da petroquímica; existem dois átomos de carbono em cada uma dessas substâncias produzidas a partir do petróleo, misturas de longas cadeias de hidrocarbonetos; o cracking ou ruptura é a forma para alcançar essa cadeia de dois átomos de carbono; o aldeído acético e o eteno, todavia, com facilidade seriam obtidos a partir do etanol (C2H5OH) – o álcool retirado da cana-de-açucar ou da mandioca, cuja estrutura é, igualmente, formada por dois átomos de carbono. Informa, ademais, Bautista Vidal, que a aplicação estimada de capital para realizar fábrica de eteno a partir do álcool etílico significa apenas 10% das inversões necessárias para retirar eteno do petróleo. Como informação tão simples a qualquer aluno de segundo grau, transformar-se-ia em grave alerta ao país? Dessa maneira, a indignada e límpida frase de Darcy Ribeiro, reproduzida no primeiro parágrafo, muito responderia a esse paradoxo. Só mesmo o bovarismo colonial explicaria a dificuldade que a inteligência brasileira tem demonstrado em relação […] Read More

INTELIGÊNCIA E A POLÍTICA PETROPOLITANA (A)

  A INTELIGÊNCIA E A POLÍTICA PETROPOLITANA Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Eu gostaria de iniciar estas linhas recordando um pequeno passo de Darcy Ribeiro – Sabedoria Kaapor -, Diários Índios, Cia. das Letras, SP, 1995, no qual ele anotava que o intelectual seria aquele que mais compreenderia e melhor expressaria o saber de seu povo; saberes abundantes como os dos índios em seu território, ou nem tanto como os dos sertanejos, mas saberes da natureza e do homem. Acoplada a essa passagem, embora Darcy não faça comentário, estaria a forma imanente a essa definição: o ensaio, circulador de diversos ou copiosos saberes, descerrando portas que a monografia não conseguiria abrir; cruzamento entre a escrita científica e a ficcional, pois admitindo o plano de composição como realizador de sabedoria. Demarcado provisoriamente o intelectual, é evidente, não se trata aqui do homem que sabia javanês, pois muitas vezes recolhido às gavetas de armários governamentais, ou mesmo ocupando cargos de relevo, sem terno, vive tão somente para o alpinismo social. Já conceituado pelo ilustre escritor carioca, Afonso Henriques de Lima Barreto, esse pouco respeitável personagem, falador de língua estranha, notabilizar-se-ia devido à baixa auto-estima da província. Menos caricato do que o “javanês”, e, por isso, talvez mais perigoso, não se trata também daquele conversador de diversas línguas, mas que não fala a sua. Dedicado à metrópole, vivendo, tal como o “homem de Java”, para o montanhismo social, sua cobiça – como mazombo – seria a morada permanente ou, paciência, diria, uma representação no exterior. O primeiro parágrafo não diz respeito ao “javanês” porque, de fato, ele é o velhaco ou o mandrião – valendo o forâneo gastador de elogio com o Poder – que percebe como a metrópole é capaz de confundir o juízo provinciano em benefício de apreciação, assimilada como superior, do indivíduo metropolitano. Seja ele originário de São Paulo, Rio de Janeiro ou Nova York. Não deseja, por outro lado, o parágrafo inicial saber do mazombo boquirroto porque vive esse de costas para o seu povo, menoscabando qualquer arte e tecnologia – como a biomassa – genuinamente criada no território de seu nascimento. O intelectual delimitado através de Ribeiro, ademais, necessariamente não viveria acoplado à Instituição universitária ou Centro de Pesquisa, pois, sendo o ensaio substrato material desse homem de espírito, o professor ou pesquisador aprisionado à monografia não seria […] Read More

BIOMASSA, TECNOLOGIA DO QUINTO IMPÉRIO

  BIOMASSA, TECNOLOGIA DO QUINTO IMPÉRIO Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar O pós-liberalismo iniciou seu processo. Fortes indícios dão conta: a Enron, Xerox, WorldCom – controladora da Embratel -, mascaram prejuízos; investidores norte-americanos transferem muitas posições para a Europa. Se os EUA deixarem de importar, Alemanha e Japão serão arrastados juntos para a crise… O poder militar resolve algumas coisas, mas não tudo. – Qual o elo substantivo de ligação entre a guerra do golfo, em 1990, a invasão norte-americana do Afeganistão, a condenação do Iraque e a tentativa de golpe, ostensivamente monitorado pelos EUA, na Venezuela do ibero-americano, Chaves? – O petróleo. Iraque, Kuwait, Venezuela, estão entre os paises com as maiores reservas petrolíferas. O Afeganistão, além de carregar grandes reservas de gás natural, é a mais conveniente e potencial zona de passagem do petróleo das novas repúblicas saídas do fim da URSS. É sabido que o carvão e o petróleo são as bases energéticas dos paises industriais; este último, ademais, gerou subprodutos advindos de aplicações científicas, tecnologias que resultaram, p. exemplo, em garrafas de refrigerantes e plásticos. Tudo estaria indo muito bem para as regiões dominadoras e, financeiramente, ricas do mundo, se um acidente de percurso não fosse descoberto e anunciado para um futuro bem próximo: o carvão mineral polui absolutamente e o petróleo, além disso, tem data certa para findar. Vasconcellos, com este livro, chama a atenção para essa crise. Sobretudo porque a biomassa – energia do sol dos trópicos realizada através das plantas verdes -, além de apontar a solução do problema, é a base não somente de uma revolução tecnológica engenhada pelo homem dos trópicos, mas a estrutura, a peça fundamental do mestiço brasileiro na fundação de sua civilização. Errou o padre António Vieira, remoendo textos bíblicos, quando enxergou em Portugal da Restauração e no rei D. João IV o Quinto Império, que jamais se realizaria no território lusitano, pois a grande terra e o imenso sol não formariam o ethos ibérico. Vieira, infelizmente, não compreendeu que a profecia tinha já singrado o Atlântico e aportado em terras brasílicas. Sem citar Vieira na bibliografia, a Biomassa, de Gilberto Vasconcellos, realizar-se-ia como uma espécie de paráfrase dos trópicos do barroco A História do Futuro. O Brasil hoje vive suas dores tal como Portugal à época da Restauração. No segundo quartel do século XVII os portugueses existiam […] Read More

ARTE DE EDMUNDO JORGE (A)

  A ARTE DE EDMUNDO JORGE Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Era um desses encharcados dias serranos – Quarteirão Ingelheim, três anos antes -, espalhado no chão, eu conversava ao léu com Edmundo Jorge. Algumas obras dispersas pelo seu ateliê convidavam o meu distraído olhar. Desde o seu antigo estúdio, em uma simpática casa lá pelas bandas de certa localidade que, até há alguns anos atrás, todos os petropolitanos chamavam de buraco do sapo, mas que, doutamente, homenageara, em sua rua principal, o santista-português – inventor dos aeróstatos – padre Bartolomeu de Gusmão, eu já conhecia algumas poucas colagens, a forma grácil e suave de seus pastéis, os desenhos a carvão e nanquim. As colagens não me atraíam, jamais tivera gosto por essa técnica, mas, nesse dia cerrado de névoa, meu olhar foi arrastado para a linha de corte, transparência e cor de três colagens em vidro, verde amarelo, 1996; cores,1997; grande azul,1998; além de um óleo – fogos, 1998 – cuja forma rugosa e enlameada, ruidosamente expandia-se em cores. A vivência ótica que experimentei, irremediavelmente, abalou minha memória: todo o mundano que havia à minha volta desapareceu, agora só vejo o que está além. Atualmente devo criar o mundo inteiro e não o posso fazer. Agora devo substituir os mares, as montanhas e tudo o mais… Comoção inteira e longa, de Franz Altheim Desde esse nublado dia apreendi o humanismo de Edmundo Jorge. Anteriormente, em sua obra plástica, enxergava uma fratura ou tensão entre o figurativo e o não-figurativo. Formado no turbilhão modernizador dos anos cinqüenta no Brasil, Edmundo fazia parte das vanguardas urbanas; elas direcionavam sua arte para idéias mais universalizantes que, plasticamente, desembarcaram no país sobretudo através do suíço Max Bill – a Escola de Ulm – e suas formas concretas. Demonstrava isso seu vínculo com o Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa, sua ativa participação na I Exposição Nacional de Arte Abstrata, Petrópolis, 1953, e seu gosto pela colagem – estrutura múltipla e dinâmica, subdivisão prismática sem a unidade condutora do pincel-linha, tensão de formas-materiais no espaço -, técnica das mais propícias aos conceitos da arte concreta. É fato que a graça com que o intelectual e artista plástico Edmundo Jorge recuperou a memória da Exposição de 1953, para mim, revela hoje que já nos anos cinqüenta andava meio incomodado com o concretismo. Em seu breve […] Read More

NECESSÁRIO PORTULANO À ACADEMIA

  NECESSÁRIO PORTULANO À ACADEMIA Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Pelos jornais da cidade soube que a Academia Petropolitana de Letras, apoiada pela UCP, empreenderia curso de literatura petropolitana a ser realizado entre o fim de setembro e início de dezembro deste ano. A notícia me deixou um tanto espantado e curioso. Devo confessar que não esperava da instituição proposta tão clarividente e necessária a Petrópolis. O interesse pelo plano de curso surgiu, então, automaticamente. Pela imprensa descobri posteriormente que o curso não mais se realizaria por ter ocorrido somente uma inscrição; o regulamento determinava o mínimo de 20 inscritos. O que se pode dizer? Afora o projeto, excepcional em si mesmo, posso inferir ingenuidade e insuficiência em seu encaminhamento. Falta de malícia, porque apenas em camisa-de-força alguém – serve o petropolitano ledor, ou mesmo o aluno de letras – colocaria seu nome na lista de inscrição de tal curso. Em meu último livro, Ensaios Serranos, Ponte da Cadeia, S. João del Rey, 2001, observei que a ausência de biblioteca, vale dizer, do hábito de leitura e escrita, embaraça o juízo da província, de todas as províncias, em benefício de apreciação, assimilada como superior, da metrópole. A(s) província(s) brasileira(s) segue ávida a opinião do metropolitano porque não consegue realizar juízo crítico, i.é, o pensamento autônomo com auto-estima. O petropolitano e o brasileiro, portanto, aguardam com prudência a opinião daqueles que sabem javanês, forâneos que não fizeram ou têm história na região. Segue daí a quase impossibilidade do habitante da província enxergar, ao seu lado, vida culta. A fraqueza da Academia foi imaginar que, espontaneamente, interessados apareceriam para o curso. É de se perguntar, igualmente, acerca da existência de uma literatura petropolitana, tal como ocorre uma literatura gaúcha, dialogando com a sua geografia e dialeto regional – embora tenha sido considerado o Rio Grande do Sul um antigo continente. Literatura produzida, editada e lida por gaúchos. Basta citar Simões Lopes, Dyonelio Machado, Manoelito de Ornellas, sem esquecer as jornadas anuais de literatura em Passo Fundo. Por aqui, evidentemente, não se resolveria o problema e dar-se-ia razão ao muxoxo do potencial aluno, pois não é preciso esforço para dizer que não existe tal literatura em Petrópolis. O segundo nó górdio está neste ponto. Desatá-lo é se afastar um pouco da literatura como poesia ou bela letra, recuperando o antigo conceito que então […] Read More

UCP, EXÉRCITO E UNIVERSIDADE FEDERAL

  UCP, EXÉRCITO E UNIVERSIDADE FEDERAL Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Leio nesta Tribuna, 18/10/2003, que o 32º Batalhão de Infantaria Motorizado estaria seguindo para a região do Alto Rio Negro, no Amazonas. Posso informar que entre 1992 e 1993, também para à Amazonia – Tefé -, foi transferida a 16 Brigada de Infantaria Motorizada, de Santo Ângelo, RS, transformada na 16 Brigada de Infantaria de Selva. Para a região, entre 1991 e 1992, o 1º Batalhão de Caçadores já fora de Petrópolis transferido para Roraima e organizado como a 1 Brigada de Infantaria de Selva. Possivelmente, esses e outros deslocamentos do Exército se justificam em 01 de dezembro de 1985, quando foram assinados os projetos especiais que compõem o Projeto Calha Norte, que – é importante realçar – envolve não apenas o Exército, mas diversas outras pastas e órgãos governamentais, constituindo um projeto civil-militar. O plano está preocupado com 1.221.000 quilômetros quadrados, 1.620.000 habitantes e 6.771 km de fronteiras que necessitam da presença do Estado brasileiro. O Projeto Calha Norte, desde 1993, mas sobretudo após 1995, passou a ser contemplado de maneira inexpressiva. Não conheço o total de recursos alocados e disponibilizados para 2003 e não tenho notícia do que virá para 2004. Eu imagino. Sei que, em 1999, originariamente o Calha Norte estava fora do Orçamento Geral da União, e, é de se pasmar, precisando que surgissem os recursos de uma Emenda Parlamentar que alocou menos da metade, R$5.000.000,00, do seu valor inicial – R$11.500.000,00, disponibilizando, após tudo, míseros 750 mil dólares. Repare, leitor, o caso pensado pelo representante do Consenso de Washington, Fernando Henrique Cardoso-PSDB, já no Poder em 1995, e a pindaíba do Calha Norte. Embora o golpe de 1964 tenha representado um tiro no pé do próprio militar, pois resultou no fim da aliança entre povo, Exército e indústria fundada com a Revolução de Trinta, gerando, p.ex., maior internacionalização da economia brasileira e orçamental agonia da Instituição militar, sem dúvida, é admirável que um projeto interministerial dessa envergadura estratégica encontre as Forças Armadas lutando quase sozinhas para a sua implantação, transferindo Batalhões e Brigadas – provavelmente, em razão da miséria orçamental dos militares – quando o mais prudente seria a formação de novíssimos núcleos armados. É de se notar, ademais, que esse empenho do Exército não vive distante da história da formação das cidades brasileiras, […] Read More

HOMENAGEM DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS AO SESQUICENTENÁRIO DA INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA FERROVIA DO BRASIL

  HOMENAGEM DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS AO SESQUICENTENÁRIO DA INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA FERROVIA DO BRASIL Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Mauá era dotado do olhar do futuro. Assim começa a placa de bronze mandada colocar pela Prefeitura Municipal de Petrópolis, quando instalou sua Administração no Palacete Mauá, no ano de 1991. A cidade de Petrópolis tem sido a escolha, o recanto, o bálsamo de brasileiros e de cidadãos do Exterior. Naquela Serra da Estrela, onde pontificou a visão do Major Julio Frederico Koeler, rompedor das montanhas e dos rasgos do vale inóspito, a conquista do engenheiro e arquiteto resultou na cidade amada, cobiçada, desejada e, por vezes, desprezada e abandonada. Mas nem sempre foi assim. Nos dias primeiros, quando o entusiasmo embalava as ações e os passos rompiam pela mata adentro, na busca do melhor e do mais elevado, chegaram ao povoado os habitantes que vinham capitaneando o capricho salutar do Imperador Dom Pedro II. O monarca construía sua casa de verão e no entorno da azáfama febril da edificação nobre, vinham aqueles que estavam ao lado e do lado do Poder. Alguns para manter o contato visual e outros para que o Monarca os divisasse em plantão de espera. Irineu Evangelista de Souza não estava sob qualquer das alternativas. Pelo contrário: edificou sua casa de verão concomitante com o palacete do Imperador. O grande empresário brasileiro, como todos os viajantes serra acima, passavam muitas horas na penosa subida; deixavam nas curvas da rústica estrada os costados enrijecidos de cansaço; fustigava-se o animal de sela e as carroças rangiam penosamente, agredindo a mata virgem com o ruído dissonante que absorvia o pipilar assustado dos passarinhos. Irineu, o futuro Barão e Visconde de Mauá, adquiriu o terreno para sua casa de verão em Petrópolis, no ano de 1852. Dez anos após, 1862, assinala o viajante Carlos Augusto Taunay no seu livro “Viagem Pitoresca a Petrópolis”: “Na Praça de Coblenz, em fralda de morro, levanta-se o palacete Mauá … que assoma ares de morada domanial” (ou dominial?). Instalado na serra de Petrópolis, Mauá tinha negócios na Corte e cortejava a ciência crescente do modelo adotado pelo Brasil, a Velha Europa, que se modernizava e alavancava do ferro e do fogo da audácia a revolução industrial. Chegava-se a Petrópolis pelo velho caminho dos tempos de D. João VI e pela região […] Read More

GUERRA E AUTO-ESTIMA

  GUERRA E AUTO-ESTIMA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Está faltando em nossa gente petropolitana uma sacudidela de auto-estima; um estado de espírito permanente, muito e sempre além de um instante especial qualquer que nos manieta aprisionados pelo santo sentimento de cidadania. Na manhã de domingo, 21 de março, tive um momento sublime de auto-estima, reforçado àquele que alimenta meu coração de forma vigilante, vendo, sentindo, emocionando minha cidadania, ouvindo um concerto em comemoração aos 90 anos de nascimento de Guerra-Peixe.. Não foi em Petrópolis, terra do maestro e compositor e sim em Niterói, no Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense. As páginas de Guerra-Peixe foram executadas pela Orquestra Sinfônica Nacional, sob a regência do maestro petropolitano Carlos Eduardo Fecher, estudioso da obra do maestro, tema de sua tese de mestrado, estando Fecher empenhado na criação e sedimentação do Memorial Guerra-Peixe. Tanto exemplo de dedicação e amor ao mestre Guerra-Peixe tem origem, primeiro, no valor e na imortalidade de sua obra e, segundo, na percepção de Fecher quanto a não deixar que tal patrimônio fique no desconhecimento de nossa gente e que possa ele ampliar a projeção internacional que já habita nos principais centros do primeiro mundo. César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis há 90 anos atrás, 18 de março de 1914 e faleceu no Rio de Janeiro no ano de 1993. Deixou uma obra extraordinária que consagrou sua vida e permanece viva, admirada e executada nos tempos presentes. O concerto de Niterói reuniu peças extraordinárias que encontraram no maestro Fecher e no uníssono vibrante da Orquestra Sinfônica Nacional, uma parceria que levou à manhã niteroiense a beleza e a magia inspirada do querido compositor, enlevando ao “bravo” e ao aplauso de pé, o clímax do programa. A violinista Antonella Pareschi, solista e spalla de orquestra, desenvolveu com sentimento da alma e maestria técnica o “Concertino para Violino e Orquestra”, sob consagração da platéia que lotou as dependências do teatro da UFF. Também foram destaques, na execução da peça “Roda de Amigos” os instrumentistas Otacilio Ferreira Lima Filho (fagote), André Luís Góis (clarinete), Moisés Ávila Maciel (oboé) e Andrea Ernst Dias (flauta). Constou do concerto “Petrópolis de Minha Infância”, com páginas que relembram a “Baronesa” subindo a serra, as crianças na Praça da Liberdade, os barquinhos do Cremerie e o bloco dos “Indios do Morin”. O conhecido “Ponteado” e […] Read More