DOIS TRIOS… DOIS DESTINOS

  DOIS TRIOS … DOIS DESTINOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Theobaldo Costa Jamundá é pernambucano de origem, mas catarinense por opção. Vive em Blumenau há muitíssimos anos e, estudioso que é da história, do folclore e da etno-sociologia, tem obra suculenta sobre a região que elegeu para armar sua tenda. Já está na 2ª edição seu livro “Kolonie Blumenau dos Três Doutores” que na sua primeira parte estuda aquilo que ele chama “Trio Amigo da Mata”, que nada mais é que o trio fundamental responsável pelo surgimento e pelo deslanche da colônia germânica do Itajaiaçu. Jamundá se refere a Herman Blumenau, a Fritz Muller e a Emil Odebrecht e ao papel que cada um desempenhou na urdidura de um projeto, que alcançaria pleno sucesso, segundo as metas propostas. O tema fez-me refletir sobre Petrópolis, que tem também suas origens apoiadas num tripé, formado pelo jovem Imperador D. Pedro II, pelo experiente Mordomo Paulo Barbosa da Silva e pelo talentoso e pertinaz Major de Engenheiros Júlio Frederico Koeler. Mas se lá e cá há uma coincidência no número de partícipes no jogo de cena, o mesmo não ocorre com algumas das tendências que nortearam cada uma das colônias, e, nem o perfil dos que criaram Petrópolis e Blumenau obedece às mesmas características. Antes de mais nada, Petrópolis nasceu antes da Revolução de 1848, na França e no mundo germânico, e Blumenau, logo depois. Alvitra Renato de Mello Vianna, ao apresentar o livro de Mestre Jamundá: “A Revolução Democrática de 1848 na Alemanha, sufocada pela nobreza, forçou alguns de seus líderes e simpatizantes a fugirem daquele país. Os imigrantes que vieram antes eram predominantemente das regiões agrícolas e pobres da Alemanha. Faltava-lhes a cultura para conseguir se impor e obter renome além fronteiras. Mas Blumenau, fundada em 1850, teve a felicidade de receber um punhado de homens capacitados, não só a arrancar do solo o sustento de seus familiares, mas também com a competência para angariar a admiração e o respeito que só são devotados àquelas comunidades organizadas dos povos ordeiros e progressistas, que sabem perfeitamente o que querem e lutam tenazmente para consegui-lo”. Afirma Jamundá que os integrantes da Colônia Particular do Dr. Blumenau aprenderam com seus líderes, desde cedo, a ver a mata como aliada e não como inimiga. Por isso eles a devassaram, para […] Read More

D. JOÃO E OS PORTOS DO RECÔNCAVO FLUMINENSE

  D. JOÃO E OS PORTOS DO RECÔNCAVO FLUMINENSE Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Laurenio Lago (Anuário do Museu Imperial, nº 7, 1946), num artigo intitulado “Excursões do Príncipe Regente D. João na Capitania do Rio de Janeiro (1809)”, informa que nos meses de junho e julho daquele ano, o futuro Rei D. João VI empreendeu duas pequenas viagens ao recôncavo fluminense, tocando em dois pontos fundamentais dele, por serem portas de entrada da chamada Serra Acima. A primeira foi direcionada à povoação de Nossa Senhora do Desterro de Tambi, pertencente na altura à freguesia de Santo Antonio de Sá, sede do município do mesmo nome, depois deslocada para Santana do Japuíba e mais tarde para Cachoeiras de Macacu, cidade fluminense ao pé da serra de Friburgo. Tambi, estava, segundo Laurenio Lago a 200 braças do rio Macacu (algo em torno de 500 metros), pelo qual se chegava aos portos do Sampaio e das Caixas, de onde se tomava a direção de Itaboraí, prolongando-se a viagem no rumo da vertente goitacá, ou da de Cantagalo, pela serra da Boa Vista, por caminho difícil e perigoso, de que deu conta John Mawe em seu minudente relato inserido nas “Viagens ao Interior do Brasil”. Hospedou-se D. João em casa do agricultor e Capitão de Ordenanças João de Souza Lobo, que foi de uma fidalguia extrema. Retribuindo as gentilezas recebidas, o Regente, por decreto de 24 de junho do mesmo ano de 1809, promoveu o capitão ao posto de Coronel de Milícias, agregado ao regimento do distrito de Macacu. Era uma praxe, que foi muito típica do Brasil monárquico. Retribuição de boa acolhida, de fidelidade, de serviços prestados, com títulos, honrarias, promoções, comendas… A segunda excursão realizou-se em julho de 1809 e teve como destino o Porto da Estrela, ponto de partida do Atalho do Caminho Novo para as Minas Gerais, em uso desde os anos vinte dos setecentos. Hospedou-se o Príncipe Regente na fazenda da Cordoaria de propriedade do Capitão do Regimento de Milícias do distrito de Inhomirim, João Antonio da Silveira Albernaz, que também recebeu como retribuição pela sua fidalguia, a promoção ao posto de Coronel. Aproveitando a estada na região da Estrela, D. João foi conhecer as obras da calçada de pedra no trecho da serra acima, que buscava o Córrego Seco. Os trabalhos haviam sido […] Read More

ATÉ QUE A MORTE OS LIBERTE

  ATÉ QUE A MORTE OS LIBERTE Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Já os latinos falavam de dias fastos e nefastos; de coincidências venturosas e desafortunadas; de destinos que se cruzam para celebrar a harmonia ou para lamentar a discórdia, a controvérsia, a contradição. Só a morte liberta de verdade os que, durante a vida, por longo ou curto espaço de tempo, experimentaram o cruzamento de seus caminhos para viverem o inferno na terra. E, por isso mesmo, muita vez, só a morte é a coincidência feliz. Prudente José de Moraes Barros, nasceu em Itu a 4 de outubro de 1841, dia consagrado a São Francisco de Assis. Portanto, veio ao mundo muito bem auspiciado. Perdeu o pai tragicamente. Um escravo o assassinou covardemente e pagou com a vida pelo crime que cometera. Estudando na capital da então província de São Paulo, chegou à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1859. Colou grau em 1863. Radicou-se então em Piracicaba, montando ali banca de advogado. Filiado ao Partido Liberal, ingressou na política e foi, no antigo regime, várias vezes, presidente da Câmara piracicabana e deputado provincial. Depois do histórico manifesto de 3 de dezembro de 1870, ingressou Prudente de Moares no Partido Republicano e tornou-se um dos principais organizadores da agremiação em São Paulo. E quando a república raiou no horizonte brasileiro, Prudente José de Moraes Barros foi logo nomeado governador de seu Estado natal. Foram onze meses de profícuo trabalho, que contemplou algumas reformas importantes em diversos setores da administração paulista. Presidente da assembléia nacional constituinte, encaminhou com sucesso a elaboração da primeira Carta republicana, afinal promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Em junho daquele ano, foi eleito Vice-Presidente do Senado Federal. Em reunião de 25 de setembro de 1893, o Partido Republicano indicou-o, por unanimidade de votos, candidato à presidência da República, para cumprir o quatriênio a iniciar-se em 15 de novembro de 1894. Feriu-se o pleito a 1º de março desse ano e, apesar do desinteresse geral, as urnas consagraram os nomes do paulista Prudente de Moraes para Presidente da República e do baiano Manoel Victorino Pereira, para Vice. O Congresso Nacional, na sessão de 22 de junho de 1894, reconheceu e proclamou os eleitos, que tomaram posse a 15 de novembro, em melancólica cerimônia. Avultavam em Prudente de Moraes […] Read More

SINDICATO DO TURISMO (O)

  O SINDICATO DO TURISMO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A década de 20 assinala em Petrópolis a atenção municipal para o turismo, com total apoio dos veranistas. O Centro Histórico da cidade era tipicamente sazonal e estava edificado sob pilares de uma urbanização eclética. Os prédios eram exemplares representativos do gosto estético ditado pelos cabedais financeiros dos veranistas; viviam iluminados nos verões e deitavam solidão e negritude enevoada nos períodos invernosos. A vida urbana no verão brilhava de novembro a abril; era agitada sob o sol de altitude e a chuva copiosa e ligeira de todas as tardes; no contraponto, as ruas de pouco tráfego passavam em mansuetude nos dias dos invernos rigorosos de friagem úmida bordados pela névoa matutina e do fim da tarde, além de um frio sol de viva coloração. A cidade alegre dos verões convidava a passear a cavalo ou em viaturas e os veranistas eram vistos por toda a parte, enquanto a população fixa cuidava do comércio e dos serviços, aos visitantes oferecendo uma variedade de apelos consumistas. O veranismo era a prática de um turismo regularmente compulsório. Na visão política e intelectual dos habitantes fixos, o município sobrevivia no inverno graças à intensa atividade fabril e no verão pelo colorido da natureza sempre em descoberta em meio ao bulício dos veranistas. Sob esse conjunto de preocupação, notáveis da terra e adotados, tinham visão consciente de que era o turismo sazonal fixo o segredo de Petrópolis e que se devia adotar posicionamento vigilante para que ele crescesse. No Rio de Janeiro, capital que ditava o comportamento social do País, fundara-se em 9 de novembro de 1923, a Sociedade Brasileira de Turismo e noticiava-se a novidade como “o primeiro passo, amplo, dado nesse sentido”. Em verdade, Petrópolis já se antecipara aos doutos cavaleiros cariocas de prestígio, através de João Roberto d´Escragnolle, o primeiro real publicitário em Petrópolis, que abrira em 1908 uma agência de turismo voltada para a divulgação da riqueza ambiental do Município, a “Agência Alex” (Propaganda e Informações – faz tudo e tudo sabe), também realizando corretagem de imóveis e editando guias de divulgação e de indicações para os passeios. Nas décadas de 10 e 20 surgiram interessantes guias da cidade, verdadeiras jóias pioneiras da atividade. O “Sindicato de Iniciativa de Turismo do Município de Petrópolis” também é anterior à Sociedade do […] Read More

SANTOS-DUMONT – 130 ANOS

  SANTOS-DUMONT – 130 ANOS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Palmira, em Minas Gerais, foi o cenário do nascimento do menino Alberto, filho do fazendeiro de café engenheiro Henrique Dumont, descendente de franceses e da senhora Francisca dos Santos Dumont. O dia: 23 de julho de 1873, há exatamente 130 anos. O local exato foi a Fazenda Cabangu no distrito de João Aires, em momento no qual o engenheiro Henrique empreitara obras para a Estrada de Ferro Central do Brasil e se achava residindo em Cabangu. Hoje Palmira é o Município de Santos-Dumont. Passou a infância na Fazenda Dumont, que o pai adquiriu em Sorocaba, São Paulo, para dedicar-se à lavoura do café. Hoje o território da fazenda transformou-se no município paulista de Dumont com a sede municipal na casa de fazenda que pertencera à família Dumont. Estudou no afamado Colégio Culto à Ciência, em Campinas, em seguida no Instituto Kopke e, por fim, no Colégio Morton. Concluídos esses preparatórios, matriculou-se na Escola de Minas, em Ouro Preto. Não terminou o curso superior. O jovem era prático, inventivo, apreciava a vida ao ar livre, amava as aventuras narradas nas obras de Julio Verne, vendo seu pai que ele deveria estar na capital cultural e científica do Mundo, naquele final do século XIX, para alar sua prodigiosa imaginação a feitos extraordinários. Colocou-o em Paris. O diminuto jovem, magrinho, esguio, leve, elegante, logo conquistou a simpatia da cidade e do povo parisiense e meteu-se em galpões para participar da febre da conquista do espaço que Paris abrasava no coração dos pioneiros. Não deu outra. Em pouco tempo estava Santos-Dumont construindo e testando balões, arriscando a vida em experiências, assustando transeuntes urbanos com estripulias aéreas, sob o objetivo de dar asas à criatura humana. A partir de 1897 o “petit Santos” (seu apelido carinhoso em Paris) criou vários balões em escala crescente de aperfeiçoamento e o seu primeiro e pequeno balão individual recebeu o batismo de “Brasil”. Animado pelo lançamento de um concurso destinado a provar ser possível dar dirigibilidade aos balões, levou poucos anos aperfeiçoando suas criações, inscrevendo o seu balão-dirigivel n° VI, conquistando o “Prêmio Deutsch de La Meurthe” na memorável tarde na qual a Comissão Julgadora e curiosos viram Santos-Dumont sobrevoar o céu parisiense, contornar a Torre Eiffel e pousar no solo coberto de aplausos. Estava resolvido ser possível […] Read More

FILHO DE UM FERRADOR QUE SE TORNOU MAESTRO (O)

  O FILHO DE UM FERRADOR QUE SE TORNOU MAESTRO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira   Partamos no sonho de uma alegoria, mesmo que falseie a cronologia verdadeira da história da Escola de Música Santa Cecília: Era uma vez um menino. Parece que o vejo correndo por aqui. É levado, muito irrequieto. De repente ele pára toda a atividade, apura o ouvido; escuta… O que escuta o menino que o faz enlevar-se? É um som não necessariamente mavioso; mas é musical; é um som musical (arranham-se, em exercício, cordas de violino) por vezes estrídulo e irritante… Mas, é música que o menino escuta; arregala os olhos e segue. Atravessa a rua sem muito cuidado. É um menino sem os medos da prudência. Aproximando-se, sente que ao som nervoso do violino em estudo junta-se um exercício de escalas em piano; logo notas de uma flauta remete seu embevecimento a um êxtase que o detém diante do prédio esquinado, baixo, com uma longa varanda em curva dominando toda a fachada. No alto ele lê o que, antes, não chamara sua atenção: “Sede Própria – Escola de Música Santa Cecília”. Como aqueles ratinhos da fábula de Hamellin ele segue o som da flauta e do violino e do piano e adentra pela varanda, toca com as pontas dos dedos na porta quase fechada, que empurra com cuidado evitando chamar a atenção. No pequeno salão vê, ao fundo, um palco e nele exercita-se um aluno de flauta observado pelo atento professor. Outros três meninos e jovens acompanham a aula, à espera de seus exercícios práticos. Atrás de uma porta entreaberta, o som do piano aguça a curiosidade do menino que, nessa altura, nem sente que flutua de enternecimento ao tempo em que agita-se de ansiedade. Mais adiante, atrás de outra porta, um violino range em protesto pelo exercício de um aluno que experimenta a vocação. O menino, naquela irreverência, mesmo que contida pelo êxtase, empurra a porta de onde vem o som ranhento do violino… Entra na sala, o aluno desconcerta-se, o professor censura com o olhar e adverte: – O que é isso? O que deseja aqui? – Eu ouvi o violino lá de cima da minha rua onde moro, vim atraído e nem sei o que faço aqui… – é trêmula sua voz infantil. -O senhor, menino, gosta de violino? – […] Read More

VESGA HOMENAGEM

  VESGA HOMENAGEM Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Leio em nossa imprensa a notícia. A Fundação de Cultura e de Turismo, administradora do bem municipal antigamente denominado Teatro Dom Pedro e popularmente já conhecido e rebatizado de Teatro Municipal de Petrópolis, está para inaugurar a Casa de Espetáculos agora para valer. Positivo! Finalmente Petrópolis terá o seu Teatro Municipal funcionando! No complemento da boa nova vem um absurdo, uma bobagem, uma coisa estranha e muito esquisita, sem pé e nem cabeça e que está provocando protestos de toda a classe artístico-cultural do Município. A atual administração municipal deliberou que o Teatro Municipal de Petrópolis será oficialmente chamado de Paulo Gracindo. Ninguém admira mais o ator Paulo Gracindo do que eu e uma legião de brasileiros batendo palmas; o grande nome do teatro, rádio, cinema e televisão, um “showman” completo, Pelópidas (Paulo) Gracindo merece muitas e muitas homenagens de todo o País. Porém, meus senhores do governo petropolitano, conferir ao ator o nome do Teatro é um ato da mais impertinente bobagem. E o será, ainda, se nominarmos a Casa de qualquer outro nome. O Teatro Municipal é o Teatro Municipal de Petrópolis, e pronto! Tal como os teatros municipais espalhados pelos brasis afora. Não tem que levar patronímico nenhum. E muito menos do grande ator Paulo Gracindo, cuja passagem por Petrópolis sempre foi fugaz e apressada, sem nenhum vínculo com a cidade, embora um cidadão e artista da maior expressão. Mesmo entendendo que o Teatro Municipal de Petrópolis assim deve ser, sem homenagens pessoais, ainda poderia aceitar se mantivesse o nome primeiro, de batismo, dado pelo construtor João D’Ângelo: Teatro Dom Pedro. O ideal, no entanto, é ser Teatro Municipal de Petrópolis e pronto! Quando o imóvel foi escolhido para Teatro Municipal, aventava-se a idéia de homenagear, em um espaço nobre do Teatro, o edificador do prédio João D’ Ângelo, para reafirmar aos pósteros a nossa gratidão pelo importante bem cultural. Aí, sim e, também, a outras figuras de nossa cultura artística em outras dependências internas. Não caberia, nem ai, homenagem a Paulo Gracindo. Se ele esteve no elenco de um ato ligeiro encenado no Teatro na inauguração, tudo bem! Parabéns para ele e Petrópolis pela honra. Mas, e Leopoldo Fróes, o internacional Raul Roulien, Jaime Costa, Jararaca e Ratinho, Orestes e Leonor Mattos, Alda Garrido, Linda Batista, Vicente […] Read More

EDUCAÇÃO EM PETRÓPOLIS – O Ginásio Pinto Ferreira – Henrique Pinto Ferreira

  EDUCAÇÃO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira O Ginásio Pinto Ferreira – Prof. Henrique Pinto Ferreira O jovem Henrique Pinto Ferreira, português, natural da encantadora Felgueiras, no norte de Portugal, a 60km do Porto, onde nasceu a 17 de dezembro de 1883, resolveu, no início do século, arrumar suas malas e partir para o Rio de Janeiro. Inteligente, estudioso, vinha para tentar a sorte nas profissões que trouxera de sua excelente formação escolar. Aqui chegou formado em borla e capelo pela Universidade de Coimbra, onde foi companheiro de turma do notável Cardeal Cerejeira. Estudou ainda Engenharia Militar até o 5º ano em Coimbra, concluindo o curso na Academia Militar de Lisboa. Da maravilhosa cidade de Lisboa embarcou em um navio com destino ao Brasil e, no Rio de Janeiro, diplomou-se, pela Universidade do Brasil, em Medicina, Química Industrial e Farmacêutica. Para ser admitido em nosso ensino superior submeteu-se às bancas examinadoras rigorosíssimas do Colégio Nacional (hoje Colégio Pedro II), conquistando o 1º lugar geral, o que lhe conferiu o direito de matriculas e cursos livres de quaisquer ônus. Em correspondência para a família revelou que ficaria definitivamente no Brasil. Sua mãe, preocupada com as notícias das péssimas condições sanitárias e de saúde do Rio de Janeiro, nos sombrios dias da febre-amarela e da peste bubônica, recomendou que residisse em localidade que estivesse livre dessas mazelas. Escolheu Petrópolis. Subiu e desceu incessantemente pela serra naquele trem de Mauá, enquanto estudava no Rio de Janeiro, trabalhando em alguns ofícios na cidade serrana. Dotado de fina cultura e grande pendor para o magistério, foi convidado a integrar o quadro de professores do Colégio Luso-Brasileiro, que mantinha turmas de internato e externato. O internato ocupava o prédio do atual Palácio Grão-Pará e todo o seu imenso jardim que dava frente para a rua do Imperador (então Avenida 15 de Novembro), onde hoje está o prédio dos Correios e outras edificações fronteiras à atual rua Joaquim Moreira. O externato funcionava no prédio que fora ocupado pela Assembléia Legislativa Estadual, ao tempo de Petrópolis-Capital, depois Colégios Plínio Leite e Carlos Alberto Werneck, hoje um edifício comercial e de apartamentos. Estava definida sua vocação verdadeira e a missão de vida: educador. Num instante as salas de aulas da cidade ganhavam um extraordinário mestre. Naqueles tempos a cidade de Petrópolis era um importante centro educacional […] Read More

GRUPO ESCOLAR, O CÍRCULO E OUTRAS LEMBRANÇAS (O)

  O GRUPO ESCOLAR, O CÍRCULO E OUTRAS LEMBRANÇAS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira O Professor Jeronymo Ferreira Alves Netto, em artigo publicado aqui no Jornal de Petrópolis, edição de 19 a 25 de outubro de 2002, sob o título “Oitenta anos da inauguração do Pedro II”, narrou os anos dourados do Grupo Escolar, desde a fundação numa casa da Rua 14 de Julho (hoje Washington Luís), passando pela doação do terreno à Avenida 15 de Novembro (hoje Rua do Imperador) pela Princesa Isabel e a construção e instalação do estabelecimento no atual endereço e belo prédio, a partir de 26 de novembro de 1922 quando foi inaugurado em sessão solene pelo governador do Estado Dr. Raul Veiga. É do Grupo Escolar Dom Pedro II que falamos e não das sucessivas adaptações e ampliações que impuseram o fim do Grupo Escolar para a criação do ensino até o 2º grau completo, sob outras denominações: CENIP (Centro de Ensino Integrado de Petrópolis), Colégio Estadual Washington Luís e Colégio Estadual Dom Pedro II, este último e atual retomando a homenagem solicitada pela doadora do terreno, a Princesa Isabel. Na década de 40, objetivo desse artigo, era diretora do Grupo Escolar a professora Germana Gouvêa, mestra e administradora impecável, titular da Academia Petropolitana de Letras, que funcionou durante muitos anos nas dependências do Grupo, realizando memoráveis reuniões literárias no Salão Nobre, onde existiam os retratos do patrono Dom Pedro II, do ex-Governador Raul Veiga e o do governador em exercício, sempre cambiável. Naquele salão foi instalada a Câmara Ardente do escritor Stefan Zweig e sua mulher Charlotte, mortos a 24 de fevereiro de 1942, organizada pela Academia Petropolitana de Letras, na presidência Carauta de Souza. Germana Gouvêa, estimulada pelo Diretor do Departamento de Educação do Estado, Dr. Rubens Falcão e auxiliada pelo Técnico de Educação Professor Ovídio Gouveia da Cunha, ambos confrades seus na Academia Petropolitana de Letras, criou o “Circulo de Pais e Professores do Grupo Escolar Dom Pedro II”, com bela atuação no ano de 1944, quando premiou os melhores alunos com cadernetas da Caixa Econômica, a saber: com Cr$ 30,00 cada um: Fabiano Luiz de Pércia Gomes, Franklin Peixoto da Costa Filho, Arildo Hoeltz e Orleia Rocancourt; com Cr$ 20,00 cada um: Marta Klein, Gicelda Ferreira, Nelson Gonçalves, Nilo José de Souza, Delfina Moreira, Ewald Winhefmann, Hélio José Romero, […] Read More

MATANDO A GALINHA DOS OVOS DE OURO!

  MATANDO A GALINHA DOS OVOS DE OURO! Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida Petrópolis não é um ponto turístico do Rio de Janeiro. Petrópolis é uma cidade histórica. Sua primeira referência pode ser a de um pequeno trecho do caminho que levava às “minas gerais”. Fazenda mal sucedida, teve a sorte de ser adquirida pelo imperador, D. Pedro I, para aqui ser construído o palácio de veraneio da família imperial, intento somente realizado mais de 10 anos depois, por seu filho, Dom Pedro II, sob influência do major Júlio Frederico Koeler, um engenheiro alemão que idealizou desenvolver aqui uma colônia. Esta, apesar dos tropeços e dificuldades teve sucesso, graças à energia e ao trabalho metódico de seu idealizador. Chegou a ser importante na produção industrial, tendo sido exportador de produtos têxteis para o exterior, da mesma importância de São Paulo, citado em obras de autores estrangeiros sobre industrialização. Quanto à função de vilegiatura da corte, cumpriu-a perfeitamente. O centro histórico e seus arredores, apesar de já haverem sido bastante sacrificados, nos dão uma boa idéia daquela época que abrange a consolidação da Revolução Industrial, causadora de importantes modificações na sociedade, sobretudo na classe trabalhadora e na produção industrial. Modificações também observadas na arquitetura, não só em Petrópolis e no Brasil como em grande parte do mundo civilizado. O ferro deixa de ser utilizado apenas na construção de pontes e pavilhões e como sustentação e passa a fazer parte dos acessórios aparentes da construção, elementos tais como grades, gradis, portões etc. Na avenida Koeler, por exemplo, quase todas as vivendas datam do final do século XIX e princípio do século XX, época em que predominava o denominado Neoclassicismo, porém um neoclassicismo bastante modificado nos seus elementos simplificados tanto na forma quanto no número, e o Ecletismo. Além da arquitetura das grandes vivendas, das ricas moradias do Centro Histórico, Petrópolis apresenta ainda, habitações não tão luxuosas, mais simples, que datam da mesma época e dão idéia de como vivia o petropolitano de então. Uma característica encantadora e que deve ser conservada e respeitada são os lambrequins de madeira dos telhados e das varandas que são verdadeiras obras de arte. Esses testemunhos do passado que nos mostram Petrópolis como uma cidade operosa e calma também merecem ser preservados. Na indústria e na formação da população de Petrópolis também foi grande a influência […] Read More