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BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – O IMPERADOR D. PEDRO II

  BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O IMPERADOR D. PEDRO II A ligação entre o Imperador D. Pedro II e Petrópolis foi tão significativa, que o historiador Alcindo Sodré assim se pronunciou a respeito da mesma: “para dizer-se alguma coisa sobre o último Imperador do Brasil é indispensável falar-se de Petrópolis” (1). (1) SODRÉ, Alcindo de Azevedo. D. Pedro II em Petrópolis. In: Anuário do Museu Imperial. Petrópolis, 1940. De fato, Petrópolis nasceu da magnanimidade, do carinho do Imperador, que a viu crescer e assistiu a sua evolução. Além disso foi dignificada, ao abrigar os seus despojos, sob a cúpula do templo que a sua magnificência também idealizou, a Catedral de São Pedro de Alcântara. Homem de ampla cultura universal, cuja vastidão de conhecimentos chegou a impressionar os intelectuais que lhe foram contemporâneos. Grande estadista, inteiramente consagrado ao serviço do Estado, D. Pedro II buscava em Petrópolis, a tranqüilidade e a plenitude da serra, o refúgio para se recuperar do desgaste de suas elevadas funções e se entregar aos estudos, à leitura, enfim, aos trabalhos intelectuais de sua preferência. Isto fica patente nas inúmeras cartas que escreveu a Gobineau, ao referir-se à nossa cidade: “Aqui passeio a pé todas as manhãs”; “A vida de Petrópolis agrada-me muito…”; “Aqui trabalho melhor que no Rio, apesar dos dois passeios que faço todos os dias”; “Devo ir em dezembro a Petrópolis e lá ser-me-á permitido entregar-me um pouco mais às ocupações do espírito…” (2). (2) Carta a Gobineau, 7 de fevereiro de 1881. Cf. Lacombe, Lourenço Luiz. In: D. Pedro II em Petrópolis. Edição do Museu das Armas Ferreira da Cunha, Petrópolis, 1954. Sabemos que com o Palácio Imperial ainda em construção, D. Pedro II já freqüentava com sua família a então povoação de Petrópolis, hospedando-se na Fazenda do Córrego Seco, então arrendada ao Major Júlio Frederico Koeler. O velho casarão da fazenda teria sido reformado por Koeler, ou então demolido por ele, dando lugar a um novo prédio. Neste sentido, o professor Lourenço Luiz Lacombe, apoiando-se no Decreto nº 187, de 15 de março de 1849, pelo qual D. Pedro II cedeu à viúva de Koeler “o domínio de sua casa situada no prazo nº 82, em Petrópolis, sem reposição alguma do valor da antiga casa de vivenda que ali existiu” (3), concluiu que os termos deste decreto tornam […] Read More

GRANDE MESTRE DA MÚSICA BRASILEIRA (UM)

  UM GRANDE MESTRE DA MÚSICA BRASILEIRA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O padre José Maurício Nunes Garcia, um dos grandes nomes da música brasileira, nasceu no Rio de Janeiro, a 22 de setembro de 1767, sendo seus pais Apolinário Nunes Garcia e D. Victória Maria do Carmo. Órfão de pai aos seis anos de idade, José Maurício foi educado pela mãe, filha de uma escrava, a qual envidou todos os esforços no sentido de proporcionar-lhe esmerada educação. Possuindo uma voz muito afinada, desde muito cedo manifestou grande vocação para a música, tocando de ouvido viola e violão, tomando aulas de música com o mestre Salvador José, o qual, por sua vez, fora aluno do renomado padre jesuíta Manuel da Silva Rosa, autor de notáveis composições. Os progressos musicais de José Maurício foram de tal ordem que, ainda muito jovem, tocava vários instrumentos de corda e sopro, em bandas de música e orquestras, cantando modinhas, acompanhadas por cravo, piano ou violão. A par de sua formação musical, possuía José Maurício sólida formação humanística, tendo freqüentado por três anos seguidos a aula pública de latim, língua que chegou a conhecer a fundo, bem como a aula pública de filosofia racional e moral, disciplina que chegou a lecionar mais tarde com grande brilhantismo. Por volta de 1790, resolveu abraçar a carreira eclesiástica, ordenando-se sacerdote aos vinte e cinco anos de idade. A partir de 1792, começou a reunir uma preciosa coleção de músicas e óperas, organizando uma verdadeira biblioteca, ao mesmo tempo em que abriu um curso de música em sua residência. Seu talento musical era de tal ordem que o Visconde de Taunay, um de seus mais sinceros admiradores, procurou interessar como deputado os poderes públicos na obra de José Maurício; no sentido de divulgação da mesma, a ele se referiu do seguinte modo: “Mestre abalizado em canto-chão, conhecendo todos os segredos do ritual gregoriano, arroubado entusiasta das imensas belezas que ele encerra, como inexcedível expressão da fé e unção religiosa, na contínua e absorvente meditação dos modelos que estudava e interpretava, assentava as seguras bases do mais sólido saber musical” (1). (1) TAUNAY, Visconde de. Uma Grande Glória Brasileira. José Maurício Nunes Garcia. São Paulo, Companhia Melhoramentos, 1930, p. 69. Sua formação musical e humanística e suas qualidades como orador contribuíram sobremaneira para que ele, com apenas trinta anos de idade, […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – HEITOR DA SILVA COSTA

  BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette HEITOR DA SILVA COSTA Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 25 de julho de 1873, sendo seus pais o Jurisconsulto e Conselheiro do Império, Dr. José da Silva Costa e D. Elisa Guimarães da Silva Costa. O Conselheiro José da Silva Costa, pai de Heitor da Silva Costa, um devotado amigo de Petrópolis, conforme depoimento do pesquisador Antônio Machado: “Petrópolis deve à memória do Conselheiro Silva Costa um preito de reconhecimento pelo amor que votava e predileção que tinha pela cidade que viu formar-se: regozijava-se em vê-la prosperar, testemunha que fora de seu progresso por nela residir uma boa parte do ano, desde 1868, e onde terminou seus dias, em 1923, cercado de geral estima e veneração” (1). (1) MACHADO, Antônio. Centenário de Petrópolis. Trabalhos em Comissão. Prefeitura Municipal de Petrópolis, 1938, vol. I, p. 314. Fez seus estudos iniciais no Colégio Abílio (1881-1886) e, posteriormente, no Colégio São Pedro de Alcântara (1886-1889), no Rio de Janeiro. Após ter completado o Curso de Humanidades, matriculou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, concluindo o curso de Engenharia Civil, em 1897. No ano seguinte completou o curso de Engenharia Industrial. Foi casado com D. Maria Georgina Leitão da Cunha da Silva Costa, com quem teve três filhos: Maria Elisa, Paulo César e Carlos Cláudio. Era presença obrigatória em Petrópolis, quer hospedando-se na residência de seu irmão Otávio da Silva Costa, Superintendente da Fazenda Imperial, quer residindo no apartamento que possuiu no Edifício Normando. Em agosto de 1914, ingressou como professor na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, lecionando Trabalhos Gráficos de Construção e Hidráulica, a convite do professor Dr. Nerval de Gouvêa, então diretor da Escola. Foi também professor de religião na Escola Paulo de Frontin. Trabalhador incansável construiu o renomado engenheiro numerosos edifícios no Rio de Janeiro e no interior do país, dedicando-se particularmente à arte sacra, igrejas e monumentos religiosos oficiais. Foram suas principais obras: monumento fúnebre ao barão do Rio Branco; monumento ao Imperador D. Pedro II, na Quinta da Boa Vista; monumento a Pasteur, na avenida do mesmo nome; os monumentos ao Cristo Redentor nas cidades de São João Del Rei e no alto do Corcovado no Rio de Janeiro; prédio do Colégio Sion em Campanha; projeto de uma fachada para o Jornal do Comércio no […] Read More

ADMIRÁVEL NAIR DE TEFFÉ!

  ADMIRÁVEL NAIR DE TEFFÉ! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No Brasil dos homens surgiu num espanto a mulher desafiadora, corajosa, inteligente, vivaz, nascida a 10 de junho de 1886, filha de um dos notáveis do Império, Antonio Luiz Von Hoonholtz, o Barão de Teffé e esposa Maria Luisa Dodsworth, de família de expressiva tradição. Nair de Teffé vinha ao mundo no crepúsculo do Império e, no ano seguinte, estava com os pais residindo em Paris; depois Bruxelas (Bélgica), Nice (França), novamente Rio de Janeiro, em seguida Roma, novamente na França, enquanto os anos passavam e Nair já era menina moça de 15 anos. Sua educação foi esmerada e sua cultura aprimorada nos melhores educandários da Europa. Em 1905 seu pai retornou definitivamente ao Brasil, após brilhante carreira diplomática, elegendo Petrópolis para residência, mantendo casa do Rio, porém extrapolando sua permanência sazonal na Cidade de Dom Pedro II, além do habitual de seus coevos. A carioca Nair apaixonou-se pela bela, bucólica e florida Petrópolis. Além da educação formal recebida no lar e nos educandários para moças, a irrequieta jovem possuía predicados pessoais que espantavam os circunstantes sociais de seu tempo: cantava afinada e com bela voz, desenhava com apuro e criatividade, corria livre pelos caminhos em alegria diversa das moças de seu tempo, cavalgava com maestria, conversava nos salões com desenvoltura e, na ingenuidade feminina daqueles tempos, escandalizava o rubor das senhoras programadas de narizes empinados; escrevia, poetava, seu espírito era vivaz, arguto, aquilino, caricaturando a sociedade como “homem”. Feminina, bela, recebia olhares, bilhetes, cartas que deliciavam sua verve buliçosa e inspiravam suas tiradas sibilinas e, às vezes, desconcertantes. Tudo com muita graça e particular encanto. Nair alcançou enorme e merecido sucesso com suas caricaturas, publicadas e disputadas pela Imprensa das duas primeiras décadas do século. Alimentou especial dedicação à arte cênica, amava o teatro. Coelho Netto escreveu para ela “Miss Love”, peça que protagonizou e foi sucesso no Rio e tem Petrópolis. Trabalhou na companhia do grande ator-empresário Leopoldo Fróes na peça “Longe dos Olhos” apresentada em Petrópolis para encanto da sociedade local e veranistas o que levou Nair à organização da “Troupe Rian”, montando e encenando peças dos destacados autores daqueles dias, como Abadie Faria Rosa, Álvaro Moreira, Afrânio Peixoto, Cláudio de Souza e do petropolitano Reinaldo Chaves. A Imprensa local e do Rio de Janeiro acompanhavam […] Read More

QUATRO ETNIAS NA FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS: AFRICANOS, ALEMÃES, FRANCESES E PORTUGUESES

  QUATRO ETNIAS NA FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS: AFRICANOS, ALEMÃES, FRANCESES E PORTUGUESES. Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Há algum tempo venho identificando quem foram os primeiros moradores de Petrópolis, na época da sua fundação em 16/03/1843. Muitos historiadores e pesquisadores em artigos publicados em livros e materiais diversos, ora e outra aparecem com nomes avulsos ou até com relações. Porém, a maioria é de pessoas que não permaneceram em nossa região. Uns porque não se adaptaram e outros que se foram por motivos que ignoramos. Contudo, a maioria dos que ficaram pode ser identificada pela descendência através da localização de diversos documentos de suas famílias. Este breve histórico sobre a povoação e a fundação de Petrópolis inicia-se por um roteiro de acontecimentos a partir de 1830, quando D. Pedro I adquiriu a Fazenda do Córrego Seco e em seguida com a presença do principal responsável pela fundação de Petrópolis, o então primeiro tenente Julio Frederico Koeler, que em 1832 teve o primeiro contato com a serra da Estrela para dirigir os trabalhos de reparos necessários na Estrada “Calçada de Pedras”, tendo as obras iniciadas em agosto do mesmo ano. Em 10/07/1835 a Província do Rio de Janeiro foi dividida em 4 seções de obras públicas e Koeler foi nomeado chefe da 2ª seção. De imediato ele foi incumbido de executar o plano e orçamento da construção da ponte sobre o Rio Paraíba (Paraíba do Sul – RJ) e das obras que se faziam necessárias na estrada, desde o Porto da Estrela até o Córrego Seco – trabalho concluído em 1840. A princípio, os serviços de manutenção das estradas e abertura de novos caminhos eram feitos pelos escravos africanos que eram, geralmente, alugados das fazendas próximas das obras. Porém, era pouco o rendimento dos serviços, devido à falta de especialização destes trabalhadores e também pela condição desumana em que viviam. Neste quadro, que agora apresento, e numa breve digressão, rendo minhas homenagens ao povo africano que por imposição veio para o nosso país. Dentre tantos, aponto os que vieram para a nossa região serrana, principalmente os que trabalhavam forçosamente na manutenção e construção das vias de acesso à Petrópolis, em obras e em outros mais serviços, ou seja, nos trabalhos mais pesados e penosos que lhes eram sempre destinados para um progresso que não lhes condizia. Quanto a um melhor […] Read More

REPÚBLICA É FILHA DE REVANCHISTAS (A)

  A REPÚBLICA É FILHA DE REVANCHISTAS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Embora tenha sido péssimo aluno de física, hoje, com a maturidade, vejo que aquelas leis, que me pareciam bicho de sete cabeças, são de uma clareza absoluta e facilmente assimiláveis. São mesmo intuitivas. Uma delas, diz que a cada ação corresponde uma reação igual e em sentido contrário. Aplicada à vida em geral, essa lei nos ensina que o ressentimento provocado em alguém desencadeia uma reação igual e em sentido contrário, qual seja o revanchismo. Daí redunda a certeza de que o ressentido é revanchista. A História, que não pode deixar de ser uma fonte permanente de consulta, para que possamos entender o que se passa em torno de nós no momento presente, traz no seu bojo inumeráveis exemplos da verdade axiomática acima enunciada. O ressentimento de Brutus em relação a Cesar, provocou-lhe o revanchismo contra este. Foram os revanchistas que fizeram a Revolução Francesa, a revolução Russa, as guerras de independência na América, que forçaram a abdicação de Pedro I e que acabaram com o Segundo Reinado. O ressentimento medra nos desvãos sombrios e sinistros da injustiça, da preterição, do amor próprio ferido, do interesse contrariado, do ciúme, da inveja, da rejeição, da perda, do abandono, do desprezo, da frustração, de tudo quanto fica mal resolvido. Pode ser pessoal ou coletivo, mais ou menos intenso e durável, mas inelutavelmente provocará a reação revanchista, ainda que inconsciente e maquinal. Os entendidos na vida e na obra do Marechal Deodoro, insinuam uns, afirmam outros, que o Generalíssimo odiava Silveira Martins por causa de u’a mulher que ambos um dia disputaram. E, que um dos motivos que mais encorajaram o Marechal para o golpe de misericórdia na monarquia, foi a possibilidade cogitada pelo governo imperial, de formar um novo gabinete sob a chefia de Gaspar Silveira Martins. E o decreto nº 78 de 21 de dezembro de 1889, cheio de subterfúgios, sofismas e vagas acusações, além de banir o Visconde de Ouro Preto e seu filho, desterrou o prócer gaúcho, que seria forçado a viver num dos paises da Europa. “O Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, considerando: que a manutenção da ordem e da paz interna da […] Read More

A PROPÓSITO DE UM PREGÃO

  A PROPÓSITO DE UM PREGÃO Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Folclore é antes de mais nada, pervivência. É como erva daninha que insiste em permanecer viva, apesar de todos os pesares. O povo, como classe de conduta, é quem o sustenta e cultiva, anônima, coletiva e espontaneamente. O folclore, ao contrário do que muitos pensam, é um ser vivo e dinâmico, adaptável às circunstâncias e às mutações temporais. Universal, na sua essência, toma formas regionais, segundo a formação cultural de cada sociedade onde ocorre. E ele sempre reflete as maneiras de sentir, de pensar e de agir desse povo, classe de conduta, nos meios ditos civilizados. O pregão, como manifestação folclórica da chamada cultura espiritual, tem foros de universalidade e é conhecido desde os tempos mais remotos. É como o povo se expressa para mercar os seus produtos avulsamente, nas feiras e até em estabelecimentos comerciais. É seguro meio de comunicação verbal, entre aquele que oferece e eventualmente pede, chama, pergunta, reclama e, o ouvinte, a titulo ou oneroso ou gratuito. Tal o pregão no seu sentido genérico, independente de hora e de lugar, vivíssimo no seu conteúdo e no seu apelo, mesmo a despeito dos mais modernos métodos de comunicação. A Internet não matou e jamais matará o pregoeiro, legítima pervivência nas sociedades ainda que mais civilizadas. Mas especificamente, o pregão depende das circunstâncias e, desaparecendo certas condicionantes, ele não terá como sustentar-se, apagando-se da memória coletiva, ou morrendo com a voz de quem lhe deu o sopro da vida. Sobreviverá, talvez, dependendo do caso, em outras manifestações da cultura espiritual, mais comumente no adagiário ou nas locuções populares, mas já sem a funcionalidade original. Quem, no início do século XX viveu nos arredores do Porto, Portugal, certamente ouviu o pregão da peixaria anunciando: É do Espinho vivo! Ela mercava os frutos do mar, provenientes da praia do Espinho e queria dizer que estavam recém tirados do mar. Numa época em que não havia geladeira nem freezer, em que os alimentos tinham que ser consumidos ainda frescos, o anúncio da pregoeira era deveras animador e valia atestado de qualidade. Ignoro se essa tradição, tal como foi recolhida por minha avó há oitenta e seis anos, pervive nos arredores do Porto e se o próprio Espinho ainda é capaz de fornecer peixes, camarões e outros […] Read More

ESPINHA DORSAL DA IMPRENSA PETROPOLITANA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX (A)

  A ESPINHA DORSAL DA IMPRENSA PETROPOLITANA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima O nome é secundário. Na realidade, O Mercantil e a Gazeta de Petrópolis eram elos da mesma corrente e por cerca de 45 anos se constituíram na espinha dorsal da imprensa nestas serras. Senão vejamos: No dia 25 de maio de 1892, circulou o último número de O Mercantil e na altura o periódico em tela estampava na primeira página: “Quando atravessava o trigésimo sexto ano de existência, suspende O Mercantil a sua marcha, tendo passado a outros a propriedade deste estabelecimento. Durante a sua vida procurou sempre esta folha corresponder ao auxílio que constantemente recebeu da família petropolitana, conservando-se em posição de merecer a estima pública, pugnado pelos interesses da pátria, esforçando-se para que o elemento popular mais e mais crente, se tomasse do seu valor. Dificuldades erguidas, foram sempre dificuldades derribadas, a luta era a vida e a direção desta folha lutava. Afinal, motivos de ordem superior determinaram o fato que se operou a 16 do corrente mês, dia em que o estabelecimento passou à nova direção que a si tomou o encargo de satisfazer compromissos de assinaturas e anúncios firmados em datas anteriores, não sendo desse modo em nada prejudicados os nossos valiosos auxiliares. Na próxima quinta feira será publicado o primeiro número da Gazeta de Petrópolis, folha tri semanal dirigida pela firma que desde o dia 16 é proprietária do estabelecimento. Agradecemos aos nossos amigos que sempre nos auxiliaram; desejamos à nova folha toda a sorte e prosperidade”. Saia O Mercantil de cena e logo a 2 de junho de 1892 aparecia a Gazeta de Petrópolis com um editorial de apresentação nos seguintes termos: “Encetamos a nossa marcha e o fazemos com passo firme, porque alenta-nos a esperança de podermos fielmente cumprir o nosso dever. O programa que nós traçamos, – trabalhar para o bem de todos, a quem sabe respeitar os preceitos de fraternidade, nunca é de difícil desempenho. Não visamos outro alvo a não ser o alvejado por aqueles que se consagram ao bem comum, embora sacrificando o interesse próprio. Quando, único prejudicado, nos virmos entre milhares de remunerados, considerar-nos-emos feliz pela felicidade alheia. A Gazeta de Petrópolis solicita um lugar ao lado da imprensa fluminense, que tem trabalhado pelo progresso da […] Read More

PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DE TUMUCUMAQUE E A SOBERANIA DO BRASIL? (O)

  O PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DE TUMUCUMAQUE E A SOBERANIA DO BRASIL ? Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Levando em conta os antecedentes históricos sobre nossos problemas militares no atual Amapá, no passado, com franceses, ingleses e holandeses, a criação ali do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso é visto pela publicação Alerta Científico e Ambiental como uma ameaça potencial real, a médio e longo prazo, à Soberania do Brasil no Amapá, historicamente ameaçada pela França até 1898. E pela Inglaterra e França durante a Revolta da Cabanagem e por holandeses que invadiam o Amapá, no passado, para tirarem madeiras, além de, no período da União das Coroas Ibéricas, terem construído fortificações e feitorias no Amapá e no baixo Amazonas. Segundo o citado Alerta Científico e Ambiental, ano 9, n.º 33 de 12/19 ago 2002. “O Parque com 3,8 milhões de hectares, localiza-se na fronteira com a Guiana Francesa e limita-se com reserva indígena de 2 milhões de hectares, que abriga índios Tiriós, Apalaé, Waiana e Kaxuiana, localizada no Pará, junto a Guiana Holandesa (atual Suriname). E assim, esta fronteira com o Suriname e Guiana Francesa estaria se tornando terra de ninguém, o que a História nos dirá! Para estudiosos da História Militar da Amazônia, como é o nosso caso no presente, julgamos, salvo melhor juízo, que 5,8 milhões de reservas naturais e indígenas junto a fronteira desguarnecida do Brasil, com o Suriname e Guiana Francesa, com apoio nas lições de História Militar da Amazônia Brasileira, constitui séria ameaça potencial real estratégica a integridade e soberania brasileiras no III Milênio, a médio e longo prazo, caso não sejam tomadas medidas preventivas que assegurem a soberania e a integridade brasileira naquela área que foi a mais disputada da Amazônia entre o Brasil e França ate 1898 com solução arbitral a nosso favor, depois de disputa inclusive armada em 1895 pelo território Contestado entre os rios Oiapoque e Araguari . Luta resgatada em detalhes pelo ilustre falecido sócio deste Instituto Dr. Silvio Meira na obra Fronteiras sangrentas – heróis do Amapá. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1977. 2ed. Obra que dedicou aos sócios deste Instituto Pedro Calmon, Raymundo Moniz de Aragão e ao próprio IHGB. O Governo do Amapá, segundo o citado Alerta Científico e Ambiental e outras entidades locais se opuseram ao Presidente Fernando Henrique Cardoso que teria afirmado: ” Crio o parque assim […] Read More

CEM ANOS DO NASCIMENTO DE GUSTAVO ERNESTO BAUER

  CEM ANOS DO NASCIMENTO DE GUSTAVO ERNESTO BAUER Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Preliminarmente, sinto-me honrado pela indicação do nosso Presidente e Confrade Professor Joaquim Eloy Duarte dos Santos, para falar sobre Gustavo Ernesto Bauer. Aceitei a incumbência e me confesso agradecido. No último dia 23 de outubro, promovido por sua família, houve uma belíssima Missa em Ação de Graças, celebrada na Paróquia de São Sebastião, no local Indaiá, no Quarteirão Siméria, pelo centenário de nascimento do nosso saudoso confrade Gustavo Ernesto Bauer. Falarei sobre este ilustre petropolitano, figura expoente que foi da nossa sociedade. Sócio benemérito do nosso Instituto Histórico de Petrópolis. Nascido no princípio do século passado, precisamente em 23 de outubro de 1902, no alto da Rua Montecaseros, no prazo de terras de subdivisão n.º 620-D (de propriedade de seu pai), no histórico e presente Quarteirão Nassau. Era filho de Ernesto Gustavo Bauer e de Carolina Suzana Kling, neto do imigrante germânico Clemens Baur e de Catharine Judith Monken e bisneto de Wilhelm Baur e de (Anne) Marie Kaiser. Portanto, era descendente dos colonos germânicos da Imperial Colônia de Petrópolis, através da sua mãe Carolina Suzana Kling e pela parte materna do seu pai, ou seja, a sua avó Catharine Judith Monken. Gustavo Ernesto Bauer foi casado com D. Teresa Soares de Sá, com quem teve 2 filhos: Sérgio Germano e Vera Eliane Bauer. Sérgio faleceu solteiro, aos 27 anos de idade. Vera casou-se com Roberto Castor e lhes deram 2 netos: Augusto e Liane. Augusto, casou-se com Clara Cavalcante e lhes deram 2 bisnetos: Susana e Marcelo. Liane casou-se com Günter Otto Diehl e lhes deram 2 bisnetos: Anne e Marcos Otto, além de mais um bisneto que está chegando, previsto para maio de 2003. Gustavo Ernesto Bauer teve seus estudos primários no externato do Professor Alberto Eckardt, próximo à sua residência à Rua Montecaseros. Concluiu o curso secundário no Colégio São Vicente de Paula que, na época, funcionava no prédio do Palácio Imperial (hoje Museu Imperial de Petrópolis) e teve como colegas de turma alguns que se tornaram figuras ilustres e expressivas na sociedade petropolitana e alhures. Foram eles: Mário Kuntz, José Tomás Nabuco, Carlos Almeida de Souza, Silvio Magalhães Figueira, Atílio Parin, Termístocles Cavalcanti, João Glas Veiga, Luiz Escragnolle, Salomão Jorge, Eugênio Libonatti e outros. Após o término do curso secundário, teve […] Read More