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COLÉGIO ESTADUAL RUI BARBOSA (O)

  O COLÉGIO ESTADUAL RUY BARBOSA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O Grupo Escolar Ruy Barbosa, inaugurado em 26 de setembro de 1950, foi uma realização da administração do Governador Edmundo Macedo Soares e Silva. Construído numa área de 6.848 m2, adquirida pelo Governo do Estado pela quantia de Cr$ 1.090.000,00, foi projetado pelos arquitetos Ibsen Rocha Villaça e Francisco Rocha Villaça, obedecendo aos mais rigorosos preceitos técnicos de conforto e higiene. A execução da arrojada obra custou aos cofres do Estado a considerável soma de Cr$ 5.200.000,00. A solenidade de inauguração, presidida pelo próprio governador contou com a presença das seguintes autoridades: Mons. Gentil Costa, vigário geral da Diocese; Bento Soares de Almeida, Secretário de Viação e Obras Públicas; Leonel Homem da Costa, Secretário de Educação e Cultura; Dr. Álvaro de Oliveira, Secretário de Segurança; deputado Prado Kelly; vereador Nazareth Braga Peixoto e professora Hildegonda Silva Barcellos. Esta última, renomada educadora, esposa do ilustre advogado e político Dr. Eugênio Lopes Barcellos, por seu zelo e competência foi escolhida pelo governador para ser a primeira diretora do Grupo Escolar então inaugurado. Anteriormente, assinara, Sua Excelência o governador do Estado, um Decreto, datado de 25 de setembro de 1950, com o seguinte teor: “Considerando que o Brasil teve em Ruy Barbosa um de seus filhos mais gloriosos, pela inteligência e pela cultura, postas a serviço da causa pública; Considerando que o nome do saudoso lidador do Direito é um símbolo do aprimoramento intelectual, exemplo para todos quantos se empenham na obra da educação do povo; Considerando que Ruy Barbosa terminou seus dias no seio da terra fluminense, na cidade de Petrópolis, onde cumpre integrar à sua memória a legenda de inspiração e estímulo das novas gerações, decreta: (1) Tribuna de Petrópolis, 27 de setembro de 1950, p. 1 Art. 1º – É dada a denominação Ruy Barbosa ao novo Grupo Escolar a ser inaugurado no “Alto da Serra”, no Município de Petrópolis. Art. 2º – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário” (1). Criada pelo Decreto nº 03776, de 25 de setembro de 1950, a Escola Estadual Ruy Barbosa que ministrava inicialmente o ensino de 1ª a 4ª série, não tardaria a iniciar outros cursos. Assim, a 18 de maio de 1956, começou a funcionar o Ensino Supletivo (Dec. 5329, de 14 de julho […] Read More

OITENTA ANOS DA INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR D. PEDRO II

  OITENTA ANOS DA INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR D. PEDRO II Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette No próximo dia 26 de novembro, transcorrem oitenta anos da inauguração do histórico prédio do Grupo Escolar D. Pedro II em nossa cidade. Trata-se de uma tradicional e modelar instituição de ensino que, desde 1911, vem prestando inestimáveis serviços à causa da educação em Petrópolis. Fundado naquele ano, funcionou inicialmente no Quarteirão Renânia, numa casa da rua 14 de julho, hoje Washington Luiz, em instalações bastante precárias, fato que levou sua primeira diretora, a Profa. Angélica Lopes de Castro a reivindicar uma nova sede para o Grupo, por ocasião da visita do chefe do executivo fluminense, Dr. Raul de Morais Veiga, acompanhado do Diretor de Ensino, Dr. Guilherme Catambry. O presidente do Estado escreveu uma carta à Princesa Isabel, solicitando a doação de um terreno à avenida 15 de Novembro, hoje rua do Imperador, com a finalidade de ali construir um prédio que estivesse à altura do Grupo Escolar em pleno desenvolvimento. A ocasião não podia ser mais favorável, pois o presidente Epitácio Pessoa revogara a lei de banimento da família imperial, a 3 de setembro de 1921, pelo Decreto nº 4.120, tratava-se da transladação dos restos mortais do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Teresa Cristina para o Brasil e iniciavam-se os preparativos para comemorar o centenário de nossa Independência. Segundo nos informa D. Hercília Segadas Viana, “na Renânia, entre o açude e as Duas Pontes defrontavam-se duas escolas, a mista no antigo 34-A, dirigida por D. Angélica Lopes de Castro e a feminina dirigida pela professora efetiva Dolores Lopes de Castro, quando o Diretor de Instrução, Prof. Clodomiro Rodrigues de Vasconcelos, resolveu complementar com mais três séries, as três séries já existentes, de modo a permitir que os alunos se preparassem para enfrentar os exames parcelados ou entrada na Escola Normal” (1). (1) SEGADAS VIANA, Hercília C. Assim nasceu o Grupo Escolar D. Pedro II na Rhenania. In: Jornal de Petrópolis de 16 de setembro de 1969, p. 6. Em conseqüência, Petrópolis ganhou uma escola complementar, que resultou da fusão das duas escolas e que foi denominada Grupo Escolar D. Pedro II, isto em 1911. Em 1920, a Fazenda Imperial resolveu lotear toda uma extensa área pertencente ao Palácio Imperial e abrir a avenida D. Pedro I, lembrando-se a Princesa Isabel […] Read More

ARTHUR CÉSAR FERREIRA REIS (PROF.) – IN MEMORIAM

  ARTHUR CÉSAR FERREIRA REIS (PROF.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Esta semana fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento do professor Arthur César Ferreira Reis, um dos mais expressivos valores da intelectualidade brasileira. Nascido em Manaus, em 8 de janeiro de 1906, o professor Arthur César diplomou-se em Direito, pela Faculdade de Direito da antiga Universidade do Rio de Janeiro e devotou toda a sua existência ao serviço público federal, às atividades culturais e ao magistério. No serviço público foi superintendente da SPVEA, diretor de Expansão Econômica do Ministério do Trabalho, diretor do Departamento Nacional da Indústria, diretor do Departamento Estadual do Trabalho, de São Paulo, e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas, da Amazônia, funções que desempenhou com grande devotamento e competência. Em 1964 integrou a delegação brasileira que participou, em Genebra, da Conferência Internacional de Comércio e Desenvolvimento, à qual compareceram representantes de 119 países. A extraordinária competência adquirida no serviço público, aliada aos conhecimentos que possuía acerca dos problemas e necessidades de sua terra natal, contribuíram, sem dúvida, para que em 1964, mesmo não tendo qualquer filiação político-partidária, fosse eleito para o cargo de governador do Amazonas, em substituição ao sr. Plínio Coelho, cujo mandato fora cassado. O professor Arthur César foi sobretudo um estudioso da História, tendo deixado um considerável acervo de livros, especialmente concernentes à Amazônia e à história pátria. Entre eles destacamos “A Amazônia e a Integridade do Brasil”, “A Amazônia e a Cobiça Internacional”, “Portugueses e Brasileiros na Guiana Francesa”, “O Ensino da História no Brasil” e muitos outros, aos quais se somam inúmeros artigos publicados em revistas especializadas, nacionais e estrangeiras. Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, emprestou sua valiosa contribuição ao mesmo, não só integrando suas Comissões Permanentes, escrevendo artigos e proferindo conferências, como também sendo um dos responsáveis pela redação de sua revista especializada. Ligado às atividades do magistério, sobretudo ao ensino universitário, o professor Arthur César lecionou por longos anos História da América, disciplina que conhecia como poucos, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Católica de Petrópolis, à qual se referia sempre com grande afeição, não se cansando de ressaltar “o ambiente amigo, acolhedor e culto” que sempre desfrutou no seio de nossa instituição de ensino. Como professor destacava-se por sua vasta cultura, sendo capaz de discorrer horas a […] Read More

MONSENHOR CONRADO JACARANDÁ

  MONSENHOR CONRADO JACARANDÁ Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Nasceu no Rio de Janeiro, a 18 de dezembro de 1891, sendo filho de Conrado Ferreira de Souza Jacarandá. A 11 de agosto de 1906, matriculou-se no Seminário do Rio Comprido, onde após um ano e meio de estudos, transferiu-se para o de Pirapora em São Paulo. Ali pertenceu à Academia Literária e foi escolhido para assistente e disciplinário da classe dos alunos médios e menores. Com sérios problemas de saúde retornou à casa dos pais, tendo sua carreira ameaçada. Felizmente recuperou-se, atribuindo o restabelecimento de sua saúde a um milagre de Nossa Senhora, retornando aos estudos, desta vez no Seminário de Niterói. Recebeu a prima Tonsura e Ordens Menores, em maio de 1913, o Subdiaconato em dezembro do mesmo ano e o Diaconato logo após. Foi ordenado Presbítero a 19 de dezembro de 1914 e celebrou sua primeira Missa no altar do monumento de N. S. Auxiliadora como reconhecimento de, por sua intercessão, ter recobrado a saúde, em 20 de maio de 1914. Sua carreira sacerdotal foi brilhante, tendo desempenhado, no decorrer da mesma, os seguintes cargos: Capelão do Colégio das Irmãs Dorotéas, onde exerceu também as funções de Diretor das Filhas de Maria (1915-1916); Coadjutor da Catedral de Niterói (1917); Secretário particular do Bispo Diocesano; Secretário do Bispado; Professor do Curso de Filosofia do Seminário de Niterói; Capelão da Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Ingá, tendo, no desempenho destas funções, contribuído de modo extraordinário para a criação da Paróquia do mesmo nome, para a qual foi nomeado Vigário, em 21 de setembro de 1924. Transferido para Petrópolis, substituiu Monsenhor Theodoro da Silva Rocha, assumindo a Paróquia, em 21 de abril de 1925, revelando-se desde logo um sacerdote de raras virtudes e privilegiada inteligência, impondo-se à admiração e ao respeito de seus paroquianos. Monsenhor Theodoro da Silva Rocha, grande incentivador das obras da Catedral, faleceu a 22 de fevereiro de 1925, antes, portanto, da Bênção da nova Matriz e da sua inauguração em 29 de novembro do mesmo ano. O então Padre Conrado Jacarandá, que o substituiu, prosseguiu na linha traçada pelo mesmo, dirigindo as obras nos últimos meses e redigindo a ata da Nova Matriz da Paróquia de São Pedro de Alcântara. Monsenhor Conrado Jacarandá dedicou grande atenção às obras de assistência social, fundando o Patronato “O Cruzeiro”, […] Read More

LOURENÇO LUIZ LACOMBE (PROF.) – IN MEMORIAM

  LOURENÇO LUIZ LACOMBE (PROF.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Em 29 de agosto de 1994, faleceu subitamente no Rio de Janeiro o Professor Lourenço Luiz Lacombe. Partiu discretamente, como viveu, mas deixou, para todos os que o conheceram e privaram de sua amizade, a imagem de um homem inteligentíssimo, culto e extraordinariamente espirituoso. Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 7 de abril de 1914, filho de Henrique Luiz Lacombe e Francisca Jacobina Lacombe. Fez seus estudos iniciais no Colégio Jacobina, secundários no Colégio Rezende e, em 1939, diplomou-se em Biblioteconomia. Em Petrópolis, Lacombe dedicou mais de cinqüenta anos de sua profícua existência ao Museu Imperial onde desempenhou as funções de Pesquisador Especializado (1940-1946), Chefe da Divisão de Documentação (1946-1967) e Diretor (1967-1990), exercendo suas funções com notável proficiência técnica e probidade profissional. Embora carioca de nascimento, sempre sentiu um indisfarçável fascínio por nossa cidade que aprendeu a amar como poucos, não sendo, pois, nenhum exagero afirmar-se que era um verdadeiro petropolitano, mais do que pelo nascimento – pelo amor. Possuidor de uma inteligência privilegiada, instigada por uma curiosidade intelectual infindável, passava horas inteiras nas bibliotecas e arquivos, consultando escritos e documentos sobre a história de nossa cidade, realizando pesquisas históricas que lhe granjearam notável renome como historiador. Sua vastíssima bibliografia registra os seguintes títulos: “Centenário da Câmara Municipal”, 1959; “Organização e Notas da Cidade de Petrópolis” – Reedição de Quatro Obras Raras’, 1957; “Primeira Visita do Imperador do Brasil D. Pedro II a Portugal”, 1965; “D. Pedro II em Petrópolis”, 1964; “Ruas de Correias e outras Crônicas” (Vol. III dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “Visitantes Estrangeiros de Petrópolis” (Vol. V dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “As Primeiras Sesmarias do Município” (Vol. VI dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “Major Koeler” (Vol. VII dos Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis); “Os Chefes do Executivo Fluminense”, 1973 e “Isabel a Princesa Redentora”, 1989. Escreveu ainda numerosos artigos publicados nos Anuários do Museu Imperial, na Revista Vozes de Petrópolis, na Tribuna de Petrópolis, no Jornal de Petrópolis e na Pequena Ilustração, expondo sempre com serena objetividade os resultados de suas laboriosas pesquisas. O último trabalho a que se lançou Lourenço Luiz Lacombe, e que não sei se deixou completo, foi a “História do Museu Imperial”. Ao que se sabe, […] Read More

LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DOS LUGARES HISTÓRICOS

  LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DOS LUGARES HISTÓRICOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Há algum tempo, circula pelos canais competentes do Instituto Histórico de Petrópolis projeto visando ao levantamento e à identificação de lugares de incontestável interesse para a História, no município. Como complemento natural desse trabalho, seriam colocadas placas nos lugares próprios, as quais recordariam aos autóctones e aos visitantes o valor e a importância para a memória petropolitana do sítio indigitado. O projeto, de elevado teor cívico, elaboraria na direção da consciência preservacionista e da tão escassa auto-estima dos naturais destas serras. A idéia não é nova e não tem marca registrada nesta urbe. Quando das comemorações dos trezentos anos da expulsão definitiva dos holandeses do solo baiano, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia resolveu mandar fazer placas de mármore, onde foram gravados dizeres alusivos aos feitos na guerra contra os invasores dos anos 20 e 30 do século XVII, colocando-as nos lugares determinados. Das ruinas da antiga capela de São Sebastião, surgiram em 1581 ou 1582, os alicerces da igreja do Mosteiro de São Bento, construção agregada ao templo. Foi o Mosteiro importante baluarte na defesa da cidade do Salvador, naquela quadra marcada pelo assédio bátavo. Logo à entrada do majestoso edifício, sescentista, lê-se: “Aos 9 de maio de 1624, entraram os holandeses por esta porta. A 30 de março de 1625, este Mosteiro foi transformado em quartel general do sul, onde aos 2 de abril de 1625, os holandeses, num ataque imprevisto, mataram grande parte da guarnição, que foi sepultada no seu claustro. I.G.H.B. – 1938” Interessante que, enquanto nascia aqui o Instituto Histórico de Petrópolis, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, fundado em 1894, já se dedicava a esse tipo de atividade. Não muito distante do Mosteiro, na Praça Ana Nery, por trás do Quartel General da Mouraria, está a capela de Nossa Senhora da Palma, agregada ao antigo Seminário Diocesano, hoje Reitoria da Universidade Católica da Bahia. Na lápide de mármore à esquerda de quem adentra o templo, lê-se: “Esta capela teve começo sua edificação por voto do alferes Bernardo da Cruz Arraes, que se achava gravemente enfermo no ano de 1630, chegando de Lisboa a imagem da S. S. Virgem que aqui está. Foi colocada na capela de São José na Catedral, de onde foi trasladada para esta […] Read More

SAINT-SAËNS EM PETRÓPOLIS

  SAINT-SAËNS EM PETRÓPOLIS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Quando o Brasil praticamente resumia-se no Rio de Janeiro, quiçá ao embalo da mania da côrte, de que tanto falava Silvio Romero, não havia quem aportasse à Guanabara, que não fizesse uma visita a Petrópolis, inelutavelmente sucursal de todas as cortes, do Império à República. Uns vinham apenas por um par de dias, como foi o caso do renomado jurista italiano Enrico Ferri; outros deixavam-se ficar aqui por mais tempo, enquanto durava a sua estada em terras brasileiras. Tal o caso do prestigioso compositor, maestro e pianista francês Carlos Camilo Saint-Saëns. Tratava-se de uma das maiores expressões mundiais da música erudita, da segunda metade do século XIX e das duas primeiras décadas dos novecentos. Nascera Saint-Saëns, em Paris, a 9 de outubro de 1835, tendo falecido repentinamente em Argel, a 17 de dezembro de 1921. Viveu gloriosos 86 anos, tempo suficiente para produzir a obra monumental que legou aos pósteros e que fez inscrever o seu nome no rol dos grandes da música de todos os tempos. Matriculado em 1847 no Conservatório de Paris, estudou órgão com Benoist e composição com Halévy, Robert e Gounod. Em 1852 e 1854, concorreu ao premio de Roma, sem contudo obter a láurea. Mesmo assim, seguiu dedicando-se à composição. Em 1858, escreveu o Oratório de Natal, peça para cordas e piano. Já desde 1853 havia sido nomeado organista da igreja de Saint Merry de Paris, cargo que ocupou durante cinco anos. Depois substituiu Lefebvre-Wely no grande órgão da Madeleine. Neste honroso posto esteve até 1877. Espírito eclético, foi professor de piano do Instituto Niedermeyer e, em 1881, era nomeado membro da Academia de Belas Artes da França. Pelos relevantes serviços prestados à pátria, foi condecorado em 1913 com a grã cruz da Legião de Honra. Como compositor, apesar de seu estilo marcante, não se pode dizer que não tenha sofrido a bôa influência de Haydn, Mozart, Beethoven, Berlioz e sobretudo de Franz Liszt. Seu classicismo e seu bom gosto de latino e de francês, o livraram dos excessos do modernismo em que incorreram outros autores contemporâneos seus. Compunha por necessidade biológica, como disse em depoimento a certo jornalista alemão. Tudo em sua música é deliciosamente simples e natural. Foi nos poemas sinfônicos que alcançou seu maior prestígio como compositor. Saint-Saëns foi […] Read More

SUBLIME ATO DE FÉ (UM) – A Morte de D. Pedro de Orleans e Bragança em 29-1-1940

  UM SUBLIME ATO DE FÉ – A MORTE DE D. PEDRO DE ORLEANS E BRAGANÇA EM 29-1-1940 Nelson de Sá Earp, ex-Associado Titular, falecido Quando chegamos à casa da Família Imperial, D. Pedro iniciava os seus últimos momentos que muito rápidos seriam. Deitado sobre um grande sofá, logo na sala de entrada de sua casa, repousando a cabeça sobre uma grande almofada, agasalhado por um cobertor em desalinho, o colarinho aberto, a gravata apenas afrouxada, conservando ainda o laço feito, D. Pedro, agonizante, dava mostras de que não previra para aquele dia o acidente que iria roubar-lhe a vida em poucos minutos. Homem de fé absoluta, conhecendo que esse dia podia chegar a qualquer momento, D. Pedro mantinha sua alma em estado de contínua união com Deus. Sabia assegurada a vida eterna. Por isso, não temia a morte e à vida terrena dava o sentido cristão de prova e de peregrinação, a qual vida abandonaria a qualquer momento não sem saudades e profundo sentimento, pois muito amoroso era o seu coração de esposo e pai, mas, que compreendia dever ser vivida com entusiasmo e com alegria até o fim. Não era apegado a vida natural, embora essa lhe fosse relativamente fácil e cheia de venturas. Preferia encerrá-la naturalmente, embora encurtada de alguns anos, do que arrastar-se artificialmente, egoisticamente, numa velhice onde iria avultar a imobilidade, a tristeza e o acabrunhamento. Passava pela terra para ir para o céu. Importava pouco saber o momento da viagem quando tinha a certeza de que a qualquer instante poderia realizá-la tranquilamente. Tinha sua consciência tranquila, por isso, o espectro da morte jamais o atormentou. Poderia vir a qualquer momento, que estaria preparado. E assim aconteceu. Reunida toda a família, momentos antes, gozando do prazer de um espetáculo cinematográfico, palpitando os corações na leveza de um divertimento ameno e simples, em que tudo respirava vida e movimento, ei-los instantes depois achegados em volta do querido chefe que agoniza. A subitaneidade do mal os confunde por um instante. No entretanto, o senso da realidade, a firmeza da fé, a vida sobrenatural pulsante naqueles corações, não os abandona naquela hora trágica, chocante, imprevista. O fato natural da luta entre as forças da vida e da morte, por eles presenciada dolorosamente, não suplantou a realidade sobrenatural. Notava-se em todos a exata compreensão da gravidade do momento. A confiança, a fé, dominaram até o fim. Não houve gritos, […] Read More

FRAGMENTO DA HISTÓRIA DA MEDICINA EM PETRÓPOLIS (UM) – A assistência Hospitalar – Hospital de Santa Teresa – O Dr. Hermogênio Silva

UM FRAGMENTO DA HISTÓRIA DA MEDICINA EM PETRÓPOLIS – A assistência Hospitalar – Hospital de Santa Teresa – O Dr. Hermogênio Silva Nelson de Sá Earp, ex-Associado Titular, falecido Ao ingressarmos no Instituto Histórico de Petrópolis, ainda no decurso deste ano de 1988, aos poucos dias de nossa admissão, foi-nos proposta a honrosa incumbência de escrever um estudo sintético da história da medicina petropolitana, havendo conhecimento de que estávamos nos dedicando a uma pesquisa exatamente sobre tal assunto. Mas, como resumir ou sintetizar uma pesquisa mais profunda, se ela está ainda em meio? Pensamos, então, ser mais condizente com a exatidão por nós mesmo exigida de um trabalho histórico, apresentar apenas uma das partes, já elaboradas, de nossa futura colaboração. Escolhemos uma das fases mais decisivas, até agora, da história hospitalar de nosso Município, incluindo os papéis nela desempenhados pela Municipalidade, pela direção do Hospital de Santa Teresa, e pelo Dr. Hermogênio Pereira da Silva, quando este exercia o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Petrópolis. Tudo isto, num momento do ano de 1904, quando era iminente o fechamento do Hospital de Santa Teresa, único estabelecimento hospitalar do Município, de propriedade do Governo do Estado do Rio de Janeiro. É de se notar, desde logo, a linha de evolução da história do Hospital de Santa Teresa, aqui apenas esboçada, que, de certa maneira, reflete os vários modos por que pode ser administrado o bem comum da assistência hospitalar de uma cidade. O bem comum de uma sociedade politicamente organizada e os seus vários serviços, de um modo geral, podem ser dirigidos sob a responsabilidade única do poder público, ou pode ser provido por entidades particulares devidamente autorizadas e controladas pelo mesmo poder público e particular, em que a direção suprema cabe a autoridade pública. Num momento em que se discute vivamente a célebre questão da socialização ou da privatização dos serviços dedicados ao bem comum, o exemplo da história do Hospital de Santa Teresa, com seus cento e doze anos de experiência, pode servir muito bem como lição para ajudar a esclarecer sobre como proceder em relação àquela relevante questão. E parece que a vivência do Hospital fala a favor da privatização. É que, até hoje, o Hospital privatizado, a serviço da comunidade, produziu sempre frutos opimos, úteis a prestimosos, baseados na dedicação de uma Congregação religiosa católica, como é a Congregação das Irmãs de Santa Catarina, responsável até […] Read More

IRMÃ LUIZA EPPINGHAUS – IN MEMORIAM

IRMÃ LUIZA EPPINGHAUS – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Domingo, dia 7 de março de 1999, fomos surpreendidos com a notícia do falecimento da Irmã Luiza Eppinghaus, da Congregação de São Vicente de Paulo, fundadora da Casa da Providência. Partiu discretamente, como viveu, mas deixou, para todos aqueles que tiveram o privilégio de a conhecer, o exemplo de uma vida de constante amor, desvelo e devotamento aos pobres e aos doentes. Nascida em Petrópolis, a 24 de novembro de 1899, a Irmã Luiza, que na pia batismal recebeu o nome de Alzira, descendia de uma das mais tradicionais famílias petropolitanas. Era a filha mais nova do casal Guilherme Eppinghaus e Deolinda Hingel Eppinghaus. Juntamente com seu irmão Guilherme Pedro e suas irmãs Olga e Bertha, recebeu de seus genitores primorosa educação. Alzira graduou-se com distinção na Escola Normal, estabelecimento de ensino do Estado, que na época funcionava em anexo ao Colégio Santa Isabel, após o que resolveu consagrar sua vida ao serviço de Deus, exercendo seu apostolado com extraordinário devotamento e eficiência. Em 1927, preocupada com a miséria em que se debatiam as classes menos favorecidas, iniciou, com a ajuda de outras irmãs da Ordem, um trabalho pioneiro, socorrendo famílias carentes que eram visitadas em suas casas, proporcionando-lhes, além da assistência material, o conforto de uma palavra amiga. Em pouco tempo, o número de famílias assistidas cresceu extraordinariamente, sendo amparadas pelo dispensário do Convento, ao mesmo tempo em que as crianças recebiam instrução e alimentação. Devido as dificuldades de socorros médicos, sobretudo às crianças, foi organizado, sob a direção do competente médico Dr. João Fontes de Oliveira, um serviço de Higiene Infantil e Puericultura. Assim nasceu – como um prolongamento do Convento localizado à Rua Paulo Lobo de Moraes – a Casa da Providência, que acabou se transformando num dos mais modernos e bem equipados hospitais da cidade. Em 1946, a Irmã Luiza foi transferida para São Paulo, onde permaneceu até 1951, quando foi nomeada Ecônoma e doze anos mais tarde Visitadora, cargo que ocupou até 1971, quando se tornou regente da Paróquia de Itacuruçá. De volta a Petrópolis, ocupou pela segunda vez o cargo de Superiora, nele permanecendo até 1975, quando foi removida para Nova Iguaçu. Em 1979, gravemente enferma, retornou a Petrópolis, aqui permanecendo até seu falecimento. Todos os seus atos, realizados no desempenho de sua missão […] Read More