PANORAMA DE PETRÓPOLIS EM 1857 (UM)

UM PANORAMA DE PETRÓPOLIS EM 1857 Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Poucas comunas brasileiras e especialmente fluminenses, subiram tão vertiginosamente ao podium da fama e do sucesso, como Petrópolis. Desabrochante povoação em 1845, freguesia do município da Estrela, recebeu foros de cidade em 1857, sem ter estagiado como vila. Núcleo populacional um tanto sui generis, abrigava Petrópolis o castelo, ou seja o palácio Imperial, o burgo, por onde circulava a corte na serra e os elementos fundamentais do comércio e dos serviços, e, a colônia de origem germânica, a qual tinha uma diretoria, que deixou de existir, depois que o município foi instalado, o qual passou ao regime comum dos seus congêneres da Província do Rio de Janeiro. Justamente naquele ano de 1857, o da grande transição, o Major Sergio Marcondes de Andrade enviava o seu relatório das atividades coloniais ao Presidente da Província, fazendo um panorama da vida petropolitana de então. No seu entender, a colônia não tinha as condições necessárias para ser somente agrícola, porque os colonos não possuíam conhecimentos exclusivos de agricultura. Porém, como núcleo fabril, Petrópolis teria meios de engrandecer-se. Marcondes acertava na mosca. O futuro muito próximo iria demonstrar exatamente essa oportuna previsão. Vaticinava que quando acabassem as obras públicas e particulares naquela febricitante quadra de efetiva ocupação do solo urbano, Petrópolis haveria de enfrentar séria crise que poderia comprometer o seu futuro. E essa crise veio de verdade, não tão comprometedora assim, mas suficiente de modo a empurrar os colonos para o salve-se quem puder, até que o empreendimento fabril de Bernardo Caymari em Cascatinha, no início dos anos setenta do século XIX, passasse a absorver a qualificada mão de obra local. Na visão do Major, as oleoginosas poderiam ser bem cultivadas aqui, principalmente a mamona, cujas folhas ainda propiciaram a criação do bicho da seda. Tanto otimismo por uma causa sem qualquer perspectiva. A mamona não empolgou os contemporâneos do alvitre, nem como oleoginosa nem como chamariz do bicho da seda. A rigor, a industria sérica no Brasil foi um fracasso, desde a triste, custosa e desastrada experiência de Itaguaí. Diretor da Colônia, Marcondes de Andrade dizia no seu relatório de 1857 que seria proveitoso o estabelecimento de uma fábrica de vidros em Petrópolis, a partir do “cristal do monte”, na Mosela. Para tanto seria suficiente o combustível fornecido […] Read More

PADRE BENEDITO AGUIAR RIBEIRO – IN MEMORIAM

PADRE BENEDITO AGUIAR RIBEIRO – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Dia 14 de junho de 2001 fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento do Padre Benedito Aguiar Ribeiro, expressiva figura do clero brasileiro e professor de nossa Universidade Católica de Petrópolis. Nascido em Santa Bárbara, Minas Gerais, em 9 de novembro de 1917, filho de Joaquim Aleixo Ribeiro e de Clotilde de Aguiar Ribeiro, fez seus estudos iniciais na Escola Afonso Pena, em sua cidade natal, ingressando a seguir no famoso Colégio Caraça e, posteriormente, no Seminário São Vicente de Paulo, em Petrópolis. Ordenado sacerdote pelo Bispo de Niterói, Dom José Pereira Alves, em 19 de junho de 1943, celebrou sua primeira Missa Solene em Santa Bárbara, aos 27 dias do mês de junho do mesmo ano, seguindo para Irati, no Paraná, onde viveu, com grande entusiasmo, as primícias do seu sacerdócio e magistério, professor que foi do Colégio São Vicente de Paulo, naquela cidade. Retornando a Petrópolis, foi designado Procurador e Ecônomo do Seminário São Vicente de Paulo, cargo que desempenhou com o maior empenho e eficiência. Aqui devotou toda a sua existência ao sacerdócio e ao magistério, destacando-se, sobretudo, no ensino superior. Sacerdote perfeito, rigorosamente fiel à tradição, e sem desobedecer à Santa Madre Igreja, procurou seguir em linha reta os seus mandamentos. Enquanto se manteve em plena atividade, nunca se afastou de seus deveres religiosos, exercendo as mais diversas atividades. Assim, foi membro da Comissão Diocesana de Liturgia e Arte Sacra, Secretário do Congresso Eucarístico Diocesano de Petrópolis, Capelão do Colégio São José, Capelão do Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, Diretor da Congregação Mariana da Medalha Milagrosa, Encarregado da Assistência Religiosa na Capela da Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis e Capelão do Colégio Santa Isabel. Ligado às atividades do magistério, sobretudo ao ensino universitário, lecionou Religião no Colégio São José, Teologia Fundamental, Teologia Especial, Introdução à Sagrada Escritura, Liturgia, Arte Sacra e Teologia Pastoral, no Seminário São Vicente de Paulo. Em 1955, ingressou nas Faculdades Católicas Petropolitanas, posteriormente transformadas em Universidade Católica de Petrópolis, lecionando Ciências Morais e Religiosas, em quase todos os seus cursos, por cerca de quarenta e quatro anos, expondo suas idéias com clareza e granjeando excelente renome como professor. Em nossa Universidade exerceu ainda vários cargos e funções administrativas. Foi membro do Conselho Departamental da Faculdade de […] Read More

GUILHERME PEDRO EPPINGHAUS ( DR.) – IN MEMORIAM

GUILHERME PEDRO EPPINGHAUS ( DR.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Petrópolis perdeu na madrugada do dia 19 de março de 1998 um de seus mais ilustres filhos: Guilherme Pedro Eppinghaus. Pelas numerosas obras que realizou em nossa cidade; por sua condição de engenheiro civil, de longo tirocínio, quer à frente da Secretaria de Obras do Município por três longos períodos; pelos conhecimentos históricos que armazenou sobre a formação de Petrópolis, o Dr. Guilherme Pedro Eppinghaus foi o exemplo de uma existência ativa e gloriosamente modesta. Nasceu em nossa cidade, a 25 de fevereiro de 1897, na parte residencial da casa de comércio de seu pai, localizada à então Av. Quinze de Novembro, hoje Rua do Imperador. Seus pais, o comerciante Guilherme Eppinghaus e D. Deolinda Hingel Eppinghaus eram descentes de duas tradicionais famílias de colonos alemães. Guilherme Pedro recebeu esmerada educação, iniciando seus estudos no Colégio de D. Honorina Baptista, instalado na atual rua Washington Luiz, freqüentando posteriormente o Colégio Franco Brasileiro, dirigido pelo professor Jean Teulère, notável educador francês que havia se estabelecido em Petrópolis e, mais tarde, o Colégio São Vicente de Paulo, onde concluiu o curso secundário. Tendo decidido tornar-se engenheiro matriculou-se no Instituto Politécnico de Juiz de Fora, onde recebeu o grau de engenheiro eletricista e de obras públicas, em 1917 e, em 1928, o grau de engenheiro geógrafo, pela Escola de Engenharia de Juiz de Fora. Apesar de sua árdua e profícua atividade profissional, ainda encontrava tempo para dedicar-se à pesquisa e ao ensino, bem como desenvolver intensa participação na vida cultural e social da cidade. Membro efetivo do Instituto Histórico de Petrópolis, no qual foi admitido a 12 de novembro de 1959, publicou inúmeros trabalhos na imprensa local e na revista do referido Instituto. Dedicou-se também ao ensino, tendo sido professor da cadeira de Máquinas Hidráulicas, da Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis, cujo Conselho Universitário lhe outorgou o título de “Professor Emérito”. Membro do Conselho Municipal de Cultura, até 1979 e do Conselho da Medalha Koeler, como representante do Instituto Histórico de Petrópolis, foi também sócio da Sociedade Artística Villa-Lobos, da Escola de Música Santa Cecília, do Clube de Engenharia e da Associação Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos. Foi casado dom D. Carmem Tavares de Lacerda, natural de Guarapuava, no Paraná, formando um dos mais distintos e bem relacionados […] Read More

PETRÓPOLIS E O SÉCULO XX

PETRÓPOLIS E O SÉCULO XX Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Janeiro de 2001. Raiava uma nova centúria. Num restaurante em Itaipava conversávamos Gilberto Felisberto Vasconcellos e eu sobre vários temas de interesse comum. Em dado momento disse-lhe que Petrópolis em termos de comunicação urbana havia passado ao largo do século XX. Em síntese, tudo quanto havia no concernente à rede viária municipal, máxime no tocante à conexão da cidade com os distritos, remontava aos séculos XVIII e XIX. Gilberto entusiasmou-se com a reflexão e pediu-me que desenvolvesse tão instigante assunto. Não é difícil provar com os elementos mais evidentes, o que aleguei acima. O caminho para as Minas Gerais, também conhecido como Estrada Mineira, é como todos sabem das primeiras décadas do século XVIII e, um pouco alargado, nivelado e calçado é a mesma via que, atendendo por vários nomes, ao longo de seu percurso, serve ao Alto da Serra, Palatinato Inferior, Quissamã, Itamarati, Cascatinha, Samambaia, Corrêas, Nogueira e Bonsucesso. Que outra opção de porte para o trânsito público foi criada na área em apreço nesses últimos duzentos e setenta anos? Nenhuma. A única novidade que surgiu ali foi a estrada de ferro, implantada já no apagar das luzes da monarquia e nos primeiros anos da república, já há muito desaparecida, sem que o seu leito tenha sido aproveitado para um metrô de superfície, que seria a solução mais inteligente e econômica para o transporte de massa ao longo do vale do Piabanha. Sem qualquer planejamento ou adequação às mutações do tempo e imposições do progresso e da explosão demográfica, a velha trilha mineira, que foi concebida para dar passagens a tropas, a homens a pé e a cavalo, vê hoje trafegar por ela ônibus, carretas e automóveis, que se espremem numa via de mão e contramão, com estacionamentos infernais dos dois lados e incontáveis construções a margear o logradouro, sem nunca o poder público ter exigido um mínimo de recuo, para que a histórica vereda se alargasse, adaptando-se paulatinamente às novas ordens de coisas. E a Prefeitura ainda chama aquilo de via expressa, opção essencial na ligação do centro com o 2° distrito. Na segunda metade do século XIX, Petrópolis conheceu, aquilo que se tornaria em termos viários, a espinha dorsal do município. Seus chãos deram passagem à primeira rodovia propriamente dita que o Brasil […] Read More

CENTENÁRIO DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – HISTORIADOR

CENTENÁRIO DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – HISTORIADOR Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Historiador conta histórias ou é historiador aquele que interpreta a História? Ou, ainda, o curioso com sede de saber que perscruta documentos, lê e mastiga obras feitas com a dentição da curiosidade, anota os fatos e compilando tudo, escreve a história sob sua ótica? Será que historiador é, simplesmente, quem fala de história, narra acontecimentos e os posiciona junto à evolução social num todo? O que é, ou quem é, afinal, a História e o Historiador? Sobre História, muitos mestres especulativos abriram a discussão e forjaram jornadas pesquisa adentro. Falaram de sua filosofia, teorizaram conceitos, estabeleceram compartimentos interpretativos e, até, a sistematização do conhecimento por áreas de atuação profissional, destacando a história dos meandros econômicos das sociedades ou do factual simplesmente saboroso para a satisfação da curiosidade humana. Com A D. Xenopol, historiador espanhol do princípio do século XX, vê-se que a “História é constituída por uma sucessão de fatos individualizados pelo tempo, indiferentemente de se manifestarem universais, gerais ou individuais e também quanto ao espaço. Essa individualização dos fatos sucessivos no curso do tempo exclui a possibilidade de sua repetição igual indefinida e, conseqüentemente, a possibilidade de formular as leis de sua reprodução.” É o princípio basilar de que a História não se repete, jamais se repetirá porque individualizados seus fatos no tempo e no espaço. Langlois e Seignobos, franceses da primeira metade do século XX, afirmam que “A História se faz com documentos e que estes são os traços que deixaram os pensamentos e os atos do passado.” É a revelação da matéria prima de que se nutre a História. O historiador Van Den Besselaar acrescenta um tijolo à definição sempre incompleta de História ao afirmar que a “História é a ciência dos atos humanos do passado e dos vários fatores que neles influíram, visto na sua sucessão temporal.” Traduz o Autor duas verdades: a História é uma ciência e que seu conteúdo é o estudo especulativo do passado da Criatura Humana em todo o envolvimento evolutivo desde o surgir da maravilha do Universo. O professor Guilhermo Bauer, da Universidade de Viena, na Áustria, reafirma o caráter próprio dos estudos históricos ao comentar: “A ciência se desenvolve em contínuo movimento e significa permanentemente aprofundamento, ampliação e renovação de nosso saber.” Eis que a História […] Read More

VICENTE TAPAJÓS – IN MEMORIAM

VICENTE TAPAJÓS – IN MEMORIAM Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de fevereiro de 1998, aos 81 anos, o professor e historiador Vicente Costa Santos Tapajós. Petropolitano de nascimento, deixou atrás de si uma intensa e extensa produção histórica, além de uma brilhante atuação no magistério. A maior parte de sua vida foi dedicada à difícil missão de educar e ensinar, atuando como professor de História por mais de 50 anos, num contato diário e proveitoso com a juventude, à qual transmitiu sadios sentimentos de brasilidade, civismo e amor à terra natal. Lecionou no Colégio Pedro II, no Instituto de Educação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Universidade Santa Úrsula, no Instituto Rio Branco e foi ainda assessor de História da TVE e da TV Rio, prestando deste modo uma contribuição magnífica à educação em nosso país. Sua atividade, no entanto, não se limitou a esse esforço admirável em formar as novas gerações. Sua obra de pesquisa histórica o define como um pesquisador instigado por uma curiosidade intelectual infindável, realista e honestíssimo nas conclusões de suas investigações. Assim, escreveu inúmeros livros didáticos sobre História, que muito contribuíram para tornar mais atraente e eficaz o ensino desta disciplina e inúmeras obras, entre as quais destacamos a “História da América” e a “História Administrativa do Brasil”, escritas com a melhor técnica da ciência histórica e que o definem, é justo reconhecer, como um grande historiador. Agraciado com vários títulos, Vicente Tapajós era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1984, onde fez parte da Comissão de Pesquisas Históricas e ocupou a presidência de 1992 a 1995. Pertenceu também ao Instituto Histórico de Petrópolis, inicialmente como Sócio Efetivo e, posteriormente como sócio Emérito. Em nosso Instituto, integrou a Comissão de História de 1981 a 1982, proferiu palestras e publicou artigos. Sua morte desfalca o Brasil de um de seus mais dedicados educadores e expressivos historiógrafos.

HÁ CEM ANOS MORRIA JOSÉ CANDIDO MONTEIRO DE BARROS

HÁ CEM ANOS MORRIA JOSÉ CANDIDO MONTEIRO DE BARROS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima A justiça dos homens é em geral falha, falsa e frustrante. Nas mais das vezes está condicionada a subjetividades inconfessáveis e a interesses circunstanciais. Tive enorme decepção quando, ao abrir a Gazeta de Petrópolis do dia 14 de abril de 1902, encontrei já no fim da 5ª coluna da 1ª página a notícia lacônica da morte e do sepultamento do Coronel José Candido Monteiro de Barros. Esperava, isto sim, necrológio de grosso calibre, encimado pelo retrato do falecido, que entregara a alma ao Criador, nesta ribeira do Piabanha aos 12 de abril de 1902. O Coronel José Candido freqüentou as páginas dos jornais petropolitanos durante toda a segunda metade do século XIX e mesmo a “Gazeta”, ao tempo da Revolta de 6 de setembro, dita da Armada, franqueou-lhe avultados espaços, para divulgar as colaborações do Coronel à causa da legalidade e do florianismo. Tanto desprezo assim da imprensa local, votado ao Coronel no momento de sua morte só poderia ser explicado, ou por motivos políticos, ou por alguma incompatibilidade entre o recém falecido e a cúpula da Gazeta de Petrópolis. Mas, como estamos bem distantes dessa lamentável omissão e já suficientemente estribados na perspectiva temporal, não temos por que deixar passar in albis a data centenária do falecimento dessa figura interessante e singular que enriqueceu a história desta urbe por mais de cinqüenta anos. José Candido Monteiro de Barros foi o típico “grand seigneur” da periferia cortesã da Serra Acima. Fidalgo bonachão, tinha a nobreza do sangue e das maneiras. Neto paterno de Lucas Antonio Monteiro de Barros, Visconde de Congonhas do Campo e materno de Brígida Maria da Assunção Fragoso, sobrinha do Padre Corrêa, de Agostinho Goulão e de D. Maria Brígida Gonçalves Dias, senhora de Samambaia, nasceu no Rio de Janeiro e, sendo órfão de pai e mãe muito cedo, veio viver em companhia da vovó Brígida na Fazenda da Arca de Noé e Benfica, no atual 3º distrito de Petrópolis. Sob a responsabilidade do vovô Visconde, primeiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, equivalente ao nosso S. T. F. dos dias que correm, estudou no Colégio Pedro II e depois no Caraça, em Minas Gerais. Voltando a Petrópolis, aqui radicou-se, casando-se com a prima Mariana Augusta Moreira Guimarães, irmã […] Read More

PAULO GOMES DA SILVA, DR. – IN MEMORIAM

PAULO GOMES DA SILVA, DR. – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Encontramo-nos reunidos para relembrar a personalidade de nosso consócio Paulo Gomes da Silva, arrebatado da existência terrena, a 22 de setembro de 1998. Nascido a 22 de dezembro de 1912, no Município de Sumidouro, no Estado do Rio de Janeiro, fez seus estudos iniciais na Fazenda São Francisco de Paula, tendo como professora sua irmã D. Antonieta Gomes da Silva, e o curso médio no Colégio Brasil, em Niterói, cidade onde também se bacharelou em Direito em 1937. Inclinando-se ao magistério, foi nomeado professor do Instituto de Educação do Estado do Rio de Janeiro, após ter sido aprovado em concurso de provas e títulos, para reger a cadeira de História da Civilização. Posteriormente, cursou a Faculdade Nacional de Filosofia, bacharelando-se em História da Filosofia, em 1942. Seis anos mais tarde, ingressou como professor de História da América, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal Fluminense e na Faculdade de Direito da mesma Universidade, na qual regeu as cadeiras de Direito Internacional Privado e Direito Comercial e Constitucional, chegando, por sua competência e dedicação a ocupar os cargos de Diretor da Faculdade de Direito e Reitor da citada Universidade, os quais exerceu com dinamismo e devotamento. Vindo residir em Petrópolis, em 1949, continuou sua brilhante carreira no magistério, lecionando nos Colégios São José e Werneck e na Escola Técnica de Serviço Social. Aqui, foi ainda professor fundador da Faculdade Católica de Direito de nossa Universidade, sendo, por duas vezes, diretor da mesma, conquistando, por suas qualidades, a amizade e o respeito dos alunos, professores e dirigentes da tradicional instituição de ensino superior. No Instituto Histórico de Petrópolis, foi admitido como sócio efetivo, a 3 de novembro de 1952, para a vaga aberta com o falecimento do sócio-efetivo-fundador, dr. Alcindo Sodré. Na oportunidade, a Comissão de História que examinou a proposta de sua admissão, teve como relator o renomado Prof. Hélio Vianna, que assim se pronunciou: “recomendo a aceitação de sua admissão por seu evidente interesse pelos temas da História do Brasil e regional, quer nos trabalhos das cátedras que tem exercido, quer nos artigos que tem publicado em jornais e revistas do país”. Em nosso Instituto, foi um sócio dedicado, destacando-se sempre por suas oportunas sugestões e pareceres, conquistando o reconhecimento de seus pares que o elevaram à dignidade […] Read More

PETRÓPOLIS … SÓ!

PETRÓPOLIS … SÓ! Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Vinte e quatro de junho, dia consagrado a São João! Nesta urbe não há razões para que se soltem foguetes. Ou haverá? A capital do Estado nestas serras, agoniza. Para os perdigueiros da História, que do tema trataram, sem os devidos e necessários aprofundamentos críticos, ao invés de alvíssaras, o mais trevoso de profundis. Mas será mesmo que a volta da capital fluminense ao seu antigo ninho, chancelada pela Assembléia Legislativa naquele ano da graça de 1902, representava tanta desgraça assim para Petrópolis? O certo é que tanto os prós como os contras desse movimento serra abaixo nunca foram suficientemente esclarecidos e esmiuçados. Talvez seja este o momento apropriado para a discussão de tão instigante assunto, justo quando se completam cem anos da perda sofrida por Petrópolis do seu status de capital do Estado. Vinte e quatro de junho de 1902. Nesse dia, a Gazeta de Petrópolis abriu espaço na primeira coluna de sua primeira página para expor as suas razões concernentes ao tema. Fê-lo com sobrançaria e elegância, fixando sua posição e apresentando alguns motivos propiciadores da mudança. Desde que foi levantada a questão em epígrafe, a “Gazeta”, manifestara-se contrária à idéia da saída da capital de Petrópolis. E não o fazia por bairrismo ou vaidade, mas com base em verdades inelutáveis. Por razões circunstanciais e de há muito conhecidas e debatidas, o caput do Estado do Rio de Janeiro subiu de Niterói para Petrópolis, em caráter temporário, em princípios de 1894, por causa das turbulências criadas na Baia da Guanabara pela Revolta de 6 de setembro de 1893, dita da Armada. Depois, já cessada a causa da súbita transferência, a Assembléia, em outubro daquele mesmo 1894, votou a mudança definitiva da capital para esta urbe. E foi com base nessa promessa de estabilidade, de coisa julgada, de situação irreversível, que pesados investimentos públicos e particulares foram feitos em Petrópolis, que grandes interesses deslocaram-se para cá, que se começou a repensar e redesenhar o mapa político, econômico, viário, educacional e sanitário do Estado do Rio de Janeiro, a partir do privilegiado posto de observação oferecido pelo alcantilado destas serras. Demais, o momento era inoportuno em face da dificílima situação financeira que atravessava a terra fluminense, incompatível com as pesadas despesas que a mudança provocaria. Dentre tantas causas […] Read More

ENGENHEIRO PETROPOLITANO (UM)

UM ENGENHEIRO PETROPOLITANO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira JOSÉ MARIA DA SILVA VELHO nasceu em Petrópolis a 31 de agosto de 1875, filho de José Maria da Silva Velho (médico e amigo íntimo do Imperador D. Pedro II) e de Carolina Monteiro da Silva Velho, neto paterno do Conselheiro José Maria Velho da Silva, (Mordomo da Casa Imperial que firmou a portaria que legaliza o Ato de 1º de abril de 1846, firmando as instruções sobre o aforamento perpétuo das terras petropolitanas e que consta em todas as Cartas ainda hoje emitidas pela Cia. Imobiliária de Petrópolis) e de Leonarda Maria Velho da Silva e neto materno de Manoel Rodrigues Monteiro (Conde da Estrela) e de Eugênia Bastos Monteiro. Passou a infância na Corte do Rio de Janeiro, no prédio do hoje Palácio do Itamarati, então propriedade de seus ascendentes e onde residiam os pais. Ele nasceu, durante um dos veraneios da família, em Petrópolis, onde a família mantinha residência estival. Seus estudos iniciais ocorreram no Colégio Pedro II, na capital do Império. Na exata data da proclamação da República o menino de 14 anos prestaria os exames finais no Educandário, mas pela ocorrência do feriado inesperado, não pode realizá-los e só mais tarde ali completou o Curso de Humanidades. Seu ideal, no entanto, não encontrava eco nas disciplinas do curso pois se apaixonara pela grande novidade científica daqueles dias, a eletricidade. Sua família mostrava-se contrária ao desejo do jovem, preferindo que ele seguisse uma carreira tradicional na família, a diplomacia ou a política e mesmo porque não havia curso médio e nem superior daquela maravilhosa e nova tecnologia. Contrariando a todos ingressa como simples operário na empresa “Mitchel & Cole”, representantes no Brasil da “General Eletric Company”, alimentado pelo desejo de aprender tudo sobre energia elétrica e sua gradativa introdução na vida brasileira. Iniciado o século XX, ano de 1901, o jovem segue para os Estados Unidos, com uma carta de recomendação de Mr. James Mitchell, chefe da “General Eletric” no Brasil, para trabalhar na mesma empresa em Schenectady, onde, nos primeiros meses de trabalho galga posto de chefia, mesmo sendo estrangeiro. Regressa ao Brasil, entrega-se de corpo, alma e competência ao trabalho de engenharia elétrica, tornando-se o grande pioneiro da implantação da energia elétrica no país. Conclui com sucesso seu primeiro trabalho na cidade de Campos, o […] Read More