Cinqüenta anos após o Decreto de 16 de março de 1843 damos destaque a alguns moradores da cidade de Petrópolis e seus arredores. O Império terminara em 1889 e a República estava em seus primeiros anos. Como viviam seus habitantes, que faziam, que pediam à Câmara Municipal em requerimentos depositados no arquivo, tão bem organizado, da Câmara da Cidade? Logo em janeiro de 93 encontramos Albano Pereira com um circo de madeira provisório, nos terrenos do Dr. Figueira de Mello, do lado oposto à Estação da Estrada de Ferro, é uma Companhia eqüestre. A 22 de janeiro, um Domingo, abriram o salão do Palácio de Cristal com matinée organizada por um clube do qual eram assinantes as principais famílias que costumam passar a estação calmosa nesta cidade. Assina a comunicação feita à Câmara, Anacleto Ferreira. Sr. Henrique Julio Lustre era Diretor e proprietário do Polytheama Petropolitano, construído no morro da Igreja Nova. Comunicação feita à Câmara Municipal por dois senhores, Fernando Luiz dos Santos Werneck Jr. e Horácio Magalhães Gomes, que pretendem por à luz da publicidade, a começar de 1º de abril, o Correio de Petrópolis e que são os únicos proprietários redatores e responsáveis pela sua publicação. Pedem facilitar ao repórter da mesma folha, todas as informações relativas ao serviço da Câmara, para assim poderem proporcionar à população desta cidade, tudo que lhe possa ser de interesse. O maestro Paulo Carneiro obteve dos proprietários do Cassino Petropolitano promessa de organizar ali matinées – música em benefício da Escola de Música Santa Cecília que funciona gratuitamente em uma sala do Liceu de Artes e Ofícios; pede que a Câmara concorde com seu pedido e que não deixe de concorrer para a divulgação do ensino de música em todas as classes da população. A Associação Religiosa e Caritativa do Asilo de Santa Isabel tem um colégio destinado ao progresso social e franqueou suas portas àqueles que ambicionam instruir-se, recebendo gratuitamente órfãs internas e externas que ocupam grande parte dos cômodos do Asilo Irmã Fagalde. O Cônego A. Amador Bueno, da Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo pede cortar 5 árvores frondosas defronte do prédio e podar as 4 restantes pela sombra e umidade que trazem às salas quase que inabitáveis e diz que a ausência dessas árvores não prejudica a sombra da rua, porquanto do lado oposto, à margem do rio, há muitas árvores frondosas. O Senhor Conrado […] Read More
EFEMÉRIDE DE 1.I.1850 – SESQUICENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO EM PETRÓPOLIS (A)
A EFEMÉRIDE DE 1.I.1850 – SESQUICENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO EM PETRÓPOLIS Carlos Oliveira Fróes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes, falecido 1. Introdução Ao despontar o Terceiro Milênio, logo no primeiro dia do ano 2000, comemorou-se uma das mais gratificantes Efemérides Petropolitanas, qual seja o “Sesquicentenário da Implantação do Ensino Secundário e Particular em Petrópolis”, simbolizada pela inauguração do “Collegio de Petrópolis”. Até 1850, a “povoação-colônia” de Petrópolis só dispunha de estabelecimentos públicos destinados a prover a “Instrução Primária Colonial” aos filhos de colonos alemães e a “Instrução Primária Nacional aos demais alunos. 2. As raízes da instrução secundária na Imperial Colônia de Petrópolis O ano de 1850 foi bastante positivo para o Ensino Fluminense. Ficou marcado pela consolidação da aplicação das novas normas para reorganização e atualização da Instrução nas Províncias, baixadas pelo “Regulamento de Instrução Primária” e pelo “Regulamento de Instrução Secundária”, na Província do Rio de Janeiro, promulgados ao apagar das luzes do ano de 1849. Para a Imperial Colônia de Petrópolis, esse foi um ano muito especial. Logo ao seu primeiro dia foi inaugurado o “Collegio de Petrópolis”, o estabelecimento pioneiro da Instrução Secundária da “povoação-colônia”. Outro fato marcante, ocorrido ao final do mesmo ano, foi a inauguração do “Collegio do Professor Callogeras”, também destinado à Instrução Secundária. Mister se faz adiantar que, da competição travada entre esses colégios recém-inaugurados, desencadear-se-ia um processo que resultou na rápida melhoria do ensino local, colocando-o em posição de destaque junto aos mais evoluídos centros do Império. Portanto, julgamos que a Efeméride ocorrida a 1.I.1850 deve ser considerada pelos petropolitanos como de maior relevância, merecendo ser apreciada com muito carinho e orgulho. Os citados educandários foram, no nosso entender, os responsáveis por um processo que vem se mantendo efetivo, em constante desenvolvimento, até os dias de hoje. Sem desmerecer outros estabelecimentos que, também, concorreram durante os últimos cento e cinqüenta anos para a manutenção desse processo, parece que nesta oportunidade deveríamos, apenas, nos concentrar nos colégios — e seus sucessores — diretamente responsáveis por essa estruturação da sólida base em que ir-se-ia apoiar o Ensino Petropolitano. O “Collegio de Petrópolis” que funcionou, ininterruptamente, por quase trinta anos, foi notabilizado pelo nome de “Collegio Kopke”. Construído na periferia da área central da “povoação-colônia”, fazia duplo rumo com o Caminho Colonial de Nassau que, partindo da Praça de Nassau — atual Oswaldo Cruz —, chegava à […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – O VISCONDE DE URUGUAI
Brasileiros Ilustres Em Petrópolis – O Visconde do Uruguai Jeronymo Ferreira Alves Netto Embora tenha nascido em Paris, em 4 de outubro de 1807, Paulino José Soares de Souza, o Visconde do Uruguai, merece figurar na galeria dos Brasileiros Ilustres em Petrópolis, já que, “desde a interpretação do Ato Adicional, até o restabelecimento do equilíbrio, da segurança e até certo ponto da liberdade do Rio da Prata, concebeu, delineou, e em grande parte executou todos os planos e grandes medidas políticas que o nosso governo dentro e fora do Império conseguiu levar a efeito” (1). (1) MATOS, Melo. Páginas da História Constitucional do Brasil, 1940-1948, p.304. Filho de José Antônio Soares de Souza, brasileiro, natural de Paracatu, Minas Gerais, então estudante de medicina em Paris e de D. Antoinette Gabrielle Madeleine Gilbert, natural de Paris, Paulino José acompanhou seus pais a Lisboa, em 1814 , e, posteriormente, a São Luís do Maranhão, onde o Dr. Antônio Soares adquiriu grande notoriedade como clínico, fazendo rápida fortuna. Ao chegar a São Luís, já sabendo ler e escrever, Paulino José foi matriculado num colégio, frequentando-o até 1822. No ano seguinte, partiu para Portugal, matriculando-se após os estudos preparatórios na Faculdade de Direito de Coimbra, retornando ao Brasil em 1828, sem ter concluído o curso. Em 1830, inscreveu-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez grande sucesso como poeta, freqüentando com assiduidade as reuniões literárias de estudantes de Direito, chamados pelo jornal “O Amigo das Letras”, de “Filhos de Minerva”. Concluídos seus estudos veio para o Rio de Janeiro, em novembro de 1831, retornando a São Paulo no ano seguinte, já que fora nomeado Juiz do foro da Cidade, e, pouco depois, Ouvidor da Comarca. No Rio de Janeiro conheceu D. Ana Maria de Macedo Álvares de Azevedo, com a qual se casou em 20 de abril de 1833. Foi em grande parte devido a seu casamento, comenta Soares de Souza, “que Paulino em breve se tornaria um dos chefes conservadores de maior prestígio na Província do Rio de Janeiro. Sua mulher era cunhada de Rodrigues Tôrres e tinha parentesco e relações de família com os principais fazendeiros da baixada, que representavam, então, uma das mais consideráveis forças políticas da província” (2). (2) SOUZA, José Antônio Soares de. A Vida do Visconde do Uruguai. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1944, p. 45. Em 1835, ingressou na vida política, como deputado provincial do […] Read More
TAL É A FORÇA DA LEGITIMIDADE NAS MONARQUIAS (E O NOSSO D. PEDRO II)
No século XVI, exatamente em 1578, desaparecia na Batalha de Alcacer-Kebir, o quase mitológico Rei D. Sebastião de Portugal (primo em 11º grau do nosso D. Pedro II). A longa ausência levou a que se supusesse a morte. Como não tinha filhos, nem irmãos, muito menos sobrinhos ou tios, obedecendo-se à risca à linha de sucessão legítima da Monarquia, subiu ao trono de Portugal o velho Cardeal D. Henrique seu tio-avô, irmão cadete de seu avô D. João III (ambos tios-nonos avôs de nosso D. Pedro II), (o das Capitanias Hereditárias). Por pouco tempo, entretanto, pois o velho Cardeal-Rei não tendo descendentes, sua linha começava e se findava nele mesmo. Foram dois anos de reinado (1578/1580), morrendo D. Henrique em 1580. Esta data trágica representa uma grande crise na História de Portugal porque a sucessão legítima foi ferida e decepada. Outra linha da Família Real era representada por um bastardo do Duque de Beja (também irmão de D. João III) (portanto também tio-nono-avô de nosso D. Pedro II) o Prior do Crato D. Antônio. Naquela época, só se recorria aos bastardos em última instância e foi justamente o caso, pois a herdeira legítima, Da. Catarina de Bragança, (avó em 7º grau de nosso D. Pedro II), (filha do Duque de Guimarães (avô em 8º grau do nosso D. Pedro II), 4ª linha, irmão menor de D. João III) além de ser mulher (o que na época e principalmente na cultura ibérica constituía sério obstáculo) cedeu à influência de seu poderoso primo o Rei de Espanha Filipe II (filho de Da. Isabel, irmã de D. João III) (tia em 9º grau do nosso D. Pedro II). O Rei da Espanha não tinha direito algum pois além de descender dos Reis Portugueses por lado materno, havendo descendentes por lado paterno, era um soberano estrangeiro. A luta entre o bastardo D. Antônio (primo em 11o grau do nosso D. Pedro II) e seu primo da Espanha foi rápida, naturalmente, devido à superioridade militar do Rei Espanhol. Durante sessenta anos (1580/1640) Portugal foi governado pelos Reis de Espanha (Filipe II, Filipe III e Filipe IV) (primos em 11o, 12o e 13o graus do nosso D. Pedro II), Reis de fato mas não de direito. Por causa desse rompimento na sucessão legítima, Portugal perdeu a glória de seu passado e os Filipes até hoje são considerados usurpadores do trono de Portutal. Finalmente em 1640, […] Read More
PRIMEIRO LICEU DE CAMPOS DOS GOITACAZES (O)
O PRIMEIRO LICEU DE CAMPOS DOS GOITACAZES Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Poucas comunas fluminenses, quer no antigo, como no atual regime, experimentaram tão harmônico, permanente e bem disseminado desenvolvimento, quanto São Salvador dos Campos dos Goitacazes. Já no alvorecer do segundo reinado, ali se iniciaram, entre outros, os trabalhos da construção de u’a muralha ao longo da margem direita do rio Paraíba; da abertura dos canais do Nogueira e Campos/Macaé; da ponte sobre o rio Paraíba; da abertura de uma estrada ligando Campos a Cantagalo; da implantação de um liceu provincial na sede do município. A 20 de fevereiro de 1843, o Imperador nomeava o campista João Caldas Vianna (1806/1862), Presidente da Província do Rio de Janeiro, cargo que o mesmo ocuparia até 11 de abril de 1844. Enérgico, destabocado, sem papas na língua, o filho da histórica fazenda dos Airizes, hoje vergonhosamente em ruínas, fez um ano de profícua administração, obrando em múltiplas direções, deixando, ao fim e ao cabo, as marcas indeléveis de seu talento e de sua força de vontade nos anais da vida provincial durante a monarquia. No seu relatório de 5 de março de 1843, apresentado à Assembléia Provincial, falando da instrução pública em terras fluminenses, enfatizou: “Não julgo que esta capital (Niterói) necessite já de um liceu idêntico (ao de Angra dos Reis), pela proximidade em que está da Corte, onde existem estabelecimentos sofríveis de instrução primária e secundária; mas certamente, para o norte da província, reputo uma necessidade; e bom serviço, pois, faríeis à província, dotando com um liceu a cidade de Campos, o lugar mais longe da província, inquestionavelmente. Este liceu, porém, deverá ser montado, de maneira que pudesse espalhar algumas luzes sobre a agricultura, estabelecendo-se cadeiras aprovadas para tal fim”. Teoricamente, tinha inteira razão o campista, não por bairrismo, mas por entender que, se já existia um liceu no sul da província, seria válido criar-se um outro ao norte dela, numa região eminentemente agrícola, onde deveria ter ênfase o ensino profissionalizante nesta área. Foi por certo sintonizada no mesmo canal do Presidente Caldas Vianna, que a Assembléia Provincial votou a lei 304 de 14 de março de 1844, que rezava no seu artigo 1º: “Haverá na cidade de Campos dos Goitacazes um liceu provincial.” O artigo 2º, estabelecia quais seriam as cadeiras do novo estabelecimento de ensino: […] Read More
HEROÍSMO E CIRCUNSTÂNCIA
Victor Hugo, glória da raça latina, dizia que o herói é apenas uma variedade de assassino. Dependendo do posicionamento e da eventual paixão do observador, o herói pode ser visto como bandido e vice-versa. E não há dúvida alguma que a circunstância pode criar tanto um quanto o outro. Tudo isso vem a propósito da verdadeira canonização de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, logo no alvorecer da República, e da injustificável execração do Imperador D. Pedro II e de sua família, por parte daqueles que implantaram o novo regime no Brasil. No dia 16 de novembro de 1889, o governo provisório da recém-fundada República enviou mensagem ao Imperador deposto, em que dizia entre outras coisas: “Em face desta situação, pesa-nos dizer-vo-lo e não o fazemos senão em cumprimento do mais custoso dos deveres, a presença da família imperial no país, ante a nova situação que lhe criou a resolução irrevogável do dia 15, seria absurda, impossível e provocadora de desgostos que a salvação política nos impõe a necessidade de evitar. Obedecendo pois às exigências do voto nacional, com todo o respeito devido à dignidade das funções públicas que acabais de exercer, somos forçados a notificar-vos, que o governo provisório espera do vosso patriotismo o sacrifício de deixardes o território brasileiro, com a vossa família, no mais breve tempo possível. Para esse fim se vos estabelece o prazo máximo de vinte e quatro horas, que contamos não tentareis exceder”. Apesar dos respeitosos termos constantes desse trecho da mensagem enviada a D. Pedro II e, nem poderia ser diferente, o texto deixava a nu uma verdadeira bofetada com luva de pelica. Como exigir-se de uma família radicada no país desde o nascimento, onde tinha ela raízes, patrimônio, interesses pessoais, pertences, biblioteca, arquivos, objetos de estimação, que esta mesma família deixasse inopinadamente sua terra no prazo exíguo de 24 horas, levando-se em consideração, que nenhum de seus membros havia esboçado qualquer reação ou resistência ao golpe de 15 de novembro? Como prova da dignidade conformada da Família Imperial, leia-se a resposta altiva e elegante do Imperador aos que o intimavam de forma tão impertinente: “À vista da representação escrita que me foi entregue hoje às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com toda a minha família para a Europa, amanhã, deixando esta pátria de nos estremecida a qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e […] Read More
PORCIÚNCULA GOVERNADOR DO MARANHÃO
De vida curta mas intensa, José Thomaz da Porciúncula, era do ponto de vista do ius sanguinis, filho de pai gaúcho e de mãe fluminense, ele de Jaguarão, na fronteira com a Republica Oriental do Uruguai, ela da região de Magé e Suruí. Nasceu José Thomaz em Petrópolis a 25 de dezembro de 1854. Morreu no sábado 28 de setembro de 1901, a 1 hora da madrugada de angina pectoris. Tinha 47 anos incompletos. Órfão de pai aos 7 anos, nem por isso deixou de cumprir o currículo normal de uma criança comum e corrente de sua idade e de seu status social. Cursou o Colégio Pedro II. Matriculou-se em 1872 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Aprovado com distinção, ao apresentar sua tese no último ano de estudos médicos, filiou-se ao Clube Republicano presidido na altura por Joaquim Saldanha Marinho. Ainda na Corte, foi diretor e co-proprietário da Casa de Saúde São Sebastião na rua Bento Lisboa, Catete. Foi também membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia. Casou-se, segundo os noticiários ( não confirmado ainda documentalmente ) em 1878 com D. Luiza de Melo Franco, filha do Dr. Manoel de Melo Franco, figura proeminente da Revolução Liberal de 1842. Em 1882 transferiu-se para Petrópolis, onde criou o Clube Republicano da cidade, do qual nasceu o Partido do 9º Distrito que o elegeu para a Assembléia Provincial para cumprir o biênio 1884/1885. No ano seguinte, apresentou-se como candidato republicano à mesma assembléia, com circular firmada também pelo Dr. Santos Werneck, que assim terminava: “Quem votar em nós, votará em nossas idéias. Somos republicanos”. Nos estertores da monarquia nestas serras, Porciúncula era o homem do momento, o que representava as novas idéias. O político de impacto, corria paralelo ao médico humanitário e simples. Proclamada a Republica, tudo fazia crer que o jovem militante fosse guindado ao governo de sua terra, a ex-província fluminense. Mas, Quintino Bocaiúva havia se antecipado aos acontecimentos levando a Deodoro no próprio dia 15 de novembro o nome de Francisco Portela, que assim foi o primeiro governador do Estado do Rio de Janeiro. Mas, logo no princípio de janeiro, Porciúncula teria que aceitar desafio bem maior, quando foi nomeado para dirigir os destinos do complicadíssimo Maranhão. O jornal Mercantil, que se editava aqui desde 1857, abriu espaço na edição de 4 de janeiro de 1890, para publicar matéria do republicaníssimo Thomaz Cameron sobre […] Read More
EMBAIXADOR MAURICIO NABUCO
No casarão localizado na Avenida Piabanha, 720/732, residiu e, dele foi proprietário desde 1917, a ilustre figura de Joaquim Nabuco – diplomata, escritor, político e advogado. Personalidade esta, já bastante comentada nesta coluna, em palestras realizadas no Instituto Histórico de Petrópolis. Esta construção – tudo leva a crer – seja mais antiga que o Palácio Imperial, pois nela morou José Candido Guilhobel, um dos seus arquitetos. Habitou ali também o Embaixador Luiz Gonzaga Nascimento e Silva. Depois do falecimento de Joaquim Nabuco, o velho casarão foi dividido em duas residências. No número 720, continuaram residindo os filhos de Nabuco, e no número 732, veio a morar a família Redic de Campos. Olavo, arquiteto de renome que se tornou “arquiteto oficial” do Ministério do Exterior para todas as embaixadas brasileiras. Seu irmão, Deoclécio, igualmente renomado, foi por muitos anos diretor do Museu do Vaticano e responsável pela recuperação da internacionalmente conhecida estátua de Leonardo da Vinci, a “Pietá”, quando foi parcialmente destruída por um turista doente mental. Voltando aos Nabucos, Joaquim Nabuco, teve cinco filhos: – Maria Carolina (escritora) – escreveu a biografia de seu pai e o conhecido livro “Sucessora” que foi plagiado mais tarde por “Rebecca”. Na boa fé, ao entregar seu trabalho para revisão e publicação, sem o devido “copyright”, perdeu os direitos autorais do tão famoso romance, depois de um longo processo nos Estados Unidos; – Monsenhor Joaquim Nabuco, figura interessante e de grande cultura, que por solicitação do Sacro-Colégio do Vaticano, escreveu em latim a história do cerimonial canônico. Para cumprir esta missão, refugiava-se em Petrópolis; – Maria Anna, a quarta filha, é a mais desconhecida dos filhos; – Joaquim Thomas, grande advogado. Durante muito tempo teve um dos mais importantes escritórios de advocacia do Rio de Janeiro. Hoje, este escritório está sob a responsabilidade de um neto de Joaquim Nabuco – Joaquim Aurélio Mello Franco Nabuco de Araújo. Entretanto, é de minha intenção aqui focalizar o Embaixador Mauricio Nabuco, o que mais tempo viveu nesta casa. O Embaixador Nabuco era de uma personalidade marcante para sua geração. Considerado um homem de alta estatura, cerca de um metro e oitenta, chamativo, de uma elegância despreocupada. Porém, sempre envergando seu colete branco, impecável, confeccionado em Londres por seu alfaiate de preferência. Homem de educação britânica, nascido em Londres em 10 de Maio de 1891 e formado em Norwick. Jantava sempre de “smoking”, mesmo quando só. Era […] Read More
RELEMBRANDO ALGUNS COLONOS E OS ESQUECIDOS QUARTEIRÕES
Estes estudos e ensaios que ora apresento, fizeram parte do tema proferido pelo autor em 28 de junho deste ano no salão nobre da Câmara Municipal de Petrópolis, representando o Clube 29 de Junho nas comemorações dos 156 anos da chegada dos colonos germânicos à Petrópolis, em 29 de junho de 1845. “Convidado pelo Clube 29 de Junho, de Tradições Germânicas, tenho o prazer de estar presente e participar desta magnânima solenidade, que esta casa oferece todos os anos na época das comemorações do dia 29 de junho, data da chegada à Petrópolis dos primeiros colonos germânicos, ao povo petropolitano. Neste momento poderemos lembrar parte da história da nossa colonização, falar sobre os quarteirões da Imperial Colônia e homenagear os colonizadores, trazendo a todos, informações, tradições e lembranças do nosso glorioso e belo passado histórico. Este momento, geralmente, torna-se oportuno para reiterarmos e resgatarmos o que muitos em várias épocas tentaram. Porém a falta de interesse pelas causas nobres de Petrópolis, permitiu a consumação de partes da nossa história. Justamente relembrando alguns colonos em seus prazos de terras, estaremos também lembrando os esquecidos “Quarteirões”. Quarteirões que praticamente não ouvimos mais os seus nomes serem pronunciados, como também as duas vilas que nunca deixaram de existir, pois todos estão presentes em qualquer negociação imobiliária no 1º e parte do 2º Distrito de Petrópolis. Vale sempre lembrar que pela planta de 1846 do Major Engenheiro Júlio Frederico Koeler, Petrópolis foi dividida em 11 quarteirões e 2 vilas: Renânia Central e Inferior, Siméria, Castelânea, Palatinato Inferior e Superior, Nassau, Westfália, Mosela, Ingelheim, Bingen e as Vilas Imperial e Teresa. Os quarteirões e as vilas foram subdivididos em prazos de terras e classificados em 4 classes: 1ª classe constituíam os terrenos destinados à povoação próximos ao Imperial Palácio, os de 2ª classe eram os terrenos próximos à povoação, os de 3ª classe englobavam os terrenos colaterais à calçada que parte existia na Vila Teresa (Alto da Serra) e os de 4ª classe constituíam toda a parte restante da Imperial Fazenda e foram designados para a maioria dos colonos. A alguns anos a maioria dos quarteirões e vilas caíram no esquecimento, não sendo mais usados popularmente, tendo como causa principal o poder público municipal, dando a entender nomes de novos logradouros, sem indicar a sua localização correta, gerando a grande falta de reconhecimento dos nossos valores históricos. Para que possamos reparar tantos erros e […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS
MARECHAL EURICO GASPAR DUTRA Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, a 18 de maio de 1885, sendo seus pais José Florêncio Dutra e Maria Justina Dutra. Fez seus estudos iniciais na Escola dirigida pela professora Bernardina Riche e os estudos preparatórios no Liceu Cuiabano. Em 1902, decidido a abraçar a carreira militar, ingressou na Escola Preparatória e Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, cursando-a com distinção e revelando-se “um aluno estudioso e amigo da leitura… demonstrando desde cedo espírito de método, de ordem e de disciplina” (1). (1) CAÓ, José. Dutra, o Presidente e a Restauração Democrática. São Paulo, Instituto Progresso Editorial S.A., 1949, p. 42. Sua carreira militar foi brilhante, externando seus superiores os maiores elogios à sua atuação. Neste sentido, cumpre ressaltar o que dele disse o comandante do 13º Regimento de Cavalaria, onde serviu em 1912: “Louvo-o com a mais digna satisfação e cumprindo um dever, pelos seus extraordinários e competentes serviços prestados ao Regimento, sempre com muita dedicação e zelo. Sua competência militar ficou por demais firmada entre seus colegas e lhe assegurará um brilhante futuro na carreira que, com tanto amor, abraçou e a que dedica toda sua energia” (2). (2) CAÓ, José, op. cit., p. 44-45. Acompanhou com grande interesse o desenrolar da 1ª Grande Guerra, analisando as transformações militares decorrentes da mesma, o aparecimento das armas automáticas, da guerra de posição com as trincheiras, o que o levou a publicar dois interessantes trabalhos: “Exercícios de Quadro” e “Duas Táticas em Confronto”, além de ter sido o fundador e um dos principais colaboradores da revista “Defesa Nacional”. Em 1917, matriculou-se na antiga Escola do Estado Maior, concluindo o curso com excelentes resultados. Retornando à mesma, três anos mais tarde, quando o programa da escola foi reformulado, com a chegada da Missão Militar Francesa, chefiada pelo General Gamelin, rematriculou-se, obtendo o 1º lugar da turma e a menção “Très Bien”. Promovido a Capitão em 1921, vamos encontrá-lo servindo no 2º Regimento de Cavalaria Independente, sediado em Passo de São Borja. Com o surgimento da revolução chefiada pelo General Isidoro Dias Lopes, em São Paulo, em 1924, o Capitão Dutra segue para aquele Estado, como oficial de ligação do Estado Maior do Exército com as forças legais, tendo sua atuação sido muito elogiada pelo General João de Deus Mena Barreto. Em 1927, é promovido a Major, sendo designado para servir […] Read More