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REGISTROS SOBRE KOELER (2)

  A PASSAGEM DO RIO PARAÍBA DO SUL O rio caudaloso na época das chuvas, e mais seco e portanto mais estreito, na época da estiagem, ora dificultava, ora permitia a passagem dos viajantes e tropeiros que do porto da Estrela buscavam a Paraíba, ou de Minas que demandavam aquele movimentado porto. No começo, essa travessia era feita por meio de barcas movidas a remo por exímios remadores e também por meio de pranchas. As dificuldades apresentadas com remadores livres e um cativo, acrescidas com as canoas, como a grande que precisava de reparos, e também as duas outras que necessitavam de consertos. Por isso precisava-se de madeira o que se arrasta até 1837 e sente-se dificuldade de se consegui-la “na vizinhança da Paraíba”. O ilustre historiador José Antonio Soares de Sousa, assim nos falou em trabalho publicado na Revista do IHGB:1 “a passagem fazia-se então por uma velha barca ou uma grande balsa que comportava 15 mulas carregadas”, e isso baseado em Gardner e nos Relatórios de Koeler. Essa passagem era muito freqüentada por tropas com animais carregados e, como exemplo, destacamos o mês de fevereiro de 1838 que apresentou um movimento de 3.509 animais carregados para o porto da Estrela e, para a Província de Minas, 3.272 muares. No Relatório de Koeler, de 1835 e dirigido ao Presidente da Província, há uma referência à estrada da Estrela que é a “mais freqüentada da Província de maneira que nela só transitam mais viandantes que nas outras todas do centro reunidas”. Ainda utilizando o Relatório de Koeler do ano de 1838, vemos um interessante episódio: “aconteceu que carregando o Patrão a canoa grande com os efeitos do tropeiro Cordeiro, este exigiu que a enchesse com as cargas de 3 lotes de animais. O Patrão fez-lhe observações a que o tropeiro não atendeu e o resultado foi submergir-se a canoa no meio da correnteza e perderem-se as cargas e quase a canoa, que arrebatada pelas águas, desapareceu em um momento. Aí o administrador da obra da ponte prometeu 10$000 de gratificação a 2 particulares se salvassem a canoa e a gente embarcada na barca submergida. Marcelino Idálicio Cordeiro e Prodêncio J. de Camargo, não só salvaram primeiramente 7 pessoas que tinham caído no rio e, depois, com risco de suas vidas, foram buscar a canoa encalhada nas cachoeiras e conseguiram salvá-la e maior parte das cargas”. Datado da Vila da Paraíba […] Read More

QUARTEIRÃO MOSELA ATRAVÉS DOS TEMPOS (O)

O QUARTEIRÃO MOSELA ATRAVÉS DOS TEMPOS Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Do Quarteirão Mosela e o povo colonizador, viveram épocas de grande atividades. A maioria dos colonos germânicos que habitavam o quarteirão, possuíam grandes conhecimentos profissionais: Eram carpinteiros, carvoeiros, ferreiros, pedreiros, e outros hábeis artífices que sempre encontraram muito o que fazer, tanto na Vila Imperial, quanto no seu próprio terreno e arredores, onde plantavam e tinham criações, dando serviço à sua própria família. No cultivo das hortas e dos pomares, colhiam variedades de hortaliças e frutos. Com a criação de suínos produziam, além da carne e outros produtos, a tão apreciada “Leber Blutwurst” (lingüiça de fígado e sangue). Das vacas, cujo o leite, abastecia a cidade, também produziam, em grande escala, o queijo branco (conhecido como queijo de minas). O Mosela era e ainda é um dos quarteirões mais participativo quanto à recreação dos seus moradores. Lá algumas sociedades recreativas, foram fundadas. Em 1895, fundaram o Harmonie Moselthal e mais tarde o denominaram de Sociedade Recreativa Harmonia Brasileira. Instalou-se à Rua Mosela n.º 713, num terreno cujo prédio, foi construído para este fim e que pertencia ao Sr. Frederico Burger. Mediante aluguel, o Harmonie funcionou até fins do ano de 1907, cedendo lugar para a Sociedade Boa Esperança. Porém esta não prosperou e encerrou suas atividades. Em definitivo e adquirindo o prédio, o Harmonie voltou para o seu antigo endereço e embora com algumas dificuldades, sobrevive até aos dias de hoje. Em 07/09/1928, um grupo de jovens fundou o Esporte Clube Vera Cruz e em 1954 adquiriu uma grande área de terras próximo à localidade do Moinho Preto. Em tempos difíceis, este clube esteve fora de atividades. Porém um grupo de sócios e saudosistas, João Guilherme Burger e Luiz Carlos Holderbaun, liderados pelo Sr. Augusto José Kreischer e com o apoio de um dos sócios fundadores, o Sr. Pedro José Kling, fez com que o clube voltasse aos seus tempos áureos e hoje, com um belíssimo campo de futebol e outras benfeitorias, vem plenamente atendendo aos sócios com torneios futebolísticos e outras atrações. Em 1929, em homenagem ao falecido Sr. Roberto Burger, foi fundada à Rua Mosela a Sociedade Desportiva Luzeiro, cujas atividades foram encerradas à alguns anos passados. Em 16/03/1997, por gentileza do Frei Vitalino Turcato – Presidente do Conselho das Pastorais das Obras Sociais São Judas […] Read More

PASSADO, PARA NÃO PERDER O FUTURO (O)

O PASSADO, PARA NÃO PERDER O FUTURO Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Faz já algum tempo. Não muito. Mas somado ao período antecedente vai constituindo o valor que a permanência através dos anos acaba conferindo às pessoas, às coisas, aos fatos. Foi a 9 de março de 1986 que o “Relógio da Estação” voltou a funcionar para o público, na fachada da Casa Comércio, na Rua Dr. Porciúncula. Apesar daqueles que, de visão tacanha, hoje lhe dão pouca importância, ele prossegue na marcha para a idade que consagra e que é dado objetivo incontestável. Era um domingo. A cerimônia de reinstalação foi planejada para se resumir no próprio trabalho de levar o relógio do chão ao suporte fixado na parede e de pô-lo em movimento. A solenidade aí estava; era o assistir não a um ato simbólico e evocativo ou a um único gesto externo, como apertar um botão de partida, final de uma série de árduos labores vividos longe do conhecimento da maior parte, mas sim assistir à realidade, com todas as possibilidades de sucessos e de fracasso, da realização da última etapa da recuperação do tradicional relógio. O público acorreu ao local, participando, com suas opiniões, suas apreensões, suas palavras de advertência e incentivo, com o apoio de sua mão e do vigor de seu braço, dos esforços físicos da entrega a ele do aparelho que a ele em serviço sempre pertenceu. Não faltaram os descendentes de Otto Jerke e seus familiares, em cada instante presentes e colaboradores, especialmente Otto Jerke Filho. (1) (1) Ver J. TEIXEIRA NETTO, Jornal de Petrópolis de 14.3.86, pág. 4 . Os trabalhos duraram das 18h15min às 20h45min, momento em que, terminadas as ligações e iluminados os mostradores Norte e Sul (2), os mecanismos secundários se puseram a mover para o ajuste automático com o relógio-mestre às 20h59min. (2) O mostrador Norte é o que está voltado para a Rua do Imperador e o Sul para a Rua Paulo Barbosa. (Com mais precisão, os mostradores visam respectivamente ao NNW e ao SSE). É interessante observar que a Rua do Imperador corre de Leste para Oeste, no alinhamento muito aproximado de 063 e 243 graus a partir do Norte verdadeiro. Os mapas da cidade em geral indicam orientação pelo Norte magnético. O Sr. ALZINO PEREIRA DA SILVA, havia colocado a fiação elétrica para […] Read More

RELÓGIO DA ESTAÇÃO NOVAMENTE EM FUNCIONAMENTO (O)

O “RELÓGIO DA ESTAÇÃO” NOVAMENTE EM FUNCIONAMENTO Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva “Eu era então copeiro do rei” (Neemias, 1,11) Com os modernos sistemas de informação da hora, especialmente através das rádios-relógios e do telefone, conjugados e dependentes dos equipamentos de Observatórios Astronômicos, perdeu-se a noção do que representava, tempos atrás, a dificuldade de se saber e de se manter a hora certa. Pense-se, por exemplo, em uma pequena cidade afastada dos grandes centros, em um período em que a população não mais se guiava pelo deslocamento do Sol entre a aurora e o poente. Como se teria ali o conhecimento da exatidão da hora? Quem, afinal, dizia qual era a hora certa? É claro que se está cogitando de referências de tempo mais precisas do que aquelas manifestadas por expressões como “à noitinha nos encontramos”, ou “depois da chuva passo lá”, ou “chegue logo que amanhecer”, ou “o nosso acordo vale até o pôr-do-sol”. Em termos de minutos, quem dizia naquela cidade o que era certo ou errado, quem afirmava que este ou aquele relógio marchava bem ou não? Vem, então, à lembrança os relógios públicos. O da torre da igreja, o da estação, o do relojoeiro. Sim, é interessante marcar que a vida das cidades se organizava, no tocante a horários, pelos relógios públicos, sobretudo aqueles de maior confiança, aqueles dos relojoeiros que forneciam o padrão, a “hora certa”. Em Petrópolis (RJ), na Rua Dr. Porciúncula, diante da Estação da Estrada de Ferro Leopoldina, o relojoeiro OTTO JERKE instalou por sobre a loja onde funcionava a sua “Relojoaria e Ourivesaria Suissa”, um grande relógio, de duas faces, luminoso. Isto ocorreu entre setembro e outubro de 1922. O requerimento de licença para instalação foi protocolado na Prefeitura Municipal sob o nº 3359, a 4 de setembro de 1922 e foi deferido a 18 do mesmo mês, fixando-se o dia 20 de outubro seguinte como termo final do prazo para a colocação do relógio na posição indicada na parede do prédio. O serviço foi realizado satisfatoriamente e encaminhou-se o requerimento ao arquivo a 3 de novembro. Tanto a caixa e o artístico suporte representando uma águia, como o mecanismo haviam sido importados da Alemanha. A precisão do funcionamento foi por todos logo reconhecida e o relógio passou a comandar os avanços, os atrasos e a pontualidade da vida de […] Read More

PETRÓPOLIS: NOVO ANO, NOVO SÉCULO, NOVO MILÊNIO E NOVAS PERSPECTIVAS

  Petrópolis, ou antes a Fazenda do Córrego Seco teve seu destino determinado pelo decreto imperial de 16 de março de 1843: construção de um palácio para o Imperador, com suas dependências e jardins, terreno para uma povoação que deveria ser aforado a particulares assim como cem braças dum e doutro lado da estrada geral que cortava a fazenda para também ser aforado a particulares (com dimensões determinadas). Havia, ainda a recomendação de demarcar terrenos para uma igreja com a invocação de São Pedro de Alcântara e para o cemitério da povoação. Assim seria local de vilegiatura para a Família Imperial e desenvolver-se-ia como uma povoação comum. A presença do Palácio atraiu a afluência de famílias ricas, nobres, de diplomatas e funcionários, enfim de pessoas de alguma maneira ligadas ao Imperador e sua família. Houve grande número de edificações de casarões e hotéis, muitos dos quais testemunham a arquitetura, a arte e o desenvolvimento cultural da segunda metade do século XIX; ao mesmo tempo a qualidade de vida, com ar puro e água limpa e abundante, livre das febres e epidemias que assolavam o Rio de Janeiro fez com que educadores de visão mandassem construir importantes instituições de ensino para meninos e meninas cujos pais desejassem proporcionar aos filhos educação em ambiente saudável. As construções que ainda existem, com seus jardins também de época, formam o que chamamos de “centro histórico”. Ao mesmo tempo, a necessidade de pessoas habilitadas ao serviço de desmatamento dos vales onde se instalariam os futuros habitantes segundo a planta elaborada por Koeler, as construções das habitações e serviços de transporte, alimentação e outros, provocaram a vinda dos colonos alemães e de outros estrangeiros que aqui vinham tentar a vida. No final do século XIX, com a chegada até nós da chamada “Revolução Industrial” que proporcionou o desenvolvimento de grandes fábricas de tecidos, Petrópolis tornou-se conhecido no mundo inteiro pela sua produção textil, desenvolvendo-se sobremaneira no setor econômico e também na sua população pois suas indústrias atraiam, não só operários oriundos de outros estados brasileiros, sobretudo Minas Gerais, como também de outros países como foi o caso da Companhia Petropolitana, em Cascatinha em que a quase totalidade da mão de obra veio da Itália trazendo, por conseguinte, outros costumes, outras tendências e, mesmo, outras formas de encarar o trabalho com diferente perspectiva. Politicamente Petrópolis passou de colônia e povoação a Cidade em 29 de setembro de […] Read More

NOSSA INDEPENDÊNCIA (A)

A NOSSA INDEPENDÊNCIA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette   O Brasil completou dia 7 de setembro p.p. mais um aniversário de sua independência. A evocação desta data tem um significado todo especial, pois foi nela que vingaram de uma vez para sempre os anseios da alma brasileira, pelos quais espíritos fortes, que não viam como transigir numa causa de tanta significação política e moral, se vinham batendo, representando a vontade de um povo que aspirava ser soberano. Nenhum progresso se faz com o desprezo do passado, de suas legítimas tradições, por isto é justo que procuremos em nosso passado os valores que possibilitaram o crescimento de nosso país e garantiram sua grandeza, até porque a História é o saber do homem preocupado com sua origem, seu estado atual e seu destino. O processo de nossa independência, só poderá ser entendido se atentarmos para o fato de que nossa emancipação não foi um fato isolado na nossa história política, assim como o grito do Ipiranga não foi o gesto de um só homem – D. Pedro I. Nossa independência foi o resultado de todo um processo político, cujas raízes remontam ao século XVII. Destarte, o l º movimento de emancipação brasileira, visava à emancipação comercial e explodiu no Maranhão em l684, com a revolta de Manuel Beckman e outros, contra os abusos da Companhia que monopolizava o comércio de certas mercadorias. Bem sucedidos a princípio, os revoltosos chegaram a criar uma junta de governo composta por dois membros de cada classe social, mas a repressão das autoridades portuguesas não tardou, sendo presos os seus líderes e executado o principal deles. Seguiram-se a esse movimento, em princípios do século XVIII, a Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais e a dos Mascates, em Pernambuco, ambas marcadas pelo ódio entre portugueses e os naturais da terra, que pugnavam já então pela emancipação industrial. Na segunda metade do século XVIII, os progressos da Colônia foram tão acentuados, que o Marquês de Pombal, ministro do Rei D. José I, elevou-a à categoria de Vice-Reino, a 27 de janeiro de l763. Entretanto a exploração econômica continuou. O próprio Pombal concedeu privilégios odiosos à Companhia de Comércio, paralisando o desenvolvimento da agricultura e da indústria fabril, proibindo a cultura da cana no Maranhão e o fabrico de objetos de ouro, tecidos de sede e de algodão. Todas essas medidas […] Read More

REPÚBLICA E AMERICANISMO

Quando a onda libertária varreu os vários quadrantes das terras de Iberoamérica, nas primeiras décadas do século XIX, apenas o Brasil, por razões muito específicas, adotou a monarquia como forma de governo e com ela atravessou praticamente toda a centúria. Todas as demais nações que se formavam ao nosso redor, ao sul, a oeste e ao norte, aderiram à forma republicana , com menor ou maior sucesso. Aos olhos de tantas repúblicas, lindeiras ou não, éramos uma nódoa a manchar o continente, segundo diziam, vocacionado para a democracia, para a liberdade de escolha dos governantes. Enfim éramos tidos como imperialistas, como usurpadores de territórios alheios, como megalômanos expansionistas. Isso está consignado nas entrelinhas, e mesmo em discursos frontais, de próceres argentinos, uruguaios, chilenos e outros mais. Mas apesar das restrições e retalhações, do ódio e da desconfiança, a grande exceção na América, dava lições de estabilidade política, de prosperidade econômica, de desenvolvimento harmônico, de coesão interna, de paz, de respeito às instituições. Enquanto isso, aqueles que se vangloriavam de serem republicanos, democráticos, libertários, viviam quase sempre em acirradas disputas caudilhescas, em pugnas sanguinárias, que lhes roubavam a seiva vital do progresso e um mínimo de equilíbrio que lhes possibilitasse a sobrevivência como Estados de direito. Mas a república como idéia, como cogitação, como movimento, sempre esteve latente no Brasil e os mais apaixonados pelo tema, viam nela um inevitável elo de definitiva aproximação com os povos hispanoamericanos. Ledo engano. A cultura da desavença, do antagonismo, da digladiação separava irremediavelmente lusófonos e hispanófonos, inoculada que fora no espírito das partes desde os mais remotos tempos coloniais, pelos impérios ibéricos. E a verdade é que, passada a euforia da novidade republicana no Brasil, vieram os Zeballos e outros mais a alimentar a velha fogueira das diferenças entre brasileiros e hispanoamericanos, mesmo apesar do esforço de alguns apóstolos empenhados na sadia e construtiva aproximação de nós todos, os chamados americanistas lato sensu. Foi nos campos do Paraguai, durante a Guerra da Tríplice Aliança ( 1865 / 1870 ) que a idéia republicana brasileira tomou impulso. Foi da inconformada ala militar, diante das tristes ocorrências geradoras do maior genocídio da História da América, que partiram as primeiras reações contra a monarquia e sobretudo contra a possibilidade de um terceiro reinado desempenhado por uma mulher que tinha a seu lado um estrangeiro, usurpador das glórias alheias. Tratava-se de uma referência da presença do Conde D’Eu […] Read More

AURELIANO DE SOUSA E OLIVEIRA COUTINHO Do monólito de fundadores como o Instituto mereceu, nos seus duzentos anos

  Bastante divulgadas as origens do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – ideais, objetivos, ações tendentes. De 16 de agosto de 1838 – a proposta, apresentada ao Conselho Deliberativo, firmada pelos secretários da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional – a 21 de outubro, a instalação, medeiam o exame e a aprovação (19 de agosto) da criação da entidade que nos congrega, completando 162 anos. A compor o quadro fundador, 27 membros (hoje expandidos para mais de 240), integrados o cônego Januário da Cunha Barbosa e o marechal Raimundo José da Cunha Matos, idealizadores e proponentes, uma plêiade de homens que vinham dando ou muito ainda emprestariam ao Brasil, de sua capacidade, de sua inteligência, de seu bem doar. Aureliano um deles, na altura, na força de seus 38 anos, nascido no ano-fim do século XVIII. Sobre ser um dos 27, entre políticos, militares, professores, funcionários do governo, negociantes, titulares ou que o viriam a ser, um religioso e outras categorias profissionais, foi o 1º e 2º vice-presidente do Instituto. Se, na 11ª sessão, de 4 de maio de 1839, o secretário perpétuo, cônego Januário, propôs o pedido de um subsídio ao Legislativo, coube ao vice-presidente, Aureliano, assumindo o exercício, pela morte do marechal Cunha Matos, primeiro titular do cargo, ler requerimento formulando a solicitação (14ª sessão, 7 de junho do mesmo ano). Ainda em exercício, Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho ofereceu, em nome da entidade, na Sessão Solene do 2º aniversário, ao imperador e suas irmãs, d. Januária e d. Francisca, exemplares da medalha da fundação do Instituto, cunhadas por Zeferino Ferrez, em ouro e prata. Viria a tornar-se o dístico, o logotipo da instituição, para suas publicações, o colar acadêmico, sua marca, onde se impregna sua presença. Por sempre tão visualizada, tem-se perdido, acreditamos, para muitos o significado que está bem acorde com a imagem simbólica do Instituto. Na descrição de Januário da Cunha Barbosa – tirâmo-lo da Resenha histórica do sesquicentenário, organizada pelo então 1º secretário, Vicente Tapajós -, “um Gênio gravando com buril na rocha do Pão de Açúcar |a cidade presente| o dia da fundação do Instituto”, encimado pela legenda Auspice Petro Secundo, auspícios nunca negados, mesmo nos mais de cento e dez anos de República, fechada por esta outra, síntese do seu trabalho: Pacifica Scientiae Occupatio. O reverso, ainda em latim, ensina a fundação do Instituto Histórico e Geográfico, no dia 21 de outubro […] Read More

ONU E OS CONFLITOS INTERNACIONAIS; PRESENÇA BRASILEIRA EM FORÇAS DE MANUTENÇÃO DE PAZ (A)

A ONU E OS CONFLITOS INTERNACIONAIS; PRESENÇA BRASILEIRA EM FORÇAS DE MANUTENÇÃO DE PAZ Ivo de Albuquerque, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 39 – Patrono Walter João Bretz, falecido   OBJETIVOS: – Ressaltar a importância da atuação da ONU no Cenário Mundial; – Preservar a memória e a presença brasileira em missões internacionais de paz; – Resgatar a importância do fato histórico representado pela contribuição militar brasileira à conquista do Prêmio Nobel da Paz em 1988 pelas forças de manutenção da paz nas Nações Unidas. INTRODUÇÃO A HISTÓRIA, já dizia Cícero, é a senhora dos tempos, a vida da memória. “Para ser de utilidade ao homem ela necessita ter sempre por escopo a Verdade e a Justiça e, nesse sentido, deve assentar-se em duas condicionantes básicas: o seu registro e a sua veracidade. Sem verdade, ela se desvirtua, e sem registro, ela se perde, além de ser também passível de deformação.” Nesta homenagem que rendemos à ONU em seu 55º aniversário de criação, rememoramos os esforços desenvolvidos através de décadas, visando a construção de uma ordem jurídica internacional. Consideramos oportuno também associar a essa comemoração, um tributo de reconhecimento à presença e à conduta de patrícios nossos, militares em sua quase totalidade, em ações pacificadoras levadas a efeito em diferentes regiões do planeta, sob a égide das Nações Unidas. Tal reconhecimento decorre do propósito que nos anima a todos os patriotas que somos, no sentido de difundir e ressaltar fatos e feitos que nos engrandecem como pessoas, como cidadãos, como povo e como Nação. I – O SISTEMA ONU A necessidade de existência de um organismo internacional que promovesse a harmonia entre os povos vinha sendo sentida desde fins do século passado, a partir de quando ocorreu uma série continuada de movimentos em prol da criação de uma sociedade capaz de prevenir a guerra. A Carta das Nações, assinada em 26 de junho de 1945, na conferência de paz de São Francisco, Califórnia, e cuja entrada em vigor se deu a 24 de outubro daquele mesmo ano, data que passou a ser celebrada mundialmente como o DIA DAS NAÇÕES UNIDAS, simbolizou o esforço das 51 nações sócio-fundadoras da ONU – dentre as quais o Brasil – no sentido de serem alcançados os grandes objetivos fixados para a novel entidade, a saber: – a manutenção da paz mundial; – o desenvolvimento de relações amistosas e de colaboração entre as nações; […] Read More

CALÇADA DE PEDRA (A)

A CALÇADA DE PEDRA Carlos Oliveira Fróes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes, falecido Introdução O artigo “A Calçada de Pedra da Serra da Estrela”, publicado na edição de 1989 da Revista do Instituto Histórico de Petrópolis foi o resultado de um primoroso trabalho de pesquisa elaborado pelo competente Luiz de Oliveira. É em memória desse saudoso confrade do I. H. P. que decidimos apreciar a “Calçada de Pedra” em forma mais abrangente, estendida ao cenário do desabrochar do maravilhoso Século XIX. Também, aproveitamos a oportunidade para antecipar algo que pudesse chamar atenção para a Efeméride “O Início da Construção da Calçada de Pedra”, cujo segundo centenário será celebrado no ano de 2002. Foi esta predestinada via que, após o fim do Ciclo do Ouro e dos Diamantes, garantiu que a principal rota para o “hinterland” brasileiro ficasse mantida através do “Território Pré-Colonial Petropolitano”. Portanto, entendemos que o conhecimento pleno, em todos os seus aspectos, é assunto da maior importância para a História Petropolitana. Novas perspectivas para o Caminho Geral de Minas Gerais No limiar do Século XIX, a Metrópole passava a ver com outros olhos a sua tricentenária Colônia do Brasil, há um quartel alçada à condição de Vice-Reinado. Não havia mais esperanças de um outro miraculoso ciclo mineral. Em contrapartida, durante o século que terminara, havia se desenvolvido na grande região dos exauridos campos auríferos e diamantíferos das Alterosas o maior mercado de produção e consumo do Brasil. E a agropecuária, até então predominantemente de subsistência, despontava como opção para pretensões mais amplas, o que aliás condizia com a nova Política Econômica que o Conselho Ultramarino português reajustara em relação ao Brasil. E os nossos competentes planejadores lusitanos sabiam que, para a manutenção da Capitania de Minas Gerais como Pólo Econômico, deveria ser incrementado o setor de produção, condição “sine-qua-non” para que o mercado de consumo não declinasse. Nesse quadro, as exportações e as importações assumiram papel capital. Diferindo dos tempos dos Ciclos do Ouro e dos Diamantes, o valor específico das cargas transportadas diminuíra vertiginosamente. Conseqüentemente, o volume das mesmas crescia geometricamente. As antigas tropas de muares não mais seriam a unânime opção e a necessidade de substituí-las por carros de tração animal era óbvia. As vias de transporte não mais poderiam cingir-se aos caminhos — apenas aptos para viandantes e tropas — e suas substituições ou reconstruções em forma de estradas eram imperiosas e prementes. O açúcar ocupava o primeiro lugar na pauta de exportações […] Read More