FERIADOS MUNICIPAIS – BREVE HISTÓRICO Paulo Machado da Costa e Silva, ex-Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 2 – Patrono Alcindo de Azevedo Sodré, falecido 1. A Deliberação nº 132, de 29.11.49, conseqüência da Lei Federal n º 605, de 05.01.49, estabelecia como feriados religiosos em Petrópolis: 06 de janeiro – Santos Reis Magos; 29 de junho – São Pedro Apóstolo; 15 de agosto – Assunção da Virgem Maria; 1º de novembro – Todos os Santos; 08 de dezembro – Imaculada Conceição e ainda as festas móveis de Ascenção do Senhor e Corpus Christi. 2. A Deliberação nº 139/49 não considerava feriados municipais, mas dias de simples comemorações ou dias festivos: 16 de março (Fundação de Petrópolis) e 19 de outubro (São Pedro de Alcântara, padroeiro da Cidade). No entanto, as repartições da Prefeitura Municipal e as Escolas municipais não deviam funcionar. A Deliberação nº 1141, de 15.06.59 considerou data festiva no Município o dia 17 de junho de 1959, quando se comemorou o 1º centenário da instalação da 1º Câmara Municipal de Petrópolis. Também a Deliberação nº 2.447, de 11.05.66, fixou a data de 08 de maio como dia festivo, em comemoração à criação do Distrito de Pedro do Rio em 08.05.1892. 3. No entanto, em 27 de dezembro de 1966, o Decreto-lei federal nº 86 alterou o art. 11 da lei nº 605, de 05.01.49, dando-lhe a seguinte redação: “Art. 11 – São feriados civis os declarados em Lei federal. São feriados religiosos os dias de guarda, declarados em lei municipal, de acordo com a tradição local e em número não superior a quatro, neste incluída a Sexta-feira da Paixão “. Em conseqüência e nos termos desse Decreto-lei nº 86/66, a Deliberação nº 2562, de 24 de maio de 1967 considerou feriados religiosos municipais os seguintes dias: Corpo de Deus (Corpus Christi), que sempre cai em quinta-feira ; Sexta-feira da Paixão e 19 de outubro (São Pedro de Alcântara – Padroeiro do Município e da Catedral). Essa Deliberação nº 2562/67 considerava o dia 16 de março apenas como data festiva a ser comemorada pela Municipalidade, não o tendo na lista dos feriados municipais. 4. Logo em 26 de outubro de 1967, pela Deliberação nº 2611, foi instituído feriado municipal o dia 08 de dezembro – Imaculada Conceição, completando-se a quota de quatro dias feriados. Em 30 de outubro de 1970, a Deliberação nº 2937 revogou em parte a […] Read More
PRINCESA E O FREI (A)
A PRINCESA E O FREI Otto de Alencar Sá Pereira 09 de Abril de 1937; 13 de Maio de 1888. Duas datas quase esquecidas pelos brasileiros e petropolitanos em particular. A primeira marca a morte de Frei Luiz, a segunda a Lei Aurea. Por que estão esquecidas? Por que, também, Frei Luiz e a Princesa Isabel estão sendo relegados a um segundo plano? Ambos viveram grande parte de suas vidas em Petrópolis. O “santo” e a “redentora”! Américo Mendes de Oliveira Castro, talvez o único escritor que ousou contar a vida de Frei Luiz (Editora Vozes – 1942), em um pequeno e precioso opúsculo, narra-nos a morte e enterro de Frei Luiz, no capítulo XIX: “Levantou-se sobre Petrópolis, no dia 09 de Abril de 1937, uma linda manhã de começo de inverno”. Depois de nos colocar no cenário petropolitano daquele triste dia ( alegre para os anjos e santos do Céu), ele nos assusta: “Frei Luiz morreu! Eis o que se ouvia em todos os cantos da cidade, em todos os lugares, quando duas ou mais pessoas se abordavam. A desoladora notícia voava dos tugúrios aos palácios e destes às moradias mais modestas. Naquela manhã não se cogitou de outra coisa em Petrópolis….: mais adiante, ele acrescenta: “Como que obedecendo a uma senha silenciosa, de todos os recantos da cidade a multidão, qual formigueiro imenso diligente e tenaz, moveu-se em direção à Igreja do Sagrado Coração de Jesus”. Era uma verdadeira romaria silenciosa e respeitosa, uma massa de pessoas que estampavam no rosto a orfandade. Todos o queriam ver, em seu ataúde, pela última vez, queriam tocá-lo à busca de uma graça ou de um milagre. Por que? Por que tudo isso? Responde-nos o salmista: “Porque sei que ensinaste a Verdade.” Poder-se-á acrescentar: “praticaste a caridade, imitaste o Divino Mestre, foste grande devoto da Virgem Imaculada.” Frei Luiz, ainda sem a palidez marmórea, repousava em frente ao Altar-Mór, com seu hábito de São Francisco, as mãos cruzadas tendo o crucifixo e o terço entre os dedos. As flores cobriam o chão da igreja. Os frades pediam que não se as colocassem na eça, para não esconderem o corpo do “santo” defunto. Houve Missa de Corpo Presente e o enterro era à tarde. Impossível entrar na igreja. Eis que surge a Família Imperial. Diz-nos Oliveira Castro: “A Família Imperial, sempre e em toda parte tratada com respeitoso acatamento e filial reverência, […] Read More
PONTE PRETA (A)
A PONTE PRETA Jany e Carlos Limongi A ponte de ferro construída em 1909 sobre o Rio Preto na zona urbana da então sede do 5º distrito de Petrópolis, São José do Rio Preto, foi um capítulo à parte da história da estrada de ferro estendida até aquela localidade. O ramal Petrópolis – São José que pretendia ir até encontrar um prolongamento da estrada de ferro Teresópolis com destino ao Peão e, provavelmente, visando alcançar Sumidouro e Cantagalo, na verdade, só foi concluído até São José onde se desenvolvia a cultura do café. Toda a produção das fazendas situadas à margem direita do Rio Preto ficava sujeita a ser transportada, para embarque nos vagões da linha férrea, usando a ponte de Águas Claras, a mais próxima da sede da Freguesia. Este uso obrigatório da travessia do café deu à Águas Claras uma grande projeção na época, mas seria bem mais econômico se o escoamento da produção pudesse ser realizado através da estação terminal de São José, dentro da sede do então 5º distrito. Assim, inicialmente, a estrada que fazia a ligação de São José com o primitivo caminho para as Minas Gerais, passando por Bemposta e Areal, vinda de Cebolas e descia pelo Córrego Sujo, daí margeando sempre o Rio Preto pelo lado direito, até Águas Claras, onde atravessava o rio Preto e fazia a ligação com a estrada que vinha de Teresópolis no Morro Grande. Águas Claras já era, há muito tempo, uma encruzilhada movimentada. Daquele ponto, os viajantes provenientes de Teresópolis poderiam seguir caminho para Aparecida e Cantagalo ou seguir, no sentido inverso, para Bemposta e Parayba do Sul, grande era o movimento naquela travessia. Mais tarde, com o uso da estrada – de -ferro, principalmente, se fazia a conexão com Petrópolis e Três Rios. Com a cultura do café, esta passagem tornou-se a mais usada para o embarque da produção cafeeira das fazendas situadas à margem direita do Rio Preto, pois a linha férrea foi construída vinda de Areal sempre pela margem esquerda. Por várias razões, fazia falta uma ponte dentro do perímetro urbano do distrito que pudesse ligar a parte alta com a parte baixa, usando a estação terminal de São José do Rio Preto, onde se avolumava o comércio e o movimento de pedestre. A travessia era feita por uma ponte de madeira já em estado precário, apresentando perigo para os transeuntes. Quando fazendeiros e […] Read More
OITO PRAÇAS DESAPARECIDAS (AS)
AS OITO PRAÇAS DESAPARECIDAS Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Tem sido sempre uma indagação de muitos quais eram as praças previstas por Koeler e o lugar em que se situavam elas. Esta é mais uma das riquezas do planejamento de Petrópolis, que atendia, sobretudo, às exigências de uma vida humana em condições excelentes. O abandono, voluntário ou por incúria, de algumas das características do plano fez com que se perdessem elementos importantes para a convivência social, como a existência de praças públicas, espaços essenciais à reunião e à saúde física e mental do membros da comunidade e ao equilíbrio ecológico da ocupação do território da cidade. Apresenta-se a seguir um breve estudo comparativo entre a planta de Koeler e a de Otto Reimarus, visando a mostrar a localização, em termos atuais, das praças públicas da pioneira urbanização. O material cotejado foi colhido da Planta de Petrópolis, Mandada levantar pelo Presidente da Província do Rio de Janeiro O Excell.mo Snr. Conselheiro Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, para se juntar ao seu relatório, 1846, assinada por Koeler, reprodução depositada na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, sob a referência ARC 14-4-32, e da Planta da Imperial Colonia de Petrópolis, reduzida para guia dos visitantes, por Otto Reimarus, em 1854, reprodução depositada na mesma Biblioteca sob a referência ARC 3-1-10. A planta de Koeler não menciona o número de qualquer prazo, mas contém o nome das praças nas suas situações. A de Reimarus, ao contrário, que em suas legendas com números arábicos só dá o nome de quatro praças, tem inscrita a numeração dos prazos, mas não inclui a designação das demais praças, apenas as representando por símbolo em sua posição. Daí a necessidade de se casar o que cada uma tem para se atingir o conhecimento da localização das praças com referências atuais. Facilita a tarefa o fato de que o curso dos rios consta das duas. Há cinco praças de ambas as plantas que ainda existem, posto que em proporções diferentes por vezes. São elas: 1) Praça de S. Pedro de Alcântara, na área da atual Praça Princesa Isabel e da Catedral; 2) Praça D. Afonso, hoje Praça de Liberdade; 3) Praça da Confluência; 4) Praça do Imperador (representada nas duas plantas mas só nomeada na de Koeler), área das atuais praças D. Pedro II e dos Expedicionários; 5) Praça […] Read More
QUESTÃO DE LIMITES ENTRE OS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E MINAS GERAIS – II (A)
Durante os anos oitenta do século passado, o assunto dos limites entre as províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, praticamente desapareceu dos relatórios e dos noticiários. Na fala do Presidente fluminense Antonio da Rocha Fernandes Leão, em 8 de agosto de 1886, ficou consignado o seguinte: “Não tendo na lei do orçamento os meios precisos para levar a efeito aquele trabalho, declarei ao Presidente de Minas em ofício de 11 de junho que oportunamente solicitaria da Assembléia Legislativa Provincial a decretação da verba necessária para a referida verificação, caso não fosse da competência do governo geral manda-la executar”. Conforme se viu até aqui, essa tormentosa e arrastada questão de limites viveu de 1843 até o fim do Império num completo jogo de empurra, dos presidentes das províncias para as respectivas assembléias, que jamais votavam as verbas indispensáveis à demarcação e ao levantamento das plantas; e dos governos provinciais para o central, que por sua vez ouvia o Conselho de Estado, que custava a dar pareceres ou o fazia de forma insuficiente. Mas há um aspecto em tudo isso que não pode ser descurado: o caráter unitário do Império brasileiro, que em grande parte jungia as províncias aos desígnios do governo geral, foi também um dos grandes responsáveis pela não solução em tempo hábil do problema lindeiro no norte fluminense. Afinal, dentro do conceito, do espírito da Constituição de 1824 e da legislação dela decorrente, pouca diferença fazia se esta ou aquela porção do território de uma província estivesse sendo disputado por uma outra. Afinal tudo era Império do Brasil, que jamais deu espaço a qualquer vislumbre de federação. Esse fato não passou desapercebido ao engenheiro Cypriano J. de Carvalho que, em memória apresentada ao Secretário de Obras Públicas e Indústrias do governo Maurício de Abreu, em 1º de agosto de 1897, registrou; “A discriminação das divisas do Estado do Rio de Janeiro, tem constituído, desde muito, uma aspiração dos seus mais ilustres administradores e bem poderia ser hoje uma realidade se maiores houvessem sido em outros tempos, o prestígio e a autonomia provinciais”. Foi com o advento da República e especialmente depois da Constituição Federal de fevereiro de 1891 e da Carta Estadual de abril de 1892, que o tema começou a ser estudado com maior seriedade. Coube ao Presidente José Thomaz da Porciuncula, durante o seu profícuo triênio ( 1892/1894 ), ao criar a Comissão […] Read More
ISOLAMENTO POLÍTICO DE ALBERTO TORRES (O)
O ISOLAMENTO POLÍTICO DE ALBERTO TORRES Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Felisbelo Freyre, esse talento exuberante que Sergipe deu ao Brasil, na sua “História da Revolta de 6 de setembro de 1893”, 1º vol., Rio, 1896, dizia com incontestável propriedade que, desde que o Brasil se tornara independente, a autoridade e a lei, sempre viveram sob a pressão do espírito revolucionário. E para exemplificar, citou alguns casos bem expressivos. Pedro I abdicou, porque as forças de terra, revoltadas no largo do Rocio o levaram a esse gesto extremo; Pedro II abandonou o país por imposição do Governo provisório surgido do golpe de Estado que implantou a República; Deodoro renunciou à presidência do país, em face do movimento revolucionário de 23 de novembro de 1891. Enfatizava o sergipano em 1896, como se adivinhasse o que ainda viria pela frente na história política do Brasil: “E nesse atrito em que elas têm vivido, nesse litígio entre a ditadura e o regime legal, as forças armadas se têm constituído como o fator mais direto, ainda que levadas a isso pela alucinação dos poderes públicos, umas vezes e outras, pela prepotência sobre as liberdades do cidadão e os interesses do país. O fato histórico, porem, é este – por elas têm havido as profundas soluções de continuidade no regime legal. Nunca que nos conste, o elemento civil foi o iniciador e executor destas soluções. Quando muito nelas tem colaborado como agente indireto.” Completando o pensamento de Felisbelo Freyre e adaptando-o à realidade brasileira pós 1964, disse Afonso Arinos no seu “Diário de Bolso”, Rio, Nova Fronteira, 1979: “No Brasil a dinâmica dos governos militares eliminou a consciência de legitimidade em nível nacional, isto é, incorporou a classe política civil a essa perda de consciência. A política passou a ser um exercício de astúcia ou de força, destinado exclusivamente à conquista ou à preservação dos postos onde se exercita o poder (Executivo) ou se desfruta de sua aparência (Legislativo e Judiciário)”. No Estado do Rio de Janeiro, não foi diferente. O Governador Francisco Portela, por ter-se solidarizado com Deodoro no golpe de 3 de novembro de 1891, resignou o cargo sem qualquer resistência no princípio de dezembro daquele ano; quando em fins de 1896, faziam-se as eleições para preenchimento de uma vaga no Senado, o Governo Federal interveio manu militari no […] Read More
PERFIL DE JOAQUIM NABUCO DIANTE DE SUA PERSONALIDADE DE HOMEM BRASILEIRO E SEU TEMPO
PERFIL DE JOAQUIM NABUCO DIANTE DE SUA PERSONALIDADE DE HOMEM BRASILEIRO E SEU TEMPO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Há muitos anos li um impressionante trabalho literário ao tempo em que vivo documento de uma época de nossa História do Brasil. Era um alentado estudo biográfico acerca do estadista Nabuco de Araújo, sob o pomposo título “Um Estadista do Império, Nabuco de Araújo – Sua vida, suas opiniões, sua época – por seu filho Joaquim Nabuco”. O filho, Joaquim Nabuco, que produzira tão alentado trabalho, era uma personalidade das mais respeitadas no decorrer da agitadíssima fase interregna Império – República. Sem dúvida, um dos lummares da cultura brasileira, Joaquim Nabuco tomara o encargo de escrever uma biografia do conselheiro Nabuco, seu pai, exemplo de vida, de homem público, de cidadão brasileiro da mais alta estirpe de amor ao país. Tal como o pai assim o era, o filho, Joaquim Nabuco. A extensa e completa biografia política do pai era, em verdade, o início da expressiva biografia do filho. Ou melhor dizendo, da autobiografia do filho haja visto que a projeção moral, intelectual, pública, familiar, era simbioticamente perfeita; entrelaçavam-se as personalidades, indivisíveis, em seqüência admirável de uma geração para a outra. Umbelicavam-se as vidas com a perfeição maior do sentimento de amor filial, profissional e respeitoso cumprimento da perfeita missão pública por ambos abraçada e levada quase à perfeição. Quase à perfeição porque, seres humanos, cada qual, sem exceção, por pensamentos e obras, têm descaminhos de trajetória, tragando o indivíduo nos abismos da curiosidade da vida por suas opções naturalmente sociais. Os Nabuco de Araújo não fugiram à regra e, tal como os titulares de funções públicas de nossos dias – e de todos os tempos – sofreram a crítica nos impropérios oposicionistas ou, até, na negridão dos cortinados palacianos, que sempre escondem as tramas obscuras embuçadas pelos sorrisos da hipocrisia estampada nas luminárias da falsidade. Não fora a criatura humana o personagem mais inconstante do reino biológico, soprado na materialidade de um astro celeste dotado de vida, pelo destino divino. Joaquim Nabuco escrevendo sobre o pai, falou do país; biografando o progenitor ilustre, fez história; condensando em letras de forma a vida de um ser humano de raras virtudes, contribuiu para o esclarecimento da fase imperial de nosso desenvolvimento como nação. Tomou de paradigma uma figura de exponencial e rara […] Read More
RUI BARBOSA NA VISÃO DE MARTIN GARCIA MEROU
Com o advento da República, o Brasil acercou-se enormemente das nações hispano-americanas, tendo havido mesmo uma espécie de febre americanista entre nós. Mais do que da Europa, recebemos de nossos vizinhos representantes diplomáticos com enorme bagagem cultural e intensa produção intelectual. Poder-se-ia mesmo dizer, que muitos desses homens, acabavam eventualmente servindo a seus países no exterior, menos pela capacidade de fazer diplomacia, que pelos seus méritos de escritores ou cientistas, maxime no campo das ciências humanas. O argentino Martin Garcia Merou, pode ser considerado um exemplo bem ilustrativo. Nomeado em março de 1894, para servir no Brasil como Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário de seu governo, apresentou credenciais no Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1894, já depois de extinta a Revolta da Armada e quase no apagar das luzes do turbulento e sanguinário governo do Marechal Floriano Peixoto. Radicou-se Garcia Merou em Petrópolis, como era comum naquela época e, por quase dois anos conviveu entre nós, ilustrando com sua presença o corpo diplomático aqui sediado. Nos seus momentos de lazer, ao invés de viver a vida um tanto frívola e mundana das rodas da diplomacia, preferiu dedicar-se ao estudo da literatura brasileira, para depois divulgar na imprensa de seu país o resultado de suas investigações, levando ao conhecimento de seus patrícios, figuras de primeira linha completamente ignoradas na área platense e de resto em toda a América de fala espanhola. Na verdade, também nós aqui vivíamos a ignorar os autores hispano-americanas, como se estivéssemos em pólos completamente distintos. Os artigos de Martin Garcia Merou foram publicados em Buenos Ayres, em 1897, numa revista chamada La Biblioteca. Depois, foram reunidos em livro, no ano de 1900, sob o título “El Brasil Intelectual”. É aí que vamos encontrar, entre outros, o longo estudo que fez da personalidade e da obra de Rui Barbosa. O diplomata argentino conheceu Rui Barbosa, quando este voltava do exílio na Inglaterra durante a ditadura de Floriano. Pela mão de Tobias Monteiro, foi levado à bela chácara da rua São Clemente, numa tarde de primavera de 1895. E aí teve uma longa entrevista com o intelectual baiano. Confirmando as judiciosas observações de Humberto de Campos exaradas no seu livro de Crítica, lª série, Garcia Merou, viu em Rui Barbosa, muito mais o literato, o homem de frases candentes, de períodos lapidares, de orações escorreitas, de discursos sonoros e ornamentados, que o ativista político, o […] Read More
DUQUE DE SANTA CRUZ – CONTRIBUIÇÃO À SUA BIOGRAFIA (O)
DUQUE DE SANTA CRUZ – CONTRIBUIÇÃO À SUA BIOGRAFIA (O) Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança (Dom), Associado Correspondente Sendo Augusto de Leuchtenberg o irmão mais velho da Imperatriz Dona Amélia desejo emitir uma apresentação, quanto à sua origem. Pouco se sabe no entanto sobre a sua existência a não ser a viagem ao Brasil, seu casamento com Dona Maria da Glória e o seu prematuro fim, deixado sempre envolvido num ar de mistério. Limitadas são também as fontes bibliográficas sobre a sua vida. Os Arquivos Bernadotte e Leuchtenberg me forneceram alguns dados, que aqui desejo apresentar, esperando animar algum dos nossos historiadores a escrever uma definitiva biografia do primeiro Duque Brasileiro. A família Beauharnais Leuchtenberg surgiu na história européia depois do Congresso de Viena. Eugênio, o filho adotivo de Napoleão, superou a debacle napoleônica graças à acolhida do sogro, Maximiliano I da Baviera, que o estimava como um filho e que o investiu do antigo Ducado de Leuchtenberg, cuja família se havia extinguido. Grandes também eram os meios financeiros do novo Duque de Leuchtenberg, que adquiriu posteriormente do Governo da Baviera, o Principado de Eichstätt, que lhe proporcionou um assento na Câmara dos Príncipes Alemães. Mandou construir em seguida um dos mais importantes palácios de Munique, instalou no mesmo uma verdadeira Corte, que irritou profundamente o então Príncipe Herdeiro, o futuro Rei Luís I. A Duquesa Augusta, com suas ligações de família e a sua ambição, fez o resto. Apesar de ter tido um casamento feliz com Eugênio, foi um conúbio forçado pelo pai, que recebeu em troca, por parte de Napoleão, a sua elevação de Príncipe Reinante a de Rei da Baviera. Ficou todavia o complexo, casada que foi com um nobre napoleônico, em quanto a irmã Charlotte contraiu núpcias antes com o Rei Württemberg e depois com Francisco I da Áustria. O irmão Luís, o futuro Rei Luís I em particular, como já mencionei, não via de bons olhos esta intrusão dos Leuchtenberg em Munique sob a proteção do seu real pai. A tensão entre os Leuchtenberg e Luís I nunca se acalmou. Augusta por isso também procurou, em revide, arranjar os melhores casamentos para seus numerosos filhos. Começa em unir a filha Josefina ao futuro Rei Oskar I da Suécia, em 1823. Em 1826 Eugênia ao Príncipe Herdeiro de Hohenzollern-Hechingen. Cada enlace era um acontecimento que Luís tinha de engolir e aos quais se limitava em […] Read More
A CÉSAR O QUE É DO POVO
A CÉSAR O QUE É DO POVO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Nunca uma homenagem foi mais justa, mais sincera, mais necessária e petropolitana do que a lembrança do Maestro César Guerra Peixe para um logradouro público. Ele nasceu em Petrópolis, de tradicional e querida família; em nosso chão estudou e foi educado e instruído, com iniciação musical com o pai e mestres da Escola de Música Santa Cecília. Ganhou notoriedade no País e recebeu homenagens da Família Musical Mundial, como Mestre do mesmo nível de outros brasileiros (Villa-Lobos, por exemplo). Dedicou-se à composição, à regência, ao magistério e foi divulgador da cultura brasileira através de sua obra magnífica. Para atestar sua brasilidade, seu talento, seu amor ao País, compôs o mais executado dobrado brasileiro, presente no repertório militar de todo o País, a marcha “Fibra de Herói”, que Nosso Batalhão D. Pedro II executa prioritariamente em todas as suas formaturas festivas. Pois muito bem: a homenagem ao Maestro foi feita com a inauguração de uma praça e um monumento, de bela e sugestiva composição, em cerimônia com a presença das mais altas autoridades municipais, que conferiram autenticidade ao ato, sob apresentação de música coral e a presença da Escola de Música Santa Cecília, onde Guerra Peixe descobriu e iniciou sua prodigiosa vocação. O local escolhido foi a Rua Aureliano Coutinho, nas proximidades da Escola que o menino freqüentou e onde viveu seus melhores anos de criança. Se a homenagem foi justíssima, o local foi adequado e, sob a vertente do asfixiamento do Centro Histórico , abriu-se um logradouro para o complexo comercial da Rua Teresa, transformando a Praça Maestro César Guerra Peixe, em pulmão aberto à respiração dos turistas compradores, dos petropolitanos que passeiam pela Teresa e para todos os comerciantes do grande “shopping” a céu aberto. Assim, em meio à variedade compactada de estabelecimentos comerciais, uma praça veio colorir e alegrar ao tempo em que constituir-se em área receptiva para lazer, descanso e bálsamo para olhos e mentes. Sem discutir a legalidade ou não do que se pretende ali fazer, o importante é que a Rua Teresa conquistou um espaço para meditação e reflexão que não pode perder. É bom recordar que para a Petrópolis planejada pelo Major Júlio Koeler foram separados terrenos para construção de praças em todos os quarteirões, diante da magnífica visão urbanística […] Read More