Thalita de Oliveira Casadei

REMEXENDO DOCUMENTOS DE 1843-1893

  Cinqüenta anos após o Decreto de 16 de março de 1843 damos destaque a alguns moradores da cidade de Petrópolis e seus arredores. O Império terminara em 1889 e a República estava em seus primeiros anos. Como viviam seus habitantes, que faziam, que pediam à Câmara Municipal em requerimentos depositados no arquivo, tão bem organizado, da Câmara da Cidade? Logo em janeiro de 93 encontramos Albano Pereira com um circo de madeira provisório, nos terrenos do Dr. Figueira de Mello, do lado oposto à Estação da Estrada de Ferro, é uma Companhia eqüestre. A 22 de janeiro, um Domingo, abriram o salão do Palácio de Cristal com matinée organizada por um clube do qual eram assinantes as principais famílias que costumam passar a estação calmosa nesta cidade. Assina a comunicação feita à Câmara, Anacleto Ferreira. Sr. Henrique Julio Lustre era Diretor e proprietário do Polytheama Petropolitano, construído no morro da Igreja Nova. Comunicação feita à Câmara Municipal por dois senhores, Fernando Luiz dos Santos Werneck Jr. e Horácio Magalhães Gomes, que pretendem por à luz da publicidade, a começar de 1º de abril, o Correio de Petrópolis e que são os únicos proprietários redatores e responsáveis pela sua publicação. Pedem facilitar ao repórter da mesma folha, todas as informações relativas ao serviço da Câmara, para assim poderem proporcionar à população desta cidade, tudo que lhe possa ser de interesse. O maestro Paulo Carneiro obteve dos proprietários do Cassino Petropolitano promessa de organizar ali matinées – música em benefício da Escola de Música Santa Cecília que funciona gratuitamente em uma sala do Liceu de Artes e Ofícios; pede que a Câmara concorde com seu pedido e que não deixe de concorrer para a divulgação do ensino de música em todas as classes da população. A Associação Religiosa e Caritativa do Asilo de Santa Isabel tem um colégio destinado ao progresso social e franqueou suas portas àqueles que ambicionam instruir-se, recebendo gratuitamente órfãs internas e externas que ocupam grande parte dos cômodos do Asilo Irmã Fagalde. O Cônego A. Amador Bueno, da Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo pede cortar 5 árvores frondosas defronte do prédio e podar as 4 restantes pela sombra e umidade que trazem às salas quase que inabitáveis e diz que a ausência dessas árvores não prejudica a sombra da rua, porquanto do lado oposto, à margem do rio, há muitas árvores frondosas. O Senhor Conrado […] Read More

KOELER NO BRASIL – RESUMO

  A chegada do jovem alemão de Mainz ao Brasil. Júlio Frederico Koeler no Corpo de Engenheiros. Sua presença na Província do Rio de Janeiro, especialmente na Vila Real da Praia Grande, onde começou a sua vida familiar. Sua naturalização como brasileiro. O trabalho na Serra do Mar para onde foi designado. A Estrada Normal da Estrela. O rio Paraíba do Sul e sua ponte. Atuação em outros locais do Vale. 1.1 – Ao embarcar para o Brasil se demitiu “livremente do cidadão Grão ducal” e disse que viria “viver e morrer aqui”, e foi o que aconteceu. No Brasil cumpriu uma brilhante trajetória, morrendo de um acidente, em 1847. (1) (1) Koeler chegou ao Brasil em 1828 a bordo da Galera de Bremen denominada “Harmonie”, que segundo o “Jornal do Commércio” de 3 de julho de 1828, gastou 62 dias na viagem, trazendo 225 alemães, dois oficiais subalternos e quatro famílias com 24 pessoas, destacando como passageiros, o Tte. Cel. Jorge Antônio Schaeffer, sendo a mesma notícia dada pelo “Diário do Rio de Janeiro”, da mesma data. 2.1 – Em 9 de julho de 1828 requereu sua admissão no Imperial Corpo de Engenheiros, no posto de Tenente e em 21 de novembro do mesmo ano, o Imperador concedeu-lhe a Carta Patente solicitada. 3.1 – Na então Vila Real da Praia Grande, casou-se com D. Maria do Carmo Delamare e foram pais do menino Rodrigo Delamare Koeler. 4.1 – Em 1831, ano em que seu filho nascera, foi ele naturalizado cidadão brasileiro por Decreto de 31 de outubro daquele ano. 5.1 – A 28 de abril de 1841 é nomeado pelo Visconde de Baependi, então Vice-Presidente da Província do Rio de Janeiro, para chefiar a 2ª Seção de Obras Públicas da mesma Província. Desde 1837 já vinha ali trabalhando incumbido dos trabalhos da estrada que então se construía, ligando o porto da Estrela a Paraíba do Sul, caminho que passava pelo Córrego Seco. (2) (2) O Córrego Seco foi a terra comprada por D. Pedro I em 1830, posteriormente colonizada por D. Pedro II com o auxílio de Koeler e de Paulo Barbosa. Aí surgiu Petrópolis, a Colônia alemã e depois cidade em 1857. 6.1 – Muito trabalhou na serra em diversas comissões, e não só na abertura da referida estrada. Morou com sua família na baixada quente e no clima ameno da serra. Muito lutou para vencer o relevo […] Read More

REGISTROS SOBRE KOELER (2)

  A PASSAGEM DO RIO PARAÍBA DO SUL O rio caudaloso na época das chuvas, e mais seco e portanto mais estreito, na época da estiagem, ora dificultava, ora permitia a passagem dos viajantes e tropeiros que do porto da Estrela buscavam a Paraíba, ou de Minas que demandavam aquele movimentado porto. No começo, essa travessia era feita por meio de barcas movidas a remo por exímios remadores e também por meio de pranchas. As dificuldades apresentadas com remadores livres e um cativo, acrescidas com as canoas, como a grande que precisava de reparos, e também as duas outras que necessitavam de consertos. Por isso precisava-se de madeira o que se arrasta até 1837 e sente-se dificuldade de se consegui-la “na vizinhança da Paraíba”. O ilustre historiador José Antonio Soares de Sousa, assim nos falou em trabalho publicado na Revista do IHGB:1 “a passagem fazia-se então por uma velha barca ou uma grande balsa que comportava 15 mulas carregadas”, e isso baseado em Gardner e nos Relatórios de Koeler. Essa passagem era muito freqüentada por tropas com animais carregados e, como exemplo, destacamos o mês de fevereiro de 1838 que apresentou um movimento de 3.509 animais carregados para o porto da Estrela e, para a Província de Minas, 3.272 muares. No Relatório de Koeler, de 1835 e dirigido ao Presidente da Província, há uma referência à estrada da Estrela que é a “mais freqüentada da Província de maneira que nela só transitam mais viandantes que nas outras todas do centro reunidas”. Ainda utilizando o Relatório de Koeler do ano de 1838, vemos um interessante episódio: “aconteceu que carregando o Patrão a canoa grande com os efeitos do tropeiro Cordeiro, este exigiu que a enchesse com as cargas de 3 lotes de animais. O Patrão fez-lhe observações a que o tropeiro não atendeu e o resultado foi submergir-se a canoa no meio da correnteza e perderem-se as cargas e quase a canoa, que arrebatada pelas águas, desapareceu em um momento. Aí o administrador da obra da ponte prometeu 10$000 de gratificação a 2 particulares se salvassem a canoa e a gente embarcada na barca submergida. Marcelino Idálicio Cordeiro e Prodêncio J. de Camargo, não só salvaram primeiramente 7 pessoas que tinham caído no rio e, depois, com risco de suas vidas, foram buscar a canoa encalhada nas cachoeiras e conseguiram salvá-la e maior parte das cargas”. Datado da Vila da Paraíba […] Read More

LEITURA COMPLEMENTAR: ESCRAVATURA

LEITURA COMPLEMENTAR: ESCRAVATURA Thalita de Oliveira Casadei, associada correspondente, falecida – (Extraído da Memória sobre a Fundação e Costeio de uma fazenda na Província do Rio de Janeiro, pelo Barão do Paty do Alferes e anotada pelo Dr. Luiz Peixoto de Lacerda Werneck). É este o cancro roedor do Império do Brasil, e que só o tempo poderá curar. A abundância de braços cativos, e o imenso terreno por cultivar, esquivam o trabalhador assalariado do cultivo de nossos campos. Vê-se por experiência própria que um colono, a quem vamos a bordo de um barco pagar a passagem, mal se sujeita a indenizar seu amo, retirando-se ou evadindo-se, muitas vezes sem ter cumprido seu contrato; mas por quê? Por achar ele quem muitas vezes gratuitamente lhe oferte um pedaço de terra para trabalhar por sua conta, ou o inquiete com esperança de maior ganho, mediante menos afanoso trabalho. Nestes Termos, vê-se a necessidade de continuar-se com esse cancro, cujo preço atual não está em harmonia com a renda que dele se pode tirar; ainda de mais acresce a imensa mortalidade a que estão sujeitos os escravos, a qual, devorando fortunas colossais, traz a infalível ruína de honrados e laboriosos lavradores que, tendo-se empenhando em constituir tanta fortuna se vêem carregados de dívidas, e não chegando seus bens para satisfazer a quem, vendeu-lhes os escravos, muitas vezes sabendo que vão carregados de enfermidades incuráveis. Faz pena ver o atraso da maior parte dos nossos agricultores carregados de um fardo que pesa mais que suas forças, sendo pouco o que fazem para os credores, e por fim aí vai tudo à praça, não chegando mesmo para desempenhar seus compromissos! E por quê? Porque lhes morreram os escravos e eles se vêem de braços cruzados lamentando a sua sorte. Outra vez digo, não está em harmonia o preço do escravo com o produto que dele se tira. À vista deste triste quadro, infelizmente verdadeiro, não compreis escravos fiados, marcai-os quando tiverdes o dinheiro; porque, se vos morrem, estão pagos, e a perda é menos sensível. O escravo deve ter domingo e dia santo, ouvir missa se a houver na fazenda, saber a doutrina cristã, confessar-se anualmente: isto é um freio que os sujeita muito, principalmente se o confessor sabe cumprir o seu dever, e os exorta para terem moralidade, bons costumes, amor ao trabalho e obediência cega a seus senhores e a quem os […] Read More

REGISTROS SOBRE KOELER (1)

REGISTROS SOBRE KOELER (1) Thalita de Oliveira Casadei, Sócia Correspondente, falecida – No Relatório de 1837, Koeler diz que “segundo as ordens de V. Exa. acha-se aberta a arrematação do conserto do edifício do Registro da Paraíba para só concluir assim que chegue à Vila para aonde parto amanhã ou depois”. O Registro velho serve de escola de primeiras letras, de cadeia, de quartel da guarnição da barca, etc. Em 1837, o Governo por solicitação da Câmara Municipal da Paraíba pediu seu conserto por ser próprio Nacional. Conseguiu fazer os consertos. Retalhou-se a casa, rebocou-se e assoalhou-se o quarto do patrão da barca, etc. Assoalhou-se de novo as casinhas e comprou-se taboas de angelim a João Gomes Ribeiro Avelar. Datado do Registro do Paraibuna a 24 de novembro de 1839, o Escrivão do Registro e Administrador interino, João Nepomuceno Simon Borges, dirige-se ao Presidente da Província do Rio de Janeiro, Paulino José Soares de Sousa, em resposta ao ofício que recebera pedindo que “desse cômodo aos empregados do Registro de Minas”. A resposta foi assim redigida: “contendo esse edifício cinco moradas e um mirante, foram duas moradas dadas pelo governo à Câmara da Vila da Paraíba para se estabelecer um colégio, cujas chaves foram entregues pelo Administrador deste Registro ao Presidente daquela Câmara conforme a Portaria do Exmo. Ministro da Fazenda e Presidente do Tribunal do Tesouro Público de 30 de setembro de 1837 e o ofício de V. Exa. de 13 de setembro do dito ano, foram igualmente entregues duas moradas, e um mirante para cômodos dos empregados da barreira de Minas, pelo Capitão Julio Frederico Koeler autorizado por este Governo, e que foi comunicado ao Ilmo. Administrador deste Registro, em ofício de 26 de julho de 1938 fazendo aquele os competentes e entregando o cômodo que se podia dispensar, ficando por esta divisão sem cômodo o Escrivão deste Registro pois só ficou o cômodo do Administrador, único que existe, tanto que eu não ser aqui morador e servir-me de minha morada, não tenho cômodo.” “Tenho mostrado a V. Exa. que não há meios de acomodar mais algum, salvo se for determinado que os empregados desta Província fiquem na rua para se dar toda a casa aos daquela Província.” Bernardo Jacinto da Veiga, Presidente da Província de Minas, enviou um ofício datado de Ouro Preto, ao Presidente da Província do Rio de Janeiro em data de 11 de dezembro […] Read More