O FUNDADOR E O PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS Paulo Machado Costa e Silva, associado titular, cadeira nº. 2, patrono Alcindo de Azevedo Sodré A Instituição que tenho a honra de presidir, está intimamente ligada à vida e às atividades de Alcindo Sodré no período que vai de 1937 a 1952. Ela aparece como prolongamento natural e consequência espontânea de seu pensamento e do seu agir. Na época, ele era o Secretário da Comissão do Centenário de Petrópolis, criada pelo Ato n.º 704, de 28 de junho de 1937, pelo Prefeito engenheiro Iêdo Fiúza. A origem de tal medida administrativa foi uma Indicação, aprovada pela Câmara Municipal, em 28 de novembro do ano anterior, apresentada e defendida pelo então Vereador Dr. Alcindo de Azevedo Sodré. Essa Comissão do Centenário de Petrópolis, nos anos de 1938 a 1942, coexistiu com o Instituto Histórico de Petrópolis, a que, logicamente, dera sequência. Em verdade, o Instituto, fruto dos trabalhos dessa Comissão, era o mesmo tempo, penhor e certeza da continuidade do esforço daqueles poucos que visavam objetivos maiores e a mais longo prazo. Hoje, aí estão esses trinta e dois anos de existência do Instituto Histórico de Petrópolis, muito bem vividos no cumprimento de suas obrigações estatutárias e numa série de realizações positivas que, certamente, não traíram a fé e a esperança de seus fundadores. Ainda que sucintamente, vejamos como teria surgido a ideia, ou antes, a convicção de que fundar-se um instituto de estudos históricos, em Petrópolis, era uma necessidade inadiável e uma condição sine qua non para não se perder a continuidade das pesquisas e dos trabalhos iniciados a tanto custo. Para esse estudo, voltemos às fontes, pesquisemos nos documentos. Da leitura atenta do Livro de Atas da Comissão do Centenário ressalta logo, com toda a clareza, que o Dr. Alcindo não era apenas simples anotador dos trabalhos dessa Comissão, criada por sua iniciativa e empenho. Ele era muito mais. Era o principal interessado em que a Comissão funcionasse de fato e realizasse todos os objetivos para os quais fora criada. Executando, ao menos, o que determinava o Ato n.º 704, ela devia: a) – “propôr ao Govêrno Municipal as medidas que julgasse oportunas e necessárias para o brilho das homenagens projetadas” e b) – “coligir os dados e documentos que facilitassem a elaboração da história da cidade”. Aqui, neste segundo objetivo se encontra a verdadeira causa eficiente do aparecimento […] Read More
TRINTA E CINCO ANOS DE SILÊNCIO
TRINTA E CINCO ANOS DE SILÊNCIO Maria de Fátima Moraes Argon, associada titular, cadeira n.º 28, patrono Lourenço Luiz Lacombe O aniversário do Centro de Cultura Raul de Leoni, fundado em 30 de janeiro de 1977, foi amplamente divulgado pela imprensa e ganhou merecida comemoração com a exposição “35 anos de Cultura”. O citado centro de cultura, o maior do interior do Estado do Rio de Janeiro, abriga a Biblioteca que é a terceira maior do Estado, contando com cerca de 140 mil títulos, e o Arquivo Histórico, o primeiro arquivo municipal do Estado é criado pelo Decreto n.º 198, de 7 de janeiro de 1977 pelo então Prefeito Paulo Rattes. O Arquivo é dividido em dois setores: Arquivo Histórico e Arquivo Central, sendo o primeiro subordinado à Fundação de Cultura e Turismo e o segundo, à Secretaria de Administração. O Arquivo Histórico que também completou 35 anos, lamentavelmente, não foi lembrado, o que talvez seja um reflexo do fato de nunca ter conseguido ocupar o seu espaço na administração pública. O Arquivo Histórico perdeu a autonomia administrativa e está ligado à Biblioteca Municipal, onde ocupa duas salas sem as condições exigidas para sua adequada instalação e, principalmente, encontra-se inviabilizado para receber novos lotes documentais transferidos do Arquivo Central. O armazenamento e o acondicionamento da documentação são insatisfatórios. Não há recursos materiais. Há um isolamento administrativo e a inexistência de integração entre os arquivos corrente, intermediário e permanente. Conta o Arquivo Histórico com apenas uma funcionária que, incansavelmente, luta, há quase trinta anos, para manter o seu funcionamento, para atender aos cidadãos e pesquisadores que têm o direito de acesso à documentação garantido pela Constituição. A aposentadoria da servidora está próxima, situação que agravará ainda mais esse quadro tão desanimador e desastroso. A perspectiva de mudança não é nada satisfatória, já que a Lei n.º 6.769, de 20 de julho de 2010, publicada no Diário Oficial do Município de Petrópolis, que dispõe sobre a reorganização administrativa dos cargos e das funções da Fundação de Cultura e Turismo e dá outras providências, prevê para a Seção do Arquivo Histórico: 1 chefe de seção; 1 arquivista e 2 auxiliares de biblioteca (por que não auxiliares de arquivo?). Os profissionais de História e de Conservação não foram contemplados e o número é muito reduzido para o volume documental (aproximadamente 700 mil documentos). O Arquivo Histórico abriga cerca de 700 mil documentos do período […] Read More
PETRÓPOLIS COMEMORA CEM ANOS DO SEU HOSPITAL
PETRÓPOLIS COMEMORA CEM ANOS DO SEU HOSPITAL Gustavo Ernesto Bauer, Patrono da cadeira n.º 21 Início da solenidade com o hasteamento da Bandeira Nacional pelo Coronel Milton Masselli Duarte (TP 14/03/1976 – Acervo Histórico de Gabriel Kopke Fróes) O Prefeito Paulo Rattes inaugurou placa do centenário na porta do hospital, vendo-se o Príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança (TP 13/03/1976 – Acervo Histórico de Gabriel Kopke Fróes) Depois do precioso relato histórico escrito por José Kopke Fróes, sobre o secular Hospital Santa Teresa, qualquer tentativa para acrescentar mais algum detalhe, não ultrapassará o notável documento em que a história do Hospital Santa Teresa foi tão bem apresentada pelo ilustre historiador José Kopke Fróes . No entanto tentaremos, como petropolitano, prestar nossa modesta homenagem, colaborando para a importante data que será comemorada pela Cidade Imperial no dia 12 de março de 1976. Quando, repentinamente, em um lugar sem recursos chegam centenas de seres humanos, tentando melhorar suas condições de sobrevivência, é claro, os primeiros dias, semanas, até mesmo anos transformam-se em épocas de sofrimento, talvez piores do que aqueles, vividos anos seguidos, em sua terra natal. Aparecem, então sinais de arrependimento entre imigrantes por terem deixado seus lares, onde durante séculos foram mantidas velhas tradições, embora muitas vezes interrompidas por épocas difíceis; consequências dramáticas de guerras e más colheitas, em que a fome, as enfermidades e a miséria complentavam o cenário da região de onde, em 1845, vieram os colonos fundadores da Cidade nascida do meio de primitivas florestas e de ciclópicas formações geológicas. Imaginar o cenário com centenas de pessoas procurando vencer as dificuldades dos primeiros tempos da Colonização não é difícil, como concluir que a falta de conforto, iria trazer consequências trágicas entre aqueles colonos, vitimando na maior parte das vezes as crianças. Não havia nos primeiros tempos recursos materiais para combater doenças, mas havia a vontade e a energia de Júlio Koeler em transformar aquele ambiente coberto de florestas, em uma cidade, para isso, a preservação da saúde e da vida dos colonos era uma condição inadiável; assim no relatório de agosto de 1845 Koeler informa sobre casos de enfermidade entre os colonos, comunicando ainda ter contratado o Dr. Guilherme Boedecker, a dois mil réis por dia – dois mil réis por dia! Boedecker foi hospedado na casa do Diretor, iniciando suas visitas às humildes choupanas cobertas de palha, como eram as primeiras habitações dos colonos. Já, […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [QUINTINO BOCAIÚVA]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Quintino Bocaiúva foi o tema da palestra que entretive no Instituto Histórico de Petrópolis, na noite de 11 de junho do corrente, no ensejo do transcurso do primeiro centenário do falecimento do último Presidente do Estado do Rio de Janeiro a governar desde Petrópolis. Contei na altura com a grata presença de uma neta do homenageado, a Sra. Ana Maria Bocaiúva de Miranda Jordão, que enriqueceu a palestra com uma série de dados oportunos e interessantes. Lá estava também o veterano associado do I.H.P. Arthur Leonardo Sá Earp, com a sua fleugma habitual, ele que é bisneto de Hermogênio Pereira da Silva e de Arthur de Sá Earp, dois desafetos declarados de Quintino Bocaiúva e que lhe fizeram dura oposição durante seu triênio à frente dos destinos do Estado (1901/1903). E uma vez mais ficou claro e evidente que o tempo é um santo remédio para aplacar as paixões, para permitir a reflexão isenta e serena dos fatos, para colocar as coisas nos seus devidos termos, permitindo que a História refulja na sua inteireza e veracidade. E ali estavam dois descendentes de polos completamente opostos, de forças que se repeliam no passado, em perfeita harmonia, irmanados numa justa celebração de uma das figuras mais proeminentes da vida pública brasileira, tentando melhorar o seu perfil e recuperar a sua imagem na moldura petropolitana. Não esteve na minha cogitação falar da vida civil do homenageado, nascido no Rio de Janeiro em 4 de dezembro de 1836, batizado na Igreja da Lampadosa e falecido na mesma cidade aos 11 de julho de 1912; também não esteve na minha alça de mira o macro Quintino Bocaiúva, pois a sua atuação a nível nacional já está suficientemente bem documentada nos dois grossos volumes que o Senado Federal vem de publicar. O que me levou à tribuna foi o Quintino no âmbito fluminense e mais especificamente em Petrópolis, como jornalista, nos anos cinquenta dos oitocentos, depois como Presidente do Estado no início do século XX. Quintino Bocaiúva chegou a Petrópolis aos 21 anos de idade e aqui empregou-se no jornal “O Parahyba” de Augusto Emilio Zaluar, periódico infelizmente, de vida efêmera, já que circulou de 1857 a 1859. Talento inato para o jornalismo tornou-se redator da folha e nela publicou diversas matérias com seu nome por baixo. Tinham […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [VAN ERVEN]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima De Utrecht a Samambaia, passando por Cantagalo, eis a trilha que pontua a saga dos VAN ERVEN na terra fluminense. Foi em 1824 que chegou ao então imenso Município de Cantagalo o engenheiro João Batista van Erven. Trazia a mulher, Maria Cecilia Carolina Auwen, e, dois filhos nascidos em Utrecht, Jacob e João. Jacob dedicou-se à administração das enormes fazendas do Barão de Nova Friburgo, um dos principais cafeicultores da Província do Rio de Janeiro e empresário de sucesso no setor das estradas de ferro. João, que nascera em 1803 e que chegara a Cantagalo com 21 anos, depois de passar duas décadas na companhia dos pais, viera ter a Petrópolis, onde se metera em empreendimentos agrícolas, que infelizmente lhe proporcionaram escasso retorno. Como Jean Baptiste Binot, João van Erven era um defensor da natureza petropolitana e um estudioso das potencialidades da lavoura, tanto no Município de Petrópolis quanto no todo fluminense. Segundo informações fidedignas, João van Erven publicou em 1864 nas páginas do “Mercantil” uma série de artigos sob o título “A lavoura em nosso País”. Antonio Machado, escrevendo sobre as velhas fazendas de Petrópolis no vol. IV dos “Trabalhos da Comissão do Centenário”, informava, que João van Erven, por volta de 1872, dedicava-se na Engenhoca à criação de gado e à lavoura. A Engenhoca era parte integrante do Retiro de São Tomaz e São Luiz, cujo proprietário e senhorio direto era o então Major José Candido Monteiro de Barros, que de fato, conforme depoimentos de alguns de seus descendentes, arrendara aquelas terras ao batavo, que se tornara brasileiríssimo e petropolitano. Entretanto João van Erven não prosperou na Engenhoca, apesar de seus ingentes sacrifícios para produzir em terras pobres e pouco vocacionadas para as atividades agro-pastoris. Devolveu a herdade ao arrendante e a convite deste foi abrigar-se na Fazenda da Olaria, residência oficial do Major Monteiro de Barros, a pequena distância da Engenhoca, onde mais tarde erguer-se-ia o Castelo de São Manoel. E na Olaria, João van Erven, na idade e 72 anos, faleceu a 8 de abril de 1875. Foi sepultado no Cemitério Municipal. A 10 de abril de 1875, um periódico que não pude identificar por falta de elementos, de onde a família van Erven extraiu o recorte, anotava: “Durante a enfermidade que o roubou aos seus numerosos amigos, […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [BARÃO DE PEDRO AFONSO]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima O Barão de Pedro Afonso foi luminosa estrela que encantou o Brasil da segunda metade do século XIX às primeiras décadas dos novecentos. Chamou-se Pedro Afonso Franco e foi o único Barão de Pedro Afonso, título que lhe fora outorgado por Decreto de 31 de agosto de 1889. Nasceu em Paraíba do Sul aos 21 de fevereiro de 1845 e faleceu no Rio de Janeiro em 5 de novembro de 1920. Formou-se em Medicina na velha Faculdade do Rio de Janeiro e foi especializar-se na Universidade de Paris. Clínico de nomeada na Corte não se ateve ao seu consultório, somente. Tornou-se professor e sanitarista. Fundou e dirigiu o Instituto Vacínico Municipal do Rio, embrião do Instituto Oswaldo Cruz. Em 1887 dirigiu a Saúde Pública, estabelecendo produtiva parceria com o também médico e sanitarista Visconde de Ibituruna. Na Santa Casa de Misericórdia conseguiu produzir pela primeira vez no Brasil a vacina contra varíola. Numa frase curta e muito ilustrativa, disse Pedro Nava, que o Barão foi “médico de péssimo gênio e ilustre memória”. (in Chão de Ferro – Memórias/3, Rio, 1976) Pedro Afonso Franco foi dos grandes cirurgiões do Rio de Janeiro de seu tempo, quando qualquer intervenção cirúrgica representava alto risco de vida. Obteve sucesso retumbante na carreira, em 1896, ocasião em que extraiu cálculos biliares do Presidente Prudente de Moraes, que se afastara do cargo por longo período, até restabelecer-se de todo já em março de 1897. O Barão também salvou a vida do Ministro do Chile Villamil Blanco, que já vislumbrava o atestado de óbito ante moléstia que parecia incurável. Mas como ninguém consegue colher somente flores na vida profissional, o Barão de Pedro Afonso não fugiria à regra. Ele era médico da confiança do Marechal Hermes da Fonseca. Quando do acidente sofrido por D. Nair de Teffé Hermes da Fonseca nas proximidades da Engenhoca, em Corrêas, durante o carnaval de 1915, o primeiro médico a ser chamado para acudir a acidentada, foi o Dr. Arthur de Sá Earp, que fez o seu diagnóstico e prescreveu o tratamento. No dia seguinte foi chamado à Engenhoca, onde D. Nair encontrava-se em absoluto repouso, o Barão de Pedro Afonso, que depois do exame de praxe, contrariou a avaliação e as prescrições do Dr. Sá Earp. E como era ele o […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [ERNESTO FERREIRA DA PAIXÃO]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima ERNESTO FERREIRA DA PAIXÃO, eis um nome que honra a medicina, a política e as letras petropolitanas. Rebento desta terra, nascido no dia de Natal de 1866, trazia do berço as luzes do saber. Seu pai, José Ferreira da Paixão, era o dono do colégio deste nome, eminente pedagogo, que trouxera o menino Ernesto ao pé de si, até torná-lo apto a prestar preparatórios, que lhe garantiram o ingresso na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se formou em 1890. Não se deixou ofuscar pelo brilho das ofertas profissionais que o prenderiam à Capital Federal. Voltou à sua terra e aqui abriu consultório, aberto a todas as classes sociais. Fez da Medicina um sacerdócio, aliás obrigação comezinha dos que realmente levam a sério o juramento de Hipócrates. Teve Ernesto Paixão vasta clientela e gozou do melhor conceito entre seus pares. Dirigiu o Hospital Santa Teresa com eficiência e espírito humanitário. Abolicionista, fez campanhas memoráveis, angariando fundos para a libertação do elemento servil, antes da abolição total do nefasto instituto da escravidão. Foi no início da República Intendente Municipal nesta urbe, distinguindo-se pelo seu equilíbrio e bom senso. Nunca foi um político rancoroso, desses que perseguem o poder pelo poder. Apenas servia-se dele para prestar os melhores serviços à comunidade petropolitana. Formado dentro dos melhores padrões humanistas, Ernesto Ferreira da Paixão tinha menos de vinte anos quando estampou seus primeiros artigos no “Mercantil”, folha que se editou nestas serras de 1857 a 1892. Quando da morte de Victor Hugo, o jornal em epígrafe ocupou toda a primeira página da edição de 27 de maio de 1885 com matérias alusivas à vida e à obra do grande escritor francês. Ernesto Paixão, nos seus dezenove anos incompletos atendeu ao chamado do periódico, fazendo publicar vibrante artigo sobre o autor de “Os Miseráveis”. Bem ao estilo da época e coerente com os arroubos da juventude, escreveu Paixão: “Victor Hugo, o deus da literatura, despiu o invólucro de mortal e tomou lugar no sólio da imortalidade. Assim o foi; porque a matéria que o circundava era impotente para resistir à força das chispas, que o gênio – aninhado em seu cérebro – irradiava por ela”. Quando o “Mercantil” deixou de circular, cedendo espaço à “Gazeta de Petrópolis”, o grande jornal da Capital do […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [JOSÉ FERREIRA DE SOUZA ARAÚJO]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima JOSÉ FERREIRA DE SOUZA ARAÚJO, mais conhecido como Ferreira de Araújo, foi das maiores expressões do jornalismo brasileiro das últimas três décadas do século XIX. Era respeitado internacionalmente e gozava de imenso prestígio entre seus colegas, nacionais e estrangeiros. Foi durante anos redator chefe da “Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro, jornal de significativa circulação, em que colaboravam os mais eminentes homens de letras do fim da monarquia ao princípio da república. Ferreira de Araújo faleceu na então Capital Federal aos 21 de agosto de 1900. Sobre ele disse a “Gazeta de Petrópolis” em sua edição de 23 do mesmo mês e ano: “Grande espírito, iluminado sempre pelo sol de uma inteligência superior, talento de eleição, alma aberta para todas as ações generosas, abraçando num volver de olhos todos os cometimentos elevados, encarando todas as questões que se agitavam no país com uma clarividência de inspirado, Ferreira de Araújo era a organização jornalística mais perfeita que existia no Brasil”. Era verdadeiramente um espírito eclético, pois escrevia quase simultaneamente sobre política, sobre economia, sobre questões internacionais e também sobre literatura, teatro, lingüística, etc. Fazia humor e arriscava folhetins que faziam a festa de seus leitores assíduos. Mantinha na “Gazeta de Notícias” seções curiosíssimas que se chamavam “Macaquinhos no Sótão”, “O Mosquito”, “As Balas de Festim”, “Jornal do Ausente”. Aparecia freqüentemente sob os pseudônimos de “Lulu Sênior”, “José Telha” e “A”. Ferreira de Araújo, abraçou algumas causas de incontestável relevância, pondo desinteressadamente sua pena flamante a serviço dos mais condoreiros ideais. Foi assim que dedicou-se de corpo e alma à campanha abolicionista, tendo recusado a condecoração que o Ministro João Alfredo lhe ofertara. Ferreira de Araújo colaborou em 1897 na “Revista Brasileira”, de cujo corpo redacional saíram os fundadores da Academia Brasileira de Letras. Fazia o jornalista comentários políticos, focando os grandes temas do governo conturbado de Prudente de Moraes. Nesta urbe viveu alguns anos Ferreira de Araújo e aqui chegou a escrever para a “Gazeta de Petrópolis”, o grande órgão de imprensa da então capital do Estado. Nas “Palestras Literárias” que fez inserir nas edições da “Gazeta de Petrópolis” de 1897 deu provas cabais de seus profundos conhecimentos lingüísticos. Vinte anos depois da morte de José Ferreira de Araújo, começou a tomar forma nestas serras a Associação de Ciências e […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [JOAQUIM DUARTE MURTINHO]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Joaquim Duarte Murtinho, cuiabano de origem e radicado no Rio de Janeiro, das grandes figuras brasileiras na República Velha, ligou seu nome a Petrópolis, especialmente ao Itamarati, onde por muitos anos desfrutou das delícias de sua chácara, nos longos verões belepoqueanos. O Quarteirão Itamarati surgiu em 1885, sendo as primeiras escrituras objetivando os prazos ali criados, de novembro do mesmo ano (apud Guilherme Auler). O major José Inocêncio de Oliveira Matos adquiriu em 28 de maio de 1887 os prazos de terra de ns. 3.303 a 3.307 do referido Quarteirão. Consoante ainda Guilherme Auler, situavam-se tais terrenos perto do marco dos Sete Caminhos, fazendo testada para a estrada geral. Em 19 de fevereiro de 1889 os prazos foram vendidos a Carlos Frederico Travassos que, a 7 de junho de 1898, os transferiu ao Dr. Joaquim Duarte Murtinho. Murtinho morreu em novembro de 1911. Herdou a chácara o Dr. Francisco Murtinho, isto já em 1913. Em 9 de junho de 1924, o imóvel foi transferido ao casal Hermenegildo e Laurinda Santos Lobo, ela sobrinha de Joaquim Murtinho, que passara à história social do Rio de Janeiro como a “Marechala da Elegância”, conforme João do Rio. E é justamente por causa do centenário da morte do Dr. Joaquim Duarte Murtinho e por sua estreita ligação com esta urbe, que resolvi resgatar a história desse cidadão brasileiro, com relevantes serviços prestados à sua pátria. Nasceu ele em Ciuabá, MT, a 7 de dezembro de 1848 e faleceu no Rio de Janeiro a 18 de novembro de 1911. Formou-se em engenharia pela antiga Escola Central, hoje Escola Nacional de Engenharia. Doutorou-se em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, onde foi professor. Foi médico homeopata de nomeada. Na vida pública Joaquim Murtinho foi um grande executivo. Durante o governo de Prudente de Moraes (1894/1898) ocupou a pasta da Indústria, Viação e Obras. Assumindo a Presidência da República Manoel Ferraz de Campos Sales, a 15 de novembro de 1898, foi Murtinho convidado para ser Ministro da Fazenda. Tempos bicudos, economia desorganizada, inflação, enorme dívida interna, descrédito no exterior. Era significativo o desfio e o Dr. Murtinho o aceitou, tendo carta branca para agir com mão de ferro, ainda que grossos interesses fossem contrariados. E ele impondo austeridade ao seu trabalho, meteu mãos à obra. Atacou […] Read More
NOVO TEMPO ACADÊMICO
NOVO TEMPO ACADÊMICO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira A Academia Petropolitana de Letras, no ano de seu 90º aniversário, está de cara nova; elegeu na manhã de 23 de junho nova Diretoria para cumprimento do restante do ano corrente de 2012, ou para completar o biênio 2012-2013; ainda não tenho a informação exata. Assumiram a Presidência e a Vice-Presidência, respectivamente, o acadêmico Paulo Machado da Costa e Silva e acadêmica Christiane Magno Michelin. Está em ótimas mãos a APL, sob o Presidente Paulo Machado da Costa e Silva, acadêmico titular da Cadeira n.º 12, patrono José do Patrocínio, desde sua posse em 13 de maio de 1972, extraordinário professor e político, historiador e sábio administrador. É o acadêmico mais idoso do quadro titular, porém não é o acadêmico decano, como anotado em recente artigo publicado em nossa imprensa. O mais antigo acadêmico, o decano da Casa Literária, sou eu, titular da cadeira n.º 33, patrono Oswaldo Cruz, empossado em 8 de março de 1969, na presidência do extraordinário homem de letras Dr. Mário Fonseca. Desde a minha posse, ocupei em várias diretorias os cargos de: 1º Tesoureiro (1970-1973, 1976-1977, 1982-1983); 1º Secretário (1999-2000); e Presidente (1974-1975, 1984-1985, 1986-1987, 1988-1990, 1991-1992, 1993-1994, 2000-2001, 2002-2003, 2004-2005, 2006-2007, 2008-2009 , 2011-2012 (parte). Foram 24 anos na presidência e mais 10 anos em cargos na Diretoria; mais de um quarto de século sob dedicação à Academia. Não senti os anos passarem no decorrer do meu grande entusiasmo pela condução administrativa de nossa querida Academia Petropolitana de Letras. Agora, entendo que necessito respirar outros ares, enveredar por novos desafios, viver mais despreocupado a minha velhice, comprovada pela série de remédios receitados pela Medicina na tentativa de esticar minha existência terrena. Continuo a peleja em outros sítios. À nova Diretoria Acadêmica, sob meu companheiro de muitas batalhas em favor da Educação e da Cultura de nosso Município, Paulo Machado da Costa e Silva, que respeito, admiro, no que me acompanha toda Petrópolis, desejo sucesso, muita dedicação e amor, tal como, acredito, prodigalizei à APL como administrador e estudioso na salvaguarda de seu patrimônio cultural e de sua magnífica história. Parabéns, meu colega da 1ª turma de bacharéis da Faculdade de Direito, embrião da atual Universidade Católica de Petrópolis, pela coragem de mais um desafio, de tantos que cumpriu com honra e talento em sua prodigiosa vida. […] Read More