O CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA – DATA HISTÓRICA DA CIDADE IMPERIAL José Kopke Fróes Dois acontecimentos de grande importância na vida da pequenina cidade de Petrópolis tiveram lugar no dia 12 de março de 1876: pela manhã, o lançamento da pedra fundamental da nova Igreja Matriz e, à tarde, a inauguração do Hospital de Santa Teresa. Deixamos ao “Mercantil”, único jornal da época, em sua linguagem simples, a descrição dos fatos citados, em seu número de 15 de março seguinte, escrita por Bartolomeu Pereira Sudré, proprietário e editor do periódico: “Notícias diversas – foi ontem o dia natalício de Sua Magestade a virtuosa e estimada Imperatriz do Brasil. Sua Magestade completou 54 anos de idade. Conforme anteriormente noticiamos, realizou-se domingo 12 do corrente, às 8 horas da manhã, no morro de S. Pedro, nesta cidade, com a assistência de S. M. o Imperador e Suas Altezas Imperiais, a colocação da pedra fundamental para a nova igreja matriz, e a sagração do terreno em que se vai construir a mesma igreja, sendo em seguida celebrada a primeira missa em um pavilhão convenientemente preparado para esse fim. Depois de assinado o respectivo auto e depositado em uma caixa de madeira com os jornais da Côrte e da Província do Rio de Janeiro, bem como os exemplares de todas as moedas de ouro, prata e cobre, cunhadas neste Império, S. M. O Imperador fechou a referida caixa, e entregou a chave ao Sr. Presidente de nossa Câmara Municipal, para ser arquivada. As cerimônias religiosas foram celebradas pelo Exmo. Monsenhor Luiz Bruschetti, coadjuvado pelos Revmos. Padres Vigário Germain, Teodoro Esch e João Batista. Assistiram a tão edificante solenidade os Exmos. Srs. Ministros da Fazenda, Justiça e Império, Presidente da Província, a Câmara Municipal desta cidade, a Irmandade do S.S. Sacramento, as autoridades civis e militares, alguns titulares nacionais e estrangeiros, funcionários públicos, grande número de famílias e cavalheiros. Duas bandas de música tocaram durante a solenidade, e uma sociedade de canto alemã acompanhou os atos religiosos. Findas as cerimônias do estilo, o Sr. Comendador Paulino Nunes levantou vivas á Augusta Família Imperial e ao dia 12 de março que acabava de assinalar a existência de mais um alicerce firmado para celebração do culto externo e público de nossa religião. O dia 12 de março não devia prender-se à memória dos petropolitanos só por esse acontecimento; um outro tanto mais magestoso quanto do […] Read More
MEMORIAL – BIBLIOTECA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS
MEMORIAL – BIBLIOTECA MUNICIPAL Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Esclareço, antes de mais nada, que não advogo em causa própria; trato de um tema de interesse público. Histórico Quando em novembro de 1971 radiquei-me em Petrópolis, para aqui fixar residência, encontrei a Biblioteca Municipal ocupando um pardieiro na esquina da Rua da Imperatriz com a Praça Visconde de Mauá, onde a luz havia sido cortada por questão de segurança. Dirigia então a Biblioteca a figura inesquecível de Yeda Lobo Xavier da Silva, que me permitia, apesar da precariedade do ambiente, fazer algumas consultas, usando eu uma lanterna para melhor decifrar o que continham os livros e periódicos. Foi nesse lúgubre e bizarro contexto, indigno de uma cidade como Petrópolis, que iniciei minhas pesquisas sobre a cultura e a história do município, sempre em caráter particular, sem qualquer ajuda, inclusive financeira de quem quer que fosse, principalmente do poder público a que nada devo. Durante a administração Paulo Rates (1973/1977) foi construído num dos lados da Praça Visconde de Mauá o prédio que deveria abrigar o Centro de Cultura, onde acomodar-se-iam a Biblioteca Municipal, propriamente dita, com suas dependências naturais quais fossem a chamada Sala Petrópolis, a Hemeroteca e o Arquivo Histórico, que, diga-se de passagem, tecnicamente deveria ocupar um outro espaço. Já no governo Jamil Sabra o novo edifício começou a tomar forma no concernente à prestação de serviços à cultura petropolitana. Avultavam ali duas figuras fundamentais: Hebe Machado Brasil, que presidia o então Departamento de Cultura e Yeda Lobo Xavier da Silva, que administrava a Biblioteca com extremo amor e zelo, aqui melhorando as condições de pesquisa, ali cuidando da preservação e modernização do acervo, acolá dando total atenção aos consulentes. E ainda lhe sobrava tempo para pesquisar e escrever. Para infelicidade de nós todos faleceu prematura e inesperadamente em setembro de 1991. Mergulhado profundamente em minhas investigações sobre Petrópolis e tomando por base o rico acervo existente na Biblioteca e adjacências, produzi as seguintes obras objetivando especificamente o município a partir de 1978: Petrópolis sua Administração na República Velha – 1.° vol. Petrópolis sua Administração na República Velha – 2.° vol. – 1981 Petrópolis do Embrião ao Aborto – 1.° vol. – 1981 Petrópolis do Embrião ao Aborto – 2.° vol. – 2008 Três Ensaios sobre Petrópolis – 1984 Petrópolis Capital Diplomática – Manuel […] Read More
JÓIAS PETROPOLITANAS
JÓIAS PETROPOLITANAS Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel A Escola de Música Santa Cecília está a completar 118 anos de profícua existência. Sua fundação data de 16 de fevereiro de 1893. E o Teatro Santa Cecília que funciona no prédio da Escola está a completar o seu 56º aniversário. E a festa será naquele local, às 19h do dia 28 de setembro próximo e os ingressos custarão R$.5,00, cuja renda será revertida em prol das obras sociais da Instituição. Nomes como os de Marly Machado – nossa rainha, dos músicos Paulo Gantzel e Ilton Esteves, dentre outros, abrilhantarão o evento. Tanto o teatro baluarte das artes cênicas e a Escola são um patrimônio artístico e cultural em pleno funcionamento. A Escola tem como fim basilar a manutenção do ensino musical e outras manifestações de arte e cultura o que inclui o teatro, nossa jóia rara. Principalmente aqueles militantes nas diversas Instituições culturais, artísticas e benemerentes, têm plena consciência das dificuldades que as permeiam. E neste diapasão dirigimos os aplausos à tão insigne Escola, símbolo de idealismo e elevado senso de servir, pois conta com homens da mais alta envergadura, pela estatura moral, cultural e dedicação ao magistério e ao apostolado. Segue em sua íntegra o mandamento de Cristo no “amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Petrópolis e a música não se cansam de louvar e agradecer ao Maestro Paulo Carneiro, que por seus méritos, recebeu em vida, dentre outros lauréis a “Grande Medalha de Ouro” concedida por S.A.I.R. Imperador Dom Pedro II. Nomes da maior relevância e abnegação ajudaram a constituir e a prosseguir a magnífica obra cultural, artística e social. Ponho em relevo alguns nomes não seguindo uma ordem, nem época, penitenciando-me desde já pela não inclusão de outros tantos merecedores dos encômios e reverências, mas que constituem a senda de mecenas e bravos Anjos Tocheiros que iluminaram e fazem refulgir a magnífica obra cultural e artística. Dentre eles Reinaldo Antônio da Silva Chaves, Walter Eckhardt, Sanctino Carneiro, filho do Maestro Paulo Carneiro, que abriu mãos de todos os bens do pai, notadamente os instrumentos musicais e a própria Escola, a insigne pianista Madalena Tagliaferro (aluna do maestro fundador,) compositor Cesar Guerra Peixe, o maestro, compositor e pesquisador Ernane Aguiar, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, Joaquim Eloy Duarte dos […] Read More
FÁBULA (UMA): DEU NO QUE DEU
UMA FÁBULA: DEU NO QUE DEU Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Após consulta com o cardiologista, o veredito: – Pressão arterial altíssima; o senhor terá que controlar a pressão, o colesterol e o sangue pelo resto da vida. Por enquanto, até mais ver, um controle medicamentoso com três remédios diários: um pela manhã, o outro com o almoço e o terceiro na hora de dormir. Pedi à minha mulher para comprar os três remédios. – Qual a farmácia? – perguntou. – Qualquer uma de sua escolha nas mais de três dezenas espalhadas ao longo da Rua do Imperador e outras tantas em todo o Município – respondi. Ela foi e cumpriu bem a missão. Entregou-me as três caixinhas, recomendando (será que todas as esposas recomendam tanto?): – Leia atentamente as bulas que eu vou controlar as dosagens e os horários. – Ora, você sabe que estou quase nos oitenta anos, enxergo muito menos, não consigo ler as letrinhas miúdas desse verdadeiro testamento – disse. – Está certo e também não adianta ler aquele palavrório todo; não se entende bulufas de pitibiriba ! – complementou. – E a notinha da farmácia? Perguntei. – Na bolsa; pode pegar. – Cai dentro da bolsa em meio a um desorganizado mundaréu de tudo, conseguindo achar a nota fiscal. Não consegui gritar. Gelei, suei, fui invadido por dores suspeitíssimas e desmaiei. Em uma maca do pronto-socorro, acordando, ouvi ao longe uma voz masculina: – Eu recomendei à senhora não mostrar a ele as notinhas das farmácias. Embora os remédios sejam eficazes e salvem os pacientes, os preços matam. Deu no que deu! Moral da História: com a mesma medicação os cientistas salvam e os laboratórios e farmacêuticos matam!
AMO PETRÓPOLIS
AMO PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Os céticos, que em nada acreditam, talvez apenas no pessimismo e que acham que Petrópolis está uma droga e que seu povo é contemplativo e, consequentemente, amorfo, sorverão um tônico vivificante, na entrada da primavera, no dia 21 de setembro, uma quinta-feira, das 15 às 18 horas, no Centro Histórico. Pois é, assim mesmo como está dito, graças à efervescente presidente da AMA (Associação dos Moradores do Centro Histórico), Myriam Born, de larga liderança no meio artístico-cultural, entusiasmada sempre quando em jogo a promoção de nossa bela Cidade. Ela reuniu muitas pessoas, de todos os segmentos, na “Casa de Cláudio de Souza”, solicitando a cada artista um sorvo de criatividade no dia marcado para, junto ao povo em circulação, dizer que nós amamos Petrópolis de forma plena e que o ato lúdico e colorido é nosso cartão de visita petropolitano. Todos falarão a mesma língua, traduzida em apenas 4 mágicas letras: AMOR e demonstrarão à Cidade o quanto ela é preciosa para todos e que a ela devemos nossa nobre existência. Todos poderão participar, tornando-se artistas por instantes, cantando, dançando, representando, pintando óleos e aquarelas, equilibrando malabares e com piruetas em cima de elevadas pernas-de-pau. Música, alegria, cores, talentos, tudo para que a população readquira sua autoestima, mesmo que por segundos de um sorriso, de leve alma, de momento de catarse amorosa. Myriam, como fada encantada, conduzirá a arte global na tarde de 21 de setembro, com a presença de personalidades que são nosso orgulho histórico de ontem e de hoje. Será momento lúdico, bom para a alma e precioso no conteúdo da autoestima, a qual precisa urgentemente ser redescoberta no sentimento de cada um. Impressionante a adesão à idéia, iniciada com meia dúzia de pioneiros e, às vésperas do encontro, reunindo mais de uma centena de artistas de todos os pincéis e gambiarras. Como faz bem, é tão bom, a Cidade ter Myriam Born agitando a cultura. Com ela, estarão pessoas que comungam o espírito salutar de expor-se aos dorminhocos, despertando-os dos maus pesadelos para a realidade feliz e colorida. Amo Petrópolis poderia ser Ama Petrópolis, abrangente chamada que homenageia a quem promove e agita e amplia o abraço a todo e qualquer petropolitano que tiver a felicidade de viver o precioso dia por vir. Venha para a rua, na tarde […] Read More
GRANDE HOTEL – PETRÓPOLIS
GRANDE HOTEL – PETRÓPOLIS Elisabeth Maria da Silva Maller, associada titular, cadeira n.º 31, patrono Napoleão Thouzet O Objetivo deste trabalho é registrar o processo de revitalização do Grande Hotel Petrópolis, narrando a trajetória de vida de dois grandes empreendedores que contribuíram, cada um a seu tempo, para o progresso de nossa cidade. No auge da Belle Époque, o prédio do Grande Hotel trouxe charme e glamour à Petrópolis dos anos 30, com seus salões requintados e instalações modernas em seu estilo eclético, provocou frisson e mudou a paisagem da então Avenida XV de Novembro. O ano de 1930 marcava o início da era Vargas, o país começava um novo ciclo, que mudaria a rotina e a vida dos brasileiros A queda da bolsa de New York mudava o perfil daqueles que buscavam o exterior como destino turístico e as viagens pelo interior do Brasil tornaram-se mais atrativas devido às boas condições das estradas de rodagem. Petrópolis, já famosa desde o tempo do Império por suas belezas naturais e clima agradável, passou a ser freqüentada por um número cada vez maior de visitantes, que buscavam melhores instalações e que, por falta de hospedagem, recorriam aos hospitais, que na época ofereciam bons serviços e os preços eram atrativos. A idéia de construir um hotel, que oferecesse a seus hóspedes acomodações de alta qualidade, agregando lazer, motivou o Coronel Jeronymo Ferreira Alves, homem de posses e visão de empreendedor, a mandar construir no coração da então Avenida XV de Novembro um hotel, que batizou com o nome de “Grande Hotel”. O Coronel Jeronymo Ferreira Alves nasceu em São Martinho do Val, Conselho de Vila Nova de Famalicão, Portugal. Chegou ao Brasil com 14 anos de idade em 28.10.1888, vindo para Corrêas, onde morou e trabalhou como caixeiro do estabelecimento do tio chamado Jeronymo de Oliveira. Mudou-se para Itaipava em 1902, onde se estabeleceu e abriu um armazém próprio, casando-se com D. Margarida Carlos, com quem teve nove filhos: Noêmia, Zaida, Dario, Cármen, Iveta, Narim, Edir, Eda e Jeronymo. D. Margarida Carlos e Jeronymo Ferreira Alves – 1941 (Acervo da família) O Grande Hotel, projetado para proporcionar o que havia de melhor a seus hospedes, teve como responsável pela construção o respeitável Sr. Francisco de Carolis, que não mediu esforços na execução de seu projeto. O Hotel era o único prédio da cidade que possuía um elevador, que atendia a todos os […] Read More
POSSE DE ELISABETH MARIA DA SILVA MALLER
POSSE DE ELISABETH MARIA DA SILVA MALLER Elisabeth Maria da Silva Maller, associada titular, cadeira n.º 31, patrono Napoleão Thouzet Exmo. Sr. Presidente do Instituto Histórico Sr. Luis Carlos Gomes Exmos. Membros do Instituto Histórico de Petrópolis Exmas. Autoridades presentes Senhoras e Senhores Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer aos srs. Luis Carlos Gomes, Presidente do IHP, Paulo Roberto Martins e ao Professor Jeronymo Ferreira Alves Netto pela indicação do meu nome. É para mim uma grande honra . Agradecer à minha família pela compreensão, nas horas em que estive ausente . Agradecer à Igreja Evangélica de Confissão Luterana pela oportunidade de estar à frente de seu arquivo histórico. Ao Pe. Jac pela oportunidade de organizar o arquivo histórico da Catedral de São Pedro de Alcântara e ao Clube 29 de Junho nas pessoas de Dona Emygdia Hoelz Lyrio e Sr. Bartolomeu Escarlate pelo apoio junto ao Museu Casa do Colono Alemão do qual sou coordenadora. Aos meus mestres da Universidade Católica de Petrópolis, da qual sou ex-aluna de duas graduações, Direito e História, que através de seus ensinamentos me possibilitaram chegar até aqui. A partir de hoje ocuparei a cadeira de n.º 31 cujo patrono é o Dr. Constantino Napoleão Thouzet, médico francês, que fixou residência em nossa cidade à Rua Joinville n.º 9, atual Av. Ipiranga, por volta de 1851. Em sua bela chácara cultivava orquídeas e outras plantas raras, e no ano seguinte passou a lecionar seu idioma, História e Geografia no tradicional Instituto Kopke, também conhecido como Colégio Petrópolis, localizado na atual Rua Walter Bretz, na Piabanha. Em 1855, a colônia de Petrópolis foi acometida de uma terrível epidemia de cólera, vitimando 360 pessoas; entre as vítimas fatais estavam o colono Miguel Bauer e sua esposa Catarina, moradores do Quarteirão Castelânea. Dentre as providências tomadas pelo Presidente da Província, o Visconde de Baependi, estavam a criação de uma junta médica cuja finalidade era visitar os doentes em suas residências, bem como os estabelecimentos comerciais e industriais e a criação de uma enfermaria pública localizada na Rua Montecaseros. Juntamente com os drs. José Calazans Rodrigues de Andrade e Luiz Pinheiro Siquera o Dr. Thouzet trabalhou incessantemente no combate aos males do cólera, recusando-se a receber uma gratificação por seus serviços. Como forma de agradecimento, os habitantes de Petrópolis cunharam uma medalha e ofertaram ao Dr. Thouzet, com os dizeres: “Sabedoria e Filantropia. Ao exímio médico […] Read More
IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA – SUA PRESENÇA NOS JORNAIS DE VIENA E A SUA RENÚNCIA À COROA IMPERIAL DA ÁUSTRIA (A)
A IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA – SUA PRESENÇA NOS JORNAIS DE VIENA E A SUA RENÚNCIA À COROA IMPERIAL DA ÁUSTRIA Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança Sobre a nossa primeira Imperatriz amiúde se escreveu, grande parte de sua enorme correspondência foi publicada. Sua atuação política foi analisada. A importância da mesma em nossa Independência e a sua grande envergadura moral foi louvada. Leopoldina, Arquiduquesa d´Áustria, Princesa real de Portugal, do Brasil e de Algarves, Duquesa de Bragança (gravura de Artaria et Comp., Biblioteca Nacional, Viena) A vida familiar, os interesses intelectuais, o amor pelo Brasil, as suas aspirações, alegrias e as suas grandes provações são conhecidas. Mas como era vista pela imprensa a filha do Imperador Francisco II (1) na sua Viena? (1) Francisco II, com o falecimento de seu pai, Leopoldo II, em 1792 Imperador do Sagrado Romano Império Germânico. Com a dissolução do Sagrado Império R.G. em 11 de abril de 1804 assumiu o titulo de Francisco I da Áustria. Nasceu em Florença em 12 de fevereiro de 1768 e faleceu em Viena em 2 de março de 1835. Foi casado 4 vezes:1. com a Princesa Wilhelmine do Württemberg (1767-1790) em 6 de janeiro de 1788; 2. com a Princesa Maria Theresia de Bourbon das Duas Sicílias (1772-1807), em 19 de setembro de 1790; 3. com a Arquiduquesa Maria Ludovica da Áustria-Modena-Este (1787-1816), em 6 de janeiro de 1808; 4. com a Princesa Carolina Augusta da Baviera (1792-1873), em 10 de novembro de 1816. No início era uma das tantas Arquiduquesas, que mais tarde ou mais cedo, deveriam fornecer um objeto para alianças políticas. Leopoldina, todavia foi uma figura, que sobressaiu pelo seu casamento, fora do comum, pela expedição científica que a acompanhou no novo mundo, pela sua atuação política, por ser mãe do Imperador Dom Pedro II e de Dona Maria II e pelo seu prematuro fim. Ainda hoje ela é estudada e admirada no Brasil e na Áustria. Os jornais da época nos fornecem ainda detalhes, pequenos muitas vezes, mas que em parte, não foram considerados pelos historiadores. A imprensa naquele tempo era singela, não realizavam reportagens ou entrevistas, como hoje é uma normalidade. Os acontecimentos, mesmo aqueles da Corte, eram tratados de maneira simples, podemos dizer, quase como nos “Diários Oficiais” dos nossos dias. Apesar disso os diários são, sem duvida, ainda uma fonte preciosa, que nos permite seguir determinadas ocorrências, as quais […] Read More
DISCURSO NO INSTITUTO DE LETRAS E ARTES DE BOM JESUS DE ITABAPOANA – Antônio Izaías da Costa Abreu
DISCURSO NO INSTITUTO DE LETRAS E ARTES DE BOM JESUS DE ITABAPOANA Antônio Izaías da Costa Abreu, associado titular, cadeira nº 3, patrono Antônio Machado Embora prazeroso, no entanto, difícil escrever ou falar para jovens, já que para tanto exige uma definição escorreita e precisa que não motive nas mentes dos ouvintes dubiedade. Daí, a exigência de precisão na exposição temática, condição que a poucos se mostra capaz, principalmente a este orador. Falta-me a necessária capacidade para exposição. Todavia, não poderei deixar de cumprir a referida missão em noite tão festiva e engalanada, com falas tão gentis e carinhosas destes jovens, que despontam para o futuro radiante do amanhã. Quero deixar-lhes a melhor das impressões que neste momento, estão sendo captadas pelos aguçados sentidos desta plêiade de jovens de nossa terra. Este cuidado se impõe, pois, na verdade, a alma infantil são flores frágeis que se mostram viçosas ao receberem o orvalho matinal. Em tais circunstâncias, entendo melhor, seria valer-me do pensamento de Zarminoff contido no frontispício do respeitável trabalho literário de expurgo ao nazismo – EDUCANDO PARA A MORTE, ao proclamar: “as almas infantis são brancas como a neve, são pérolas de leite em urnas virginais, tudo quanto ali se escreve grava, cristaliza e não se apaga mais”. Eu sei, queridos afilhados homenageantes, que tudo que ocorre nesta noite, em clima de contagiante alegria, jamais será olvidado por vocês, ainda que os ventos dos anos em seu galope, procurem varrer. Contudo, certo estou, quando já no ocaso da vida, com as têmporas matizadas pela neve do tempo vocês irão recordar, da doutora NIZIA CAMPOS, presidente deste sodalício, de seus professores, de muitos dos presentes nesse auditório e também deste, que se apresenta como homenageado. Meus queridos afilhados, devo-lhes confessar que muitos outros compromissos prender-me-iam neste fim de semana à capital do estado, mas ao receber o convite para participar desta sessão solene, nesta noite de 26 de agosto corrente, procurei priorizá-lo, pois a minha ausência poderia causar constrangimento aos queridos homenageantes. E isso jamais poderia ocorrer. Embora sem jactância, mas com humildade revelo, da muitas homenagens que me foram conferidas por diversos estados, municípios e entidades e até mesmo do exterior, conforme constam de minha cartilha curricular, devo-lhes confessar ser esta a mais significativa, pois nela refletem a espontaneidade dos infantes, o amor que lhes envolve a alma e, mais ainda, o desprezo a qualquer cobrança ou apoio […] Read More
RESGATES PETROPOLITANOS [MARIA ELVIRA MACEDO SOARES]
RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Maria Elvira Macedo Soares nasceu em Paris aos 2 de novembro de 1911. Está pois a transcorrer o primeiro centenário de seu nascimento. Filha do político e jornalista José Eduardo de Macedo Soares, fundador e diretor-presidente de “O Imparcial” e do “Diário Carioca”, e de Adélia Costallat de Macedo Soares, ligou o seu destino a Petrópolis desde tenra idade. Seus pais adquiriram em 16 de dezembro de 1915 e 9 de fevereiro de 1918 a parte principal da Fazenda Samambaia que incluía a casa grande, vinda de meados do século XVIII e demais benfeitorias. Foram transmitentes Horacio Moreira Guimarães, filho do Barão de Guimarães e sua mulher Ana Maria Rocha Miranda Moreira Guimarães. Maria Elvira, que atendia na intimidade por Marieta, chegou portanto a Samambaia com quatro anos de idade e ali passou gostosos verões durante sua meninice e adolescência. De suas lembranças deu conta em interessante livro de 1977 que intitulou “Samambaia”, obra que tive o prazer de apresentar e anotar e que recebeu boa crítica de Luis da Câmara Cascudo em memoráveis cartas que dei à publicidade em “Camara Cascudo do Potengi ao Piabanha” Petrópolis, 1989. Em “Samambaia” há um capítulo dedicado às visitas regulares que durante o verão fazia à fazenda o Bispo de Niterói D. Agostinho Benassi (1868/1927), onde o prelado era recebido com toda a pompa e circunstância por D. Adélia, senhora conhecida por sua radical religiosidade. Mas aquelas férias de fim de ano na tranquilidade samambaiana sob o olhar compreensivo e simpático de D. Benassi, foram bruscamente interrompidas pela necessidade de mudar-se a família para a Europa por causa de perseguições políticas durante o governo de Artur Bernardes (1922/1926). Marieta foi internada num colégio em Wetren na Bélgica. De volta à pátria, retomou os veraneios em Samambaia, que a separação dos pais em 1929 não conseguiu prejudicar. Na partilha de bens do casal a fazenda tocou à D. Adélia, que no entanto já não pôde contar com as bênçãos regulares de D. Benassi, morto em 1927. Ao iniciarem-se os anos trinta dos novecentos, Marieta mudou-se para São Paulo para viver na companhia da avó paterna. Mulher de imensa coragem pessoal, meteu-se na revolução de 1932 como enfermeira de campanha dos revolucionários paulistas. Participou da resistência em Itapetininga e ali conheceu o primeiro marido, […] Read More