MEIO CIRCULANTE E FINANÇAS PÚBLICAS COM A VINDA DE D. JOÃO PARA O BRASIL

  MEIO CIRCULANTE E FINANÇAS PÚBLICAS COM A VINDA DE D. JOÃO PARA O BRASIL Luiz Carlos Gomes A TRIBUTAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL Cobravam-se, regularmente, na Colônia, dois tributos: – O DÍZIMO, sobre a terra e transações comerciais, com alíquota de 10% (dez por cento). – O QUINTO, sobre metais preciosos e diamantes, com alíquota de 20% (vinte por cento). O Governo também lançava impostos e contribuições extraordinárias, com as mais diversas finalidades e variados valores: quotas para indenizações de guerras, donativos para o casamento de príncipes, imposto para a reconstrução de Lisboa, após o terremoto de 1755 e muitos outros. A cobrança era aplicada de forma aleatória sobre a população ou determinada classe econômica; por exemplo, em 1800, os fazendeiros foram obrigados a manter a esquadra portuguesa que estava ancorada no Porto do Rio de Janeiro. A DERRAMA constituía-se na cobrança forçada que se estendia a toda população de Minas Gerais, quando a arrecadação do QUINTO não atingia ao estipulado pela Coroa, tendo sido um dos motivos da Inconfidência Mineira. AS PRINCIPAIS MEDIDAS ECONÔMICAS, FINANCEIRAS E TRIBUTÁRIAS COM A CHEGADA DA CORTE PORTUGUESA A Colônia, que estava subordinada a um conjunto de leis que restringiam as atividades econômicas, foi contemplada com uma série de medidas que resultaram em extraordinário desenvolvimento. O campo tributário também foi objeto de nova estruturação. Destacaram-se: – Abertura dos Portos – Carta Régia de 28.01.1808. Possibilitou a liberdade de comercio com o exterior. – Permissão para a instalação de indústrias – Alvará de 01.04.1808 – Criação do Arquivo Militar – Decreto de 07.04.1808 – tendo por finalidade o arquivamento de mapas e cartas da costa e do interior do Brasil, visando o estudo para a retificação das fronteiras, planos para a instalação de fortalezas, melhorias e estabelecimento de portos e projetos de novas estradas. – Criação de Imprensa Régia – Decreto de 13.05.1808 – para a publicação não só de textos oficias. Serviu de incremento a atividade intelectual e cultural, com a publicação de livros e jornais. Nosso primeiro jornal, a GAZETA DO RIO DE JANEIRO, foi publicado em 10.09.1808. – Criação da Fábrica de Pólvora – Decreto de 13.05.1808 – fundamental para a defesa do território nacional. – Criação do Real Erário – Alvará de 28.06.1808 – para agilizar a administração tributária, coordenando a arrecadação, distribuição, assentamento e expediente das rendas do Estado. Tinha jurisdição, também, sobre os domínios da África e da Ásia. […] Read More

HOMENAGEM A ERNESTO TORNAGHI

  HOMENAGEM A ERNESTO TORNAGHI Jorge Ferreira Machado, ex-Associado Emérito, falecido Aqui estamos, meus senhores e minhas senhoras, para que eu faça, cumprindo missão que me foi imposta, e para escutardes, o panegírico de Ernesto Tornaghi, que a morte usurpou do convívio desta Academia na manhã de 22 de julho de 1953. Que esta casa não foi feliz ao designar-me para tão espinhosa tarefa, não tenho a menor dúvida. Não poderia recusá-la, todavia, cônscio embora da dificuldade do encargo que a mim cometeu o preclaro presidente deste sodalício, que poderia ter avocado à sua mesma capacidade de intelectual ilustre e, o que representa muito mais, à qualidade de amigo, que sei sempre o fora, muito fraternal, daquele que hoje é motivo desta homenagem, o discurso oficial desta sessão solene, na qual será recordada de um modo especial a personalidade do saudoso confrade, que meu o era duplamente nesta casa e na profissão, que ambos pela vida toda nos dedicamos ao exercício da medicina. Aí, talvez, a razão do gesto do Exmo. Sr. Dr. Mário de Paula Fonseca, a quem agradeço, de início, tão elevada honra, aos meus ouvintes, solicitando, de antemão, as mais amplas indulgências, se vos não falar, como devera, à altura da personalidade do homenageado. O panegírico, diz-nos o Padre Antônio Honorati, teve sua origem nos jogos olímpicos. É uma palavra grega, afirma ele, “que, significando o ajuntamento do povo que concorria para ouvir os louvores do vencedor, passou, por metonímia, a traduzir o discurso com que celebravam estes louvores”. “Dois eram os ofícios de tais discursos: – são ainda palavras do sábio jesuíta – o primeiro, exaltar as proezas do herói; o segundo, excitar o povo à imitação”. Esta é, assim a compreendo, a comissão que me foi nesta oportunidade imposta. Exalto, com prazer, os feitos do herói; que outra coisa não foi o ilustre confrade, em toda a trajetória de sua existência neste mundo, espero que seja a vossa conclusão ao término das minhas palavras. E que muito se tem dele a imitar, haveis de ver; eu o desejo e imploro a Deus tê-lo demonstrado, muito embora me encontre agora na mesma situação em que, pelos fins do século XVII, por volta de 1677 (segundo Solidônio Leite, Clássicos Esquecidos), se achava o Padre Francisco de Santa Maria ao escrever os panegíricos de São Lourenço e do Padre Antônio da Conceição, quando dizia, no mais puro estilo vieirense: […] Read More

ELEVAÇÃO DE PETRÓPOLIS A CIDADE (A)

  A ELEVAÇÃO DE PETRÓPOLIS A CIDADE Ascânio Dá Mesquita Pimentel “Exmo. Sr. Carlos Magalhães Bastos, Prefeito do Município; Exmo. Sr. Embaixador Macedo Soares, membro da Comissão de Codificação do Direito Internacional e Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Sr. Dr. Leão Teixeira Filho, Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis; Sr. Comandante do Batalhão de Caçadores aquartelado nesta cidade; Sr. representante do Sr. Secretário de Estado de Negócios do Interior e Justiça; Sr. Dr. Alcindo Sodré, Secretario Geral da Comissão do Centenário de Petrópolis, Diretor do Museu Histórico e animador principal dos modernos estudos sobre a história deste Município; Minhas Senhoras; Meus Senhores. Como preparação e estímulo do público para as festas que se projetam em comemoração do primeiro centenário da fundação de Petrópolis, a comissão nomeada para esse fim pelo Sr. Prefeito tem promovido conferências explicativas sobre as primeiras datas da história petropolitana. Tratou o Dr. Alcindo Sodré da fundação do povoado; o Dr. Rangel Pestana da colonização alemã; o Dr. Leão Teixeira Filho da atuação urbanística de Koeler. Cabe-me hoje – interrompendo a lista desses nomes ilustres – falar sobre a elevação de Petrópolis à categoria de cidade. Na época em que isso ocorreu Petrópolis contava pouco mais de uma dúzia de anos de existência. Era uma povoação numerosa e progressiva. Pelo seu território, pertencente, como até hoje, à Fazenda Imperial, dependia desta, em todas as operações sobre a propriedade imóvel, visto se haver constituído em regime de enfiteuse. Pela localização em sua periferia dos imigrantes alemães chegados aqui em grandes turmas no ano de 1845, ficara sujeita, no que concernia ao exercício do trabalho e à aquisição da propriedade rural por estes, ao sistema de colônia para esse fim organizado pelo Governo do Império. Enfim pelo estabelecimento e crescimento na parte central ou propriamente urbana da antiga fazenda, de uma população nacional livre, enquadrava-se nos moldes gerais da administração pública então vigorantes e que dividiam o poder, aproximadamente como hoje, entre os três grandes aparelhamentos administrativos justapostos e concêntricos: o imperial, o provincial e o municipal, – este último subdividido, ainda, consoante convinha, em freguesias e curatos, distritos de paz, termos e comarcas. O povoado de Petrópolis que, ao nascer, era um simples curato anexo à Freguesia de São José do Rio Preto, da Vila de Paraíba do Sul, de cujo distrito de paz fazia parte, já em 29 de março de 1844 fora separado deste […] Read More

POSSE DE VERA LÚCIA SALAMONI ABAD

  POSSE DE VERA LÚCIA SALAMONI ABAD Vera Lúcia Salomoni Abad, associada titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Sinto-me muito honrada e feliz de hoje fazer parte do Instituto Histórico de Petrópolis como associada efetiva. Perguntaram-me se viria fazer parte do acervo. . ainda não. Ser aceita no Instituto Histórico, como fui aceita na Academia Brasileira de Poesia, representa para mim, não um prêmio ou um coroamento de carreira, mas uma oportunidade única de aprendizado. A oportunidade de poder crescer em meu trabalho através do convívio com aqueles que, por experiência e sabedoria, detêm os meios próprios para nos desenvolver, e a chance de assim poder oferecer o trabalho que puder produzir para o crescimento desta instituição. Este é meu propósito. É, portanto, como aprendiz que aqui me coloco e neste primeiro momento. Obrigada. E o aprendizado começa logo ao conhecer mais a fundo o trabalho da pessoa que me coube como patrono e sobre quem devo discorrer neste momento. Patronos são escolhidos pelas academias por serem figuras históricas, homens de letras, (mulheres, também!), pessoas que se destacam nos âmbitos relacionados com os propósitos acadêmicos. Intitulam os acadêmicos (pelo menos os da ABL) imortais. Claro, ninguém é imortal. Mas a dita humana imortalidade existe em uma obra, em certos feitos, e mesmo assim, não prescinde do relato passado de geração para geração para que se perpetue e, se tal relato não for por escrito, periga de ser deturpado ou esquecido para sempre. Falo de matéria prima com a qual lido há bastante tempo: a palavra, a palavra escrita – a memória, cerne do conhecimento histórico. O relato da história tem a ver com a memória, informação e preservação. Assim, mesmo sem citar o seu nome, meu patrono já está presente em dois aspectos importantes do conhecimento histórico: relacionar-se com os que detêm os mesmos propósitos e raízes para promoção do próprio crescimento e a memória, fator essencial à preservação da identidade para que o desenvolvimento se faça a partir do conhecimento. Foi através da excelente pesquisa realizada pela professora Priscila Ribeiro Dorella da Universidade Federal de Minas Gerais (1), que travei conhecimento da obra de Silvio Júlio Albuquerque Lima. (1) DORELLA, Priscila. Silvio Júlio de Albuquerque Lima: um precursor dos estudos acadêmicos sobre a América Hispânica no Brasil. Belo Horizonte. UFMG, 2006. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação do Departamento de História […] Read More

JOAQUIM NABUCO E A INTERVENÇÃO ESTRANGEIRA

  JOAQUIM NABUCO E A INTERVENÇÃO ESTRANGEIRA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Em agosto de 1895 Joaquim Nabuco publicou nas páginas do “Jornal do Comércio” do Rio de Janeiro uma série de artigos sobre a intervenção estrangeira durante a Revolta da Armada, artigos esses que foram reunidos num livro sob o título “A Intervenção Estrangeira”. No prefácio datado de 25 de dezembro de 1895 disse Nabuco que a origem dos referidos artigos estava no fato que passara desapercebido a muita gente, qual fosse “a ligação entre o procedimento do Comandante do navio português Mindelo, Augusto de Castilho, dando asilo a revoltosos em perigo” e “a parte que Castilho tivera na intimação ao almirantado” de neutralizar o ataque à cidade do Rio de Janeiro. Joaquim Nabuco não podia compaginar o comportamento da esquadra estrangeira surta na Baía da Guanabara, neutralizando a ação dos revoltosos, impedindo o impiedoso bombardeio da Cidade de Rio de Janeiro, com a reação do governo do Marechal Floriano condenando o procedimento humanitário do Comandante português, protegendo do massacre aqueles que um dia, estando mais fortes, puseram em risco a segurança da Capital Federal. Era uma questão de equidade e de justiça. Acima de tudo um dever de humanidade, de cavaleiro fidalgo, que não tripudia sobre o vencido, depois de ter sido poupado por este, quando tinha os cordéis do poder nas mãos. Augusto de Castilho teve um advogado à altura de seu gesto, o Dr. Alves de Sá, que, em sua defesa, consoante Joaquim Nabuco, “demonstrou que o seu cliente praticara um ato glorioso para a Marinha Portuguesa e que salvara os restos da nossa Armada de um massacre, à moda de 1793, a bordo dos navios.” Disse mais Joaquim Nabuco nesse seu memorável prefácio em que não esconde o desprezo que devotara à figura pequena, mesquinha, medíocre e sanguinária de Floriano Peixoto, o falso consolidador da República: “A ferocidade exibida na mutilação do corpo de Saldanha da Gama um ano depois, autoriza a pensar que ele teria tido a mesma sorte de Lorena, dos irmãos Artur e Álvaro de Carvalho, do Marechal Batovy e dos outros militares feitos prisioneiros no Desterro, se tivesse caído vivo em poder da Ditadura. Para o Conselho de Guerra, que tinha de julgar Castilho, essa nota de humanidade, a mais aguda de todas, dominava qualquer outra.” A chamada […] Read More

DE BANCO DE PETRÓPOLIS A BANCO DO BRASIL

  DE BANCO DE PETRÓPOLIS A BANCO DO BRASIL Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Poucos dos que transitam pela área conhecem a importância do ‘corredor financeiro’ de nossa ‘antiga avenida’ que se organizou pelas primeiras décadas do século XX em Petrópolis e que foi de supremo valor não somente para as empresas petropolitanas que se destacavam, assim como para toda a região fluminense. Nossa operária cidade possuiu uma das mais importantes redes bancárias do interior do Estado, que acompanhava um desenvolvido parque industrial que era premiado em diversas exposições industriais tanto nacionais como internacionais. Assim, a história do garboso edifício de n.º 940/50, onde funciona atualmente o Banco do Brasil, iniciou-se em 1928, como Banco de Petrópolis. O prédio esquinado com a Rua Alencar Lima e Imperador, testada de 35m, portador de estilo arquitetônico eclético, foi construído pela empresa bancária “Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada Banco de Petrópolis”, cujo presidente no período foi Osório de Magalhães Salles, proeminente banqueiro e comerciante fluminense estabelecido em Petrópolis, principal quotista e diretor do magazine “Petrópolis Crédito Móvel”, que possuía sede na Rua Paulo Barbosa e filial na então Avenida XV de Novembro. O projeto do prédio data de 1926, desenvolvido pelo engenheiro civil J. Glasl Veiga, sendo construído por Adriano Rodrigues Pinheiro para o local onde funcionara o tradicional Hotel Bragança de muitas histórias no período da ‘belle époque’ petropolitana, principalmente na transição dos século XIX para o XX, que foi demolido em 1924, abrindo espaço para construção até mesmo de uma rua como a Alencar Lima e a construção de um conjunto de prédios também de estilo eclético como os que eram característicos dos anos 20 em nossa cidade. Devemos registrar que o marco comemorativo da inauguração da ‘Estrada Rio-Petrópolis’, hoje tão pouco lembrado na região das Duas Pontes, também foi de autoria de Glasl Veiga e do professor Leopoldo Campos, segundo informações de Gabriel Fróes. Veiga também foi autor do projeto da Igreja de São Sebastião erguida com tanto zelo pelo lendário Frei Leão, que cuidou dos abandonados trabalhadores da Rodovia que se ‘abrigaram’ desamparados nas regiões do Quitandinha e do São Sebastião com suas famílias. O Banco de Petrópolis, construtor do prédio em tema do nosso ensaio, foi a primeira casa bancária fundada no município petropolitano e que teve suas atividades encerradas em 1931 e seu patrimônio imobiliário levado […] Read More

REPENSANDO EUCLIDES DA CUNHA

  REPENSANDO EUCLIDES DA CUNHA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima No transcurso do primeiro centenário da morte de Euclides da Cunha (1866/1909), a perspectiva temporal já permite considerações que vão muito além do comezinho, tantas vezes repetido por preguiçosos e pelos que trabalham à base de tesoura e cola. Desaparecido aos 43 anos de idade, ele parecia ser o autor de uma obra só “Os Sertões”, que veio a lume numa pequena edição em 1902. Euclides e “Os Sertões” se amalgamaram de tal forma, que formaram um corpo único, aparentemente indivisível, como se não houvesse mais nenhum Euclides da Cunha além de sua obra maior, pelo volume e pelo conteúdo, sem dúvida das maiores produzidas no Brasil dos novecentos. Daquela parte aos dias que correm (em 2012 celebrar-se-ão 110 anos da primeira edição de “Os Sertões”) tornou-se comum e corrente confundir-se esta obra com a Guerra de Canudos, como se ela tivesse como escopo tratar desse instigante tema. A vinculação sempre foi inevitável, embora o episódio canudeano tenha servido como pano de fundo para tamanho cometimento literário e científico. Num artigo intitulado “Imagens de ‘Os Sertões’” publicado na edição de 11 de agosto de 2002 do jornal “Voz de Nazaré”, Bahia, disse o articulista José Augusto Afonso: “Muito mais do que um relato de Canudos e da figura de Antonio Conselheiro, a obra é uma interpretação explicativa de cunho sociológico de um Brasil diferente, o da caatinga, dos nordestinos miseráveis e excluídos”. Mais adiante: “Na verdade Euclides e “Os Sertões” procuraram traduzir uma explicação para um Brasil real que nada tinha a ver com a cultura européia ou os hábitos afrancesados da elite que vivia no eixo Rio – São Paulo”. Tem-se, por conseguinte, que haveria muito mais Canudos além de “Os Sertões” como muito mais sertão além de Canudos. No primeiro caso porque as causas apontadas para o conflito no sertão baiano eram equivocadas e serviam apenas para açular os jacobinos ante as teóricas pretensões sebastianistas. Demais, porque o Brasil não soube ou não quis colher as lições canudeanas, tentando abolir ou ao menos diminuir o profundo abismo que separava o país pé duro do país vitrine, onde uma tênue camada de verniz francês disfarçava a grossaria atávica dos pretensiosos litorâneos. No segundo caso porque o sertão nordestino tem infinitas facetas e relevante complexidade, no qual […] Read More

SEGUNDA OCUPAÇÃO (A): O VERANISMO

  A SEGUNDA OCUPAÇÃO : O VERANISMO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira No decorrer dos meses de março e abril de 1997, participei de um ciclo de palestras organizado pelo presidente da Academia Petropolitana de Letras, Dr. Hélio Werneck de Carvalho, com trabalhos apresentados pelos acadêmicos Laert Rodrigues Goulart, Jorge Ferreira Machado, Paulo Machado da Costa e Silva e este palestrante, todos da Academia Petropolitana de Letras, Dalila Cordeiro Machado, escritora, Mestre em Letras na Bahia e Alberto Venâncio Filho, da Academia Brasileira de Letras. O tema foi Afrânio Peixoto, o grande cientista, professor, escritor baiano, acadêmico da Academia Brasileira de Letras e veranista em Petrópolis. O ciclo foi um grande sucesso, muito prestigiado, assinalando presenças de grandes representantes da Cultura Nacional, como o acadêmico romancista Josué Montello e o embaixador Afonso Arinos de Mello Franco. As palestras do ciclo compuseram uma edição impressa patrocinada pela Fundação Petrópolis de Cultura, Esportes e Lazer, presidida pela Comunicadora e escritora Kátia Chalita Mattar, opúsculo que o Dr. Hélio Werneck de Carvalho intitulou “O Resgate de uma Memória – Afrânio Peixoto”. O meu tema naquele encontro foi “Afrânio Peixoto em Petrópolis”, apresentado na noite de 4 de abril de 1997. Transcrevo, recordando, o início daquela palestra: “Bastos Tigre, nosso grande poeta e cronista, era um inveterado veranista. “Veranista… Era assim chamado aquele que subia a serra e vinha passar alguns meses do verão em Petrópolis. Invariavelmente era de dezembro a março, começando, para alguns, um pouco antes e terminando, para outros, pouco depois. A regra mais comum era obedecer aos maiores: até 1889, a Corte do Imperador D. Pedro II; a partir daí, até os anos 60, ao séquito do Presidente da República. Chegavam os cabeças e vinham atrás os membros. “Petrópolis enfeitava-se de toilettes refinadas, em tempos do final do século XIX e início do século XX e, em seguida, dos costumes de griffes, dos penteados gomalinados, dos ternos de corte nobre. Era um farfalhar incessante de roçados de muitos tecidos, o “cloc-cloc” encampainhado de charretes ou, ainda, “fons-fons” desagradáveis de rolantes viaturas que faziam latir os cães e provocar estrepolias dos meninos de olhos buliçosos”. O soneto de Bastos Tigre é um primor de bom humor e literário. Ei-lo: “O VERANISTA O veranista, porque a moda o ordena para a Serra dos Órgãos se desloca. Mal, com os rigores do verão […] Read More

KOPKE, HENRIQUE KOPKE (DR.)

  KOPKE, HENRIQUE KOPKE (DR.) Gabriel Kopke Fróes, associado fundador, patrono da cadeira n°. 18 Advogado Bacharel em Direito. Nasceu no Porto em 1807 e faleceu em Petrópolis no dia 10 de dezembro de 1881. Veio para o Brasil em outubro de 1829, com 22 anos de idade, viajando de Liverpool no brigue “Meridiano”. Com seu irmão Guilherme, engenheiro, dedicou-se aos serviços de navegação fluvial em Minas. Por Decreto n. 332 de 5 de fevereiro de 1845, recebeu carta de naturalização de cidadão brasileiro, com dispensa das formalidades legais. Residiu em Sabará, onde nasceu seu primogênito. Em 1849 veio para Petrópolis fundar e dirigir o Instituto Kopke, primeiro educandário particular ali fundado, em prédio próprio para tal construído, e que foi também o primeiro edifício de três andares que contou a povoação, construção de seu irmão Guilherme. Seu colégio, que funcionava só no regime de internado, tornou-se famoso pela excelência do ensino, merecendo por várias vezes a visita do Imperador D. Pedro II, que distinguia o diretor com sua amizade. Teve papel saliente nos primórdios da história petropolitana, desempenhando alguns cargos não remunerados, como Juiz de Paz e vereador. Casado com mulher brasileira, deixou cinco filhos: Henrique, Lavínia, Felisbela, (Henrique Augusto) e João. Recebeu a condecoração da Cavaleiro da Ordem do Rosa. Nome à rua: Resolução de 22-3-1902. Referências: Tribuna 4-9-1941 e 18-11-1950. Centenário de Petrópolis, vol. II, pg. 152.

VOCÊ CONHECE O TRONO DE FÁTIMA?

VOCÊ CONHECE O TRONO DE FÁTIMA? Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel Visitar Petrópolis e não conhecer o Trono de Fátima, é o mesmo que estar no Rio de Janeiro e não ir ao Corcovado. Lá, está erigido o monumento em honra ao Cristo Redentor. Belos símbolos de nossa fé, viva expressão e reverências. Ambos foram edificados no alto da montanha. O filho Redentor embeleza a Cidade Maravilhosa e a Doce Mãe de Deus abençoa e adorna Petrópolis. É um convite não só à contemplação artística, mas ao reavivamento de nossa confiança, à conversão, à concórdia e à união fraterna entre os povos. Nesse diapasão, o Trono de Fátima, vive em todos os dias 13 de cada mês um clima de festa e orações, culminando com a Sagrada Eucaristia oficiada pelo Revmo. Frei Abílio e presença maciça da Congregação Mariana, que existe desde 08/12/1915, portanto, às vésperas de completar 95 anos, ora presidida por Vanilton Miranda, com vasta folha de serviços prestados e contando com a diligente direção e abnegados Congregados. Dentre os inúmeros louvores, um em particular merece realce. É ao Frei João José, que desfruta do Cânon Celestial e de quem falaremos obedientes ao percuciente relato do Fr. Constantino Koser (V.F.nº 30-06/63) e depoimentos de vários Congregados que na Instituição permanecem desde sua fundação, enriquecendo esta justa homenagem. Frei João José Pedreira de Castro, nasceu em Petrópolis aos 26/07/1896 e ingressou na Ordem dos Frades Menores (OFM), aos 13 anos de idade, seguindo logo para Itu, SP, junto aos Padres Jesuítas. Retorna à Petrópolis, no final de 1918, com objetivo de concluir seus estudos no Convento do Sagrado Coração de Jesus, aqui permanecendo no exercício das funções de professor de idiomas. Ordenado Sacerdote em 1920, partiu para a Alemanha em 1921, a fim de concluir seus estudos em Ciências Bíblicas. Em 1924 foi surpreendido por uma junta médica, que em síntese apresentou-lhe um laudo onde deixavam transparecer que ele não teria mais que seis meses de vida, pois encontrava-se gravemente enfermo e com alto grau de diabetes. Mais uma vez retorna ao convívio do Convento do Sagrado Coração de Jesus e, ao lado da Congregação Mariana da Anunciação, descobriu que teria uma missão a ser cumprida, para o bem da Igreja de Cristo, alegria do povo de Deus e para gáudio das artes. Em 1940 construiu […] Read More