A TROVA E TRÊS NOTÁVEIS José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho Guardo profundas razões para apreciar e, ao mesmo tempo, vivenciar a trova. Embora não seja detentor da verve poética, porém da poesia nunca me mantive afastado. Meu pai poeta e trovador, com ele aprendi o salutar hábito da boa leitura, em especial das intituladas quadras. Deixava consignado para comigo, que “a trova não é fácil de ser feita, pelo contrário, porquanto o poder de síntese não é dado a qualquer pessoa e na trova prepondera, justamente, esse fator”. Justamente, à luz de tal assertiva gostaria de prestar minha mais modesta, porém sincera homenagem a trovadores – notáveis – que já nos deixaram, sem que me esqueça de relembrar da figura exponencial de Luiz Otávio, autor da obra “Meus Irmãos os Trovadores, cognominado o “Príncipe dos Trovadores”. Esclareça-se que a obra em questão permitiu-me que pesquisasse, com absoluta dose de esmero, a propósito da vida e obra dos trovadores que abaixo se seguem. Adelmar Tavares da Silva Cavalcante, nascido em Recife (PE) em 16 de fevereiro de 1888, tendo falecido no Rio de Janeiro em 20 de junho de 1963. Diante do extraordinário êxito que alcançou, tornou-se conhecido na roda literária por Adelmar Tavares. Advogado, exerceu o magistério, a magistratura, além de poeta de escol. Publicou muitos livros, o primeiro “Descantes”, em 1907. Seguiram-se, ainda, envolvendo a poesia, “Prelúdios”, “Devaneios”,”Telas”, “Sonantes” e muitos outros. “Obra prima” do autor, a meu ver, a trova que passo a transcrever. “Para matar as saudades, fui ver-te em ânsias, correndo… – E eu que fui matar saudades, vim de saudades morrendo”. Mais esta de conteúdo de profundo sentimento: “Sou jardineiro imperfeito, pois no jardim da Amizade, quando planto o amor perfeito, nasce sempre uma saudade”. Relembrando, ainda, o ilustre trovador, vale ser transcrita: “Dos desertos desse mundo, sei do mais desolador, – Uma alma sem esperança, um coração sem amor…”. Nos mesmos passos e rumos de Adelmar vem a minha mente a figura da esplêndida trovadora Lilinha Fernandes – Maria das Dores Fernandes Ribeiro da Silva, cognominada “Rainha da Trova Brasileira”. Nasceu no Rio de Janeiro no dia 24 de agosto de 1891, tendo falecido em 08 de junho de 1981. Publicou “Flores Agrestes” (poesias), Appogiaturas (sonetilhos); e Contas Perdidas (trovas).Destaco algumas trovas da lavra de Lilinha Fernandes, […] Read More
DESTRUIÇÃO DAS MATAS
DESTRUIÇÃO DAS MATAS Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira nº 23, Patrono Lourenço Luiz Lacombe A destruição das matas de Petrópolis era um problema enfrentado permanentemente pela Imperial Fazenda de Petrópolis. As derrubadas de madeira ilegais tiradas para venda em suas terras exigiam medidas constantes para combater essa prática. O Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barboza da Sylva, em 1866, encarregou Maximiano José Gudehus da guarda e vigilância das florestas reservadas e devolutas da Imperial Fazenda de Petrópolis. Em alguns momentos, era preciso recorrer à Policia para as providências legais a fim de responsabilizar os infratores. A situação não era pacífica como podemos apreender do ofício nº 23 do Superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis ao Delegado de Polícia do Distrito de Petrópolis, no qual informava que os trabalhadores sob a inspeção do guarda-matas se recusavam a prosseguir no serviço que lhes foi ordenado no Quarteirão Princesa Imperial em consequência da oposição e ameaças que lhe foram feitas por Boaventura José de Medeiros, Manoel Francisco Teixeira, Francisco Furtado da Rosa e Henrique Schiffler, os quais tem derrubado grande quantidade de madeira e feito estragos nas matas das coroas denominadas de S. M. O Imperador e solicitava que fossem intimados para assinarem um termo de bem-viver. Pedro II assinou um Decreto, em 6 de outubro 1874, criando o cargo de guardas de matas para cada um dos quarteirões, o que não bastava para solucionar o problema. Três anos depois, em 12 de novembro de 1877, o major Manoel Gomes Archer (1821 – 1907) foi nomeado para o cargo de Superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis, onde permaneceu até 27 de outubro de 1888, quando foi efetivado no cargo de Superintendente da Imperial Fazenda de Santa Cruz, que exercia desde 29 de agosto do ano anterior. Em 15 de setembro de 1879, Manuel Gomes Archer enviou à redação do jornal Mercantil, um ofício ao editorial “Variabilidade de Petrópolis” da edição do dia 13, dando uma resposta a “imerecida censura à casa imperial pelo fato da destruição das mattas, nos terrenos que lhe são foreiros nesta fazenda de Petrópolis”, esclarecendo que a Casa Imperial não podia impedir os foreiros de destruírem as matas em seus prazos, limitava-se, porém, a preservar as matas nas coroas dos morros, justamente no intuito de beneficiar o lugar. Archer escreveu, por ordem de D. Pedro II, em 30 de abril de 1881, uma memória sobre a […] Read More
SAUDAÇÃO A DOM GREGÓRIO PAIXÃO, OSB
SAUDAÇÃO A DOM GREGÓRIO PAIXÃO, OSB. BISPO DIOCESANO DE PETRÓPOLIS E ARCEBISPO ELEITO DE FORTALEZA Thomas Andrade Gimenez Dias (Padre), Associado Titular, Cadeira nº 33, Patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Exma. Sra Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis; magnífico Reitor da Universidade Católica de Petrópolis e presidentes das demais academias aqui representadas; Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom Gregório Paixão, na pessoa do qual saúdo os demais confrades e confreiras; Senhoras e Senhores, Recebi e aceitei com grande alegria e honra o convite que a nossa presidente, professora Ana Cristina Borges López Monteiro Francisco, fez-me, de pronunciar esta saudação ao nosso muito querido confrade e senhor Bispo Dom Gregório Paixão, que de maneira discreta, simples e gentil, como lhe é próprio, vai paulatinamente se despedindo do nosso convívio, rumando para as terras abençoadas do Ceará, onde em dezembro próximo passará a pontificar como o 7º Arcebispo Metropolitano de Fortaleza. Procurei, Excelentíssimo Dom Gregório, caríssimos confrades e confreiras, senhoras e senhores, uma expressão adequada, à altura da ocasião e do homenageado, para ser como que uma frase lapidar, dessas minhas palavras, que poderiam trazer um norte para aquilo que o coração desejava dizer enesta tribuna, mas que a boca era incapaz de pronunciar. Recorri a pensadores, jornalistas, e ainda a artistas e pregadores, mas em tudo aquilo que lia, não encontrava uma expressão que fosse capaz de trazer um norte às palavras que aqui gostaria de pronunciar. Foi então que me lembrei de algo, que foi tão bem elucidado no convite especialmente preparado para esta noite: minha missão era saudar o nosso Bispo, Amigo e Confrade. Pois bem, com isso encontrei, a meus olhos, a melhor expressão que poderia utilizar para saudar o nosso homenageado: aquelas mesmas palavras que a Liturgia da Santa Igreja usa para saudar e receber um bispo que chega ao templo para celebrar o Pontifical Solene: Ecce sacerdos magnus! Eis o grande sacerdote! Eis o sacerdote em magnitude! Excelentíssimo Dom Gregório, hoje o nosso Instituto Histórico de Petrópolis une-se à nossa Universidade Católica e a outras importantes e renomadas academias para essa sessão de homenagens e aqui estamos por um único motivo: reconhecemos que Vossa Excelência é grande! Somos felizes de ter partilhado da vida ao lado de alguém que é grande! Somos gratos a Vossa Excelência por nos ter enriquecido, nesses onze anos, com a vossa grandeza. Se a Igreja, em sua Liturgia, já canta que […] Read More
DISCURSO DE POSSE DO ASSOCIADO TITULAR PADRE THOMAS ANDRADE GIMENEZ DIAS
Discurso de posse do Associado Titular do Padre Thomas Andrade Gimenez Dias Thomas Andrade Gimenez Dias (Padre), Associado Titular, Cadeira nº 33 – Patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Senhora presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, professora Ana Cristina Borges López Monteiro Francisco, na pessoa da qual saúdo a diretoria deste prestigiado sodalício, bem como os meus mais novos confrades e confreiras; Com especial deferência, dentre os confrades, saúdo o Dr. Enrico Carrano, Dom Gregório Paixão Dr. Fernando Antônio de Souza da Costa e Professor Hamilton Chrisóstomo Frias, a quem, desde já, agradeço pela indicação que fizeram de meu nome para compor o quadro dos associados titulares desta instituição; Senhoras e Senhores, Boa noite! O Cardeal Dom Lucas Moreira Neves, grande brasileiro, grande sacerdote e grande bispo, escrevendo a respeito de seu torrão natal, mas não excluindo outras localidades, expressou-se de modo lapidar: “As cidades, como as pessoas, são um composto de corpo e alma. O corpo é a estrutura externa, visível e palpável da cidade. A alma é a história, a tradição, a vida da cidade e a atitude das pessoas, que, num determinado período representam o seu espírito”. Petrópolis, como uma pessoa, também tem o seu corpo e a sua alma, e é nobre por demais em ambas as dimensões. Seu corpo, tudo aquilo sobre o qual nossos olhos pousam quando estamos dentro de seus muros, quer provenha da engenhosidade da arquitetura dos homens ou da perfeição da criação de Deus, é digno de elogios e admiração dos seus cidadãos e dos seus visitantes. Se Petrópolis pode ser elogiada pela sua estrutura externa, ouso apresentar minha opinião de que ela é ainda muito mais nobre em sua alma: a história de Petrópolis, a tradição petropolitana e sobretudo os cidadãos que aqui vivem ou que aqui viveram, fazem da nossa cidade uma pessoa, na comparação de Dom Lucas, de alma grandiosa, em todos os sentidos. Tantos vieram de fora e aqui se radicaram. O caminho aberto por Bernardo Soares de Proença trouxe muitas pessoas para o cume da Serra da Estrela, e desde aquela época e ali começou um trânsito quase que ininterrupto de pessoas para cá vindas dos rincões de nosso Brasil e das distantes terras estrangeiras. Também eu, vindo de fora, um dia aqui cheguei, no quente verão de 2014. Trazia na minha bagagem algumas roupas, poucos livros e muita vontade de ser padre. Monsenhor José […] Read More
DISCURSO DE SAUDAÇÃO AO PADRE THOMAS ANDRADE GIMENEZ DIAS PELO ASSOCIADO TITULAR ENRICO CARRANO
Discurso de saudação ao Padre Thomas Andrade Gimenez Dias Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado Há pouco mais de vinte anos, em data que a lembrança não consegue precisar, mas por volta do ano de 2002, Dom José Carlos de Lima Vaz, S.J., em visita ao estado natal, Minas Gerais, vai celebrar na Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em São João del Rei. O então Bispo de Petrópolis encontrava-se à sacristia, rodeado de crianças, as quais – todos sabemos – devotava especial carinho e atenção. Falava com cada uma delas, cumprimentando-as com a mão, até que diante de um menino de menos de dez anos de idade, bateu levemente na cabeça dele e disse, profeticamente: ”este vai ser padre!”. O menino, naquele instante, não compreendeu a distinção, e até mesmo ficou chateado porque não foi saudado da mesma forma que os demais, Foi a primeira e única vez em que Dom Vaz e aquele menino estiveram juntos. Minhas senhoras e meus senhores, O infante protagonista desse místico episódio, nascido em São João del Rei, mas criado na cidade vizinha de Ritápolis, tempos depois, sente o chamado de Deus para o serviço da Igreja e ingressa no Seminário Menor da Arquidiocese de Mariana, isso em 2011. Em 2013, firme na vocação que o inspira, passa para o Seminário Maior, ainda em Mariana, e em 2014 transfere-se para o Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Corrêas. Em 2019 é ordenado diácono e em seguida sacerdote na Catedral de Petrópolis, agora pela imposição das mão de Dom Gregório Paixão, O.S.B., nosso bispo Diocesano e confrade, por sobre a cabeça dele. Senhora Presidente, Nesta noite de alto inverno, o Instituto Histórico de Petrópolis abre as portas da Casa de Claudio de Souza para receber e dar posse a um novo associado titular, o Pe. Thomas Andrade Gimenez Dias, a criança do episódio que narrei, para tomar assento na Cadeira de nº 33, a idade de Cristo, e que tem por patrono um outro padre, o Padre Antônio Tomás de Aquino Correia, proprietário da porção de terras em que hoje situa-se, exatamente, o nosso Seminário, e que foi o berço da devoção a Nossa Senhora do Amor Divino, padroeira da Diocese, a partir da quase tricentenária capela da Fazenda dos Correias. Padre Thomas sucede a professora Ruth Judice, transferida, em jubilação honrosa, para o quadro de associados eméritos. […] Read More
COLÉGIO DRUMOND
COLÉGIO DRUMOND Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Felisberto Alexandre Drumond entrou para o estado eclesiástico em 1835, com a idade de 10 anos, onde fez os seus estudos que concluiu em 1843. Foi professor em Ubatuba/São Paulo, mas mudou-se para o Rio de Janeiro em virtude do estado de saúde de sua mulher, onde continuou a exercer o magistério. Mais tarde, lecionou em Petrópolis nos colégios Kopke e Calógeras. Em 15 de julho de 1858 fundou o Colégio Drumond, sendo seu proprietário e diretor. O estabelecimento particular exclusivo para meninos funcionava em regime de internato, semi-internato e externato. No ano de sua inauguração funcionavam em Petrópolis o Colégio Kokpe, dos irmãos Guilherme e Henrique Kopke, na rua Nassau e o Colégio de Santa Thereza, de Bernardo José Faletti, antigo Colégio Callogeras, de propriedade de João Baptista Callogeras (1810-1878) e Barão de Taulphoens, que funcionava no Palatinado, em casa do Conselheiro de Estado, Honorio Hermeto Carneiro Leão (1801-1856), futuro Visconde e Marquês do Paraná. O Colégio Drumond estabelecido à Rua do Imperador, nº 52, sobrado. Em comunicado publicado no jornal O Parayba, domingo, 18 de julho de 1858 apresentava o seu programa: Instrucção primaria. Considera-se da maneira seguinte, e será o objecto que ovcupe as primeiras tres horas de cada dia, a saber: instrucção religiosa, leitura, grammatica e analyse da lingua nacional, calligraphia, arithmetica, contabilidade e escripturação commercial, geographia e historia nacional. Instrucção secundaria. Francez, Inglez, Latim e Allemão. Os alumnos começão a frequentas estas classes desde o primeiro dia de sua entrada, depois de ter frequentado as tres horas d’instrucção primaria. Os alumnos que frequentarem o quinto anno terão as classes de geografia e historia pelo systema do meritissimo Sr. João Baptista Callogeras; além destas duas grandes classes terão as classes de philosophia, rethorica e mathematica. No mesmo comunicado prestava várias informações como os valores das mensalidades: 30$000 mensais pagos trimestralmente adiantados, somando ao primeiro 30$ aplicados a cama. Pela lavagem de roupa pagarão 5$000. Os meios pensionistas pagarão 20$000 por mês e os externos 10$000. Todos terão direito às classes acima. As classes de música, piano, dança e desenho serão pagas à parte, no valor de 8$000 mensais por cada uma delas. O Colégio funcionou de 1858 até 1861, sendo no ano seguinte vendido ao inglês Carlos Matson, que se anuncia no Almanak Laemmert, edição de 1863.
DISCURSO DE RECEPÇÃO A LUCAS VENTURA DA SILVA PELO ASSOCIADO TITULAR OAZINGUITO FERREIRA DA SILVEIRA FILHO
DISCURSO DE SAUDAÇÃO A LUCAS VENTURA DA SILVA Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, Associado Titular, Cadeira nº 13 – Patrono Amaro Emílio da Veiga Cumprimento a todos os presentes e venho aqui para conversar sobre o Lucas, um jovem que está sendo convidado a participar de um grupo de na maioria de veteranos e compor esta escola. Há algum tempo eu falava com a Fátima Argon, Luiz Carlos Gomes e vários outros, que nós temos uma academia e que o mais importante é construirmos história, pentear essa história da própria cidade. Ficamos presos no Séc. XIX durante muito tempo e vários dos nossos historiadores do passado tiveram obras maravilhosas. Estive revendo a obra do “Centenário”, fantástica, de fôlego, e que sofreu críticas. O próprio Raul Lopes dizia que deveria ser revisitada porque muitos dos seus pontos ainda estavam conflitantes para ele. Nós temos um arquivo público imenso, requerimentos com relação ao tratamento das obras urbanas, das questões do governo Fiúza que precisam ser visitados, digitalizados. Nós temos uma das maiores hemerotecas no país com coleções de jornais fantásticos. Na primeira década do Séc XX tivemos a impressão de cerca de duzentos jornais. Inclusive eu trabalhei bastante com Marcello de Ipanema com relação a isso na citação da obra quando fez o “Anuário Fluminense” com todos os jornais. E também com o Vasconcellos foi uma obra de fôlego, quando receberam em 1984 um trabalho do Lacombe por causa disso. Eu era em 1984 tão jovem quanto você, Lucas. Era difícil fazer pesquisa e ser aceito pela própria academia, pois o historiador local não era aceito, nem mesmo a história local. Hoje em dia é que se está buscando a história local e tentando simplesmente trabalhar pontos que são positivos e construtivos. O Joaquim Eloy quando viu uma publicação minha em 1986 na Tribuna de Petrópolis com uma foto salva de ópera, inédita e raridade de época, encenada neste espaço – casa em que estamos. Não se pode deixar de falar da história operária que foi sufocada, nós chegamos a ter metade da população dos anos 30 de operários e que o Fiúza lhes retirou a educação porque ela estava lhes dando condições para que pudessem galgar novas formações sociais dentro da cidade, novos empregos e colocações. Nós tínhamos fábricas, um centro financeiro formado pelo Banco Construtor, Banco de Petrópolis de 1928 que depois se tornou o Banco do Brasil, a Companhia Telefônica […] Read More
A IMIGRAÇÃO ITALIANA EM PETRÓPOLIS
A imigração italiana em Petrópolis Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado Pedro Paulo Aiello Mesquita, Associado Titular, Cadeira nº 5 – Patrono Ascânio Dá Mesquita Pimentel A imigração italiana em Petrópolis aconteceu entre o final do Século XIX e o início do Século XX, e se concentrou, basicamente, em Cascatinha e no Alto da Serra; teve por objetivo fornecer mão-de-obra operária para as indústrias têxteis da época. Em Cascatinha, sede da Companhia Petropolitana de Tecidos, que data de 1873, os italianos respondiam por cerca de 40% (quarenta por cento) da população local. Em 1903, foi fundada, no Alto da Serra, a Fábrica Cometa, que também, em larga medida, valeu-se do trabalho de italianos que, por não possuírem um lugar para residência, foram morar, muitos deles, na vila operária de Cascatinha. Desde a chegada ao Brasil, as condições desses estrangeiros não eram favoráveis, até porque inexistiam leis trabalhistas que lhes assegurassem direitos. Por isso, movidos por sentimentos de solidariedade étnica, foi que os italianos criaram sociedades de mútuo socorro, que visavam manter a união entre eles, ao mesmo tempo em que buscavam suprir as carências que encontravam em uma Petrópolis em ritmo crescente de urbanização e industrialização, com toda a dificuldade que esse processo traz para a vida da população. Duas das quatro sociedades de italianos existentes em Petrópolis funcionavam em Cascatinha: a Società Operaria Italiana di Mutuo Soccorso di Cascatinha, de 27 de outubro de 1902 e, também, a Società Italiana de Beneficenza Principe di Piemonte, di Cascatinha, Stato di Rio de Janeiro, instituída em 06 de agosto de 1905. Assim, a história de Petrópolis deve ser contada tanto à luz da colonização germânica no 1º Distrito, quanto da imigração italiana, operária e proletária. É preciso manter vivas as tradições que nos foram legadas pelos italianos, e que podem ser constatadas até hoje em nosso cotidiano: a tradição católica, que muito enriqueceu de festas e devoção desses bairros italianos, os jogos de bocha, que até a bem pouco tempo era praticado na Praça de Cascatinha, e no ponto mais visível para a maioria das pessoas, que é a gastronomia, com as tradicionais massas feitas com receitas caseiras que perpassam gerações. Muitos são os exemplos da vida em sociedade tendo os italianos em destaque no clássico livro “Os Italianos em Petrópolis” de José de Cusatis, que traz em uma narrativa livre e de um interesse quase […] Read More
A PATATIVA DA SERRA
A PATATIVA DA SERRA José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho Em decorrência da publicação, no mês de agosto p.p., do primeiro Tomo da Coletânea de Revistas da Academia Petropolitana de Letras, obra que reúne, de anos pretéritos, um sem número de matérias dos mais variados matizes, no tocante a luminares que fizeram integrar a Instituição, a verdade é que foi possível resgatar, com imensa alegria e profunda admiração, a produção acadêmica, literária, intelectual e de natureza histórica de inúmeros deles, aliás conforme deixa asseverado o acadêmico Cleber Francisco Alves na condição de responsável pelo absoluto êxito com vistas a efetivação de expressiva e difícil tarefa. É certo, como afirma o ilustre acadêmico, que “trata-se do Livro” Academia Petropolitana de Letras – Em Revista, Tomo I, com a coletânea – fac simile – dos 13 primeiros números da Revista publicados ao longo de seus 50 anos iniciais de existência, ou seja, até 1972.” Surge, assim, sem a menor sombra de dúvida, a excelente oportunidade de relembrarmos muitos daqueles pioneiros, seguidos por outros investidos de igual garra, todos tendo lutado, de maneira incansável, por tão importante causa, a perpetuação da Academia Petropolitana de Letras que acaba de celebrar o seu centenário. Durante a leitura do primeiro, dos dois Tomos que ainda virão à tona, pudemos compilar poesias, discursos, trovas, enfim diversas matérias de valoroso conteúdo literário a respeito da citada obra e, ao mesmo tempo, denotando o notável saber daqueles que nos legaram dádivas tão significativas. Por isso mesmo tivemos oportunidade de nos deparar com a sempre lembrada figura de um dos mais brilhantes oradores que fizeram integrar a APL, o acadêmico Murilo Cabral e Silva. Ressalte-se que não foi apenas na Academia que o ora homenageado se destacou e marcou presença, conforme foi-me esclarecido por seu confrade, meu pai, até porque ainda tive a honra de conhecê-lo pessoalmente, além de familiares. A ascensão de Murilo Cabral e Silva à Instituição possibilitou que o mesmo viesse a ocupar a cadeira número 7, patronímica de Ruy Barbosa. Nascido em Três Rios a 25 de outubro de 1914, veio a falecer em 18 de outubro de 1979. Exatamente por gozar da virtude de insígne orador, Murilo Cabral e Silva veio a desempenhar, também, no campo político, o cargo de deputado junto à Assembléia […] Read More
JOAQUIM HELEODORO GOMES DOS SANTOS
Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho No transcurso do corrente ano venho buscando escrever a respeito de figuras ímpares que integraram a Academia Petropolitana de Letras. Justamente, em decorrência da comemoração do Ano Jubilar da Instituição, julguei por bem recordar diversos intelectuais, cada um deles a se destacar sob as mais diversas matizes e que souberam dar tudo de si em prol da entidade, lastreados como muitos outros confrades e confreiras, na sabedoria, na dedicação e no valor literário que sempre fizeram demonstrar no decurso de suas passagens pela referida Arcádia Literária, honrando e projetando o nome da cidade de Petrópolis. Assim é que já o fiz no tocante à acadêmica Nair de Teffé Hermes da Fonseca, que presidiu a APL e sob sua direção, no quadriênio 1928/32 fez com que nascesse a Academia Petropolitana de Letras, vez que até então existia a Associação Petropolitana de Sciências e Letras, fundada em 3 de setembro de 1922. Dentro dessa ótica fui em busca de dados a propósito da vida e obra de outros brilhantes membros da Academia, tais como Murilo Cardoso Fontes, Antônio Virgínio de Moraes, Olavo Dantas, Hélio David Casqueiro Chaves, Mário Fonseca, Carlos Cavaco, Francisco Lupério dos Santos, Nelson de Sá Earp e Alcindo Roberto Gomes. No tocante aos três últimos, embora muito jovem, tive o prazer de conhecê-los pessoalmente. Todavia, entendi por bem – gesto de reconhecimento e gratidão – retornar ainda a tempos mais longínquos, exatamente ao ano de 1922 para exaltar a notável figura do jornalista, escritor, poeta e literato Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, a quem a cidade de Pedro deve, na qualidade de obstinado inspirador, e após, criador, junto a outros que com ele comungavam, a propósito de uma Casa de Letras nesta terra Imperial. As informações que colhi foram obtidas na obra “3 Heleodoros 1º volume – Petrópolis – RJ – 1981” de lavra nada mais, nada menos, daquele que soube apreciar, respeitar e honrar o nome do pai, o professor, jornalista, poeta e acadêmico Joaquim Eloy Duarte dos Santos, decano da APL. Na obra em questão o autor discorre com absoluta propriedade e riqueza de detalhes sobre a biografia do pai, nascido a 9 de maio de 1888, tendo falecido em 19 de setembro de 1959. Admito, com toda certeza, que o professor Joaquim […] Read More