HOSPITAL DA CASA DE CARIDADE DE PETRÓPOLIS (O)

  HOSPITAL DA CASA DE CARIDADE DE PETRÓPOLIS (O) – CONHECENDO NOSSO PASSADO – (SÉRIE ESPECIAL) Paulo Machado Costa e Silva, associado titular, cadeira nº. 2, patrono Alcindo de Azevedo Sodré. Interrompendo o relato histórico seqüencial dos principais fatos de nossa Câmara Municipal, de acordo com as Atas de suas sessões até 1871, resolvemos tratar, de forma específica, de um assunto que agitou a Câmara Municipal no ano de 1868, a saber, os encontros e desencontros entre o Governo Provincial e os Vereadores desta cidade a respeito da manutenção ou do fechamento do seu primeiro Hospital, o da Casa de Caridade de Petrópolis. Esperamos fazê-lo nos cinco artigos desta série especial, hoje iniciada. Necessário se faz, porém, informar os leitores sobre o que aconteceu precedendo a situação, objeto principal desta narrativa, contada segundo as Atas da Câmara Municipal, embora os preliminares dessa estória, propriamente dita, se situem entre o final de 1867 e maio de 1868. Convém que se saiba, inicialmente, como a Câmara Municipal passou a ser responsável pela administração do primeiro hospital de Petrópolis. O primeiro hospital do povoado de Petrópolis, também conhecido como Hospital da Casa de Caridade de Petrópolis, era mantido pela Diretoria da Imperial Colônia de Petrópolis, alojado em casa nem sempre adequada à finalidade. Sobrevivia graças ao apoio da Superintendência da Fazenda Imperial de Petrópolis e à dedicação dos médicos, que o atendiam. Na época da elevação de Petrópolis à cidade (1857-1859), o Dr. Tomás José da Porciúncula era o Diretor e se dedicava totalmente a esse hospital, embora as dificuldades financeiras fossem ingentes e crescentes. Apenas na condição de médico oficial do hospital, ele continuou até 1° de janeiro de 1861, como comunicou ao Presidente da Província em 17 de fevereiro de 1861, para poder assumir as funções de Vereador. (Atas, 041). Por isso se compreende que o Presidente da Província, Inácio Francisco Silveira da Mota, em portaria de 24 de dezembro de 1859, lida na sessão da Câmara, em 18 de janeiro de 1860 (Atas, 010), tenha convidado a Câmara a tomar a seu cargo a administração do referido hospital, mediante a quota anual que a este couber do produto das loterias. Para responder conscientemente ao convite, diante da responsabilidade da proposta, a Câmara decidiu solicitar ao médico diretor do hospital muitos dos indispensáveis esclarecimentos a respeito desse estabelecimento. Porém, em 1° de março de 1860, o Presidente da Província, voltou a […] Read More

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA – OS GUIAS PETROPOLITANOS

  CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA – OS GUIAS PETROPOLITANOS Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Dando continuidade ao trabalho intitulado “A IMPRENSA PETROPOLITANA NA REPÚBLICA VELHA”, abordaremos neste ensaio “OS GUIAS PETROPOLITANOS”. Porém antes de explorarmos o assunto torna-se necessário definirmos “guia”. O grande filólogo Aurélio B. De Holanda, em seu célebre Dicionário da Língua Portuguesa, página 709, relaciona 19 itens para a palavra guia, onde podemos encontrar no de número 16, o que se coaduna com a nossa proposta: “Publicação destinada a orientar habitantes ou visitantes de determinada região ou cidade sobre atrações turísticas, estradas, logradouros, horários de transportes, etc…; roteiro” Podemos observar que esta definição em muito se difere da que é destinada a “almanaque”, que é uma publicação de características mais genéricas quanto à abordagem dos assuntos e universalista quanto aos mesmos. Já o guia não, este é local ou regional (1) . É claro que não é uma regra especificada e determinada (2) . (1) Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio B. De Holanda, p.71 (2) O guia de Cameron possuía alguns elementos característicos de Almanaque Os guias ou roteiros, como também podem ser denominados, são antigos na história da civilização humana; já na antiga Roma, são inúmeras as descrições de guias produzidos pelos órgãos do Império e dirigidos a seus cidadãos mais ilustres que saíam em viagens de negócios, ou de assuntos políticos de Estado. Entre a Idade Média e a Moderna, eram produzidos como fruto do mercantilismo desenfreado que se processava pelas nações e consumidos pela burguesia comercial ávida por lucros, enquanto frades e padres também possuíam seus roteiros ou cartas de viagem, os quais eram passados de mãos em mãos para a suas solitárias viagens de peregrinação ou de catequização. Com o advento da imprensa, estes se tornam uma rotina dentro das publicações das comunidades sequiosas de informações e atualizações sobre as transformações que se operavam e possuíam como fontes cartas de comerciantes e viajantes que lhes definiam novas rotas e condições. Porém, sua prática e comercialização definitiva ocorre com o advento da Revolução Industrial, onde o aperfeiçoamento da imprensa mecânica e a diversificação das feiras comerciais e industriais européias, a partir do século XVIII, são os elementos propícios à sua evolução. No Brasil, inúmeros foram os guias produzidos desde o estabelecimento da Imprensa Oficial, contudo, o que mais se tornou célebre […] Read More

RUA DO IMPERADOR 881/887

  RUA DO IMPERADOR 881/887 Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “O Corredor cultural precisa entrar num ciclo reformador” (Augusto Ivan, criador do corredor em 1985 no Rio, in Corredor Cultural: Passagem para o Abandono, p.25, O GLOBO) Prédios históricos semidestruídos, obras artísticas e arquitetônicas entregues ao descaso. No artigo o autor apresenta um raio X do descaso público e privado com sua herança e assinala que seu projeto necessita de “revitalização”. E necessário repensar os fins de utilização da herança cultural de nossas cidades para que a sociedade possa desfrutar melhor desta riqueza. Pelo interior, em centenas de cidades que apresentam conjuntos arquitetônicos apreciáveis, tornam-se quase inexistentes reivindicações político-culturais como estas, inúmeros prédios e estruturas arqueológicas urbanas sucumbem a aterradoras tentações e interesses imobiliários. O vistoso conjunto da Rua do Imperador que engloba prédios do final do século XIX e das duas primeiras décadas do século XX necessita urgentemente de uma comissão de especialistas que possam pensar seus fins junto às administrações públicas vigentes, já que se desenvolveu um projeto de revitalização do centro urbano do sitio histórico. O prédio em destaque é parte integrante do conjunto mais representativo da arquitetura petropolitana do final do século XIX, e que foi tombado pelo IPHAM, sob no.1175 em 1981. Dentro da proposta de administração pública, é o mais precioso e talvez único conjunto arquitetônico sobrevivente fora do eixo administrativo republicano Rio-Niterói do século XIX. O no. 881/887 apresenta um prédio de térreo com pavimento superior que foge ao tradicional sobrado colonial por sua apresentação e disposição interna. Com estilo arquitetônico eclético, que não destoava da do prédio público contíguo. Construído na quadra complementar onde foi erguido o magnífico, para a época, edifício público do Governo do Estado, pelo petropolitano Tomás da Porciúncula, para que fosse sede do governo estadual ante a ameaça de bombardeio à Niterói (Revolta da Armada), e sendo posteriormente doado ao município. Sua localização, em termos econômico-administrativos, para a sociedade, foi a segunda mais importante para Petrópolis, secundando a região próxima à Estação Ferroviária, pois se articulava à época com o centro administrativo e financeiro do município, tendo à sua proximidade grandes hotéis, como o próprio Bragança que se situava à frente do conjunto, assim como boutiques e lojas comerciais de grande importância. Para este centro dirigiam-se empresários, industriais e outros profissionais do período. Importante região que após […] Read More

PETRÓPOLIS: POVO & HISTÓRIA II

  PETRÓPOLIS: POVO & HISTÓRIA II Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga O senhor Geraldo Pires Antunes (74), que nos relatou o declive do piso próximo ao Obelisco, também nos informou que a retirada dos bondes da CBEE em 1939, foi observada por muitos na época, como uma manobra do prefeito-interventor Yeddo Fiúza, para favorecer empresários de transporte que se organizavam na época, com seus lotações. O que de certo modo resultou posteriormente no monopólio dos transportes por João Varanda, recém-chegado de Minas, já a partir do mesmo ano (T.P. 1939), com sua Rodoviária Sul Petrópolis, posteriormente chamada de Cia. Rodoviária de Transporte. Geraldo, um dos poucos mecânicos experientes e de tradição, que se criara no Alto da Serra, aprendera seu ofício na oficina de “Niquinho”, Antonio de Souza Lordeiro que era sócio de seu irmão “Chiquinho”, corredor do Trampolim do Diabo nos anos 40. Estas baratinhas ainda chegaram a fazer corridas em Petrópolis, no final dos anos 40, com Chico Landi, Cassini e outros. A oficina localizava-se na Rua Teresa, e Niquinho já parara de correr, e aplicava sua experiência examinando motoristas em Petrópolis para serem autorizados oficialmente à condução. Para Geraldo, as oficinas foram verdadeiras escolas que profissionalizaram tanto para direção de autos como principalmente para a mecânica inúmeros petropolitanos aficionados do automobilismo, em um processo que se iniciara com o famoso Irineu Corrêa, nos anos 30. Com o crescimento demográfico nos anos 30 em Petrópolis, corria a preocupação com a “vadiagem” que se fazia representativa principalmente com o ócio dos jovens. Muitos filhos de operários com a nova legislação ficaram impedidos de trabalhar nas indústrias. Muitas famílias ofereciam seus filhos para oficinas com o objetivo de se tornarem aprendizes e profissionalizando-se mais tarde. Muitos dos também famosos “motoristas de praça” surgiram neste período, já que era necessário noções de mecânica para ganhar sua “carta” de condutor. Geraldo lembra também que o Abrigo Oscar Weinschenck da Paulo Barbosa fora construído em meados dos anos 40 para tornar-se uma “mini-rodoviária”, para os ônibus da Sul Petrópolis, próxima ao posto-oficina e garagem de FILPO, que fora adquirida por Varanda e passava a ser FILPAN, já que ao lado da estação ferroviária ficavam os ônibus da ÚTIL e depois também os da ÚNICA, formando outra Rodoviária com a extensão da calçada da Estação. Segundo Geraldo, Varanda ainda transformou as oficinas de […] Read More

IRINEU CORRÊA: UM PETROPOLITANO DOS EUA PARA O TRAMPOLIM

  IRINEU CORRÊA: UM PETROPOLITANO DOS EUA PARA O TRAMPOLIM Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Irineu Meyer Corrêa da Silva, petropolitano, descendente de colonos pela linha materna, filho de Mário Corrêa da Silva, modestíssimo comerciante e de Mathilde Meyer da Silva, nasceu em 24 de janeiro de 1900. Irineu era apelidado pelos familiares de Dário, um jovem apaixonado por automobilismo desde que os viu aparecer nas ruas de Petrópolis em meados do século XX, principalmente o importado pela família Guerra. Estudou no Instituto Gratuito São José, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus dos Frades Franciscanos, e era o mais velho de oito irmãos. Aos 13 anos de idade, resolveu, sem qualquer conhecimento de seus familiares, se enveredar pelo mundo como aventureiro. Embarcou escondido em um navio para os EUA, a terra do automobilismo, que anos mais tarde observaria o sucesso de Henry Ford, com sua indústria e seu famoso modelo T e seu sistema revolucionário de produção. Irineu estava atraído pelas fascinantes máquinas que lá eram produzidas, permanecendo por exatos sete anos, o suficiente para se tornar aprendiz e alçar-se a condição de profissional, não somente como mecânico, mas também como piloto. Foi nos EUA que também aprendeu a desenvolver a ginástica, modismo típico da Belle Époque que corria pela Europa e desembarcava no Novo Mundo. Em especial, a ginástica hoje considerada item essencial para quem se dispuser a longas jornadas automobilísticas, o que dirá em sua época com os rallyes em moda. Estrangeiro, adolescente, pioneiro brasileiro no exterior, Irineu estabeleceu-se na Philadelphia, exatamente na cidade de Trenton e posteriormente em Detroit, a terra das futuras fábricas de automóveis. Participou de inúmeras corridas de milha, as chamadas pistas de terra, rurais, herdeiras das atuais pistas ovais da atual Indy, onde obteve algumas vitórias. Apresentou-se também nas pistas de meia milha, com bons resultados. Semelhante arrojo conduziu pilotos brasileiros a também embarcarem para os EUA, com semelhante objetivo, seguindo sua trilha. Retornou ao Brasil por volta de 1920. Nesta época, o automobilismo em nossa terra não passava de um número a mais nas atrações circenses, ou em rallyes (os famosos raids). Em nosso país, o limiar do profissionalismo automobilístico ficara restrito ao pioneirismo de duas provas. A primeira corrida de carros realizada no Brasil e na América do Sul aconteceu em 26 de julho de 1908, em São Paulo. […] Read More

QUITANDINHA: MISSES, POETA & TV

    QUITANDINHA: MISSES, POETA & TV Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga O concurso de Miss Brasil foi destaque em nossa sociedade desde a década de 20, mesmo que alguns atribuam suas origens ao final do século XIX, em plena belle époque. Em plena década de 20 as mulheres lutavam por um espaço político e representativo na sociedade, e a ideologia machista afirmava que a beleza é que representava a verdadeira condição da mulher, fato estampado nos jornais de então. Assim, estabeleceu-se uma luta ideológica, onde o sufragismo foi a bandeira de maior presença. Nesta representatividade, a paulista Zezé Leone, foi a miss de 1922; mais tarde, Olga Bergamin de Sá, 1929; e no ano da revolução, 1930, um jornal carioca, A Tarde, promoveu no Rio de Janeiro o “Miss Brasil” e o “Miss Universo”, sendo que Iolanda Pereira, a gaúcha, venceu os dois concursos. Na década de 30, destacaram-se as cariocas Ieda Telles de Menezes (1932) e Vânia Pinto (1939), eleitas Miss Brasil; depois a goiana Jussara Marques, em 1949. Porém, a verdadeira história do concurso de Miss Brasil, contando com a incansável presença da mídia e das empresas de produtos de beleza que foram criadas nos anos 50, mais precisamente em 1954, está em uma passarela armada na boate do Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Por ela desfilaram misses de diversos Estados da Federação, diante de um público extasiado, tendo por fundo um cenário hollywoodiano como o do Quitandinha. Muitos atribuem esta notoriedade do concurso ao reflexo da realização em Long Beach, na Califórnia, em 1952, de um concurso de Miss Universo que foi transmitido para todo o país, fato de grande importância para o universo feminino de então, e com grande popularidade. Mas, o concurso que foi realizado no Quitandinha, em uma noite do mês de junho de 54, com a presença de jurados formados entre inúmeras personalidades destacadas no cenário nacional, como os escritores Manoel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, o artista plástico Santa Rosa, a colunista Helena Silveira, entre inúmeros outros participantes. Fato que propiciou relevo nacional e internacional ao concurso. Ao analisarmos a vida de Bandeira nos anos 50 e sua biografia observamos o que segue: na data de uma carta-poema, existem menções a um livro publicado em 1954 – o “Itinerário de Pasárgada”, a um concurso para a escolha da Miss Brasil […] Read More

MAUÁ E D. PEDRO II

  MAUÁ E D. PEDRO II Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Olhar firme, decidido, sem vacilações; postura altaneira, gigantesca presença recebida entre murmúrios de aprovação, encantamento, respeito, inveja… Entra no salão o senhor Ireneo Evangelista de Souza, nobre cidadão empreendedor, provocando acenos de cabeça, cochichos, interjeições, esgares de repulsa, olhos brilhantes de admiração, o rastejar de víboras traiçoeiras… É o Visconde de Mauá o centro dos olhares e das atenções enquanto passa pelo salão em caminho para o cumprimento formal e protocolar ao Imperador D. Pedro II, como ele, de porte altaneiro e luminosidade gerada pelo clima de raro espanto de quantos vivem a sedução das cores e da pompa do Império Brasileiro. Uma pompa decerto modesta se comparada aos impérios do Velho Mundo, onde a soberba esconde a mediocridade de corações e cérebros sem o poder verdadeiro: o poder da visão de futuro. Aqui, em nossa Monarquia, mesmo enriquecida de poucos notáveis extraordinários idealistas e luminares do saber e do conhecimento, habita o esforço pela conquista, onde tudo puxa o ideal para a ré do desenvolvimento; estes valentes idealistas, nessa contramão, rasgam os ares da indiferença, rompem os caminhos inóspitos, arrostam os perigos das escaladas mais íngremes das montanhas do saber e da superação dos problemas. Eis que dois cidadãos, cada um de um lado dessa visão nobre da cidadania, rompem os cânones da fátua contemplação mediante a criatividade e a coragem, assustando aqueles que nada fazem porque nada têm para oferecer. Dois cidadãos brasileiros ; um, vindo dos lençóis palacianos de ascendência nas velhas famílias aristocráticas há séculos no poder ; outro, apenas um visionário, de biografia modesta quanto a honrarias, de presença comum, cuja inteligência arrojada transforma qualquer idéia em realização, qualquer ação em conquista, qualquer sonho exeqüível em realidade. O olhar desses dois personagens não é enegrecido pelas pálpebras cerradas, antes, abrem-se às maravilhas da Criação Divina para, em as compreendendo, utilizá-las no desenvolvimento do conhecimento e da reta ação humana. D. Pedro II, o magnânimo Imperador, que habita aqui onde nos reunimos agora, mesmo que aparentemente indolente – no juízo de alguns – tem flama tão idealista que supera o ser imperador em favor da simplicidade de apenas ser criatura humana integral. Seus sonhos mais caros passam pelas cores de um arco-íris de sentimentos de realizador, de bom ouvinte como se fora eterno aprendiz, […] Read More

ANARQUISMO EM PETRÓPOLIS?

  ANARQUISMO EM PETRÓPOLIS? Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Segundo o historiador Daniel Aarão, os anos compreendidos entre a chegada dos anistiados em 1979, até 1984 quando da luta pelas Diretas Já, são considerados de transição entre a “longa noite” e o “amanhecer” político para a sociedade brasileira. Este processo foi constatado nos grandes centros urbanos, mas que no interior brasileiro reproduzia-se de forma oposta. Nem mesmo a presença de um Brizola em reuniões com grupos locais (1980/2), ou mesmo a reorganização político-partidária localista, principiada pelo PMDB, realizou mudanças no cenário conservador que se processava. O “manto negro” da opressão ainda passeou por nossas instituições interioranas por um bom tempo e segregou muitos intelectuais. O que deveríamos então observar em nosso passado trabalhista? Em nossa memória política ou operária? Na década de 80, mais precisamente 1981, quando acompanhado por Mário Pitzer respondíamos pelo Arquivo Histórico Municipal, procedi a uma longa pesquisa sobre a Imprensa Petropolitana na República Velha, aproveitei para realizar a indexação dos jornais operários de Petrópolis, sobreviventes do mesmo período, tais como A ORDEM e A ALVORADA, mesmo sabendo que não poderíamos publicar. Coincidentemente, a esta época desenvolvia-se um importante movimento de pesquisas dos jornais operários em São Paulo resultando no Arquivo Edgard Leuenroth (1981), como no Rio, pela Biblioteca Nacional. O movimento em ambas as capitais visava resgatar a memória do movimento operário e do anarquista no Brasil, ao passo que a história ou a memória do movimento operário não foi processada em Petrópolis. Destacamos nesta oportunidade uma das curiosas publicações presentes na edição de nº. 08 de 16/07/1921 do jornal A ALVORADA: Coluna: O proletariado nos Estados “Em 18/06 se realizará conferência de Domingos Passos, secretário excursionista do 3º. Congresso Operário Brasileiro, por iniciativa da Federação Operária Mineira em Juiz de Fora e no dia seguinte uma segunda conferência na reunião dos Condutores de Veículos em Petrópolis.” No mesmo jornal, presente em outra coluna, Carlos Dias, outro anarquista conhecido, criticava em artigo especialmente enviado para o jornal, o Cooperativismo. Ambas as cidades, tanto Juiz de Fora como Petrópolis, possuíam imensa representatividade no contexto do operariado brasileiro, comportavam também a presença de movimentos anarquistas, que sofreram grande repressão por parte do sistema. Inúmeros foram os anarquistas que como Domingos Passos, o “Bachunin Brasileiro”, viajavam do Rio para prestigiar reuniões e conferências em Petrópolis e Juiz de […] Read More

PETRÓPOLIS: DE FAZENDA A NÚCLEO URBANO – A CIDADE IMPERIAL EM SUA FORMAÇÃO

  PETRÓPOLIS: DE FAZENDA A NÚCLEO URBANO – A CIDADE IMPERIAL EM SUA FORMAÇÃO Margarida Maria Mendes Pedroso Arquiteta – Historiadora da Arte e da Arquitetura Esta palestra baseia-se em um resumo da monografia que apresentei ao programa de pós-graduação em História da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em História da Arte e da Arquitetura no Brasil. Foi desenvolvido com o objetivo de estudar a formação da cidade de Petrópolis tanto sob o ponto de vista de seu traçado urbano, como através de alguns de seus principais símbolos arquitetônicos, escolhidos entre tantos outros, o Palácio Imperial, atual Museu Imperial, a catedral neogótica São Pedro de Alcântara e o Palácio de Cristal. Para isso, como se sabe ser fundamental, foram levados em conta aspectos do contexto histórico-cultural. Como traço catalisador deste momento, o pensamento neoclássico. Petrópolis decorre, portanto, de um feliz encontro de três construções: a construção urbana, a das edificações propriamente ditas e a de um novo pensamento viabilizador de todo este processo. O tema Petrópolis nos mostra que estamos habituados a ter uma visão às vezes simplista em relação àquilo que nos rodeia e nos é familiar, deixando de lado a instigante curiosidade de um primeiro olhar. Aquilo que faz parte de nós e de nossas raízes, apesar de amarmos intrinsecamente, nos está tão entranhado que nos parece óbvio, e não percebemos sua singularidade. Assim tem sido com a cidade de Petrópolis. Quando algum interesse há sobre ela, é mais em relação à história política do país do que à cidade em si, muitas vezes esquecida. Petrópolis tem sido pouco mais do que um nome entre tantos outros registrados no mapa do Brasil. E, não deveria ser assim. Dona de uma singularidade absoluta, a cidade reúne uma série de peculiaridades da mais alta importância na formação da história brasileira a partir do segundo império. Não fosse isso suficiente, é especialíssima também em sua formação urbana . Foi gestada por D.Pedro I, que comprou suas terras em 1830 já com a clara intenção de ali construir um Palácio de verão. Surgiu efetivamente através de um adolescente que, sob a inspiração de seu mordomo e indo contra a vontade de seus contemporâneos, resolveu abraçar o sonho do pai já falecido e viabilizá-lo: o jovem imperador Pedro II , então com 18 anos. Petrópolis nasceu no século XIX com um traçado definido, que fugia da influência francesa […] Read More

GARIBALDI O HERÓI DE DOIS MUNDOS E O HOME

  GARIBALDI O HERÓI DE DOIS MUNDOS E O HOMEM DE AÇÃO DE SEU SÉCULO NA REVOLUÇÃO FARROUPILHA. Cláudio Moreira Bento, associado correspondente Nasceu Giuseppe Garibaldi em Nizza, Itália, em 14/jul./1807, segundo filho do casal Domenico e Rosa Garibaldi há 200 anos. Cedo se iniciou no mar e revelou grande espírito aventureiro, ao ser preso com outros meninos, já na altura de Mônaco, em expedição marítima realizada à revelia dos pais. Aos 15 anos era marinheiro e fez a sua primeira viagem de San Remo a Odessa. Ao passar por Roma tomou conhecimento da realidade de uma Itália dividida e dominada pelos austríacos e passou então, a viver os problemas da pátria através de intensa leitura. Em 1830, aos 23 anos aderiu à sociedade secreta, “A Jovem Itália” de Mazzini, cujo programa era a Unidade e República italianas, tendo por divisa, Deus e Povo, Pensamento e Ação. Ao ser apresentado a Mazzini, tornou-se carbonário, com o codinome Borel. Fracassando a revolução de Mazzini, fugiu da Itália e atingiu Marselha na França, onde soube haver sido condenado à morte. Por algum tempo prestou serviços ao Bey de Tunis. Depois retornou à Marselha para embarcar para o Brasil, o que fez a bordo do “Nautonnier”. Ao transpor a barra do Rio de Janeiro ficou deslumbrado com a beleza natural do Rio de Janeiro, lamentando não ser poeta para descrevê-la. No Rio, entrou em contato com os carbonários , Rosseti, Carníglia, Cuneo, Torrizano e Castellini. E decidiu comprar um barco que batizou de “Mazzini”. No Rio, quando em atividades comerciais, soube estar preso na Fortaleza de Santa Cruz, o carbonário Conde Tito Lívio Zambecari, feito prisioneiro com Bento Gonçalves na Ilha da Fanfa, no Rio Jacuí. Em decorrência da visita a Tito Lívio, aderiu à Revolução Farroupilha. Armou secretamente a “Mazzini” para realizar o corso no Sul. Ao transporem a Fortaleza de Santa Cruz e terem acenado para o Tito Lívio, mudaram o nome do barco Mazzini para “Farroupilha”. E nele hastearam pela vez primeira, no mar, o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense. Depois de deixarem o Rio, aprisionaram a “Luiza” e o levam para o sul com os escravos apresados. Em Maldonado, no Uruguai, o barco quase naufragou em virtude do mau funcionamento de sua bússola, afetada pelo metal de fuzis colocados próximo. Na Barranca San Gregório, foram surpreendidos por um barco uruguaio hostil, sendo Garibaldi gravemente ferido, entre o pescoço e […] Read More