AS VOCAÇÕES DE PETRÓPOLIS E O TURISMO Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida Petrópolis é uma localidade que já viveu várias etapas significativas em sua trajetória de parte de uma sesmaria até hoje. Foi trecho de um caminho para o interior do país na busca das riquezas minerais da região. Local de veraneio da Família Imperial, da Nobreza e da Diplomacia na época do Império, o mesmo acontecendo na época da República. Cidade fabril de grande produção , exportando seu produto até para a Europa igualando-se em importância com São Paulo. Local de concentração de educandários, tanto masculinos quanto femininos por oferecer clima saudável e agradável numa época em que o Estado do Rio era assolado por febres e doenças diversas, Colônia alemã se bem que prejudicada em suas características pelo convívio dos veranistas e nobres que faziam parte da “entourage” do Imperador. Recanto de calma e belezas naturais que sempre atraiu e atrai escritores, filósofos e artistas. E outras que agora não me ocorrem agora. Como local onde o chefe do Estado passava grande parte do ano foi a pioneira em várias melhorias dos diferentes aspectos da vida e inventos úteis etc. Neste aspecto também teve grande importância a proximidade com o Rio de Janeiro, quando este era a capital do País. Hoje continuam algumas de suas vocações, modificadas pelas circunstâncias como é o caso dos estabelecimentos de ensino que, atualmente compreendem Faculdades, na sua maioria. Outras vezes está atualizada em suas preferências como no caso da informática que encontrou grande interesse. Suas grandes vocações, atualmente, parecem ser para santa e mártir. Santa porque em cada bairro, em cada rua surgem todos os dias igrejas, templos e casas de oração dos mais diversos credos: católicos, crentes, etc. Menos mal, precisamos mesmo muito de orações! Mártir porque estão sendo destruídas todos os indícios que a caracterizam como uma cidade que já viveu todas as vocações que mencionamos, que são a prova de seu passado, enfim que fazem parte de sua história. Temos prédios grandiosos que atestam a importância que teve como centro industrial como é o caso do complexo que formou a Fábrica Petropolitana, de Cascatinha e que é hoje quase uma ruína, o prédio da ex-fabrica de São Pedro de Alcântara que corre o mesmo risco por não haver pessoas que tenham posses e sensibilidade para aproveitar o […] Read More
VILA DE PEDRO DO RIO (A)
A VILA DE PEDRO DO RIO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Vila de Pedro do Rio, sede do atual 4º Distrito do Município de Petrópolis, surgiu nas terras pertencentes à Sesmaria de Joaquim José Pegado (1758). Em mapas muito antigos, como a “Carta Topográfica da Capitania do Rio de Janeiro de 1767”, as terras do Sumidouro, Pedro do Rio e Barra Mansa formavam o “Sertão do Piabanha”, ocupado por índios bravos. Segundo nos informa Lamego, “a maioria deles pertencia à nação Puri, sendo possível que restos de tribos puris acuadas no planalto pela invasão dos colonizadores tenham escolhido a serra como refúgio” (1). (1) LAMEGO, Alberto Ribeiro. O Homem e a Serra. Rio de Janeiro, IBGE, 1950, p. 126-127. Assim, não sabemos ao certo quando a denominação Pedro do Rio começou a ser utilizada. Neste sentido, Francisco de Vasconcellos, num de seus interessantes trabalhos, faz o seguinte comentário: “Pedro do Rio, foi Antonio Luiz durante o século XVIII e princípios do século XIX. Lugar onde se deixa a margem do Piabanha. Ora, em Pedro do Rio acontece justamente isso, quando se pretende tomar o rumo do Secretário e daí o do Paraíba, rota da via ancestral” (2). (2) VASCONCELLOS, Francisco de. Petrópolis, do embrião ao aborto Canabrava Barreiros afirma, num de seus livros, que o atual Pedro do Rio correspondia ao Sítio do Alferes Caetano, mencionado por Cunha Matos “como um rancho, e casa pequena” (3). (3) BARREIROS, Eduardo Canabrava. D. Pedro Jornada a Minas Gerais em 1822. Coleção Documentos Brasileiros, vol. 161, Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1973, p.32-33. Qual seria a origem do nome Pedro do Rio? Reza a tradição que, mais ou menos no ponto ocupado pela estação ferroviária, hoje desativada, existiu um rancho, cujo dono acudia ao nome de Pedro; no Alto Pegado, outro rancho devia haver e, por coincidência, o respectivo proprietário também se chamava Pedro. Assim, a distinção se fez naturalmente, havia o “Pedro do Alto” e o “Pedro do Rio”. A primeira especificação dos limites de Petrópolis é encontrada na Deliberação de 29 de março de 1844, quando Petrópolis pertencia à Freguesia de São José do Rio Preto. Tal deliberação dizia em seu Artigo 1º: “Fica criada na freguesia de São José do Rio Preto, do termo de Paraíba do Sul, mais uma sub-delegacia, que se denominará do 2º distrito de […] Read More
SURUÍ, A FAMÍLIA PROENÇA E PETRÓPOLIS
SURUÍ, A FAMÍLIA PROENÇA E PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A região serrana, onde se situa hoje a cidade de Petrópolis, começou a ser povoada a partir do século XVIII, em conseqüência da necessidade de se estabelecer uma ligação direta, entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Neste sentido, a abertura da Variante ou Atalho do Caminho Novo foi o ponto de partida para a concessão de inúmeras sesmarias na região, as quais não tardaram a se fragmentar em prósperas fazendas, espalhadas pelo território que constitui o atual Município de Petrópolis. Cumpre ressaltar que quem pretender reconstituir os primórdios de nossa história regional terá, necessariamente, que recorrer às pesquisas realizadas por Frei Estanislau Schaette na Baixada Fluminense, de Caxias até Magé. Sacerdote exemplar, pregador e conferencista de grandes méritos, missionário, educador e historiador, Frei Estanislau era natural de Elberfeld, Renânia do Norte, Alemanha, tendo chegado a Petrópolis em 1897, onde concluiu seus estudos no recém-instalado Convento do Sagrado Coração de Jesus. Ordenado sacerdote a 23 de dezembro de 1902 foi logo nomeado professor da Escola Gratuita São José, imprimindo uma sólida orientação pedagógica à mesma. Em 1907, foi enviado ao sul do país, onde exerceu os cargos de Mestre dos Noviços, em Rodeio (SC), Definidor da Província e Diretor de uma Escola Normal para professores católicos em Blumenau, retornando a Petrópolis em 1930, onde continuou a dedicar-se ao magistério, desenvolvendo paralelamente intensa atividade pastoral nas paróquias da Baixada Fluminense. Possuidor de memória prodigiosa, grande pesquisador de arquivos, colecionador de documentos, era um historiador nato. Assim, desbravando arquivos, fonte única da verdadeira ciência-histórica, à procura de documentos, que ele soube explorar, comentar e divulgar, imprimiu, é justo que se reconheça, novos rumos à pesquisa histórica em Petrópolis. Em suas longas caminhadas pela Baixada Fluminense, no exercício de seu múnus sacerdotal, conseguiu reunir documentos que comprovam a presença de inúmeras famílias procedentes da Baixada Fluminense, sobretudo de Suruí, na ocupação do solo petropolitano, nos primórdios de sua história. Um dos primeiros sesmeiros do Suruí, segundo nos informa Frei Estanislau, foi Nicolau Baldim que construiu na colina de Goia a primeira Capela de São Nicolau, provisionada, isto é, autorizada pela autoridade eclesiástica para celebração do culto público e dos sacramentos, em 1628. Em 1695, Felix Magalhães de Proença, levantou na colina da atual matriz, a nova igreja, a qual foi elevada a […] Read More
CORONEL JERONYMO FERREIRA ALVES – GRANDE ANIMADOR DO PROGRESSO DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS
CORONEL JERONYMO FERREIRA ALVES – GRANDE ANIMADOR DO PROGRESSO DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Nasceu a 10 de fevereiro de 1874 em São Martinho do Val, Conselho de Vila Nova de Famalicão, Portugal, sendo filho de Antonio Joaquim da Costa Alves e Engrácia Rosa de Jesus. Chegou ao Brasil com quatorze anos de idade, em 28 de outubro de 1888, vindo logo para Correias, onde morou e trabalhou como caixeiro, no estabelecimento comercial de seu tio Jeronymo Ferreira de Oliveira. Jeronymo Ferreira de Oliveira, casado com D. Amélia, filha de José Monteiro de Siqueira Carvalho e D. Deolinda Amália, filha do casal João Cardoso Lemos e D. Ana Luiza Corrêa, donos da Fazenda da Samambaia, além de comerciante era grande proprietário de terras naquela região. Grande amigo e correligionário de Hermogênio Silva, segundo nos informa Lacombe, “obteve desse grande administrador várias benfeitorias para Correias, como a ponte de ferro sobre o Piabanha. Em frente à ponte projetou espaçosa praça. À direita de quem entra, construiu prédio em que funcionou o Armazém Correias, abrindo ao lado uma rua, cujo nome precisa ser restabelecido: Rua Jeronymo Ferreira de Oliveira” (1). Deve-se também à sua influência, o fato da Leopoldina ali estacionar os trens de carreira, fato que sem dúvida, muito contribuiu para o progresso local. (1) LACOMBE, Lourenço Luiz. Quem foi Jeronymo Ferreira de Oliveira. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 28 de janeiro de 1940, p.1. Guilherme Carlos, grande proprietário de terras na região, estabelecido com negócio de olaria em Benfica e Engenho de Açúcar na Fazenda da Manga Larga, de sua propriedade, era filho dos colonos alemães João Pedro Carl e D. Catarina Werlong, chegados ao Brasil em agosto de 1845, a bordo do navio “Marie”. Nascido em Petrópolis, em 14 de julho de 1846, Guilherme “foi batizado em 17 de julho de 1846, pelo Cura da Boa Esperança, Padre Reitz, na Capela que servia de Matriz, sendo seus padrinhos Guilherme Sindorf e Carlota Flesch”(2). (2) AULER, Guilherme. Primeiros Batizados. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 1955, p. 11. No armazém do tio, Jeronymo Ferreira Alves iniciou o aprendizado de uma bem sucedida carreira no comércio, mudando-se para Itaipava em 1902, onde se estabeleceu com um armazém próprio, casando-se com D. Margarida Carlos, filha de Guilherme Carlos e sua esposa, também chamada Margarida Carlos. Guilherme Carlos e D. Margarida Carlos […] Read More
COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS (O)
O COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Em fins de 1968, sendo reitor da Universidade Católica de Petrópolis, Dom José Fernandes Veloso, foram adquiridas as instalações do Colégio Notre Dame de Sion, situado à Rua Benjamin Constant, 213. A ampliação das instalações da Universidade Católica de Petrópolis tornava-se imperiosa para atender à extraordinária expansão e ao desenvolvimento da mesma, com a instalação de novos cursos, laboratórios e oficinas, bem como de um Colégio de Aplicação capaz de propiciar campo de estágio e pesquisa aos alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, assim como proporcionar ensino de alto padrão, integrado com a Universidade, desde o nível infantil. Assim, em 8 de novembro de 1968, reuniram-se, no Rio de Janeiro, para acertar os termos da transação, o Dr. Celso da Rocha Miranda e o Dr. Graça Couto, representando o Conselho de Administração e Finanças da Universidade; pelo Colégio Sion, a Superiora de Petrópolis, a assistente da Madre Provincial, a Superiora do Rio de Janeiro e o advogado do Sion, Dr. Leonel Veloso, tendo ficado estabelecido o valor da transação em NCR$ 4.000.000,00 a ser pago em seis anos. No ano seguinte transferiram-se para o novo prédio as quartas séries das diversas licenciaturas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e alguns serviços administrativos da Reitoria. O Colégio de Aplicação começou a funcionar a 27 de fevereiro de 1969, embora a cerimônia de sua instalação se tenha realizado a 1º de março do mesmo ano. A 22 de março de 1969, o Conselho Universitário aprovou a nomeação de uma Comissão para estudar a estruturação do Colégio, coordenando-lhe as atividades com as da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Na oportunidade foram nomeados os seguintes professores para integrar a referida Comissão: Maria de Glória Rangel Sampaio Fernandes, diretora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; Onésio Mariano Henrichs, Diretor do Colégio; Therezinha Fernandes Barbosa, Suelena Pessoa de Campos, Albertina Conceição Nunes da Cunha, Irmã Rosalina de Sion e Edson Paulo Lobo. Como resultado dos estudos realizados pela citada Comissão foi elaborado o Regimento do Colégio, o qual foi aprovado pela Inspetoria Seccional de Niterói, do Ministério da Educação e Cultura, a 8 de setembro de 1969, e pelo Conselho Estadual de Educação, em 27 de novembro de 1969. Este primeiro regimento apresentava uma série de novidades, […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – JOÃO PANDIÁ CALÓGERAS
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette JOÃO PANDIÁ CALÓGERAS João Pandiá Calógeras nasceu, em 19 de junho de 1870, na cidade do Rio de Janeiro. Seu avô, João Batista Calógeras, nascido em Corfu, na Grécia, em 1810, formou-se em Direito na Universidade de Paris e radicou-se no Brasil em 1841. Em 1847, foi nomeado professor de História e Geografia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e, em 1851, em sociedade com outro notável mestre, o Barão de Tautphoeus, fundou em Petrópolis o renomado “Colégio dos Meninos”, que dirigiu até 1851, quando o vendeu ao professor Bernardo Falleci. Naturalizado brasileiro em 1854, foi nomeado cinco anos mais tarde 1º Oficial de Gabinete no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e possuía, entre outras, a Comenda da Ordem da Rosa. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1878. Seus pais foram o engenheiro Michel Calógeras, nascido no Rio de Janeiro em 1842, e D. Júlia Ralli Calógeras. Michel Calógeras, associado a seu irmão Pandiá George e ao engenheiro Luís Berrini, teve a concessão do prolongamento, até Petrópolis, da Companhia Estrada de Ferro Mauá. Construiu a linha da serra, empregando pela 1ª vez no Brasil o sistema suíço de cremalheira Riggenbach, da Raiz ao Alto da Serra. Dirigiu por vários anos as Companhias de bondes do Rio de Janeiro “Carioca e Riachuelo” e “Carris Urbanos &”. João Pandiá Calógeras, segundo nos informa Gontijo de Carvalho, “aprendeu a ler e escrever aos quatro anos de idade. Não freqüentou escolas e ginásios oficiais. Deveu a formidável cultura humanística, das maiores do Brasil, aos seus pais e avós e a um luzidio corpo de professores particulares, notadamente alemães, que, em Petrópolis, se encarregaram de sua formação mental” (1). (1) – CARVALHO, Antonio Gontijo. Calógeras. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1935, p. 29. Após os estudos preparatórios feitos no Colégio Pedro II, matriculou-se na Escola de Minas de Ouro Preto, estabelecimento de gloriosas tradições, onde se formou em 1890, aos 20 anos de idade. No ano seguinte, casou-se com D. Elisa da Silva Guimarães, filha do Dr. Joaquim Caetano da Silva Guimarães, ministro do Supremo Tribunal de Justiça e sobrinha do poeta Bernardo Guimarães. Desenvolveu intensa atividade profissional, realizando pesquisas geológicas, inicialmente em Santa Catarina e posteriormente em Minas Gerais. Militando na política, o Dr. Calógeras representou […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – WASHINGTON LUÍS
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette WASHINGTON LUÍS Washington Luís Pereira de Souza nasceu em Macaé, na então Província do Rio de Janeiro, a 26 de outubro de 1869, sendo filho do Tenente Coronel Joaquim Luís Pereira de Souza e D. Florinda Sá Pinto Pereira de Souza. Iniciou seus estudos em sua terra natal, sob a orientação da professora Rosa Ferrão e, em 1884, inscreveu-se no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, matriculando-se posteriormente no Colégio Augusto. Em 1888, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, bacharelando-se em 1891. No ano seguinte foi nomeado promotor público da Comarca de Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro, de onde se transferiu para Batatais, em São Paulo, onde se estabeleceu com escritório de advocacia. Dedicou-se ao jornalismo como colaborador dos jornais “A Penna” e “A Lei” e iniciou uma vitoriosa carreira política como vereador, presidente da Câmara Municipal, por dois mandatos. Em 04 de março de 1900, casou-se com Sofia Paes de Barros, filha dos barões de Piracicaba, que seria sua leal companheira até a sua morte, ocorrida em 28 de junho de 1934, na Suíça e com a qual teve quatro filhos. Após seu casamento, mudou-se para a capital onde foi eleito deputado estadual (1904-1906), destacando-se, na oportunidade, por sua atuação como integrante da comissão permanente de instrução pública. Posteriormente foi nomeado Secretário de Justiça do Estado, cargo no qual permaneceu até 1912 e que exerceu com a maior eficácia, “criando a instituição da polícia de carreira, pondo fim à autoridade leiga e instituindo a obrigatoriedade do diploma de advogado para os delegados de polícia” (1). (1) KOIFMAN, Fábio (Organizador). Presidentes do Brasil. Departamento de Pesquisa da Universidade Estácio de Sá. São Paulo, Cultura, 2002, p. 266. Eleito deputado, interrompeu seu mandato para tornar-se prefeito de São Paulo, em 30 de outubro de 1913, eleito que fora pelo colégio eleitoral. Em 1917 reelegeu-se prefeito, dessa vez pelo voto direto, revelando-se um administrador esclarecido e progressista, “solucionando os problemas de abastecimento, com o acerto para a instalação das feiras livres, e a construção de casas proletárias em terrenos municipais”. (2). (2) KOIFMAN, Fábio (Organizador). Presidentes do Brasil. Departamento de Pesquisa da Universidade Estácio de Sá. São Paulo, Cultura, 2002, p. 267. Em 1º de março de 1920, foi eleito presidente do Estado de São Paulo, procurando […] Read More
JUBILEU DE OURO DO LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO
JUBILEU DE OURO DO LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Inaugurado em 07 de novembro de 1953, o Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio completou este ano 50 anos de ininterrupta atividade, ou sejam, 50 anos de inestimáveis serviços prestados à causa da educação no Município de Petrópolis. Instituições de ensino como o Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio, beneficiam-se da colaboração indefinida dos que a ampararam e prestigiaram, pagando-lhes o trabalho e a dedicação com a compreensão, o respeito e o reconhecimento das gerações que se renovam. Cumpre, portanto, registrar o reconhecimento a todos os que contribuíram para que este educandário pudesse existir e se manter por tantos anos, sempre promovendo a valorização do ensino em nossa cidade. Aproveitemos, pois, o ensejo para recordar um pouco a bela história desse Educandário, cujo jubileu de ouro encontra aqui uma página mais a ser lembrada futuramente. Em 22 de julho de 1952, o então prefeito municipal Cordolino José Ambrósio, empreendedor e laborioso, sensível aos valores da educação e da cultura, enviou à Câmara Municipal mensagem propondo a criação da Escola Comercial de Petrópolis e do Ginásio Municipal. Na ocasião, vinha funcionando, mantido pela Prefeitura Municipal, o Liceu de Artes e Ofícios que, além de nunca ter possuído um local condigno para o seu funcionamento, vinha ministrando cursos, diga-se de passagem, com muita eficiência, mas que não eram reconhecidos pelo Ministério da Educação e Saúde. Em conseqüência, a solução encontrada pelas autoridades educacionais do Município foi transformar o mesmo em Escola Comercial do Município de Petrópolis, organizando-a de conformidade com a Lei Orgânica do Ensino Comercial, para que pudesse a mesma ser registrada na Diretoria do Ensino Comercial e pudessem ser validados os diplomas por ela expedidos. Quanto ao Ginásio Municipal, fora o mesmo criado pela Deliberação nº 242, de 14 de dezembro de 1950, com a finalidade de absorver a demanda estudantil das “escolas primárias” do Município. Entretanto, por falta de verbas, local e prédio necessários à sua instalação, esta obra só viria a tornar-se realidade quando o prefeito municipal obteve junto ao ministro Ernesto Simões da Silva Freitas Filho, jornalista baiano, “espírito combativo, destemido político e destacado vulto da política nacional” (1), na ocasião, ocupando o cargo de Ministro da Educação e Saúde, o apoio financeiro necessário à construção de um prédio que obedecesse a todos os requisitos […] Read More
REFORMA CONSTITUCIONAL DE 1903 (A)
A REFORMA CONSTITUCIONAL DE 1903 Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Há cem anos, no mês de setembro, estando a capital do Estado de volta a Niterói, a Assembléia Legislativa votou a tão esperada reforma da Constituição de 1892, quando agonizava o período presidencial de Quintino Bocayuva e com ele o próprio Estado do Rio de Janeiro, que perdera em treze anos o prestígio e a pujança de que desfrutara durante o segundo reinado. A reforma foi um ajuste e uma correção de rota necessária na contingência falimentar em que se encontrava a terra fluminense e a grande maioria de seus municípios, a arrastarem-se como sombras nos desvãos da burocracia, faltos de recursos, de investimentos, de esperança. Uma convergência de fatores havia provocado a bancarrota, avultando entre eles a crise cafeeira, o péssimo desempenho do Presidente Quintino e os reflexos do aperto fiscal provocado pelo governo Campos Sales, que encerrara o seu mandato a 15 de novembro de 1902. Após a morte de José Thomaz da Porciúncula, ocorrida pouco depois do primeiro racha no Partido Republicano Fluminense, despontou como líder absoluto no Estado, o Dr. Nilo Peçanha, político habilíssimo, tipo macunaimesco, figura de enorme trânsito fosse na órbita estadual, fosse na federal, deputado com vários mandatos, abolicionista e republicano convicto, homem capaz de reverter qualquer situação por pior que ela fosse. Surgiu como candidato natural à sucessão de Quintino Bocayuva e prometia apagar a lembrança da péssima situação em que se encontrava seu Estado. Respaldado pelas grandes forças políticas da época e desfrutando de enorme simpatia popular, o que menos importava, já que as eleições eram mesmo decididas no tapetão da Comissão de verificação de poderes da Assembléia Legislativa, Nilo Peçanha venceu o pleito, antes que se operasse a reforma constitucional que, em se tornando realidade, dois meses depois da eleição, haveria de facilitar e muito a sua Presidência e o seu trabalho de reconstrução do Estado. Mas essa mesma reforma, que trouxe em seu bojo algumas benesses, semeou também a discórdia e o desentendimento, ao longo das duas primeiras décadas dos novecentos, por causa da chicana que alguns de seus dispositivos ensejaram. E muita vez, protagonizando esse expediente pouco recomendável, estava o treteiro Nilo, com suas artimanhas, abrindo o caminho para conquistas não muito lisas. Vejamos alguns pontos dessa reforma cujo centenário agora comemoramos. A […] Read More
IMPERIAL FÁBRICA DE S. PEDRO DE ALCÂNTARA E TIPOGRAFIA DE “O MERCANTIL”
IMPERIAL FÁBRICA DE S. PEDRO DE ALCÂNTARA E TIPOGRAFIA DE “O MERCANTIL” Thomas Cameron Imperial Fábrica de S. Pedro de Alcântara Não há muitos anos tristes preocupações abalavam os que conhecendo bem a situação de Petrópolis viam como que agonizando a sua população à míngua de elementos de vida. Colônia agrícola em seu comêço estava evidenciado que à lavoura se não prestava o terreno, e que o agricultor estrangeiro achava-se sem terras para lavrar, e portanto sem trabalho a que dedicar as suas fôrças. Cidade puramente de recreio vivia apenas três ou quatro meses no ano, e o resto do tempo era de quase vegetação para os habitantes permanentes. No entanto pequeno não era o número dos que tinham presos aqui os seus interêsses, o fruto de seu trabalho, a habitação de sua família com aquelas comodidades que lhes eram indispensáveis. Na impossibilidade de se desapegarem completamente dêste lugar, onde como que tinham raízes, desmembravam-se as famílias, iam êstes ou aquêles em busca de trabalho longe de Petrópolis, e pois diminuindo o número de habitantes decrescia por conseqüência a fôrça vital da localidade. Então clamava-se e a bom clamar contra a inércia dos capitais, contra o aferrolhamento da moeda; e dizia-se razoavelmente: – não pode medrar a lavoura, morre por isso o comércio, salve-nos da queda a indústria! Reconhecia-se a necessidade das fábricas que proporcionassem trabalho aos braços válidos que se inutilizavam no ócio. Lamentava-se que morresse o que tinha tanta seiva e vida tanta. Nessa época, quando o desânimo aumentava à proporção que a descrença avançava na invasão, houve uma espécie de grito de revolta; e dir-se-ia que essa população que anoitecera agonizante amanhecera animada de uma vida nova. Eram braços novos e robustos que lançavam os alicerces de uma cidade em construção: não tinha sido o sono que alquebra, mas êsse outro sono que avigora, o que se havia apoderado dêsses homens. Êles não haviam desanimado: cansados de uma luta prolongada repousaram um pouco para se erguerem mais fortalecidos. E dêsse esfôrço supremo, dêsse despertar repentino, surgiu Petrópolis – a manufatureira. Não mais era necessário buscar longe o que perto havia. O trabalho sorria para todos, chamava a postos os seus filhos; e o suor do operário fazia reverdecer a árvore da felicidade que só a êsse benéfico orvalho pode dever o viço e o frescor. Já não era o passo tardo do homem que treme pelo […] Read More