GETÚLIO CHEHAB (PROF.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Faleceu, repentinamente, a 12 de novembro, o Prof. Getúlio Chehab, um dos mais antigos colaboradores da Universidade Católica de Petrópolis. Partiu discretamente, como viveu, mas deixou, para quem teve o privilégio de desfrutar de sua amizade, a imagem de um homem sereno, comprensivo, bondoso e íntegro, que jamais se descontrolou ou tomou decisões precipitadas. Nascido em Petrópolis, a 03 de janeiro de 1940, era filho de Amer Chehab e Elidia da Conceição Macedo Chehab. Foi ex-aluno do Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio, onde concluiu o Curso de Contabilidade e da Universidade Católica de Petrópolis, onde concluiu o Bacharelado em Direito. Seu curriculum vitae era dos mais ricos e expressivos, englobando cursos de extensão e aperfeiçoamento, bem como de participação em diversos simpósios e seminários. Assim, possuía os cursos de Dinâmica de Grupo, Técnicas de Reuniões, Prática de Processo Penal, todos pela Universidade Católica de Petrópolis; Aperfeiçoamento e Treinamento de Pessoal Administrativo das Universidades, pela Universidade Federal de Santa Catarina; Utilización y Desarrollo de Tecnologia Educativa, pela Universidade Autônoma de Guadalajara; Seminário Internacional de Administração Universitária, pela Universidade Federal de Santa Catarina; Seminário de Administração, Chefia e Relações Humanas, pela Universidade Católica de Petrópolis; Seminário sobre Educação e Desenvolvimento, pela Fundação CESGRANRIO; Seminário Emergencial sobre “A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e seus reflexos no Desenvolvimento Brasileiro”, pelo Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação; Seminário Internacional de Avaliação, pela Universidade Federal de Pernambuco; Fórum Educação-Cidadania-Sociedade sobre Avaliação do Ensino Superior em Discussão, pela Fundação CESGRANRIO; III Encontro de Pró-Reitores de Graduação da Região Sudeste, pela Universidade de São Francisco. Integrou durante algum tempo o corpo de funcionários da Editora Vozes e, em seguida, o corpo de funcionários das Faculdades Católicas Petropolitanas, mais tarde transformadas em Universidade Católica de Petrópolis, onde iniciou uma longa e promissora carreira. Foi Secretário da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, de 1960 a 1968; Secretário Geral dos Cursos, de 1970 a 1979; Pró-Reitor Acadêmico, de 1979 a 1996; Vice-Reitor, de 1982 a 1999 e professor assistente, mais tarde adjunto, do Departamento de Administração Escolar e Metodologia Pedagógica da Faculdade de Educação. Atualmente vinha exercendo as funções de Assessor Educacional da Pró-Reitoria Acadêmica. Exerceu todos esses cargos com dedicação e rara competência. Além disto era um estudioso e profundo conhecedor da legislação […] Read More
SUBSÍDIOS PARA UMA HISTÓRIA DE SECRETÁRIO
SUBSÍDIOS PARA UMA HISTÓRIA DE SECRETÁRIO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette As sesmarias eram terrenos incultos ou abandonados, doadas para efeito de povoamento e cultivo. Eram doadas em quadras de uma légua, o que correspondia a 3.000 braças ou 6.600 metros. Na primeira década do século XVIII, o secretário do Governo, José Ferreira da Fonte recebeu, segundo nos informa Schaette “uma sesmaria ao sul das terras concedidas à numerosa família da Garcia Rodrigues Pais” (1). Garcia Rodrigues Pais, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Pais, foi quem mediante licença do Governador Arthur de Sá, construiu o Caminho Novo, ligando Rio de Janeiro a Minas Gerais e que, finalizando a obra, se estabeleceu com sua família nas terras banhadas pelos rios Paraíba e Paraibuna. (1) SCHAETTE, Estanislau Frei. “Fazendeiros e Fazendas de Serra Acima”. In: Anuário do Museu Imperial, Petrópolis, 1948. José Ferreira da Fonte, posteriormente, procurou obter as terras contíguas à sua sesmaria, para fazer um curral de gado. Em conseqüência, em 28 de agosto de 1734 conseguiu do Capitão Geral da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrada, uma légua de terra em quadra, que alcançava o rio Piabanha. Possuiu assim José Ferreira da Fonte duas sesmarias: a 1ª localizada no vale do rio Fagundes, abrangendo inclusive as terras da região atualmente conhecida como Secretário e a 2ª, cortada pelo rio Piabanha, conhecida como quadra de Magé, por ter sido colonizada por famílias provenientes da Baixada Fluminense, especialmente de Magé e que hoje constitui a região de Itaipava. Em 1770, “o filho do Secretário, Antonio Pegado de Carvalho, requereu medição especial de sua vasta propriedade, demarcação esta que só no ano seguinte, de 1771, seria reconhecida pelos vizinhos que a assinariam na ordem que se segue: Inácio Caetano da Costa, Antonio Pinto Braga, Joaquim José Pegado, Eugênio Viegas de Proença, Germano Barbosa Lage e Antonio Nunes da Silva” (2). Quem seriam esses vizinhos? (2) SCHAETTE, Estanislau Frei. “Fazendeiros e Fazendas de Serra Acima”. In: Anuário do Museu Imperial, Petrópolis, 1948, p. 87. Joaquim José Pegado recebera em 5 de junho de 1758, uma sesmaria localizada na sobrequadra da fazenda do Secretário onde se achavam terras devolutas, isto é, desocupadas, “nas quais já tinha roçado e plantado”. Eugênio Viegas de Proença era proprietário de terras que havia herdado de seu pai Nicolau Viegas de Proença, na região denominada […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – HONÓRIO HERMETO CARNEIRO LEÃO
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette HONÓRIO HERMETO CARNEIRO LEÃO Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná, nasceu na vila de Jacuí, Minas Gerais, em 11 de janeiro de 1801, sendo filho do Tenente Coronel Nicolau Netto Carneiro Leão e D. Joana Severina Augusta. Após completar o Curso de Humanidades em Minas Gerais, partiu para Portugal em 1820, onde se bacharelou em Direito pela Universidade de Coimbra em 1825. De volta ao Brasil, foi nomeado Juiz de Fora de São Sebastião, em 1826, desempenhando a seguir as funções de Auditor da Marinha, Ouvidor do Rio de Janeiro e Desembargador da Relação de Pernambuco, aposentando-se como Ministro do Supremo Tribunal de Justiça. Analisando sua passagem pela magistratura, assim se pronunciou José de Alencar: “Percorreu todos os cargos e honras, faltando-lhe unicamente o último degrau da hierarquia judiciária que não atingiu, porque então o estadista já dominava o magistrado, o homem político fazia desaparecer o juiz” (1). (1) ALENCAR, José de. O Marquês do Paraná. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, nº 236, julho/ setembro de 1957, p. 257. Eleito deputado por Minas Gerais em 1830, exerceu as funções políticas inerentes ao cargo por três legislaturas consecutivas, até 1841, tornando-se conhecido por suas idéias conciliadoras, seu poder de argumentação e seu descortino político. Como deputado teve ação destacada nos acontecimentos políticos então ocorridos, destacando-se quando a maioria do partido liberal, querendo reformar a Constituição, deliberou que a Câmara dos Deputados se declarasse em Convenção Nacional e promulgasse nova Constituição, que segundo os comentários da época, já se achava elaborada com antecedência. Considerando tal atitude um verdadeiro atentado à Constituição em vigor, Carneiro Leão rompeu com seus antigos aliados e se pronunciou contra o projeto, dizendo: “Não temos necessidade de ferir a legalidade e os princípios; podemos fazer as leis justas, que forem necessárias para conter os partidos, na Constituição observada temos meios seguros e legais para dar à nação o que ela pretende” (2). (2) CARNEIRO LEÃO, Honório Hermeto. Cf. por Alfredo Valladão. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, nº 236, julho/setembro de 1957, p. 311. Sua enérgica atuação teve como conseqüência imediata um fracionamento na maioria dos deputados e a idéia da reforma constitucional acabou sendo rejeitada. Honório Hermeto foi Presidente da […] Read More
FACULDADE CATÓLICA DE DIREITO (A)
A FACULDADE CATÓLICA DE DIREITO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Faculdade de Direito, primeira das Faculdades Católicas Petropolitanas a funcionar, instalou-se solenemente no dia 06 de março de 1954, em solenidade realizada na Sala de Sessões da Câmara Municipal. A cerimônia foi presidida pelo Almirante Ernani do Amaral Peixoto, Governador do Estado, e a ela compareceram, entre outras autoridades os Srs. Pedro Calmon, Reitor da Universidade do Brasil, padre Pedro Belisário Velloso, Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, juiz Levi Carneiro, da Corte Internacional de Haia, Dr. Moura e Silva, Secretário de Educação do Estado do Rio. Anteriormente, por ato do dia 28 de fevereiro de 1954, o Sr. Bispo Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, nomeou para o Conselho Técnico Administrativo da Faculdade Católica de Direito, de conformidade com o artigo 43 do Regimento da mesma, os seguintes professores: Dr. Paulo Gomes da Silva, Dr. Maurício Parreiras Horta, desembargador Aloísio Maria Teixeira, Dr. Raphael Cirigliano Filho, Dr. Alberto Francisco Torres e Dr. Orlando Carlos da Silva. Prevendo-se o desenvolvimento das Faculdades, com sua futura transformação em Universidade, foi criado o cargo de Reitor, sendo nomeado para o mesmo o Dr. Arthur de Sá Earp Netto. Abriram-se os editais de inscrição para o concurso de habilitação; os candidatos foram se inscrevendo e, dos 79 inscritos, 49 foram aprovados e matriculados, iniciando-se as aulas no dia 24 de março de 1954, em imóvel localizado à Rua Vidal de Negreiros 97, no bairro do Retiro, que fora cedido por tempo indeterminado pelo Carmelo São José. Desde a sua fundação, contou a Faculdade de Direito com o concurso de renomados professores, entre os quais despontavam os doutores Ascânio Dá Mesquita Pimentel, Orlando Carlos da Silva, Arthur de Sá Earp Netto, Aloísio Maria Teixeira, Raphael Cirigliano Filho, Alberto Torres, Maurício Parreiras Horta, padre José Fernandes Veloso e muitos outros que, com sua experiência e saber, imprimiram ao Curso uma orientação que até hoje vem norteando a formação jurídica, moral e religiosa de nossos alunos. Neste sentido, é o Dr. Ascânio Dá Mesquita Pimentel, primeiro diretor da unidade de ensino então fundada, quem acena para os princípios morais e religiosos que deveriam reger os passos da Faculdade de Direito no porvir. Num oportuno artigo que, a pedido dos alunos, escreveu para o primeiro número do jornal estudantil o “ÁQUILA”, com a […] Read More
DATA QUE MERECE SER LEMBRADA (UMA)
UMA DATA QUE MERECE SER LEMBRADA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A data de 31 de maio de 1953 foi marcada por um expressivo acontecimento, a fundação das Faculdades Católicas Petropolitanas, que, a 20 de dezembro de 1961, se transformaram na Universidade Católica de Petrópolis, sendo nosso dever rememorar este acontecimento histórico, marco indelével de progresso para esta região serrana. A idéia da fundação de uma Universidade em nossa cidade só começou a se concretizar após a criação da Diocese de Petrópolis, pela bula “Pastoralis qua urgemur”, do Santo Padre o Papa Pio XII, atendendo a uma das mais caras aspirações dos católicos petropolitanos. Para a nova diocese foi nomeado Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, espírito lúcido e culto, profundo conhecedor dos problemas do nosso tempo, o qual logo se deu conta de que a cidade há muito reclamava a falta de instrução superior, capaz de habilitar seus estudantes ao exercício das profissões liberais, desobrigando-os de ir buscar nas cidades vizinhas, sabe-se lá à custa de que sacrifícios, tais estudos. Pretendeu, entretanto, sua Exa. Revma., que tais cursos surgissem sob a inspiração da Fé e que a futura Universidade tivesse como meta a defesa dos valores éticos, religiosos e da dignidade da pessoa humana, como ele próprio acentuaria mais tarde, em discurso por ocasião da instalação da Universidade, ao dizer: “Confiamos, porém, em que a doutrina da igreja, profundamente orgânica no conjunto das verdades reveladas que nos iluminam, nos princípios morais que nos regem e na Graça dos meios sacramentais que nos sustentam, há de plasmar cada vez mais intensamente a vida cristã de nossa família universitária”. Assim, sob a inspiração e iniciativa do Bispo Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, em histórica reunião no Palácio Episcopal, realizada a 31 de maio de 1953, surgia a associação civil denominada Faculdades Católicas Petropolitanas. Compareceram à citada reunião, além do Bispo Diocesano, o Dr. Arthur de Sá Earp Netto, consultor jurídico e advogado da Mitra Diocesana; o Dr. Ascânio Da Mesquita Pimentel, advogado, professor e escritor de renome; o Dr. Kepler de Castro Neves, engenheiro e festejado homem de estudos; o Dr. José Sampaio Fernandes, doutor em Farmácia, professor da Universidade do Brasil e autor de cerca de sessenta trabalhos publicados em revistas especializadas e o Dr. Francisco de Magalhães Castro, engenheiro de renome, graduado em Filosofia pela Sorbonne, os quais […] Read More
EDUARDO GOMES, UM ILUSTRE PETROPOLITANO
EDUARDO GOMES, UM ILUSTRE PETROPOLITANO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Eduardo Gomes nasceu em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1896. Seus pais, Luiz Gomes Pereira e Jenny de Oliveira Gomes, possuíam uma ascendência das mais ilustres, ele, neto de Felix Peixoto de Brito e Melo, um dos heróis do combate de Pirajá, na Bahia, onde recebeu a Ordem da Campanha da Independência, tornando-se mais tarde magistrado e político, tendo sido deputado e governador de Alagoas; ela, filha do Visconde Rodrigues de Oliveira e bisneta do Senador Vergueiro, Nicolau de Campos Vergueiro, que foi regente do império. Eduardo Gomes recebeu de seus pais esmerada educação e sólida formação moral. Freqüentou o Curso Werneck e concluiu o Curso de Humanidades no Colégio São Vicente de Paula, no Rio de Janeiro, ingressando, posteriormente, na Escola Militar do Realengo, onde foi declarado Aspirante a Oficial em 17 de dezembro de 1918. Após servir no IX Regimento de Artilharia, em Curitiba, e de ter feito o Curso de Observador Aéreo, na Escola de Aviação Militar, no Campo dos Afonsos, foi transferido para o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde participou da revolta de 5 de junho de 1922. A revolta do Forte de Copacabana, que abriu o ciclo revolucionário em que predominavam os tenentes, nasceu do ressentimento militar contra a candidatura de Artur Bernardes, cuja impopularidade mais se acentuou com o episódio das “cartas falsas”, que objetivavam incompatibilizar os militares com o candidato à sucessão de Epitácio Pessoa. Tal fato, acabou originando uma séria crise, agravada com a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, então Presidente do Clube Militar, “em condições que feriam sua dignidade de oficial-general”, como declarou mais tarde o Capitão Euclides Hermes, então comandante do Forte de Copacabana. A revolta do Forte extinguiu-se num lance de desesperada bravura, pois não conseguindo tornar vitorioso o movimento, os derradeiros revoltosos iriam terminar suas vidas, lutando com as forças do governo, no episódio que ficou conhecido como os “18 do Forte”, sendo inclusive possível que esta diretiva tenha sido de inspiração de Eduardo Gomes. Do combate então travado, apenas dois revoltosos escaparam com vida, embora feridos: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. Posteriormente, por ocasião da Revolução Paulista de 5 de julho de 1924, comandada pelo General Isidoro Dias Lopes, quando tentava incorporar-se à Coluna Prestes, Eduardo Gomes […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – CONDE AFONSO CELSO
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette CONDE AFONSO CELSO Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, mais conhecido como Conde Afonso Celso, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 31 de março de 1860. Seus pais foram o Visconde de Ouro Preto e D. Francisca de Paula Martins de Toledo. Foi casado com uma das filhas do Barão de Itaipe, desde 1884, nascendo desta união quatro filhos: Maria Eugenia, Maria Elisa, Afonso Celso e Carlos de Ouro Preto. Em 1875, com permissão do Parlamento por não ter a idade legal, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, bacharelando-se em 1880 e recebendo o grau de doutor no ano seguinte. Na última década do regime imperial, iniciou carreira política, sendo eleito quatro vezes deputado pela província de Minas Gerais. Com a proclamação da República, abandonou a política e acompanhou seu pai no exílio. Retornando ao Brasil, dedicou-se ao magistério, ao jornalismo, às letras e à advocacia. Teve marcante atuação no nosso ensino superior, como professor de Economia Política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, durante cerca de quarenta anos, parte dos quais foi também seu diretor. Chegou a ter, conforme nos informa sua filha Maria Eugenia Celso, “suas aulas de Economia Política reunidas por seus alunos num opúsculo intitulado: “Uma grande Lição em Poucas Palavras” (1). (1) CELSO, Maria Eugenia. Um dos apaixonados de Petrópolis: o Conde Afonso Celso. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 233: 213-237, Rio de Janeiro, outubro-dezembro, 1956. Desenvolveu intensa atividade jornalística, tendo sido um dos grandes colaboradores do Jornal do Brasil, no qual manteve uma sessão diária de comentários políticos, econômicos, sociais e literários. Colaborou ainda com outros órgãos de imprensa, tais como: a Tribuna Liberal de São Paulo, a Semana, Renascença, Correio da Manhã e a Revista Vozes de Petrópolis. De sua vasta produção poética e literária, merecem destaque: “Prelúdios”; “Poemetos”; “Telas Sonantes”; “Devaneios”; “Lampejos Sacros”; “Oito Anos no Parlamento”, excelente livro de memórias; “O Imperador no Exílio”, no qual defende a causa monarquista e enaltece a figura de D. Pedro II; “Porque me Ufano de meu País”, um verdadeiro hino de louvor e admiração ao Brasil; “O Visconde de Ouro Preto”, em que retrata a vida e obra de seu pai e que possui um grande valor histórico. Em 1892, ingressou no Instituto Histórico […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – O IMPERADOR D. PEDRO II
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O IMPERADOR D. PEDRO II A ligação entre o Imperador D. Pedro II e Petrópolis foi tão significativa, que o historiador Alcindo Sodré assim se pronunciou a respeito da mesma: “para dizer-se alguma coisa sobre o último Imperador do Brasil é indispensável falar-se de Petrópolis” (1). (1) SODRÉ, Alcindo de Azevedo. D. Pedro II em Petrópolis. In: Anuário do Museu Imperial. Petrópolis, 1940. De fato, Petrópolis nasceu da magnanimidade, do carinho do Imperador, que a viu crescer e assistiu a sua evolução. Além disso foi dignificada, ao abrigar os seus despojos, sob a cúpula do templo que a sua magnificência também idealizou, a Catedral de São Pedro de Alcântara. Homem de ampla cultura universal, cuja vastidão de conhecimentos chegou a impressionar os intelectuais que lhe foram contemporâneos. Grande estadista, inteiramente consagrado ao serviço do Estado, D. Pedro II buscava em Petrópolis, a tranqüilidade e a plenitude da serra, o refúgio para se recuperar do desgaste de suas elevadas funções e se entregar aos estudos, à leitura, enfim, aos trabalhos intelectuais de sua preferência. Isto fica patente nas inúmeras cartas que escreveu a Gobineau, ao referir-se à nossa cidade: “Aqui passeio a pé todas as manhãs”; “A vida de Petrópolis agrada-me muito…”; “Aqui trabalho melhor que no Rio, apesar dos dois passeios que faço todos os dias”; “Devo ir em dezembro a Petrópolis e lá ser-me-á permitido entregar-me um pouco mais às ocupações do espírito…” (2). (2) Carta a Gobineau, 7 de fevereiro de 1881. Cf. Lacombe, Lourenço Luiz. In: D. Pedro II em Petrópolis. Edição do Museu das Armas Ferreira da Cunha, Petrópolis, 1954. Sabemos que com o Palácio Imperial ainda em construção, D. Pedro II já freqüentava com sua família a então povoação de Petrópolis, hospedando-se na Fazenda do Córrego Seco, então arrendada ao Major Júlio Frederico Koeler. O velho casarão da fazenda teria sido reformado por Koeler, ou então demolido por ele, dando lugar a um novo prédio. Neste sentido, o professor Lourenço Luiz Lacombe, apoiando-se no Decreto nº 187, de 15 de março de 1849, pelo qual D. Pedro II cedeu à viúva de Koeler “o domínio de sua casa situada no prazo nº 82, em Petrópolis, sem reposição alguma do valor da antiga casa de vivenda que ali existiu” (3), concluiu que os termos deste decreto tornam […] Read More
GRANDE MESTRE DA MÚSICA BRASILEIRA (UM)
UM GRANDE MESTRE DA MÚSICA BRASILEIRA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O padre José Maurício Nunes Garcia, um dos grandes nomes da música brasileira, nasceu no Rio de Janeiro, a 22 de setembro de 1767, sendo seus pais Apolinário Nunes Garcia e D. Victória Maria do Carmo. Órfão de pai aos seis anos de idade, José Maurício foi educado pela mãe, filha de uma escrava, a qual envidou todos os esforços no sentido de proporcionar-lhe esmerada educação. Possuindo uma voz muito afinada, desde muito cedo manifestou grande vocação para a música, tocando de ouvido viola e violão, tomando aulas de música com o mestre Salvador José, o qual, por sua vez, fora aluno do renomado padre jesuíta Manuel da Silva Rosa, autor de notáveis composições. Os progressos musicais de José Maurício foram de tal ordem que, ainda muito jovem, tocava vários instrumentos de corda e sopro, em bandas de música e orquestras, cantando modinhas, acompanhadas por cravo, piano ou violão. A par de sua formação musical, possuía José Maurício sólida formação humanística, tendo freqüentado por três anos seguidos a aula pública de latim, língua que chegou a conhecer a fundo, bem como a aula pública de filosofia racional e moral, disciplina que chegou a lecionar mais tarde com grande brilhantismo. Por volta de 1790, resolveu abraçar a carreira eclesiástica, ordenando-se sacerdote aos vinte e cinco anos de idade. A partir de 1792, começou a reunir uma preciosa coleção de músicas e óperas, organizando uma verdadeira biblioteca, ao mesmo tempo em que abriu um curso de música em sua residência. Seu talento musical era de tal ordem que o Visconde de Taunay, um de seus mais sinceros admiradores, procurou interessar como deputado os poderes públicos na obra de José Maurício; no sentido de divulgação da mesma, a ele se referiu do seguinte modo: “Mestre abalizado em canto-chão, conhecendo todos os segredos do ritual gregoriano, arroubado entusiasta das imensas belezas que ele encerra, como inexcedível expressão da fé e unção religiosa, na contínua e absorvente meditação dos modelos que estudava e interpretava, assentava as seguras bases do mais sólido saber musical” (1). (1) TAUNAY, Visconde de. Uma Grande Glória Brasileira. José Maurício Nunes Garcia. São Paulo, Companhia Melhoramentos, 1930, p. 69. Sua formação musical e humanística e suas qualidades como orador contribuíram sobremaneira para que ele, com apenas trinta anos de idade, […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – HEITOR DA SILVA COSTA
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette HEITOR DA SILVA COSTA Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 25 de julho de 1873, sendo seus pais o Jurisconsulto e Conselheiro do Império, Dr. José da Silva Costa e D. Elisa Guimarães da Silva Costa. O Conselheiro José da Silva Costa, pai de Heitor da Silva Costa, um devotado amigo de Petrópolis, conforme depoimento do pesquisador Antônio Machado: “Petrópolis deve à memória do Conselheiro Silva Costa um preito de reconhecimento pelo amor que votava e predileção que tinha pela cidade que viu formar-se: regozijava-se em vê-la prosperar, testemunha que fora de seu progresso por nela residir uma boa parte do ano, desde 1868, e onde terminou seus dias, em 1923, cercado de geral estima e veneração” (1). (1) MACHADO, Antônio. Centenário de Petrópolis. Trabalhos em Comissão. Prefeitura Municipal de Petrópolis, 1938, vol. I, p. 314. Fez seus estudos iniciais no Colégio Abílio (1881-1886) e, posteriormente, no Colégio São Pedro de Alcântara (1886-1889), no Rio de Janeiro. Após ter completado o Curso de Humanidades, matriculou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, concluindo o curso de Engenharia Civil, em 1897. No ano seguinte completou o curso de Engenharia Industrial. Foi casado com D. Maria Georgina Leitão da Cunha da Silva Costa, com quem teve três filhos: Maria Elisa, Paulo César e Carlos Cláudio. Era presença obrigatória em Petrópolis, quer hospedando-se na residência de seu irmão Otávio da Silva Costa, Superintendente da Fazenda Imperial, quer residindo no apartamento que possuiu no Edifício Normando. Em agosto de 1914, ingressou como professor na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, lecionando Trabalhos Gráficos de Construção e Hidráulica, a convite do professor Dr. Nerval de Gouvêa, então diretor da Escola. Foi também professor de religião na Escola Paulo de Frontin. Trabalhador incansável construiu o renomado engenheiro numerosos edifícios no Rio de Janeiro e no interior do país, dedicando-se particularmente à arte sacra, igrejas e monumentos religiosos oficiais. Foram suas principais obras: monumento fúnebre ao barão do Rio Branco; monumento ao Imperador D. Pedro II, na Quinta da Boa Vista; monumento a Pasteur, na avenida do mesmo nome; os monumentos ao Cristo Redentor nas cidades de São João Del Rei e no alto do Corcovado no Rio de Janeiro; prédio do Colégio Sion em Campanha; projeto de uma fachada para o Jornal do Comércio no […] Read More