ADMIRÁVEL NAIR DE TEFFÉ!

  ADMIRÁVEL NAIR DE TEFFÉ! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No Brasil dos homens surgiu num espanto a mulher desafiadora, corajosa, inteligente, vivaz, nascida a 10 de junho de 1886, filha de um dos notáveis do Império, Antonio Luiz Von Hoonholtz, o Barão de Teffé e esposa Maria Luisa Dodsworth, de família de expressiva tradição. Nair de Teffé vinha ao mundo no crepúsculo do Império e, no ano seguinte, estava com os pais residindo em Paris; depois Bruxelas (Bélgica), Nice (França), novamente Rio de Janeiro, em seguida Roma, novamente na França, enquanto os anos passavam e Nair já era menina moça de 15 anos. Sua educação foi esmerada e sua cultura aprimorada nos melhores educandários da Europa. Em 1905 seu pai retornou definitivamente ao Brasil, após brilhante carreira diplomática, elegendo Petrópolis para residência, mantendo casa do Rio, porém extrapolando sua permanência sazonal na Cidade de Dom Pedro II, além do habitual de seus coevos. A carioca Nair apaixonou-se pela bela, bucólica e florida Petrópolis. Além da educação formal recebida no lar e nos educandários para moças, a irrequieta jovem possuía predicados pessoais que espantavam os circunstantes sociais de seu tempo: cantava afinada e com bela voz, desenhava com apuro e criatividade, corria livre pelos caminhos em alegria diversa das moças de seu tempo, cavalgava com maestria, conversava nos salões com desenvoltura e, na ingenuidade feminina daqueles tempos, escandalizava o rubor das senhoras programadas de narizes empinados; escrevia, poetava, seu espírito era vivaz, arguto, aquilino, caricaturando a sociedade como “homem”. Feminina, bela, recebia olhares, bilhetes, cartas que deliciavam sua verve buliçosa e inspiravam suas tiradas sibilinas e, às vezes, desconcertantes. Tudo com muita graça e particular encanto. Nair alcançou enorme e merecido sucesso com suas caricaturas, publicadas e disputadas pela Imprensa das duas primeiras décadas do século. Alimentou especial dedicação à arte cênica, amava o teatro. Coelho Netto escreveu para ela “Miss Love”, peça que protagonizou e foi sucesso no Rio e tem Petrópolis. Trabalhou na companhia do grande ator-empresário Leopoldo Fróes na peça “Longe dos Olhos” apresentada em Petrópolis para encanto da sociedade local e veranistas o que levou Nair à organização da “Troupe Rian”, montando e encenando peças dos destacados autores daqueles dias, como Abadie Faria Rosa, Álvaro Moreira, Afrânio Peixoto, Cláudio de Souza e do petropolitano Reinaldo Chaves. A Imprensa local e do Rio de Janeiro acompanhavam […] Read More

QUATRO ETNIAS NA FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS: AFRICANOS, ALEMÃES, FRANCESES E PORTUGUESES

  QUATRO ETNIAS NA FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS: AFRICANOS, ALEMÃES, FRANCESES E PORTUGUESES. Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Há algum tempo venho identificando quem foram os primeiros moradores de Petrópolis, na época da sua fundação em 16/03/1843. Muitos historiadores e pesquisadores em artigos publicados em livros e materiais diversos, ora e outra aparecem com nomes avulsos ou até com relações. Porém, a maioria é de pessoas que não permaneceram em nossa região. Uns porque não se adaptaram e outros que se foram por motivos que ignoramos. Contudo, a maioria dos que ficaram pode ser identificada pela descendência através da localização de diversos documentos de suas famílias. Este breve histórico sobre a povoação e a fundação de Petrópolis inicia-se por um roteiro de acontecimentos a partir de 1830, quando D. Pedro I adquiriu a Fazenda do Córrego Seco e em seguida com a presença do principal responsável pela fundação de Petrópolis, o então primeiro tenente Julio Frederico Koeler, que em 1832 teve o primeiro contato com a serra da Estrela para dirigir os trabalhos de reparos necessários na Estrada “Calçada de Pedras”, tendo as obras iniciadas em agosto do mesmo ano. Em 10/07/1835 a Província do Rio de Janeiro foi dividida em 4 seções de obras públicas e Koeler foi nomeado chefe da 2ª seção. De imediato ele foi incumbido de executar o plano e orçamento da construção da ponte sobre o Rio Paraíba (Paraíba do Sul – RJ) e das obras que se faziam necessárias na estrada, desde o Porto da Estrela até o Córrego Seco – trabalho concluído em 1840. A princípio, os serviços de manutenção das estradas e abertura de novos caminhos eram feitos pelos escravos africanos que eram, geralmente, alugados das fazendas próximas das obras. Porém, era pouco o rendimento dos serviços, devido à falta de especialização destes trabalhadores e também pela condição desumana em que viviam. Neste quadro, que agora apresento, e numa breve digressão, rendo minhas homenagens ao povo africano que por imposição veio para o nosso país. Dentre tantos, aponto os que vieram para a nossa região serrana, principalmente os que trabalhavam forçosamente na manutenção e construção das vias de acesso à Petrópolis, em obras e em outros mais serviços, ou seja, nos trabalhos mais pesados e penosos que lhes eram sempre destinados para um progresso que não lhes condizia. Quanto a um melhor […] Read More

REPÚBLICA É FILHA DE REVANCHISTAS (A)

  A REPÚBLICA É FILHA DE REVANCHISTAS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Embora tenha sido péssimo aluno de física, hoje, com a maturidade, vejo que aquelas leis, que me pareciam bicho de sete cabeças, são de uma clareza absoluta e facilmente assimiláveis. São mesmo intuitivas. Uma delas, diz que a cada ação corresponde uma reação igual e em sentido contrário. Aplicada à vida em geral, essa lei nos ensina que o ressentimento provocado em alguém desencadeia uma reação igual e em sentido contrário, qual seja o revanchismo. Daí redunda a certeza de que o ressentido é revanchista. A História, que não pode deixar de ser uma fonte permanente de consulta, para que possamos entender o que se passa em torno de nós no momento presente, traz no seu bojo inumeráveis exemplos da verdade axiomática acima enunciada. O ressentimento de Brutus em relação a Cesar, provocou-lhe o revanchismo contra este. Foram os revanchistas que fizeram a Revolução Francesa, a revolução Russa, as guerras de independência na América, que forçaram a abdicação de Pedro I e que acabaram com o Segundo Reinado. O ressentimento medra nos desvãos sombrios e sinistros da injustiça, da preterição, do amor próprio ferido, do interesse contrariado, do ciúme, da inveja, da rejeição, da perda, do abandono, do desprezo, da frustração, de tudo quanto fica mal resolvido. Pode ser pessoal ou coletivo, mais ou menos intenso e durável, mas inelutavelmente provocará a reação revanchista, ainda que inconsciente e maquinal. Os entendidos na vida e na obra do Marechal Deodoro, insinuam uns, afirmam outros, que o Generalíssimo odiava Silveira Martins por causa de u’a mulher que ambos um dia disputaram. E, que um dos motivos que mais encorajaram o Marechal para o golpe de misericórdia na monarquia, foi a possibilidade cogitada pelo governo imperial, de formar um novo gabinete sob a chefia de Gaspar Silveira Martins. E o decreto nº 78 de 21 de dezembro de 1889, cheio de subterfúgios, sofismas e vagas acusações, além de banir o Visconde de Ouro Preto e seu filho, desterrou o prócer gaúcho, que seria forçado a viver num dos paises da Europa. “O Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, considerando: que a manutenção da ordem e da paz interna da […] Read More

A PROPÓSITO DE UM PREGÃO

  A PROPÓSITO DE UM PREGÃO Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Folclore é antes de mais nada, pervivência. É como erva daninha que insiste em permanecer viva, apesar de todos os pesares. O povo, como classe de conduta, é quem o sustenta e cultiva, anônima, coletiva e espontaneamente. O folclore, ao contrário do que muitos pensam, é um ser vivo e dinâmico, adaptável às circunstâncias e às mutações temporais. Universal, na sua essência, toma formas regionais, segundo a formação cultural de cada sociedade onde ocorre. E ele sempre reflete as maneiras de sentir, de pensar e de agir desse povo, classe de conduta, nos meios ditos civilizados. O pregão, como manifestação folclórica da chamada cultura espiritual, tem foros de universalidade e é conhecido desde os tempos mais remotos. É como o povo se expressa para mercar os seus produtos avulsamente, nas feiras e até em estabelecimentos comerciais. É seguro meio de comunicação verbal, entre aquele que oferece e eventualmente pede, chama, pergunta, reclama e, o ouvinte, a titulo ou oneroso ou gratuito. Tal o pregão no seu sentido genérico, independente de hora e de lugar, vivíssimo no seu conteúdo e no seu apelo, mesmo a despeito dos mais modernos métodos de comunicação. A Internet não matou e jamais matará o pregoeiro, legítima pervivência nas sociedades ainda que mais civilizadas. Mas especificamente, o pregão depende das circunstâncias e, desaparecendo certas condicionantes, ele não terá como sustentar-se, apagando-se da memória coletiva, ou morrendo com a voz de quem lhe deu o sopro da vida. Sobreviverá, talvez, dependendo do caso, em outras manifestações da cultura espiritual, mais comumente no adagiário ou nas locuções populares, mas já sem a funcionalidade original. Quem, no início do século XX viveu nos arredores do Porto, Portugal, certamente ouviu o pregão da peixaria anunciando: É do Espinho vivo! Ela mercava os frutos do mar, provenientes da praia do Espinho e queria dizer que estavam recém tirados do mar. Numa época em que não havia geladeira nem freezer, em que os alimentos tinham que ser consumidos ainda frescos, o anúncio da pregoeira era deveras animador e valia atestado de qualidade. Ignoro se essa tradição, tal como foi recolhida por minha avó há oitenta e seis anos, pervive nos arredores do Porto e se o próprio Espinho ainda é capaz de fornecer peixes, camarões e outros […] Read More

ESPINHA DORSAL DA IMPRENSA PETROPOLITANA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX (A)

  A ESPINHA DORSAL DA IMPRENSA PETROPOLITANA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima O nome é secundário. Na realidade, O Mercantil e a Gazeta de Petrópolis eram elos da mesma corrente e por cerca de 45 anos se constituíram na espinha dorsal da imprensa nestas serras. Senão vejamos: No dia 25 de maio de 1892, circulou o último número de O Mercantil e na altura o periódico em tela estampava na primeira página: “Quando atravessava o trigésimo sexto ano de existência, suspende O Mercantil a sua marcha, tendo passado a outros a propriedade deste estabelecimento. Durante a sua vida procurou sempre esta folha corresponder ao auxílio que constantemente recebeu da família petropolitana, conservando-se em posição de merecer a estima pública, pugnado pelos interesses da pátria, esforçando-se para que o elemento popular mais e mais crente, se tomasse do seu valor. Dificuldades erguidas, foram sempre dificuldades derribadas, a luta era a vida e a direção desta folha lutava. Afinal, motivos de ordem superior determinaram o fato que se operou a 16 do corrente mês, dia em que o estabelecimento passou à nova direção que a si tomou o encargo de satisfazer compromissos de assinaturas e anúncios firmados em datas anteriores, não sendo desse modo em nada prejudicados os nossos valiosos auxiliares. Na próxima quinta feira será publicado o primeiro número da Gazeta de Petrópolis, folha tri semanal dirigida pela firma que desde o dia 16 é proprietária do estabelecimento. Agradecemos aos nossos amigos que sempre nos auxiliaram; desejamos à nova folha toda a sorte e prosperidade”. Saia O Mercantil de cena e logo a 2 de junho de 1892 aparecia a Gazeta de Petrópolis com um editorial de apresentação nos seguintes termos: “Encetamos a nossa marcha e o fazemos com passo firme, porque alenta-nos a esperança de podermos fielmente cumprir o nosso dever. O programa que nós traçamos, – trabalhar para o bem de todos, a quem sabe respeitar os preceitos de fraternidade, nunca é de difícil desempenho. Não visamos outro alvo a não ser o alvejado por aqueles que se consagram ao bem comum, embora sacrificando o interesse próprio. Quando, único prejudicado, nos virmos entre milhares de remunerados, considerar-nos-emos feliz pela felicidade alheia. A Gazeta de Petrópolis solicita um lugar ao lado da imprensa fluminense, que tem trabalhado pelo progresso da […] Read More

PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DE TUMUCUMAQUE E A SOBERANIA DO BRASIL? (O)

  O PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DE TUMUCUMAQUE E A SOBERANIA DO BRASIL ? Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Levando em conta os antecedentes históricos sobre nossos problemas militares no atual Amapá, no passado, com franceses, ingleses e holandeses, a criação ali do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso é visto pela publicação Alerta Científico e Ambiental como uma ameaça potencial real, a médio e longo prazo, à Soberania do Brasil no Amapá, historicamente ameaçada pela França até 1898. E pela Inglaterra e França durante a Revolta da Cabanagem e por holandeses que invadiam o Amapá, no passado, para tirarem madeiras, além de, no período da União das Coroas Ibéricas, terem construído fortificações e feitorias no Amapá e no baixo Amazonas. Segundo o citado Alerta Científico e Ambiental, ano 9, n.º 33 de 12/19 ago 2002. “O Parque com 3,8 milhões de hectares, localiza-se na fronteira com a Guiana Francesa e limita-se com reserva indígena de 2 milhões de hectares, que abriga índios Tiriós, Apalaé, Waiana e Kaxuiana, localizada no Pará, junto a Guiana Holandesa (atual Suriname). E assim, esta fronteira com o Suriname e Guiana Francesa estaria se tornando terra de ninguém, o que a História nos dirá! Para estudiosos da História Militar da Amazônia, como é o nosso caso no presente, julgamos, salvo melhor juízo, que 5,8 milhões de reservas naturais e indígenas junto a fronteira desguarnecida do Brasil, com o Suriname e Guiana Francesa, com apoio nas lições de História Militar da Amazônia Brasileira, constitui séria ameaça potencial real estratégica a integridade e soberania brasileiras no III Milênio, a médio e longo prazo, caso não sejam tomadas medidas preventivas que assegurem a soberania e a integridade brasileira naquela área que foi a mais disputada da Amazônia entre o Brasil e França ate 1898 com solução arbitral a nosso favor, depois de disputa inclusive armada em 1895 pelo território Contestado entre os rios Oiapoque e Araguari . Luta resgatada em detalhes pelo ilustre falecido sócio deste Instituto Dr. Silvio Meira na obra Fronteiras sangrentas – heróis do Amapá. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1977. 2ed. Obra que dedicou aos sócios deste Instituto Pedro Calmon, Raymundo Moniz de Aragão e ao próprio IHGB. O Governo do Amapá, segundo o citado Alerta Científico e Ambiental e outras entidades locais se opuseram ao Presidente Fernando Henrique Cardoso que teria afirmado: ” Crio o parque assim […] Read More

CEM ANOS DO NASCIMENTO DE GUSTAVO ERNESTO BAUER

  CEM ANOS DO NASCIMENTO DE GUSTAVO ERNESTO BAUER Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Preliminarmente, sinto-me honrado pela indicação do nosso Presidente e Confrade Professor Joaquim Eloy Duarte dos Santos, para falar sobre Gustavo Ernesto Bauer. Aceitei a incumbência e me confesso agradecido. No último dia 23 de outubro, promovido por sua família, houve uma belíssima Missa em Ação de Graças, celebrada na Paróquia de São Sebastião, no local Indaiá, no Quarteirão Siméria, pelo centenário de nascimento do nosso saudoso confrade Gustavo Ernesto Bauer. Falarei sobre este ilustre petropolitano, figura expoente que foi da nossa sociedade. Sócio benemérito do nosso Instituto Histórico de Petrópolis. Nascido no princípio do século passado, precisamente em 23 de outubro de 1902, no alto da Rua Montecaseros, no prazo de terras de subdivisão n.º 620-D (de propriedade de seu pai), no histórico e presente Quarteirão Nassau. Era filho de Ernesto Gustavo Bauer e de Carolina Suzana Kling, neto do imigrante germânico Clemens Baur e de Catharine Judith Monken e bisneto de Wilhelm Baur e de (Anne) Marie Kaiser. Portanto, era descendente dos colonos germânicos da Imperial Colônia de Petrópolis, através da sua mãe Carolina Suzana Kling e pela parte materna do seu pai, ou seja, a sua avó Catharine Judith Monken. Gustavo Ernesto Bauer foi casado com D. Teresa Soares de Sá, com quem teve 2 filhos: Sérgio Germano e Vera Eliane Bauer. Sérgio faleceu solteiro, aos 27 anos de idade. Vera casou-se com Roberto Castor e lhes deram 2 netos: Augusto e Liane. Augusto, casou-se com Clara Cavalcante e lhes deram 2 bisnetos: Susana e Marcelo. Liane casou-se com Günter Otto Diehl e lhes deram 2 bisnetos: Anne e Marcos Otto, além de mais um bisneto que está chegando, previsto para maio de 2003. Gustavo Ernesto Bauer teve seus estudos primários no externato do Professor Alberto Eckardt, próximo à sua residência à Rua Montecaseros. Concluiu o curso secundário no Colégio São Vicente de Paula que, na época, funcionava no prédio do Palácio Imperial (hoje Museu Imperial de Petrópolis) e teve como colegas de turma alguns que se tornaram figuras ilustres e expressivas na sociedade petropolitana e alhures. Foram eles: Mário Kuntz, José Tomás Nabuco, Carlos Almeida de Souza, Silvio Magalhães Figueira, Atílio Parin, Termístocles Cavalcanti, João Glas Veiga, Luiz Escragnolle, Salomão Jorge, Eugênio Libonatti e outros. Após o término do curso secundário, teve […] Read More

CRIADORES DO LICEU (OS)

  OS CRIADORES DO LICEU Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No dia 7 de novembro completará 49 anos um excelente educandário petropolitano, que vem ensinando e educando gerações de petropolitanos, respeitado, bem administrado, um estabelecimento público de assinalados serviços prestados aos estudantes e às famílias do Município. É o Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio. Coube ao Diretor da Inspetoria de Ensino da Prefeitura, na gestão do Prefeito Cordolino Ambrósio, a idéia, o trabalho, a organização e o empenho direto para a edificação da grande obra: o extraordinário Professor Décio Duarte Ennes. Décio era grande amigo da família Ambrósio, contemporâneo dos filhos do político Cordolino, a par de sua reconhecida e admirada vocação magisterial; possuía invejável cultura, adquirida pelo estudo diuturno e interessado, e por sua privilegiada inteligência, adorava escrever fosse poesia ou prosa, além de orador emérito que falava sempre de improviso e forma e conteúdo encantadores. Sua formação escolar coube inicialmente à sua mãe, a inesquecível professora Adalgisa Marques Duarte Ennes e, depois, ao Colégio Pinto Ferreira, aprendendo com o mestre Henrique Pinto Ferreira a universalidade do conhecimento; os professores daquele educandário, mais tarde transformado em Colégio São José, já sob o grande mestre Napoleão Esteves, foram os grandes formadores da cultura de Décio Ennes. Com apenas 14 para 15 anos já lecionava no Colégio como monitor dos mestres consagrados e, em pouco tempo, tornava-se um deles. Professor do Colégio e mais do Liceu Fluminense, Carlos Werneck e Estadual Dom Pedro II, do qual foi competente e disciplinador Diretor, Décio abraçou o sacerdócio mais puro da bela carreira do Magistério. Escreveu livros de português, poesia, prosa e colaborou assiduamente na Imprensa Petropolitana, tendo atuado na redação do Jornal do Povo na melhor fase daquele matutino já desaparecido. Político interessado e atuante, chegou à candidatura para vereador, sem lograr êxito nas urnas; esteve sempre ao lado de Cordolino Ambrósio e, com entusiasmo, ajudou o grande amigo na Prefeitura, o que ensejou um prêmio exuberante para a Cidade, o seu Liceu, do qual foi o primeiro Diretor e Autor do Hino e quem o organizou e deu ao Educandário a forma e a respeitabilidade que hoje possui. Sua passagem pelos Colégios São José, Estadual e Liceu Municipal, notadamente, conferiram gabarito e elevaram os educandários à excelência. Seu fim de vida foi trágico: abateu-o o álcool, assaltante de sua vida apaixonada. […] Read More

COM A FACA E O QUEIJO NAS MÃOS

  COM A FACA E O QUEIJO NAS MÃOS … Ruth Boucault Judice, Associada Titular, Cadeira n.º 33 – Patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Todos nós temos uma história a contar sobre algo que herdamos de nossos pais, de nossos avós, de uma tia, enfim, de alguém. Seja um retrato, uma jóia, uma imagem, uma casa….bens maiores, bem menores….todos são preciosos para nós. Lembro-me de alguém que herdou uma imagem de São Miguel Arcanjo, com cavalo e espada, completo, no seu colorido bizarro. Mas… o cavalo era branco e ele não gostava de cavalos brancos. Mandou pintá-lo de preto. Para ele, o chapéu do Santo era feio. – “Não gosto dizia, vou comprar-lhe um mais bonito”. Foi dito e logo feito. São Miguel ganhou um chapéu de palha – “mais bonito e mais moderno ” nas palavras do herdeiro.- “Por que essa espada tão grande, nos nossos dias, que ninguém mais usa espada, vou trocar por uma metralhadora portátil, mais moderna, impõe mais respeito”. E o pobre do Santo teve que carregar a pesada metralhadora, com o mesmo semblante, que se possível fosse, agora, seria de espanto ! Depois de algum tempo, nosso amigo guardava ainda com carinho a herança herdada. Mas, já não tinha um São Miguel. Tinha um arremedo do Santo, danificado aqui e ali, por causa das inúmeras intervenções. Nosso amigo não soube preservar seu patrimônio. Imaginem se herdássemos uma cidade ! A cidade de Petrópolis, por exemplo. Nascida do sonho de um imperador (Pedro I) realizada pelo desejo de outro (Pedro II), planejada por Koeler que se mostrou tão sensível com sua beleza e a programou tão bem. Hoje a cidade tem seu centro histórico tombado, seus rios, suas matas sob proteção. Fica um pouco mais difícil descaracterizar, se houver o apoio da municipalidade para fazer cumprir a lei. Apesar disso, pouco vemos a municipalidade agir nesse sentido. Quanto já mudou a cidade que herdamos de nossos antepassados ! Nós mesmos já sentimos a diferença entre a Petrópolis de hoje e a de nossa infância. Quantos de nós conheceram e andaram de bonde em Petrópolis, bonde esse que nunca deveria ter saído de nossas ruas. Nada mais típico para uma cidade do século XIX. Quando teremos um prefeito com a mesma coragem do que acabou com eles, para trazê-los de volta, pelo menos no centro histórico ? Foi preciso criar-se a lei do entorno […] Read More

TURISMO HISTÓRICO

  TURISMO HISTÓRICO Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida A vocação de Petrópolis, como é geralmente proclamada, tende a ser o desenvolvimento do turismo e da tecnologia de ponta. Deixemos a tecnologia para quem entende do assunto. Quanto ao turismo movido pelo interesse na informação histórica, o desenvolvimento não pode depender de uma atuação que se limita simplesmente a enumerar e mostrar prédios que foram habitados por gente ilustre ou utilizados para funções importantes. Isto é o que não falta em Petrópolis, onde o mais importante é, naturalmente, o antigo palácio de verão do Imperador, atual Museu Imperial. Seguem-se casas de veranistas ilustres, embaixadores, políticos, artistas – existem ruas inteiras tombadas: rua do Imperador, avenidas Koeler e Ipiranga etc. É necessário que as informações sobre tais prédios sejam seguras e bastante minuciosas para atender ao interesse e curiosidade dos turistas. É preciso também que tais prédios estejam em estado satisfatório quanto às suas características arquitetônicas, sua volumetria, seu entorno, seus ornamentos e tudo que foi sendo acrescentado durante a vida útil até a data de seu tombamento, preservando o que é importante para a sua história. Cada um desses prédios foi, e deve ser, estudado criteriosamente. Consegue-se, ou melhor, dever-se-ia conseguir estas informações nos documentos oficiais. Infelizmente tais documentos às vezes não existem, seja porque os responsáveis pela obra não deram entrada na repartição competente, ou porque conseguiram licença para retirar as plantas e documentos do arquivo por algum motivo (o que está erradíssimo mas infelizmente acontece) e não se deram ao trabalho de devolvê-los. Aconteceu comigo um caso interessante. Contratada para pesquisar um prédio histórico, consegui a localização exata, com as primitivas plantas dos terrenos, pois compreendia dois prazos de terra quando ainda não havia construção: suas dimensões originais, os foreiros que os possuíram, seu desmembramento posterior. Tudo isso conservado num dos arquivos mais completos de Petrópolis, o da Companhia Imobiliária de Petrópolis, de propriedade da Família Imperial. Infelizmente a construção da casa e as sucessivas obras e modificações não foram notificadas. Consultei então o órgão competente da Prefeitura Municipal – onde deveria haver as plantas originais e toda a documentação sobre qualquer reforma externa e interna do prédio – e nada encontrei senão uma ficha com o nome da proprietária. Tive a esperança de conseguir as informações num outro tipo de documento: os requerimentos que se fazia à […] Read More