A PAINA, BELEZA CAÍDA DO CÉU Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Os ventos de agosto e setembro estão espalhando pelo ar os levíssimos flocos de paina. Duvidamos que alguém não sinta a melhor sensação de gostosura, se se der ao trabalho de tocar num pouco de paina. É tão difícil reprimir a agradável surpresa, como é quase impossível definir com palavras o que seja “fofo”. As paineiras, nesta época do ano, já começam a estar cheias de suas características bolas de lã. Repare-se, por exemplo, naquela que existe ao lado norte da ponte de pedestres em frente ao Museu. Ou naquela perto do Inamps, no Bosque do Imperador. E pelo chão, em meio à sujeira que o Senhor Prefeito se esforça por recolher e que a pouca educação de nossa gente continua jogando pelas ruas, se encontram os felpos brancos, finíssimos. Serve isto como lição de vida. Entre restos de papel, copos usados, caixas quebradas, tampas de garrafa, vidros partidos, dejetos mal-cheirosos, sacos plásticos, panorama constante da civilização que dizemos ter, se pode descobrir o produto da natureza, como neve de pureza surpreendente. Se quisermos olhar, sempre poderemos encontrar beleza em qualquer ambiente ou situação. Ou nas coisas ou no coração das pessoas. Está tendo animador desenvolvimento o plano de, com fins muito mais amplos, interessar alunos na elaboração do Catálogo das Paineiras de Petrópolis. O Colégio Werneck já está trabalhando nisto. Há tesouros que advirão daí. Dos bons petropolitanos do futuro muitos identificarão no amor por sua terra uma das mais vivas fontes de sabedoria e de felicidade, encarnadas na indispensável poesia.
PAINEIRAS DE PETRÓPOLIS (AS)
AS PAINEIRAS DE PETRÓPOLIS Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Como dito no artigo anterior, as paineiras estão lindas! É boa a época para o início do largo plano que começa pela elaboração do mapa das paineiras de Petrópolis. As flores ainda permitem a fácil identificação, mesmo de longe. Estas árvores florescem nos meses de fevereiro e março e seus frutos de paina amadurecem nos meses de junho a setembro, conforme as zonas e altitudes do terreno. Entre outras várias utilidades, elas se prestam otimamente para a proteção do solo, contra desmoronamentos. Já vai adiantado o Catálogo das Paineiras Brancas (Chorisia Speciosa, St. Hill.) de Petrópolis, com a colaboração de diversas pessoas, pesquisadores amantes desta terra. Não há necessidade de grande ciência. Basta conhecer a paineira, ter olhos abertos, anotar sua localização e passar-me a informação. Não importa que muitos se refiram ao mesmo exemplar; isto servirá até para confirmar o registro. Enfim, aí está um trabalho conjunto que pode se denominar “Descubra uma paineira”. Para exemplificar, cito a seguir alguns dos dados já existentes no Catálogo. Para meu uso pessoal, que se quiserem pode ser generalizado, tomei a liberdade de batizar uma ou outra árvore, pelas razões que explico. Sob o nº 1 está a paineira situada no início da Av. Koeler, na margem direita do Rio Quitandinha, ao lado da ponte, de porte grande, batizada de “Koeler” pela posição e em homenagem ao capital vulto da história serrana, cujos restos mortais foram depositados nas proximidades. A de nº 2 se encontra no jardim do Palácio da Princesa, de porte grande, batizada de “Isabel” em homenagem à Regente. Com o nº 18 se inscreveu aquela que vive na rua Washington Luiz, na margem direita do Rio Quitandinha, em frente aos imóveis de nºs. 397-403, de porte grande, batizada de “Mora” pelas proximidades da famosa Fábrica de Bebidas Cascata e pela amizade de tão importante família proprietária da indústria. A “Sá Earp” é a de grande porte que se acha em primeiro lugar no início da rua deste nome, na margem direita do Rio Palatino, tendo no Catálogo o nº 5. Sob o nº 22 está a paineira jovem, de porte médio, localizada na margem direita do Rio Piabanha, diante do imóvel de nº 70 da Av. Barão do Rio Branco, batizada de “Zilah”, em homenagem à delicada e querida […] Read More
PAINEIRAS ESTÃO EM FLOR (AS)
AS PAINEIRAS ESTÃO EM FLOR Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Nos dias em que vivemos, há muitas coisas ruins. Elas praticamente nos submergem e temos a quase certeza de que só elas existem. No entanto, em verdade, existe uma porção maior de coisas boas a nos rodear. É preciso lembrar disto para termos uma visão realista da vida e sermos animados na construção de dias melhores. Pelo menos o de amanhã. Petrópolis é linda. Entre outras árvores, agora estão floridas as paineiras. Vale a pena passar pelas ruas e admirá-las. Que explosão de beleza! São tantos os planos possíveis, mas penso que algo concreto e imediatamente realizável é fazer o levantamento de quantas paineiras ainda há em Petrópolis, pelo menos nas ruas centrais. Talvez as direções das escolas pudessem organizar aulas vivas para os alunos, promovendo uma expedição de exploração pelas ruas próximas, com o objetivo de descobrir o tesouro de quantas paineiras por ali vivem. Talvez aqueles que fazem a sua caminhada ou corrida de saúde pudessem ir tomando as paineiras que encontrassem como ponto de referência … Com isto talvez se consiga fazer um mapa das árvores de Petrópolis e motivar os que habitam perto delas a acompanhar seus ciclos e a lançar os alarmas necessários à sua conservação. Estou disposto a juntar esforços aos de quem estiver cativado pelo mesmo plano. É preciso estender e aprofundar o conhecimento da terra petropolitana, para amá-la melhor e mais, em benefício de todos. As paineiras estão em flor. Basta percorrer a Barão do Rio Branco e a Hermogênio Silva para se deslumbrar e pensar no futuro que a cada um de nós, cidadãos, cabe preparar.
QUARTEIRÕES DE PETRÓPOLIS (OS)
OS QUARTEIRÕES DE PETRÓPOLIS Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Característica básica do plano ordenador da nascente Petrópolis, designado Plano Koeler, foi a divisão do território da cidade em quarteirões. E eles não são coisa do passado, que só pela vontade de uns poucos ainda estejam na memória e no uso de alguns. Eles existem. O que tem acontecido é que, por causas diversas, se tem deixado de empregar os nomes corretos das regiões da cidade e assim, pouco a pouco, o esquecimento vai se alastrando, o desconhecimento passa a imperar e se tem, então, a idéia de que apenas a teimosia dos saudosistas trata do assunto. Mas, como disse, a realidade é outra. Não tenho a intenção de aqui falar das virtudes do Plano Koeler. Quero apenas fixar dois pontos. O primeiro se refere à afirmação de que os quarteirões não desapareceram. O segundo chama a atenção para a necessidade de se usar a designação dos quarteirões para que a realidade seja revigorada e se retome o caminho de exploração de todas as riquezas que o projeto original da cidade contém, e assim se alcance o objetivo deste, o bem viver da população, tema mais que essencial nos tempos da ecologia. Todo bom petropolitano de nascença ou de vivência deve ter a absoluta convicção de estar respondendo certo à pergunta de como se divide a cidade, o primeiro Distrito de Petrópolis, ao dizer que ela se divide em quarteirões. Sem dúvida. Para o Registro de Imóveis é assim. Para a Prefeitura é assim. Para a Companhia Imobiliária é assim. Isto ocorre hoje como desde os primeiros anos da cidade e do surgimento dos instrumentos e órgãos controladores da divisão do solo. Quem tiver em mãos uma recente escritura de compra e venda de imóvel situado na cidade, pode ver, lendo-a e lendo a certidão do Registro de Imóveis, que o quarteirão lá está mencionado. Continua sendo ele a chave da localização. Quem for ao Cadastro da Prefeitura, verificará que o mesmo ali acontece, salvo alguns lapsos que no correr das administrações se instalaram. Quem se dirigir à Companhia Imobiliária, encontrará o esquema dos quarteirões em pleno funcionamento. Portanto, para o propósito de preservar e desenvolver os valores da cidade de Petrópolis, como tal, nada mais é necessário fazer, em um primeiro passo, com relação aos quarteirões, a não ser […] Read More
QUARTEIRÕES (OS)
OS QUARTEIRÕES Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Como o assunto sempre desperta interesse e antes que se publique, caso haja solicitação, o resumo dos limites de cada quarteirão nas vias públicas, apresento de novo uma visão geral da matéria, feitas algumas modificações no texto estampado no verso do Mapa Turístico de Petrópolis editado pela Petrotur. Petrópolis nasceu na mesa de trabalho do Major Júlio Frederico Koeler. Cidade planejada. Pioneira no Brasil. Como obrigação estabelecida na escritura de arrendamento da Fazenda Córrego Seco, o Major devia “levantar a planta da futura Petrópolis e do Palácio, … demarcar em prazos … todo o terreno … e … numerá-los (artigo 10 da escritura de 26 de julho de 1843, em que foram partes o Mordomo da Casa Imperial e Koeler). O território inicialmente destinado à construção da cidade foi dividido em vilas, áreas centrais, mais vinculadas ao palácio, previstas para maior densidade demográfica, e quarteirões, nos quais os prazos (lotes) tinham dimensão suficiente para permitir a subsistência de uma família. Quarteirão significa o mesmo que bairro. A planta elaborada por Koeler, conforme a reprodução de 1846, apresentou Petrópolis composta de: duas vilas: 01 – Vila (Vila Imperial) 02 – Vila Teresa e onze quarteirões: 03 – Bingen 04 – Castelânea 05 – Ingelheim 06 – Mosela 07 – Nassau 08 – Palatinato Superior 09 – Palatinato Inferior 10 – Renânia Central 11 – Renânia Inferior 12 – Siméria 13 – Westfália Poucos anos depois, com o prosseguimento dos trabalhos de demarcação e ocupação de espaço mais amplo destinado à cidade de Pedro, definiram-se, segundo a planta de 1854, de Otto Reimarus, outros onze quarteirões: 14 – Brasileiro 15 – Darmstadt 16 – Francês 17 – Inglês 18 – Mineiro 19 – Presidência 20 – Princesa Imperial 21 – Renânia Superior 22 – Suíço 23 – Woerstadt 24 – Worms. Com esta figura de duas vilas e 22 quarteirões (aqui incluído o Quarteirão Mineiro, mostrado mas não nomeado na planta de Reimarus) ficou fixada a estrutura física do coração de Petrópolis, vigente até hoje. Os nomes foram escolhidos por Koeler e sucessores em homenagem: 1 – a locais da Alemanha, de onde veio grande parte das pessoas envolvidas na criação e no desenvolvimento da cidade (Bingen, Castelânea, Darmstadt, Ingelheim, Mosela, Nassau, Palatinato, Renânia, Siméria, Westfália, Woerstadt e Worms), 2 – a grupos nacionais […] Read More
TIRADENTES E O CAMINHO NOVO
Após ter sido tropeiro, comerciante, pequeno proprietário de terras e exercido a profissão de dentista, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pediu e obteve permissão para assentar praça na Companhia de Dragões de Vila Rica. Nas fileiras, segundo nos informa José Oiliam, “… fez-se logo admirado dos superiores e querido dos companheiros e subordinados, pela presteza, lealdade e generosidade que sabia colocar em suas atitudes”. (1) (1) OILIAM, José. De Tiradentes. Editora Itatiaia Ltda., Belo Horizonte, 1985. Logo adquiriu grande notoriedade pela forma como cumpria as ordens recebidas. Tal fato é testemunhado pela maneira como sem se deixar intimidar pela projeção social dos irmãos Vidal Barbosa, proprietários da Fazenda de Juiz de Fora, efetuou a prisão dos mesmos, por terem se negado a entregar à justiça um casal de fugitivos. Como militar prestou inestimáveis serviços, escoltando Dom Rodrigo José de Menezes em suas famosas andanças pelo interior da Capitania, construindo o Caminho do Menezes que cortava o sertão, atravessando o leste mineiro e examinando os terrenos para verificação da existência ou não de ouro aproveitável. É provável que por todos estes serviços e pelo amplo conhecimento que Tiradentes tinha dos caminhos de Vila Rica para o Rio de Janeiro, que D. Maria I, rainha de Portugal, por carta régia, lhe tenha concedido a patente de Comandante da Patrulha do Caminho Novo, com a finalidade de impedir o contrabando de ouro e diamantes e livrar a região dos assassinos e ladrões que assaltavam os sítios e fazendas e despojavam de seus bens os que transitavam nos citados caminhos. No desempenho de suas funções Tiradentes agiu com a presteza que lhe era peculiar, realizando incursões arriscadas e prendendo inúmeros malfeitores, desbaratando inclusive o bando do famoso contrabandista Joaquim Montanha. Assim, em suas viagens pelo Caminho Novo, fosse para cumprir suas tarefas militares, fosse para tratar de assuntos ligados à Inconfidência, Tiradentes costumava repousar no sítio da Varginha (Queluz de Minas) e no sítio de Cebolas (hoje distrito de Paraíba do Sul). Do mesmo modo, ao atravessar a Variante do Caminho Novo, construída por Bernardo Soares de Proença, é provável que se hospedasse em Correias, único local ao longo do citado caminho que, na época, oferecia condições satisfatórias de hospedagem. Ali ficava localizada a casa do Padre Correia, descrita pelo viajante austríaco Emannuel Pohl, em 1818, do seguinte modo: “à entrada, um terreiro de seus 300 pés de comprimento e outros […] Read More
HISTÓRIA PARA TERESA (UMA)
UMA HISTÓRIA PARA TERESA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A fazendola do sargento Vieira Afonso – o Córrego Seco – só tinha acesso por um caminho que vinha lá do Porto da Estrela, na margem esquerda do rio Suruí, constituído por uma estreita trilha aberta no meio da espessa mata atlântica. Até a garganta que dá início à hoje rua Teresa subiam os viajantes pela “calçada de pedra”, construída entre os anos de 1802 a 1809, por ordem do príncipe regente D. João, em carta régia de outubro de 1799 dirigida ao vice-rei do Brasil Conde de Resende e uma outra, em seguida, de novembro de 1800 ao vice-rei Dom Fernando José. O príncipe regente mudou a Corte para o Rio de Janeiro em 1808, quando a “calçada de pedra” estava em fase de conclusão, a ele cabendo, em julho de 1809, inaugurá-la pessoalmente. A “calçada” mostrou-se, em pouco tempo, inadequada para o tráfego que se expandia, ganhando a região um traçado novo que a utilizava e adiante a cortava, a Estrada Normal da Estrela. No Alto da Serra iniciava-se a descida ao Córrego Seco para atingir o caminho rumo a Minas Gerais. Dom Pedro I adquiriu a Fazenda do Córrego Seco, depois herdada por seu filho Dom Pedro II, este fundando o povoado de Petrópolis pelo Decreto Imperial 155 de 16 de março de 1843. Uma história muito contada e bastante conhecida e pesquisada. D. Pedro I por ela transitou em suas andanças pelas terras do Império. Em 1822 sua comitiva bateu cascos e rangeu rodas por seu caminho indo e vindo da proclamação de nossa independência. O major Júlio Köeler, em seus trabalhos de engenheiro da Província, acampava com sua tropa no Alto da Serra, inclusive acompanhado da esposa Sra. Maria Delamare Köeler. No Alto da Serra havia estábulos para os cavalos, rancho e alojamentos para viajantes. Na planta de Petrópolis de 1846, dois quarteirões aparecem, dentre os 13, como fundamentais para a expansão do povoado; o “Vila Imperial”, centro da colônia e o “Vila Teresa”, a hoje afamada rua Teresa. Na referida planta Teresa limita-se com os Quarteirões Vila Imperial e Castelânea. O topônimo homenageia a Imperatriz Teresa Cristina, discreta esposa do Imperador Dom Pedro II, enquanto este ganhava os louros da denominação geral do povoado. O Quarteirão Vila Teresa foi dividido em prazos de terras, […] Read More
GRANDES DAMAS DO RIO NEGRO NA REPÚBLICA VELHA (AS)
AS GRANDES DAMAS DO RIO NEGRO NA REPÚBLICA VELHA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima O mesmo “artista” investido das funções de guia turístico que inventou o Barão de Itararé como proprietário do castelo na esquina da Avenida Koeler com a Praça da Liberdade afirmou de peito estufado, diante de seus crédulos clientes, que o Palácio Rio Negro foi a residência de verão de todos os Presidentes da República, de Deodoro a Juscelino. Nota zero para o trêfego informante. No caso específico do Palácio Rio Negro, é de se esclarecer que, antes de servir aos primeiros mandatários da Nação, foi ele sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando a capital aqui esteve entre 1894 e 1903. Ali viveram os Presidentes Maurício de Abreu (1895/1897), Alberto Torres (1898/1900) e Quintino Bocayuva (1901/1903). Depois que a capital voltou para Niterói, o imóvel em epígrafe foi negociado com o Governo Federal e assim o primeiro Presidente da República a ocupá-lo foi Francisco de Paula Rodrigues Alves. Depois esteve ali em três temporadas o mineiro Afonso Pena. Morrendo em meados de 1909 no pleno exercício de seu cargo, foi imediatamente sucedido pelo Vice Nilo Peçanha, que, cumprindo o final do mandato presidencial, desfrutou apenas de um verão no Palácio Rio Negro, o de 1910. É justamente aí que aparece a primeira grande dama na ocupação daquele próprio federal. O campista Nilo Peçanha, político ardiloso e ladino, malabarista na arte do possível, era casado com uma sua conterrânea, Ana Belisário de Souza, filha do advogado João Belisário Soares de Souza e de Ana Rachel Ribeiro de Castro Soares de Souza. O Dr. João Belisário era, por sua vez, filho do Desembargador Bernardo Belisário Soares de Souza e de Mariana Álvares de Azevedo Macedo Soares. Por um lado era primo do Visconde de Uruguai, Paulino José Soares de Souza e por outro do poeta Álvares de Azevedo. Entrocava-se na família Macedo Soares, uma das melhores linhagens brasileiras, com raízes na nobreza européia, conforme genealogia levantada, publicada e sobejamente conhecida aquém e além fronteiras. Já D. Ana Rachel era filha do Comendador José Ribeiro de Castro, Visconde de Santa Rita e de D. Maria Antonia Netto de Castro. O Comendador, que fora Barão por decreto de 19 de julho de 1879 e Visconde por decreto de 13 de outubro de 1883, […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS
EPITÁCIO DA SILVA PESSOA Nasceu a 23 de maio de 1865, em Umbuzeiro, pequena localidade do Estado da Paraíba, sendo filho do Cel. José da Silva Pessoa e de D. Henriqueta de Lucena, irmã do Barão de Lucena. Fez seus estudos no Ginásio Pernambucano, ingressando, em 1882, na Faculdade de Direito do Recife, então em sua fase áurea, sendo aprovado com distinção em todas as matérias, do primeiro ao último ano. Formado em 1886, foi nomeado no ano seguinte promotor da Comarca do Cabo, um pequeno povoado próximo a Recife. Em 1889 vamos encontrá-lo no Rio de Janeiro, ingressando na vida política, como candidato à Constituinte de 1890, sendo o deputado mais votado da bancada de seu estado. Desenvolveu intensa atividade parlamentar, pronunciando vigorosos discursos. Com a renúncia de Deodoro da Fonseca, foi o mais corajoso oposicionista do Marechal Floriano Peixoto, combatendo-o da tribuna, num momento em que o próprio Rui Barbosa, senador pela Bahia, julgara mais prudente exilar-se. Na ocasião, forneceu “notáveis subsídios à interpretação de nosso Direito Constitucional, pela discussão jurídica dos atos governamentais” (1). (1) RAJA GABAGLIA, Laurita Pessoa. Epitácio Pessoa. São Paulo, Livraria José Olympio Editora, 1951, p. 117. Posteriormente, foi convidado pelo presidente Campos Sales para ocupar o cargo de Ministro da Justiça, deixando sua passagem pelo Ministério marcada pela grande obra jurídica que foi o Projeto do Código Civil, cuja elaboração foi por ele confiada a Clóvis Bevilaqua, que o concluiu em novembro de 1899. Fato digno de nota é que o referido código só foi promulgado a 1º de janeiro de 1916, por decreto do presidente Wenceslau Braz. Outra grande realização do Ministro da Justiça foi a reforma do ensino secundário e superior, consubstanciada no Código de Ensino de 1901, que veio corrigir uma série de irregularidades praticadas no domínio da instrução pública. Sua bem sucedida passagem pelo Ministério da Justiça lhe valeu, em 1902, a nomeação para Ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo no qual revelou invejável cultura jurídica, conquistando a admiração e o respeito de seus pares. Aposentando-se do Supremo Tribunal Federal, foi eleito senador por seu estado natal, atuando sempre, no exercício de suas funções, com serenidade, justiça e verdade. Em dezembro de 1918, foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves para integrar a Comissão que o Brasil enviou à Conferência de Versalhes, chefiando a delegação do Brasil que resolveu satisfatoriamente a questão do café do Estado de São Paulo […] Read More
BATENDO NA MESMA TECLA
Lendo o artigo Yes! Não temos memória? do prof. Oazinguito Ferreira, publicado domingo 15 de abril último, não pude deixar de mais uma vez voltar a um assunto que tem sido objeto de minhas preocupações e também de luta – a defesa do patrimônio cultural da nossa cidade, especialmente o seu patrimônio documental. Para citar São Paulo, em 1987, a técnica da Fundação do Desenvolvimento Administrativo do Estado de São Paulo, Rose Marie Inojosa, no seu artigo Um plano de mudanças para a área de administração documental já nos falava que “na área de administração documental é necessário ter toda a paciência de quem compreende o ritmo dos movimentos culturais e não deixar de lançar as sementes”. O patrimônio cultural envolve questões bem complexas e nos leva a refletir sobre alguns conceitos como memória, cidadania, informação, modernidade, preservação e tantos outros. A criação de museus, de arquivos, de centros culturais é importante, mas para que isso dê realmente resultados é necessário que a ação não se restrinja apenas a guarda ou apropriação destes acervos, mas sim contribuir para dar sustentação às diversas atividades e manifestações culturais da cidade sem interferir na sua dinâmica, oferecendo assessoramento técnico necessário à preservação de suas próprias referências culturais. Senão estaremos enfrentando as dificuldades de sempre como a convivência entre o “antigo” e o “novo”. As idéias de progresso e modernidade têm levado a uma sistemática destruição das marcas do passado. “No antigo reside uma importante parcela da memória social e da identidade cultural dos habitantes da cidade, mas desconsiderar a questão do patrimônio histórico-ambiental urbano é exilar o cidadão, alijá-lo do seu próprio meio”. O Brasil possui, em nível constitucional, legislação específica de proteção de bens culturais desde 1937 e a cidade possui instituições municipais de preservação. Mas isto não basta, nenhuma mudança se efetiva apenas por decreto, embora o instrumento legal seja um meio para a sua viabilização, como é o caso do nosso ARQUIVO PÚBLICO criado pelo decreto nº 198, de 7 de janeiro de 1977. O PRIMEIRO do Estado do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, um pequeno grupo de profissionais tem falado do valor deste acervo tanto para a história como para o desenvolvimento sócio-cultural da cidade, mas infelizmente não se conseguiu até agora despertar o interesse do governo municipal. Os documentos são fundamentais tanto para as comunicações administrativas, como para a memória do poder público, espelho, afinal, do […] Read More