ELEMENTOS PARA A HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO PETROPOLITANA

  Agradeço à Câmara Municipal de Petrópolis e ao Clube 29 de junho, a honra de poder estar aqui, e dizer algo em homenagem a data comemorativa da chegada de nossos primeiros colonos alemães à região. Não sou um historiador! Sou um estudioso da história, honrado com eleição para sócio de nosso Instituto Histórico. Por isso mesmo, avulta minha responsabilidade e peço às autoridades presentes e convidados que relevem‑me, pois embora professor universitário, ultimamente, escritor e presidente de nossa Academia Petropolitana de Letras, não sou um “expert” em história, porém, apenas, um curioso de nosso passado, como, de certo, muitos dos presentes. A data que hoje comemoramos já foi polêmica quando um expressivo número de historiadores e personalidades da vida pública da cidade, liderados pelo ex‑prefeito Dr. Antonio de Paula Buarque, pretendia que a 29 de junho de 1845 fosse a data da fundação de nossa cidade. Entretanto, a história de Petrópolis iniciou-se oficialmente em 16 de março de 1843, na data em que o Imperador D. Pedro II assinou o Decreto no. 155 que aprovou o plano de seu mordomo Paulo Barbosa da Silva, determinando o arrendamento da Fazenda do Córrego Seco ao major de Engenheiros Júlio Frederico Koeler, reservando-se uma área central para que nela se edificasse o Palácio Imperial, assim como uma povoação que, pela Portaria de 08 de julho de 1843, recebeu a denominação de Petrópolis, ou “Cidade de Pedro”. Isto não retira do dia 29 de junho seu grande significado, pois ele identifica a data em que, verdadeiramente, chegaram os colonos que iniciaram a obra da implantação aqui, nas terras dos Índios Coroados, de uma nova colonização. Contudo, antes, muito antes, nossa região já tinha história e ela começa quando após o descobrimento do Brasil os portugueses, desejosos de alargarem o domínio de sua pátria, embrenharam-se pelo sertão, após o reconhecimento e primeiras explorações da costa atlântica. Segundo pesquisas e depoimento de Henrique José Rabaço, meu saudoso e ilustre colega na Universidade Católica de Petrópolis e patrono da cadeira nº 22 que ocupo em nosso IHP, foi no longínquo ano de 1531 que Martin Afonso de Souza, buscando prescrutar o interior da terra recém descoberta e, eventualmente, alargar os dominios portugueses, mandou alguns tripulantes penetrarem para o interior. Segundo o historiador, o “Diário de Navegação” de Martin. Afonso diz que esses exploradores regressaram. trazendo reluzentes seixos do Alto da Serra. Muitos estudiosos levantaram a hipótese […] Read More

TIRADENTES, EXPOENTE MÁXIMO DE CIVISMO

  Com muita honra recebi do Prof. José De Cusatis, a difícil tarefa de exaltar a memória de Tiradentes, neste abril de 1997, quando se completa mais um aniversário de sua morte. Honra por ser Tiradentes o expoente maior do civismo no Brasil, mas difícil por estar diante dos ilustres membros do Instituto Histórico de Petrópolis, vários meus ex-professores nos bancos escolares, que ainda hoje, me orientam, com seus conselhos na Escola da Vida e pela presença de tão ilustres convidados. Todos, sem exceção, com mais capacidade e conhecimento que a minha humilde pessoa, o que me deixa com o coração repleto de preocupação e expectativa. Mas, apesar das minhas limitações, com a benção de Deus, tentarei não decepcionar, tantos que em mim confiam. Nem manchar a memória deste verdadeiro herói nacional: Tiradentes. Todo período de transição é rico em acontecimentos que contribuem decisivamente para transformar a história da humanidade. E o momento em que dos escombros da velha ordem se ergue uma nova. O Século XVIII foi um desses períodos. Um século de transição da velha ordem monárquica – absolutista, mercantilista e estamental – para a nova ordem liberal burguesa. Foi a “Era das Revoluções”, “O Século das Luzes”. No aludido século ocorreram o incremento das idéias filosófico-liberais burguesas (Iluminismo), a Revolução Industrial, a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, revoluções que dinamitaram os alicerces do Antigo Sistema Colonial, destruindo-o. O Iluminismo, questionava o despotismo monárquico o os privilégios da nobreza e do clero e defendia os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. Defensores do liberalismo econômico, questionavam o mercantilismo, o pacto colonial e o intervencionismo estatal na economia e defenderam a livre iniciativa, a divisão internacional do trabalho e o livre comércio internacional. Em síntese, tanto os filósofos iluministas quanto os economistas liberais questionavam as bases do Antigo Sistema Colonial. O Pensamento liberal povoava as mentes de idéias libertárias e emancipacionistas. As 13 Colônias inglesas da América do Norte, sob influência liberal, foram as pioneiras no processo emancipacionista do continente americano. A independência, declarada em 1776, foi o grande exemplo de que era possível libertar-se de uma metrópole européia. A influência dessa independência pioneira foi extremamente marcante no processo que se desencadeou em todo o continente. Entretanto, o que de fato simbolizou o fim da velha ordem foi a Revolução Francesa de 1789. Essa importante revolução, ocorrida no centro propagador de idéias liberais, resultou não só […] Read More

FAMÍLIA VOGEL

  A presença dos primeiros VOGEL no Brasil aconteceu entre 1822 e 1831, quando ocorreu a contratação de militares estrangeiros, principalmente os do povo germânico, para a formação do Exército Imperial. Entre os militares germânicos vieram: Philipp, Ernst e Heinrich Vogel. Os 3 eram soldados, sendo que o último também tinha a função de corneteiro, e faziam parte do 2º Batalhão de Granadeiros. Podemos assinalar que muitos do apelido VOGEL, além dos colonos contratados para Petrópolis – RJ, vieram em várias épocas para as colônias do Rio Grande do Sul – RS, Santa Catarina – SC e Minas Gerais – MG. Das 456 famílias germânicas colonizadoras da Imperial Fazenda / Colônia que chegaram à Petrópolis a partir de 29 de junho de 1845, havia duas de apelido Vogel: as dos colonos Christian e Anton VOGEL. Além destas, outros com suas famílias chegaram mais tarde. Eram colonos e descendentes de colonos de outras colônias, como Augusto Vogel de Blumenau – SC e Jonas Adalberto Vogel de Teófilo Otoni – MG. Para relembrarem os tempos passados e homenagearem os nossos colonizadores, algumas famílias descendentes destes pioneiros, costumam, com o apoio do Clube 29 de Junho (de Tradições Germânicas), reunirem-se em grandes confraternizações. Desta vez serão os VOGEL, que no dia 5 do corrente mês, estarão celebrando este evento no adro da Capela de Nossa Sra. Auxiliadora, no Quarteirão Darmstadt. Quando, também, várias famílias VOGEL de outros estados brasileiros se farão presentes para prestigiarem e participarem desta grande reunião familiar. Lá, talvez, estarão alguns reencontrando-se e outros vendo-se e cumprimentando-se pela primeira vez. A seguir, teremos dados históricos, genealógicos, depoimentos e informações diversas da família VOGEL. Primeiro teremos como assunto o colono Christian Vogel, cuja família temos pouquíssimas notícias. Através de um documento do Arquivo da Imperial Fazenda de Petrópolis, temos o seguinte: em 1847, Anne Marie, esposa de Christian, aparece como responsável por ela e mais 4 pessoas (sem informações do grau de parentesco), recebendo a gratificação Imperial de 25$000 (vinte e cinco mil réis). Em outro documento, sendo este do Arquivo da Cia. Imobiliária de Petrópolis, consta que foi designado para o colono Christian Vogel o prazo de terras n.º 3645, registro n.º 1108 – 4ª classe com a superfície de 10199 braças quadradas e 3 décimos, conforme consta no termo de medição e demarcação n.º 2002, localizado no Quarteirão Woerstadt com testada para os Rios Piabanha e Meyer (atualmente na […] Read More

QUEM NUNCA COMEU MELADO, QUANDO COME SE LAMBUZA

  (Narrando um triste, porém típico, acontecimento do princípio da República, e considerações de Rui Barbosa e de Monteiro Lobato sobre D. Pedro II, a Monarquia e a República) Nada mais certo! Foi o que ocorreu com os governantes republicanos, depois que o navio Alagoas conduzindo D. Pedro II e a Família Imperial perdeu-se nas brumas do Atlântico, em direção à Europa. Diz Monteiro Lobato que eles teriam tido um alívio: “enfim sós”. Agora podem espoliar, à vontade, o povo brasileiro, sem que ninguém os fiscalize. O caderninho preto e o lápis fatídico, que anotavam os nomes daqueles, que por atitudes indignas, não deveriam mais pertencer a cargos de governo, este caderninho também seguira para a Europa no bolso do Imperador. Podiam se lambuzar com o melado da corrupção e do estelionato, das riquezas fáceis e ilícitas, sem que houvesse alguém a chamar-lhes a atenção. Monteiro Lobato nos escreve: “D. Pedro II” era a luz do baile, muita harmonia, respeito às damas, polidez de maneiras, jóias d’arte sobre os consoles, dando o conjunto uma impressão genérica de apuradíssima cultura social. Extingue-se a luz. As senhoras sentem-se logo apalpadas, trocam-se tabefes, ouvem-se palavreados de tarimba, desaparecem as jóias”. Ou seja, sem o freio natural da Coroa, eles mostram-se como eram realmente. Lambuzam-se no melado sujo de lama. Escarafuncham-se no atoleiro, sem tábua de salvação. Perdem-se nos mares, sem o farol que os guiava; que os guiava e corrigia seus rumos; que corrigia seus rumos e os conduzia a porto seguro. Rui Barbosa, o “águia de Haya”, que foi republicano durante o Império e monarquista ou simpatizante, depois dos primeiros desacertos e corrupções da República, certa vez, escreveu estas palavras, que tornaram-se acadêmicas (as quais, geralmente, só são publicadas até o fim do primeiro parágrafo): “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime (na Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto (o Imperador, graças principalmente a deter o Poder Moderador), guardava […] Read More

SEGUNDA EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS NO CLUBE PETRÓPOLIS (A)

A SEGUNDA EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS NO CLUBE PETRÓPOLIS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Verão de 1905. A República brasileira vivia os seus momentos cintilantes. Na Presidência do país, Francisco de Paula Rodrigues Alves; na direção da terra fluminense, Nilo Peçanha; à frente dos destinos do município de Petrópolis, o Dr. Arthur de Sá Earp. Máquina azeitada em todos os níveis. Aqui, esplendia a “saison” com mil atrações para entreter a sociedade adventícia em vilegiatura estival nestas serras. Dois clubes disputavam a preferências das famílias abastadas, com prestígio social e político: o dos Diários e o Petrópolis, este com sede à então Av. XV de Novembro nº 134. Pela segunda vez esta agremiação organizava mostra de pintura, reunindo na ocasião cerca de 150 obras, algumas delas de artistas renomados como Antonio Parreiras, Ângelo Agostini, Baptista da Costa, Henrique Bernardelli, Rodolfo Amoedo e outros. A inauguração deu-se a 12 de março de 1905. No dia 11, a Tribuna de Petrópolis, abria espaço para esta notícia: “O Clube Petrópolis que a par dos gozos menores proporciona também aos seus sócios gozos de alta intelectualidade, inaugura amanhã uma brilhante exposição de pintura. Vão pois regorgitar de gente os salões do elegante clube, tão querido de nossa melhor sociedade.” Apesar dessa propaganda e dos nomes envolvidos no evento, artistas na chamada crista da onda, os críticos de arte desta urbe, quiçá pouco afeitos ao “metier”, acabaram por prender-se a questões menores, dentro daquele universo de 150 obras expostas. Nesse tempo, colaborava na Tribuna o professor João de Deus Filho, que vivera meteoricamente, pois havia nascido aqui em 1882 e morrido aos 19 de outubro de 1918, vítima do flagelo da gripe espanhola. Docente do Colégio São Vicente de Paulo, escritor e jornalista, poeta e sobretudo cultor da língua, foi fundador de “O Cruzeiro” e redator d’ “A Cidade de Petrópolis”, do “Correio de Petrópolis” e do “Diário da Manhã”. Foi também João de Deus Filho bibliotecário da nossa Biblioteca Municipal. Meteu-se, entretanto, a crítico de arte e foi uma catástrofe. Abusando da subjetividade, confundindo o verbo criticar, no sentido universal e elevado dele, com rebaixar, denegrir, apequenar, reduzir à expressão mais simples, falto dos condicionamentos técnicos indispensáveis à apreciação das obras que se expunham ao público naquele verão da Petrópolis belepoqueana, o jornalista acabou por produzir matéria bastante infeliz, quando […] Read More

O QUE SE CONTA E O QUE NÃO SE CONTA SOBRE A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL

  De Petrópolis, o imperador desceu para deparar-se com uma traição. A origem da palavra História vem de “histor”, vocábulo grego, que significa “o que se sabe porque se viu”. As fontes históricas entretanto evoluíram. Elas não são só o resultado do que se viu, mas também do que se contou fidedignamente (tradição oral – importantíssima nos tempos antigos), do que se encontrou em matéria de documentos escritos e do que se observou em “documenta monumenta”, onde salientam-se como ciências auxiliares da História, a Arqueologia, a Antropologia, a Etnologia, a Museologia, a Paleografia, a Bibliografia, a Genealogia, a Numismática, a Heráldica, etc… A História deixou de ser só “a narrativa literária de fatos passados”, mas, sem perder sua característica de arte, adquiriu também seu aspecto científico, onde se encontram causas e conseqüências do “fato histórico”, sob o aspecto religioso, sob o aspecto político, o econômico, o sociológico, o cultural, etc… Entretanto, a narrativa fidedigna, literária do fato histórico, dela não se pode prescindir. É a partir dela, da narrativa do fato histórico, que tudo se faz. Às vezes ela até se explica sozinha, pois suas causas estão implícitas e óbvias. Causas, interpretações, doutrinas, conseqüências, teses… do que? Do fato histórico. Conseqüentemente a narrativa “tout court” é essencial. No caso presente, da Proclamação da República no Brasil, a narrativa dos acontecimentos do 15 de Novembro de 1889, ao nosso ver, são por si só, tão eloqüentes, que toda a historiografia passada republicana quase que se desvanece. Há aqueles que procuram concatenar manifestações rebeldes contra a Coroa Portuguesa no período colonial, com o surgimento de idéias alienígenas vindas especialmente dos iluministas e enciclopedistas franceses do século XVIII (inconfidentes), com a revolução de 1817, com a de 1824, com a Balaiada, com a Cabanagem, com a Sabinada, com as revoluções liberais, estas últimas na minoridade de D. Pedro II e finalmente com a pequena tropa que cercou o Palácio do Governo, comandada por Deodoro no 15 de Novembro (que não proclamou a República) ou com o verdadeiro ato de Instauração Republicana, motivado pelos ciúmes e ódios de Deodoro (decreto nº 01 da República). Estes fatos nada tiveram a ver uns com os outros. Não havia concatenação. Não existiu um movimento republicano lentamente elaborado no Brasil, que tivesse atingido o seu ponto de saturação no dia 15 de Novembro. Deodoro, provavelmente nunca ouvira falar de Beckman, nem mesmo corretamente da inconfidência mineira e se […] Read More

PETRÓPOLIS: CENTO E QUARENTA E TRÊS ANOS COMO CIDADE

  E, de repente, o tempo passou e Petrópolis, como cidade, completou agora no dia 29 de setembro seu 143° aniversário. Daí, uma clara conclusão, é uma cidade nova, bem nova, comparada com outras espalhadas por esse mundo afora. Mas, embora nova, possui determinadas características que a distinguem das demais outras cidades brasileiras ou não, com origens encontradas em diversos motivos, especialmente geográficos, que determinaram modelos bem diversificados do fato urbano. O modelo petropolitano é um caso raro na malha urbana do Brasil. Hoje, as cidades brasileiras contam mais de 5.000. A maioria delas teve origem em fatos geográficos comuns, pois que nasceram por imposição de um caminho, de encruzilhadas estimuladoras do comércio, de um arraial de beira de estrada pouso obrigatório de tropeiros e viajantes, de entroncamentos rodo-ferroviários, da mineração, de um sítio litorâneo propício a instalação de portos ou da expansão da economia rural que empregava capitais acumulados na atividade comercial e industrial. O caso de Petrópolis foge totalmente a essa regra, simplesmente porque não surgiu espontaneamente e porque a sua elevação à categoria de cidade não respeitou a evolução hierárquica estabelecida na legislação específica, que determinava que uma vila resultasse de uma povoação e que uma cidade fosse consequência de uma vila. Petrópolis saltou um degrau nessa hierarquia e de povoado já foi elevado à cidade. Contudo, sua paisagem urbana atual, descaracterizada por diversos motivos, não revela praticamente em nada o fato de ter sido uma cidade planejada, seu principal aspecto histórico, do ponto de vista urbano. A História da cidade é repleta de fatos interessantíssimos e para quem se dedicar a estudá-la haverá de ficar tomado de um certo encantamento, na medida em que constatará o seu caráter de cidade imperial, visível, desde seus momentos mais remotos, não só pela vontade mas também pela ação direta dos nossos dois imperadores: de Pedro I, que deslumbrado com as belezas dos lugares da Serra da Estrela, comprou a Fazenda do Córrego Seco, e, de Pedro II, herdeiro daquela propriedade, que determinou a construção de um palácio para seus verões imperiais. Contudo, a História mostra, também, que outros atores, não imperiais, mas diretamente ligados à Corte, participaram de modo decisivo na elaboração desse belo cenário urbano que se chama Petrópolis. De todos, especialmente três se destacaram: o Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa, considerado o “PAI DO POVOADO”; o Major Engenheiro Júlio Frederico Koeler, intitulado o COLONIZADOR, e o […] Read More

AURELIANO DE SOUZA E OLIVEIRA COUTINHO – ESTADISTA DO IMPÉRIO

  No conturbado período da vida pública brasileira que transcorreu entre 1830 e 1847, abrangendo a abdicação de D. Pedro I em 07 de abril, passando pelas chamadas crises da minoridade, com as Regências Provisória, Trina e Una, a crise da Maioridade em 1840 até a organização do Conselho de Ministros com a figura do Presidente do Conselho em 1847, que passou ao Primeiro Ministro, a escolha de mais membros do gabinete para aprovação do Imperador. Avulta de maneira singular a personalidade de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, pelas posições que então ocupava e pela sua ação. Nascido em 21 de julho de 1800, filho do Coronel de Engenheiros Aureliano de Souza e Oliveira e de Dona Francisca Flávia Proença Coutinho, na freguesia de Itaipu, pertencente a Vila Real da Praia Grande, hoje Niterói. Teve uma educação cuidadosa, primeiro no Seminário São José, então um dos melhores colégios do Rio de Janeiro, onde se distinguiu como excelente aluno. Dali passou para a Academia Militar, mas não desejando seguir a carreira das armas, conseguiu uma pensão de D. João VI para estudar em Coimbra, dada pelo Rei como prêmio aos excelentes serviços prestados pelo pai nas fortificações da costa fluminense. Seguiu para Portugal em 1820, regressou em fins de 1825, portando um diploma de Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de Coimbra. Com tal título e uma personalidade agradável e maneiras refinadas não foi difícil a nomeação para Juiz de Fora e Ouvidor em São João Del Rei e após em Outro Preto. Ainda em Minas Gerais, casou em São João Del Rei com Adelaide Guilhermina de Castro Rosa, filha de abastado comerciante. O trabalho realizado em Minas Gerais foi de tal forma apreciado pelo povo local que ao regressar ao Rio de Janeiro, viu-se eleito deputado geral segunda legislatura do Império ( 1830 – 1833 ). Devido a sua atitude moderada e discreta granjeou a simpatia dos deputados do chamado grau de moderados, que o indicaram para Presidente da Província de São Paulo que estava em efervescência com o assassinato do jornalista João Liberó Badaró. Ali permaneceu por apenas três meses se relacionando então com o Padre Antônio Diogo Feijó. Regressando ao Rio de Janeiro foi nomeado Juiz de Órfãos e Independente Geral da Polícia do Rio de Janeiro, tornando-se assim, o principal auxiliar do então Ministro da Justiça Diogo Feijó. Mostrou-se nessa ocasião um severo aplicador […] Read More

HOMENAGEM A PAULO BARBOSA

  Inicio esta breve palestra, utilizando um dístico tirado de um trabalho de Américo Jacobina Lacombe. Nele está caracterizado o tipo de relacionamento que existiu entre Paulo Barbosa da Silva e o Senhor D. Pedro II. Espero também encontrar nesse mote elementos para tecer uma glosa de caráter filosófico em torno de tão ilustre e influente personagem do 2º Reinado. O dístico é o seguinte: “… servindo ao soberano… a quem serviu sempre leal e devotadamente”. O trecho de que foi extraído consta do trabalho intitulado: “Paulo Barbosa e a Fundação de Petrópolis”, Petrópolis, 1939, pág. 33, e é aqui transcrito: “Paulo Barbosa, faleceu em 1868, aos 78 anos de idade, no seu posto de Mordomo, servindo ao soberano que acompanhara desde a infância e a quem serviu sempre leal e devotadamente”. Acertadamente, o Estatuto de nosso Instituto Histórico de Petrópolis assinala algumas datas e personalidades que devem ser obrigatoriamente comemoradas. Entre eles, no mês de janeiro, está a figura do Major do Imperial Corpo de Engenheiros PAULO BARBOSA DA SILVA, que mais tarde, foi reformado no posto de Brigadeiro. Seu título para inclusão no calendário do Instituto Histórico: o fato de ter sido um dos co-fundadores da povoação de Petrópolis e seu real carinho e preocupação, estivesse perto ou distante, sempre demonstrados por esta terra. Melhor testemunho desse mérito de Paulo Barbosa, em relação a Petrópolis, é do próprio Imperador D. Pedro II, que reconheceu Petrópolis, a “filha” querida do Mordomo. Estatutariamente, o mês de janeiro pode ser dedicado ao Mordomo da Imperial Casa, PAULO BARBOSA DA SILVA, pois nasceu a 25 de janeiro de 1790 e a 28 de janeiro de 1868 veio a falecer. Foram 78 anos bem vividos. Paulo Barbosa da Silva nasceu em Minas Gerais, na cidade de Sabará ou Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, sede da Comarca do Rio das Velhas e centro de um dos mais opulentos distritos auríferos de Minas Gerais. Sabará era Vila Real, desde julho de 1711, criada por Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, primeiro governador da nova Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, instituída por Carta Régia, de 09 de novembro de 1709. Os pais do futuro Mordomo foram Antonio Barbosa da Silva e Ana Maria de Jesus. Ele, coronel de Milícias. Pois na Comarca do Rio das Velhas existiam quatro Regimentos de Milícias de Auxiliares, sendo dois deles da Nobreza. Paulo […] Read More

PRAÇA MUNICIPAL DA COLÔNIA DE PETRÓPOLIS (A)

A “PRAÇA MUNICIPAL” DA COLÔNIA DE PETRÓPOLIS Carlos Oliveira Fróes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes, falecido 1. INTRODUÇÃO A “Praça Municipal” é um dos temas obscuros da História de Petrópolis, razão pela qual tentaremos esclarecer alguma coisa sobre ela. Tal praça – mesmo sob outro título – não foi prevista no Plano de Koeler; tampouco, foi criada por um ato formal e suas origens e finalidades não haviam sido associadas, até hoje, a quaisquer possíveis requisitos de ordem urbanística, política ou social. Esse assunto constituiu um grande desafio quando estivemos pesquisando sobre a implementação urbana que se processou na Imperial Colônia de Petrópolis e sentimos a necessidade de conhecer melhor tal praça, saber a época em que surgiu, a origem da nomenclatura e as razões que motivaram sua instalação. E, dela, só tínhamos conhecimento através de rápidas referências ao seu título encontradas em algumas das fontes consultadas. Temporalmente, a qualificação de Municipal afigurava-se como imprópria ao logradouro de uma povoação que era apenas um simples Distrito do Município da Estrella. E, mesmo após a elevação de Petrópolis à categoria de cidade, o edifício sede da Câmara Municipal levou quase quatro décadas para ser instalado nos fundos desse logradouro, no vetusto solar construído pelo Conselheiro Mayrink na primeira metade da década de 50, e que por curto período pertenceu ao Barão de Guaraciaba. Esse solar, apesar de imponente, não contava ainda com o bloco frontal, mandado acrescer pelo Presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, Dr. Hermogênio Pereira da Silva, o que lhe conferiu a majestosa fachada que ostenta até os dias de hoje. Porém, não nos estenderemos mais sobre tal prédio, pois a matéria produzida por Gabriel Kopke Fróes, “O Paço Municipal”, publicada na edição de 17.III.1963 do Jornal de Petrópolis, esgota o assunto. Portanto, passemos à parte que propriamente diz respeito ao logradouro fronteiro ao referido solar, o qual o autor – profundo estudioso dos elementos toponímicos urbanos de Petrópolis – descreve com inúmeros detalhes e cita todas as denominações informais que recebeu antes da denominação oficial, como Praça Visconde de Mauá, conferida pela Resolução Municipal de 31.I.1888. O que nos intrigou foi encontrar, nesse relato tão meticuloso, uma indagação. Mencionou o historiador: “Desde o Império ela era conhecida como Municipal. Por que o cognome, se a idéia de ali localizar o Paço Municipal só nasceria em 1891 e só vingaria em 1894?”. Foi exatamente essa […] Read More