PETRÓPOLIS CAPITAL DO ESTADO

PETRÓPOLIS CAPITAL DO ESTADO José Kopke Fróes, Patrono  da cadeira nº26 –  A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi a capital da antiga capitania e da província até 1834, quando, pelo Ato Adicional de 12 de agosto daquele mesmo ano, que reformou a Constituição de 1824 e criou as Assembléias Legislativas Provinciais, ficou separado o Município da Corte, também chamado Neutro, da Província do Rio de Janeiro. O decreto de 23 de agosto de 1834 designou a Vila Real da Praia Grande para a primeira reunião da Assembléia Legislativa da província do Rio de Janeiro e a Lei n.º 2 de 26 de março de 1835 declarou a mesma Vila Real da Praia Grande capital da Província. Provavelmente os legisladores sentiram, como nós estávamos sentindo, a impropriedade de uma vila, com um nome tão esquisito, ser a capital da província. Dois dias depois, a Lei n.º 6 elevou a Vila Real da Praia Grande à categoria de cidade, com a denominação de Niterói, que na opinião de uns significa rio de água fria, enquanto o visconde de Porto Seguro traduz para água escondida, e Teodoro Sampaio mar escondido. Durante o tempo em que Petrópolis pertenceu administrativamente à Vila da Estrela esteve subordinada, indiretamente, à cidade de Niterói. Tudo isto, porém, cessou felizmente, com elevação à categoria de município, conquista gloriosa, cujo centenário foi bem comemorado. No tempo do Império, por algumas vezes falou-se na mudança da capital da província que, na opinião de alguns, não estava bem localizada em Niterói. Entretanto, nenhuma providência foi tomada naquele sentido. Proclamada a República, nomeado o governador do estado o Dr. Francisco Portela, viu-se assediado por republicanos fluminenses que desejavam fosse a sede do governo levada para o interior do território. Não foi, porém, o nosso estado com a primeira administração republicana. O Dr. Portela, por Decreto de 19 de maio de 1890, firmou um contrato absurdo com uma empresa particular, garantindo-lhe juros para construção de uma estrada de ferro entre Niterói e Teresópolis, e inúmeros privilégios por 70 anos para exploração de todos os serviços públicos, neles compreendidos abastecimento de água, luz, esgotos, telégrafos, telefones, bondes, além do direito de desapropriações e outras vantagens, como a construção de edifícios públicos . Para completar, em 6 de outubro daquele mesmo ano de 1890, baixou novo decreto transferindo para Teresópolis a capital do estado do Rio de Janeiro. Este e outro desmandos […] Read More

RELEMBRANDO AMIGOS . . .

RELEMBRANDO AMIGOS . . . Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, falecido – ARTHUR CEZAR FERREIRA REIS. Prossigo com o nosso saudoso Artur César o necrológio dos sócios correspondentes do nosso Instituto. Nasceu em Manaus a 8-1-1906. Seu pai era jornalista e escritor teatral – Vicente Torres da Silva Reis e sua mãe Emília Ferreira Reis. Fez os estudos iniciais em sua cidade, em grupos escolares, na época em que tais estabelecimentos preparavam de fato seus alunos, estudando depois no Ginásio Amazonense, de tantas tradições. Bacharelou-se em Direito no Rio pela velha Faculdade da Rua do Catete; velha nos dois sentidos: o velho casarão, já em mau estado abrigava a Faculdade criada em 1827 e então pertencente à Universidade do Rio de Janeiro Mas dedicou toda a sua vida ao magistério. Foi fundamentalmente, professor, iniciando sua carreira no Colégio D. Bosco, de Manaus, daí passando para a cadeira de História Universal, do Brasil e Noções de Direito Pátrio na Escola Normal do Amazonas; logo depois nomeado catedrático de História da Civilização e do Brasil na Escola de Comércio Sólon Lucena. Nesse mesmo ano participou da Comissão encarregada de fixar os limites dos municípios do seu estado – designado relator geral dos trabalhos. Todas essas preocupações levaram-no ao Instituto Histórico do Amazonas, do qual foi eleito presidente perpétuo, tendo sido ainda Representante no seu estado, da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 1961, já no Rio, foi, por designação do Governador Carlos Lacerda, exercer o cargo de Diretor de Departamento da História e Documentação do Estado da Guanabara. Mas há um fato pitoresco na biografia de Artur César. Em 1964 estava ele em Genebra, integrando a Delegação do Brasil à conferência do Comércio e Desenvolvimento, quando se deu no Brasil o Golpe de Estado de 31-03. Sem noticias precisas do Brasil, apenas a de que o Presidente Goulart fora deposto, decidiram embarcar todos de volta, à frente o Ministro (seria ainda Ministro?) do trabalho que chefiava a delegação. Ao aterrissar no aeroporto do Rio o avião, deu-se uma cena interessante e ao mesmo tempo pitoresca: pela janela do avião estranhou a presença na pista de vários colegas de trabalho e – o que foi mais curioso: sua secretária sobrassando um buquê de flores. E pensou: que faz toda essa gente aí ? Eu já viajei tantas vezes com minha mulher e nunca minha secretária lhe trouxe flores… Mal desceram a […] Read More

RELEMBRANDO AMIGOS . . .

RELEMBRANDO AMIGOS . . . José De Cusatis, ex-Associado Titular, falecido – CLAUDIONOR DE SOUZA ADÃO. O “véio” Adão – como todos o chamávamos, em resposta ou retribuição ao apelativo que ele mesmo usava – era petropolitano de boa cepa, descendente de colonos alemães, os Dorr que com tantos outros vieram povoar e dar vida à nascente Petrópolis. E ele explicava, para justificar a sua tez morena, que era também descendente dos mouros que ocuparam Portugal por tanto tempo. Adão nasceu a 26 de agosto 1917 nesta cidade que ainda não era imperial. Fez seus primeiros estudantes no Colégio Plínio Leite, instalado no velho casarão onde se aboletara a Assembléia Legislativa do Estado, ao tempo da Capital em nossa cidade, e onde depois, por tantos anos, funcionou o Colégio Carlos Werneck, na atual Rua do Imperador. Foi dos melhores e mais inteligentes (e isto ele provou pelo resto da vida!) alunos do Plínio Leite e tanto que, quando veio a ocupar este a secretaria do Rotary local, em 1933, levou consigo Adão como seu auxiliar. Tinha Adão 16 anos- era um menino – e tanto se interessou pelo Rotary e pelos seus ideais, assimilando-as de tal maneira, que foi considerado como a enciclopédia do Rotary. Aliás, não foi apenas ali. Em tudo o que realizava, em todas as iniciativas que tomava, ele o fazia com verdadeira paixão. Bacharel pela Faculdade de Direito de Niterói, tornou-se Adão, com o correr dos anos, um dos mais abalizados advogados em Direito Trabalhista de Petrópolis. Aqui foi um dos fundadores da Associação Comercial e Industrial e do Sindicato do Comércio Varejista, tendo sido consultor jurídico de outros sindicatos que vieram a ser criados e de várias firmas importantes, como a Companhia de Eletricidade, onde permaneceu por mais de 30 anos. Interessado pela vida cultural de sua cidade, foi atraído pelo Instituto Histórico de Petrópolis, sendo um dos mais assíduos freqüentadores, sempre em companhia da sua Genita. Aqui no Instituto ocupou vários cargos de diretoria, assumindo por fim a presidência, que ocupou por dois mandatos consecutivos. Na presidência do Instituto foi Adão dos mais ativos e eficientes, sabendo presidir – e como! – as suas reuniões, inclusive as mais tempestuosas. Foi ainda eleito para a Academia Petropolitana de Letras, produzindo, na sua posse um discurso memorável, elogiado por todos. O colega Claudionor de Souza Adão – o “véio” – repito de propósito, deixará em nossa […] Read More

D. PEDRO II, NOSSO ÍCONE

D. Pedro II, nosso ícone Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, cadeira nº 14 – O mês de janeiro de 2013 assinala um fato histórico de bela lembrança significativa para a cultura petropolitana:o 80º aniversário da inauguração do Teatro D. Pedro. O auspicioso fato ocorreu a 2 de janeiro de 1933, com a presença do Prefeito-Interventor Dr. Yeddo Fiuza, completada com as presenças de outras altas autoridades municipais, atendendo ao convite da “Empresa D´Ângelo & Cia. Ltda.”, criada e gerida pelos irmãos João, Donato, Domingos Antônio, Alexandre, Nicola e do primo Rocco Gentile. O seleto grupo assistiu cinema e teatro, a partir das 15 horas e 30 minutos, tudo constante da extensa programação, onde não faltaram discursos, filmes na tela, cenas teatrais, canto lírico, bailado e abrindo a tarde a execução do Hino Nacional Brasileiro pela Orquestra de Professores de Música regida pelo Maestro Octavio Maul, a qual interpretou, também, a protofonia da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, como era de praxe em solenidades do gênero. Os edificadores do conjunto de prédios, compreendido pelo Teatro e anexo para funcionamento de hotel e abertura de lojas comerciais, vindos da Itália, apreciadores do bel-canto, desejavam uma casa para exibições musicais e cinema, dotando o prédio de todas as condições técnicas para ambas as atividades, com palco completo, plateia, camarotes, sob decoração especial e o máximo possível de conforto para os espectadores e usuários. Por ali, a vida artística foi intensa, passando o arrendamento por algumas mãos. A última arrendatária foi a empresa exibidora cinematográfica de Luiz Severiano Ribeiro, que explorou, por muitos anos, além do “D. Pedro”, as melhores salas no Centro Histórico: os teatros-cinemas “Capitólio” e “Petrópolis”. Decaindo o cinema exibido nas grandes casas, foi fatal e terrível o fechamento dos três cinemas, por desistência da empresa Severiano Ribeiro. O “Capitólio” virou estacionamento; o “Petrópolis”, igreja evangélica; e o “D. Pedro” acendeu a velha pretensão da cidade de ter um Teatro Municipal, o que deveria obter apoio e ação do Poder Público para que a Casa não assumisse as atividades impróprias e inaceitáveis dos outros dois extintos teatros-cinemas. Sensibilizado, o Poder Público promoveu a desapropriação do Teatro D. Pedro, através do Decreto nº 55/89, de 29 de junho de 1989, na administração de Paulo Gratacós. O projeto sofreu alguns desdobramentos e ajustes, porém estava garantido o espaço para a concretização do acalentado sonho petropolitano, assumindo os prefeitos seguintes as […] Read More

ÚLTIMA FRONTEIRA DO GLAMOUR EM PETRÓPOLIS

Última fronteira do glamour em Petrópolis Francisco de Vasconcellos – ex-associado titular, Associado Emérito –  Em 1945 Petrópolis ainda esplendia em luxo e bom gosto, que se derramavam no Hotel Cassino Quitandinha, no Palace Hotel, onde também se jogava, nos saraus da “entourage” getuliana, no Tênis Clube em trânsito para o Petropolitano, na antiga Av. 1º de Março, hoje Roberto Silveira. Foi aí que um grupo de rapazes denominados Mosqueteiros teve a idéia de promover o primeiro baile “Glamour Girl” na cidade. O sucesso da promoção foi tão grande que ela se repetiu nos anos subsequentes, entrando pela década seguinte. Em cada baile havia a eleição da “glamour girl”, valendo a palavra “glamour”, não simplesmente beleza física, mas uma série de atributos que faziam da garota uma pessoa atraente, dona de irresistível magnetismo pessoal. Ocorre que o chamado “glamour” não é uma exclusividade feminina e o termo pode aplicar-se a situações, a momentos, a circunstâncias, a memórias. Vieram-me tais cogitações quando me dei conta do transcurso do centenário de nascimento do Príncipe D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, neste mês de fevereiro de 2013. Na minha paisagem mental ele se me afigura a última fronteira do glamour em Petrópolis. Antes de mais nada teve D. Pedro Gastão a sorte de viver numa época glamourosa, bastando citar os anos cinquenta dos novecentos, uma espécie de recidiva relâmpago da “belle époque”. Mais duas décadas e o mundo começou a barbarizar-se, Brasil no meio, como dizia Joelmir Betting. E dentro desse contexto glamouroso, D. Pedro possuía o seu próprio glamour, inconfundível, oriundo de sua nobreza de caráter, de sua grandeza de espírito, do seu extraordinário bom gosto, de sua elegância no trajar e no trato com as pessoas, de sua simpatia, de sua simplicidade, de seu magnetismo pessoal. Era ele uma referência em Petrópolis, querido de todos que o conheciam e que privavam de sua amizade. Nascido fora do Brasil em virtude do injustificável banimento de sua família, veio ter ao país após a revogação da estúpida medida do governo provisório da República. Radicado em Petrópolis fez do palácio Grão Pará seu domicílio e do palácio Isabel sua trincheira de trabalho. Chefe da Casa Imperial do Brasil serviu ao regime instaurado a 15 de novembro de 1889 presidindo durante anos uma mesa eleitoral no centro da cidade. Com extremo bom humor batizou com o nome de República seu cavalo de estimação. Nada […] Read More

AURELIANO COUTINHO NO CONTEXTO DA PROVÍNCIA FLUMINENSE

AURELIANO COUTINHO NO CONTEXTO DA PROVÍNCIA FLUMINENSE Francisco de Vasconcellos, ex-Associado Titular, Associado Emérito – A Constituição do Império de índole unitária e altamente centralizadora de poder, não contemplava a eleição dos titulares do poder executivo a nível provincial. O artigo 165 da Carta de 25 de março de 1824, estabelecia que em cada província haveria um presidente nomeado pelo Imperador, que poderia remover dito presidente, quando entendesse que assim conviria ao serviço do Estado. O artigo 71 do mesmo diploma legal, reconhecia e garantia o direito do cidadão de intervir nos negócios de sua província. Esse direito seria exercido através de um organismo chamado Conselho Geral da Província, que, de acordo com o artigo 81 tinha por principal objetivo, propor, discutir e deliberar sobre os negócios mais interessantes de cada unidade integrante do Império. Entretanto, o artigo 83, 4º, negava a tais conselhos a prerrogativa de deliberar sobre execução de leis. Para esse efeito tinham eles que se dirigir à Assembléia Geral e ao poder executivo conjuntamente. Como se vê, o sistema era absolutamente fechado e as províncias eram meros satélites do poder central. Mais eis que a lei de 12 de agosto de 1834, mais conhecida como Ato Adicional, substituiu tais conselhos pelas assembléias provinciais. Na segunda parte do artigo 1º da lei em estudo, ficava estabelecido que a autoridade da assembléia legislativa da província em que estivesse a Corte, não compreenderia a mesma Corte e o seu município. Ficava assim criada a província do Rio de Janeiro, cujo caput, pela Lei nº 2 de 26.03.1835 seria a Vila Real da Praia Grande, que recebeu o status de cidade, com o nome de Niterói, a 28 de março daquele mesmo ano. O Ato Adicional alargou sobremodo os poderes das novas assembléias legislativas provinciais, mas manteve a nomeação do Presidente da Província pelo Imperador. Quiçá pela proximidade da capital da província do poder central, da sede do Império, quiçá pela pujança da economia provincial fulcrada nas culturas cafeeira e canavieira, o certo é que, pelo menos nos seus primeiros anos de existência, a Província do Rio de Janeiro contou com presidentes de incontestável tirocínio político, de aguçado tino administrativo, homens que acabaram por brilhar no cenário nacional e até internacional, como verdadeiros estadistas. Joaquim José Rodrigues Torres, proeminente chefe conservador, foi o primeiro dessa galeria de notáveis. Visconde de Itaboraí, por ato imperial de 2 de dezembro de 1854, […] Read More

À MARGEM DE UMA CONFERÊNCIA

À MARGEM DE UMA CONFERÊNCIA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos – associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Bela e comovente a homenagem prestada pelo Ministro Rocha Lagôa, na tarde de 12 de maio do corrente, quando pronunciara no Instituto Histórico de Petrópolis, sua conferência rememorativa dos oitenta anos da morte de Oswaldo Cruz, ocorrida a 11 de fevereiro de 1917, nesta cidade de Petrópolis, Imperial por outorga popular. O Ministro relembrou os feitos e a glória do festejado sanitarista; a repercussão internacional de sua obra em prol do saneamento do Rio de Janeiro, do combate a epidemias e endemias e da criação do Instituto que pelos anos afora haveria de dedicar-se à investigação das doenças tropicais e à produção das correspondentes vacinas e drogas empregadas na erradicação dos agentes dessas mesmas doenças. E, como não podia deixar de ser, o conferencista abordou a presença de Oswaldo Cruz em Petrópolis, notadamente quando, em 1916, fora escolhido pelo então Presidente Nilo Peçanha, para ser o primeiro Prefeito da cidade. Esse tema merece um enfoque especial, pelas sérias implicações políticas que ele embute. À primeira vista, parece ter havido nas hostes partidárias petropolitanas uma enorme resistência à indicação de Oswaldo para o cargo, agravando-se tal estado de coisas a medida que o sanitarista com a saúde cada vez mais claudicante tentava dar rumo ao seu governo e forma ao estupendo plano que engendrara para a sua administração, até o desenlace já no clima carnavalesco de 1917, em que se confundiam os esgares momescos com os apupos da turba a serviço dos eventuais inconformados, à porta do Prefeito quase inanimado. Mas atrás das aparências havia uma série de crises e contrariedades que somente a lupa do exegeta pode identifica. Quando em 1910 caiu o hermogenismo, subindo os moreiristas (partidários de Joaquim Moreira), não só a política como a administração petropolitanas sofreram um grande abalo. E a prova disso está na acirrada batalha que se travou na imprensa local. De um lado os hermogenistas/saerpistas, que tinham como arauto a Tribuna de Petrópolis; do outro os moreiristas que se escudavam no jornal O Comércio. Os seis primeiros anos da segunda década do século foram aqui de incertezas, de longas batalhas pelo poder e de uma certa inércia administrativa, o que se refletiu na vida do município como um todo e, em especial no perímetro urbano do 1º Distrito. E, de […] Read More

ANTECEDENTES E A CRIAÇÃO DA IMPERIAL COLÔNIA ALEMÃ

ANTECEDENTES E A CRIAÇÃO DA IMPERIAL COLÔNIA ALEMÃ Paulo Roberto Martins de Oliveira, Associado Titular, cadeira nº 10 Sinto-me honrado pelo convite simultâneo do Clube 29 de Junho e do Instituto Histórico de Petrópolis, para que num roteiro de recordações históricas, possamos lembrar e homenagear os pioneiros colonos alemães de Petrópolis. A viagem, a chegada e os primeiros tempos da Imperial Colônia Alemã. Ilustres historiadores deixaram-nos registrados em livros e publicações diversas o fruto de suas pesquisas. Hoje, para percorrermos os mesmos caminhos da história, nos orientamos nestes preciosos trabalhos e ensaios, para darmos continuidade ao trabalho de nossos grandes mestres do passado. Portanto ouso a continuar ou a preencher alguns espaços através das minhas pesquisas. Se pensarmos no tempo percorrido desde 1835, 10 anos antes da grande colonização até os dias de hoje, quando no próximo dia 29 completaremos 151 anos da fundação da Colônia, teremos uma resenha de fatos que transformaram-se em história. A história dos nossos colonizadores germânicos. Antes dos alemães de 1845, houve uma grande movimentação de pessoas que Koeler e o Presidente da Província já consideravam como colonos: Os açorianos, que foram os primeiros, a seguir os alemães do Itamarati e outros de várias origens Em 1835 a parte administrativa da Província do Rio de Janeiro era dividida em 4 seções. A que formavam a nossa região era a segunda, sendo o chefe o Major de Engenheiros Julio Frederico Koeler que pertencia ao corpo de Engenharia da Administração da Província. Abrangia esta seção os atuais municípios de Magé e Paraíba do Sul, além de parte de Vassouras, Iguaçu e Valença. Cobria a extensão desde o Porto da Estrela até o Rio Paraibuna, nos limites com Minas Gerais. A única estrada que possibilitava a subida da serra era a calçada de pedra, não permitia veículo com tração animal por ser muito íngreme. Esta estrada era a principal via de comunicação entre a Corte e Minas Gerais. Foi dado a Koeler a incumbência de mantê-la em bom estado, conservando-a e de construir pontes por todo o interior para facilitar as tropas que iam e vinham com produtos agrícolas e minerais. A princípio os trabalhadores das estradas eram os escravos que podiam ser alugados nas fazendas das imediações. Os fazendeiros nunca permitiam que eles ficassem longe da fazenda com medo de perde-los. Com a continuação das obras, sucediam-se turmas de escravos que não tinham tempo para especializarem-se. O […] Read More

PETRÓPOLIS E O CENTENÁRIO FRANCISCANO

PETRÓPOLIS E O CENTENÁRIO FRANCISCANO Paulo Machado da Costa e Silva, Associado Titular, cadeira nº 2 – Em caráter solene, nos reunimos hoje, convocados pelo Instituto Histórico de Petrópolis, para nos associarmos às homenagens pela celebração do centenário da chegada à nossa cidade dos primeiros Frades Franciscanos no já distante 16 de janeiro de 1896, apenas cinco anos depois que a Província dos Frades Menores da Saxônia, na Alemanha, de acordo com compromisso assumido, havia enviado os primeiros missionários, que deveriam restaurar as duas Províncias Franciscanas do Brasil, em fase de quase extinção. Para Petrópolis, eles vinham trazidos pela interferência do zeloso Internúncio da Santa Sé no Brasil, Monsenhor João Batista Guidi, preocupado em propiciar aos descendentes dos colonos alemães católicos uma assistência religiosa mais efetiva e permanente do que a ele próprio vinha realizando com muito zelo, desde 1890, mas de forma intermitente, na capelinha do Sagrado Coração de Jesus da Rua Montecasseros, inaugurada em l874. E os Frades Franciscanos, nesses 100 anos de contínua permanência em Petrópolis, não só cumpriram a sua missão de propagadores da boa nova do Verbo de Deus encarnado, crucificado e ressuscitado, como se desdobraram a serviço da população de diversos bairros da cidade e estenderam os seus serviços à boa parte da Baixada Fluminense. Assim, os Franciscanos de Petrópolis foram criando raízes, se desenvolveram e se expandiram. No seu convento e em torno dele foi surgindo um centro cultural, que se projetou no país e ganhou renome no exterior. Podemos afirmar, sem exageros, que eles cresceram juntamente com a cidade e contribuiram também para projetá-la nacional e internacionalmente. Ao longo dos anos, mas desde o início, foram surgindo várias instituições por iniciativa desses pioneiros. Em 1901, tinha início a Tipografia da Escola Gratuíta São José, transformada depois no avançado parque editorial da EDITORA VOZES Ltda, cuja influência quase centenária em nosso país é indiscutível. A produção bibliográfica das VOZES, hoje, se concentra, resumidamente, em três áreas: a cultural, a teológico-bíblica e a catequético-pastoral. Apenas para se ter uma ligeira noção dos assuntos abrangidos em cada área por essas publicações, podemos mencionar o que segue, acentuando-se a qualidade dos critérios exercidos na seleção dos autores e das respectivas obras. Assim, na área cultural se destacam, entre outras publicações, os títulos sobre antropologia, comunicação, ecologia, economia, filosofia, história, letras e literatura, pedagogia e psicopedagogia, política, psicologia e psicanálise, serviço social, saúde e trabalho, sociologia… Na […] Read More

PETRÓPOLIS, FILHA QUERIDA DE PAULO BARBOSA

PETRÓPOLIS, FILHA QUERIDA DE PAULO BARBOSA Célia Lobo Paulo, ex-Associada Titular, falecida – O Conselheiro Paulo Barbosa da Silva nasceu em Sabará – Minas Gerais – a 25 de janeiro de 1794. Teve uma mocidade toda dedicada ao Exército. Foi cadete aos 14 anos – Alferes aos 16. Matriculou-se na Academia Militar em 1818, sendo promovido a tenente no ano seguinte. Em 1822, aos 28 anos, já como Capitão, foi transferido para o Imperial Corpo de Engenheiros. Na campanha do Fico coube-lhe o papel de Emissário dos Patriotas a Minas, onde desempenhou bem sucedida missão. Em 1837 foi promovido a major e em 1839 a tenente coronel; neste mesmo ano foi eleito deputado por Minas Gerais. Com a queda do tutor José Bonifácio é nomeado mordomo da Casa Imperial, cargo em que é confirmado por D. Pedro II em 1840 e no qual iria prestar os mais assinalados serviços (Mordomo, Cargo de confiança do Imperador, era o administrador de todos os bens do palácio). Sua casa, na Chácara da Joana (o clube da Joana como era chamado) nos fundos da Quinta Imperial em São Cristovão – no Rio de Janeiro – foi o centro político-social do início do Reinado. Sua casa está até hoje preservada: é a Casa do Barão de Laguna, próxima ao Maracanã e que serviu de residência, antigamente, ao Ministro da Guerra, depois Ministro do Exército Comandante da 1ª Região Leste. O decreto Imperial de 16 de março do ano de 1843 estabeleceu metas prioritárias cuja concretização nos mostra que houve um perfeito entrosamento entre a Mordomia da Casa Imperial e o governo da Província do Rio de Janeiro, concretizando as providências oficiais dos vários setores da administração pública para o plano de Fundação de Petrópolis, que ele tão bem conceituou como “Projeto: Povoação Palácio de Petrópolis”. D. Pedro I havia planejado construir um palácio na Fazenda do Córrego Seco – não o concretizou devido a sua abdicação. O jovem D. Pedro II, orientado pelo seu experiente Mordomo construiu o palácio e uma vila doando lotes de sua fazenda a quem se dispusesse a colaborar no empreendimento. Fatores importantes contribuíram para que o sonho petropolitano brotado do coração de Paulo Barbosa, se tornasse realidade dentre outros. – Sua influência junto ao jovem imperador. – Sua amizade com o engenheiro Koeler, colega de carreira na arma de engenharia e que elaborou e executou o projeto urbanístico de Petrópolis. […] Read More