A MORTE DO MINISTRO SUGHIMURA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Em 1906 Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919) cumpria seu último ano de mandato como Presidente da República. O Rio de Janeiro no embalo da reforma de Pereira Passos pretendia tornar-se a Paris do Trópico. Petrópolis esplendia como capital diplomática em torno do carismático Barão do Rio Branco (1845-1912), Ministro das Relações Exteriores, que fizera de sua casa na Westfália sucursal do Palácio Itamarati. O glamour fazia a festa na “belle époque” petropolitana. Porém, já no fim da “saison” uma triste notícia correu pelos quatro cantos da cidade. No dia 19 de maio falecera o Ministro Plenipotenciário do Japão junto ao governo brasileiro. Chamava-se ele FUKISHI SUGHIMURA e fora vítima de uma paralisia bulbar. Apesar dos esforços dos médicos drs. Modesto Guimarães e Hilário de Gouvêa, o homem não resistiu. Contava, na altura, 59 anos. O snr. Miura, secretário da legação japonesa, apressou-se em comunicar o fato ao Barão do Rio Branco, a D. Julio Tonti, Núncio Apostólico e decano do corpo diplomático em Petrópolis e ao governo japonês. O ilustre Ministro havia deixado viúva e seis filhos. Como não havia onde cremar o corpo do extinto, conforme o desejo da família ficou decidido que o mesmo seria sepultado no cemitério São João Batista no Rio de Janeiro, prestando o governo brasileiro toda a assistência e todas as homenagens do estilo, de acordo com as devidas providências tomadas pelo Barão do Rio Branco. Quem era o Ministro Saghimura Tratava-se de um trabalhador incansável que ainda jovem dedicara-se ao jornalismo e às letras em seu país, sendo também um expert em filosofia chinesa. Na carreira diplomática, além dos seus bons ofícios prestados ao Ministério das Relações Exteriores, foi secretário da legação japonesa na Coreia e no Canadá. Foi nomeado Ministro Plenipotenciário no Brasil em 1905 e, em um ano provocou um avultado movimento nas relações entre o Mikado e o governo brasileiro. Mantinha o Ministro japonês uma rotina pesada de trabalho. Era um homem essencialmente pragmático. Consoante o depoimento de alguns de seus contemporâneos em Petrópolis, levantava-se às 5 horas da manhã e depois de um breve passeio pelas ruas centrais da cidade, dirigia-se ao seu gabinete para cuidar dos assuntos da legação. Após o almoço tirava um cochilo e voltava à faina só voltando à casa ao cair […] Read More
MÁRIO, BANDEIRA E PETRÓPOLIS
MÁRIO, BANDEIRA E PETRÓPOLIS Leandro Garcia, Professor de Teoria Literária da UFMG e membro titular da Academia Petropolitana de Letras A Cidade Imperial sempre atraiu poetas e escritores das mais diferentes tendências literárias. Acho que o primeiro “culpado” disso foi o próprio D. Pedro II, pois sabemos do incentivo que o imperador dava às artes e ao pensamento. Deixo o séc. XIX e passo a falar da passagem (ou não) de certos modernistas pela nossa cidade, especialmente Mário de Andrade e Manuel Bandeira. Mário foi um polígrafo, um correspondente contumaz. De toda a sua criação, chama atenção o seu “gigantismo epistolar”, como ele declarou a Carlos Drummond de Andrade. Bandeira foi o poeta de Pasárgada, o poeta que imprimiu lirismo às situações mais corriqueiras: o sabonete Araxá, a cantiga “Cai cai balão” etc. Bandeira era habitué em Petrópolis, por muitos anos foi proprietário de uma casa na Rua Mosela 350. Em fevereiro de 1923, Bandeira soube das intenções de Mário em passar o carnaval daquele ano no Rio de Janeiro. Estava em Petrópolis para fugir do calor carioca, como ele relata em carta de 2/2/1923: Está um calor tão forte lá embaixo que não lhe posso prometer de descer: far-me-ia muito mal. Não me animo a pedir-lhe que venha até cá com prejuízo do que determinou ver e fazer no Rio. Mas a minha moral interesseira sugere-me baixinho que lhe seria agradável conhecer Petrópolis no recolhimento dos seus convales úmidos, conveniente de aqui dormir uma noite fresca depois dos dias exaustivos da capital canicular e expositora. Mário passou o carnaval daquele ano no Rio de Janeiro, encantou-se e se envolveu completamente na folia carioca, e não veio visitar Bandeira aqui em Petrópolis. Na carta que enviou ao amigo, no final de fevereiro, justificou sua ausência: Meu Manuel… Carnaval!… Perdi o trem, perdi a vergonha, perdi a energia… Perdi tudo. […] Fui ordinaríssimo. Além do mais: uma aventura curiosíssima. Desculpa contar-te toda esta pornografia. Mas… que delícia, Manuel, o Carnaval do Rio! Que delícia, principalmente, meu Carnaval! […] Manuel, diverti-me 4 noites inteiras e o que dos dias me sobrou do sono merecido. E aí está porque não fui visitar-te. O relato de Mário é cômico, e ele não resistiu ao mundanismo dionisíaco do Rio de Janeiro, moralmente inflamado e despudorado ao longo dos dias dedicados às farras do Momo. Mário não veio a Petrópolis. Em compensação, as folias carnavalescas lhe […] Read More
DOM PEDRO II – O PATRONO DOS ASTRÔNOMOS BRASILEIROS
DOM PEDRO II – O PATRONO DOS ASTRÔNOMOS BRASILEIROS Dom Pedro II – O Patrono dos Astrônomos Brasileiros Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança (Dom), Associado Correspondente No período paleolítico a posição das estrelas e da lua, com as suas periocidades regulavam as diversas estações da natureza e a influência na migração dos animais, a fim de que a caça e a pesca pudessem ser bem-sucedidas. Nos países primitivos eram os sumos-sacerdotes que observavam não somente o firmamento, mas transmitiam ao povo a intuição sobre os fenômenos da natureza e o significado das fases lunares assim como dos corpos celestes em geral. Os cometas também causavam grande alarde. Parece-nos pertinente mencionar aquele que apareceu no ano do nascimento de Jesus. Os povos antigos fizeram da Musa Urânia a personificação da astronomia. Deram-lhe por atributos especiais uma esfera, uma coroa de estrelas e instrumentos matemáticos. Seria demasiado longo comentar as pesquisas astronômicas dos antigos Egípcios, dos Chineses, dos Gregos e dos Árabes. Estes povos desenvolveram os seus conhecimentos de maneira admirável. A importância da astronomia na idade média era tal que era incluída no número das sete artes liberais. No nosso continente, desde os primórdios, o firmamento tinha um significado muito especial. Os nossos índios tinham uma mitologia rica, e ainda hoje muitas vezes ignorada. Eles, como outros povos, relacionavam figuras fantásticas com aquilo que viam na abóbada celeste. Eles chegaram a mapear o céu, usando as manchas escuras, representando figuras que eles distinguiam sobretudo na Via-Láctea. Viam os animais comuns, interpretando os movimentos dos mesmos no firmamento. O Padre Antônio Vieira anotou como eles compreendiam que havia uma relação entre as marés e a lua. Os astros tinham para eles, como para todos os seres humanos, uma irresistível atração. Os índios chegaram a criar “calendários” com referências astronômicas, como na “Toca do Tapuio”, conforme nos testemunha a Professora em Geologia e Paleontologia Maria Beltrão. O primeiro observatório astronômico da América do Sul funcionou no Recife entre 1639 e 1643, erguido por George Margrave, sob a égide e graça da perspicácia de Maurício de Nassau. Como salientou Afonso de E. Taunay, este foi o primeiro explorador do firmamento do novo mundo e do hemisfério austral. Não podemos, no entanto, abster-nos de mencionar o Pe. Antônio Vieira e sua contribuição aos conhecimentos astronômicos no Brasil. Não somente os seus dotes de grande orador e escritor o imortalizaram, mas seus profundos conhecimentos das […] Read More
POLÍTICA, EM CASCATINHA E EM PETRÓPOLIS (A)
POLÍTICA, EM CASCATINHA E EM PETRÓPOLIS (A) 1ª Parte Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado Foi-se o tempo em que a propaganda eleitoral era feita diretamente pelo candidato junto do povo, quase que exclusivamente no corpo-a-corpo, e sem a intervenção das mídias convencionais (rádio e TV) e das redes sociais, como acontece hoje. Assistimos, no último sufrágio, a vitória daqueles que em grande medida focaram esforços num contato direto com o eleitor, mas via internet, Facebook, Instagram e WhatsApp. Nem sempre foi assim. Ou melhor, é assim agora, muito recentemente, e as gerações mais modernas, por certo, desconhecem a circunstância de que em outros tempos, não muito distantes de nós, o jornal impresso era praticamente o único meio de comunicação de massa posto à disposição daqueles que submetiam o próprio nome ao crivo popular para o preenchimento de cadeiras parlamentares ou cargos diretivos nas prefeituras, governos estaduais e federal. A Justiça Eleitoral, criada no Brasil após a Revolução de 1930 (apesar de a reforma constitucional de 1926 já prever “um regimen eleitoral que permita a representação das minorias” [art.6.°, II, h da Constituição de 1891, com a dicção da Emenda de 03/09/1926]), não tinha a preocupação que tem hoje com a fiscalização da propaganda, de modo a garantir a estrita obediência das regras legais, e portanto a igualdade de condições nas competições interpartidárias. Em Petrópolis, o apelo ao voto da classe operária e das famílias dos empregados da indústria têxtil, em especial os da Companhia Petropolitana de Tecidos, no 2º Distrito, em Cascatinha, sem dúvida um dos lugares de maior concentração populacional no Município, foi muito forte e era bastante visível. Historicamente esse segmento de trabalhadores foi bastante engajado politicamente, com viés ideológico nitidamente à esquerda, embalados pelas revoluções do início do Século XX, nomeadamente a mexicana e a russa, pelas lutas e conquistas em outros países, como a Inglaterra e EUA, e pela participação na vida do Partido Comunista Brasileiro (PCB), de Luiz Carlos Prestes, e em outros movimentos locais, como o chamado “Grupo dos Onze”, por certo de memória daqueles de mais idade. Dessa época, nos dá testemunho a edição de 16 de setembro de 1945 do “Jornal de Cascatinha”, que noticia: “Todas as classes sociais receberão, hoje, em Petrópolis, o líder Luiz Carlos Prestes. “O povo petropolitano aguarda hoje a visita do grande líder trabalhista Luiz Carlos Prestes, que visitará […] Read More
IMPERATRIZ DONA AMÉLIA (A), PRINCESA ITALIANA
A Imperatriz Dona Amélia, Princesa italiana Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança (Dom), Associado Correspondente Quando um rei é soberano de um país, presume-se que tenha a nacionalidade do território que governa. O mesmo acontece com um Vice-Rei, título pouco comum, mas que Napoleão criou dentro daquele seu espírito imprevisível. Bem, é verdade que até o século XIX, muitas dinastias eram criadas com príncipes estrangeiros. Era nos países que tinham adquirido a independência. Os novos reinantes eram automaticamente integrados, mesmo quando às vezes mal conheciam a língua do Estado que iriam governar. Não entrava em cogitação o “Jus Soli” ou o “Jus Sanguinis”. Não eram postas questões, mandava o mais forte, ditava o dominador. Foi o caso do Reino da Itália. Para o único filho legítimo, Napoleão tinha escolhido um título com sabor de lenda, o de “Rei de Roma”, mais uma autoglorificação e ao mesmo tempo um monitor ao poder papal. Quanto ao filho adotivo, Eugénio, este foi galardoado, mais modestamente, como Vice-Rei da Itália. Rei da Itália seria ele próprio, o todo-poderoso córsico que com a espada tinha mudado a face da Europa. Este reino foi criado em 1805 sobre as cinzas da República Cisalpina, fundada anteriormente pelo mesmo, antes de coroar-se Imperador. Abrangia boa parte do Norte da Itália e incluía uma boa fatia dos estados pontifícios. A capital desse efêmero Estado seria Milão. Napoleão, no entanto, não resistiu à grande tentação de fazer-se coroar com a famosa e antiquíssima Coroa de Ferro. Eugénio de Beauharnais foi instalado com a consorte, Augusta da Baviera, com grande pompa em sua função. Formou a sua corte, decretou leis, muitas das quais lhe eram enviadas, já redigidas de Paris. Não vinham somente as leis, pois eram acompanhadas, muitas vezes por recomendações pessoais escritas por Napoleão, que seguia muito de perto as atuações do jovem Vice-Rei, que então tinha apenas 24 anos. Numa destas recomendações, o Imperador se delonga em advertências e que bem mostram uma grande preocupação sobre o êxito de Eugénio em sua nova função: “…Como o senhor está numa idade na qual não se conhece ainda a perversidade do coração humano, não podemos nos refrear em aconselhar-vos muita prudência e sabedoria. Os nossos súditos italianos, podem, por natureza, dissimular-se melhor que os cidadãos franceses. O senhor somente tem um único meio para conservar o respeito e ser útil a si próprio, não concedendo a ninguém a […] Read More
COLONO LAHR E NAPOLEÃO BONAPARTE (O)
COLONO LAHR E NAPOLEÃO BONAPARTE (O) Ricardo Pereira Amorim, Associado Titular, Cadeira n.º 39 – Patrono Walter João Bretz No artigo “Relembrando alguns colonos e os esquecidos Quarteirões” [1], [1] Artigo publicado na Tribuna de Petrópolis, em 26/08/2001. Disponível no site do IHP. Paulo Roberto Martins de Oliveira registra que Christian Lahr, 72 anos, dono do prazo de terra nº 3602 do Quarteirão Woerstadt, através do Dr. Thouzet, solicita ao Ministro da Legação Francesa, residente em Petrópolis, a Medalha Santa Helena, exclusiva dos ex-combatentes do Grande Exército Imperial Napoleônico. Lahr recebeu mais de 26 ferimentos em batalha perto de Ratisbonne ou Regensburg (Jornal O Parahyba 11/02/1858). O Colono, ex-militar, recebia pensão de 60$000 Réis do Grão Ducado de Hesse-D’Armstadt; falecendo em 1º de agosto de 1858. Existia um prazo para tal solicitação, que foi prejudicado devido às revoltas em Paris, naquele período, que destruíram os arquivos da Legião de Honra (com muitas fichas, solicitações e cartas destruídas), falecendo Christian Lahr antes de poder fazer nova solicitação. A partir do relato de Lahr e de documentos sobre atividades militares do Grão Ducado de Hesse-D’Armstadt, verifica-se que o Regimento de Cavalaria Ligeira atuou na Campanha de Regensburg entre 19 de abril e maio de 1809. Através dos registros de baixas, presume-se que Lahr era um suboficial ou soldado (Martinien, Aristide. Tableaux, par corps et par batailles, des officiers tués et blessés pendant les guerres de l’Empire 1805-1815); já os registros do Grão-ducado não são localizados após a unificação das duas Alemanhas, em 1989. Hesse-Darmstadt, berço do Major Koeller, era aliada da França, cujas tropas, sejam infantes ou cavalarianos, eram enaltecidos pelo Marechal Lasalle, como seus “Infatigáveis Hessianos, tão ativos no trabalho, assim como sob fogo”; cuja cavalaria era uma das 5 melhores da época, segundo o autor George Nazfiger. Houve várias ações dos Cavalarianos de D’Armstadt próximas a Regensburg (Ratisbonne): a Batalha Eckmühl (21- 23 abril, com atuações em Neumarkt também), o Combate de Neumarkt (2 de maio, com 2 mortos e vários feridos) e a épica Batalha de Essling (20-21 de maio, quando os corajosos cavalarianos atacaram a artilharia inimiga, com vários mortos e feridos). O espírito intrépido destes cavalarianos faz o General Marulaz, escrever ao comandante dos cavalarianos Hessianos, Major von Münchingen: “Sr. Major, notifiquei ao Sua Excelência Duque de Istria a conduta distinguida do grupamento que vós comandastes durante o combate de Feichten, perto Neumarkt em 22 de abril; […] Read More
SOCIEDADE AMIGOS DE PETRÓPOLIS
SOCIEDADE AMIGOS DE PETRÓPOLIS Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe “Problemas de Petrópolis” é o título sugestivo do folheto publicado,em 1948,pela Sociedade Amigos de Petrópolis e impresso pelo Jornal do Commercio, composto de cinco matérias, a saber: I- Sociedade Amigos de Petrópolis; II- Trasladação dos despojos da Princesa Isabel e do Conde d’Eu para a Catedral de Petrópolis; III- Patronato Princesa Isabel; IV Sociedade Petropolitana Protetora dos Animais (S.P.P.A.) e V- Jockey Club de Petrópolis. Nesse artigo nos ocuparemos da Sociedade Amigos de Petrópolis, que segundo o Jornal do Commercio, na edição de 25-26/03/1946, teve a reunião de sua fundação e instalação realizada no dia 24 de março de 1946, na residência do professor Chryso Fontes, na Independência, idealizador do movimento, durante a qual foi eleita uma diretoria provisória composta de Antenor de Resende, presidente; Pedro Brando, vice-presidente; Geraldo Mascarenhas da Silva, secretário; Chryso Fontes, tesoureiro e Beatriz Roquete-Pinto Bojunga, assistente encarregada de dirigir e orientar os destinos sociais até a eleição da diretoria definitiva. A Sociedade Amigos de Petrópolis nas palavras do seu presidente Antenor de Resende: Era uma associação civil sem cor política, possibilitando, assim, a reunião de elementos de todas as correntes partidárias, como de elementos apolítico, em torno dos interesses da linda cidade serrana e dos problemas de que dependa o seu progresso. Várias personalidades da sociedade compareceram à reunião como o Prefeito Álvaro Corrêa Bastos Júnior que governou a cidade de 01/03/1946 a 19/03/1947; o deputado federal Eduardo Duvivier; o diretor do Museu Imperial Alcindo de Azevedo Sodré;o ex-prefeito de Petrópolis Márcio de Mello Franco Alves;o industrial Zulfo Mallman; o secretário-geral de Finanças da Prefeitura do Distrito Federal Pascoal Ranieri Mazzilli; o industrial Camilo Atílio Filho;comandante Thiers Fleming;coronel Costa Neto;o vereador e médicoNelson Sá Earp;o jornalista Chermont de Brito;os médicos Silvio de Abreu Fialho, Rodolpho Luiz Figueira Melo, Paulo Figueira de Mello, Waldemar da Silva Bojunga e Arthur Sá Earp Neto; o jornalista Vasco Lima; José Aires Cerqueira Lima; o industrial Augusto Maria Martinez Toja; o bibliotecário José Kopke Fróes; os empresáriosJoão Augusto Alves e João Carlos Backheuser;o deputado federal Mario Altino Correia de Araújo; Armando Lima; Al. Camacho; Ipanema Moreira; Carlos Perry; Pedro Eduardo Duvivier; Maurício Morand;José Montenegro; Antônio Caetano Silva; Mário Pinheiro e Arthur Rocha. Dias depois, em 9 de abril de 1946, a Tribuna de Petrópolis publicou uma carta assinada “Um Constante […] Read More
FAMÍLIA NOEL E A VALÔNIA (A)
A Família Noel e a Valônia Ricardo Pereira Amorim, Associado Titular, Cadeira n.º 39 – Patrono Walter João Bretz O colono Johann Noel que veio para Petrópolis pertence a uma linhagem de lenhadores-carvoeiros relacionados à indústria de metalurgia, da cidade de Ethe, em Virton (Valônia), na época, antigo Ducado de Luxemburgo (atualmente Bélgica). Ethe era uma das nove cidades do Condado de Chiny, em 1226, o conde Arnold de Looz casa-se com a herdeira de Chiny e dá origem à linhagem Looz-Chiny. Essas cidades estavam sob a influência do Arcebispado de Liége e do Ducado de Luxemburgo; porém, se submetiam aos duques de Bar para manter o Condado sem conflitos. Após 1337, a região começa ser integrada ao Ducado de Luxemburgo e em 1681 é anexada à França. Na sua genealogia encontramos Franz Noel (1670), esposo de Marie Pourra (Ethe) e seu filho Johann (ou Jehan) Noel (1700), esposo de Suzane Bideau (Meix-Le-Tige). O filho Johann migra para Züsch, aonde nasce Andreas Noel (1727), avô do nosso colono Johann Noel. Ethe e Meix-Le-Tige, estão na Província de Virton, na região da Valônia denominada Pays Gaumais ou Gaume, com tradições e características muito próprias; aonde falam francês e o patois Valão Gaumais. É muito comum o prenome Jehan (ou Johan), no Gaume e na Valônia, por fazer menção a João Batista e ao Apóstolo João (ver Revue Pays Gaumais, 1957); vindo do hebraico Yohanan (abreviação de Yohohanan: “Yahweh é Gracioso”). O nome de família Noel significa “Nascido no Natal” ou “Colocado sob a Proteção do Deus Menino”. Até o início do século 20, muitos Valões mantinham o mesmo modo de vida, habitando pequenas cabanas (hütte) no meio da floresta, cortando árvores com machados, transportando lenha em trenós apoiados nas costas para descer encostas de morros até a beira do rio, transportando a madeira até o local da transformação em carvão (o trenó é chamado até hoje em Züsch e na Antiga Valonia Prussiana de Traineau). O processo do carvão durava 7 dias e 7 noites, com vigília para não perder o carvão. Era uma atividade desgastante, já que aspiravam muita fumaça. É típico dos Valões usar o Sabot, sapato de madeira, semelhante aos holandeses (tradição na Bélgica e áreas da França). Até hoje, em Petrópolis, a tradição da arte secular de madeireiras e serrarias, é preservada pelos Noel. Uma das celebrações típicas no Gaume era a Grande Fogueira, que variava […] Read More
PÉROLA DO ECLETISMO
PÉROLA DO ECLETISMO Luciano Cavalcanti de Albuquerque, Associado Correspondente O ecletismo na arquitetura pontificou entre nós na virada do século XIX para o XX. Com o progresso da indústria começaram a surgir grandes construções estruturadas em ferro, o que agilizava a subida de edifícios, geralmente comerciais, cujo dinamismo produtivo impedia que ficassem “parados” no tempo. Com a estrutura pronta fechavam-se paredes com alvenaria de tijolos maciços, cobertos com reboco decorado com diversos tipos de enfeites, escolhidos por catálogos vindos dos países mais desenvolvidos como Reino Unido, Alemanha, França e EUA. Nesses catálogos havia de tudo, escadas das mais variadas formas, janelas as mais mirabolantes, portas de todo jeito, isso para se falar apenas da serralheria e da madeira.Vitrais espetaculares eram oferecidos ao novo mundo empreendedor, uma sorte de enfeites como frontões triangulares, coruchéus, taças, flores, tudo em argamassa dura também estruturada em ferro. E os edifícios viraram verdadeiras vitrines desses artefatos, alguns até “abarrocados” por tanta ornamentação, Muito criticado pelos nossos primeiros arquitetos modernistas, o estilo caiu em quase desgraça, pois a nova ordem arquitetônica preconizava a limpeza das formas, a funcionalidade sem artifícios desnecessários, panos de vidro em fachadas para, melhor aproveitar a iluminação natural, e telhas substituídas por lajes de concreto armado, além, é claro, de algumas criações brasileiras desenvolvidas aqui para ornamentar as mais variadas fachadas. Muitos exemplos poderiam ser citados, como os Teatros Municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo, o, infelizmente, demolido Palácio Monroe, nosso antigo Senado Federal, além de tantos e tantos outros, que poderiam ser esmiuçados em outro artigo. Projetos de Arquimedes Memória, Oliveira Passos, Ramos de Azevedo, Souza Aguiar, deram o tom eclético à arquitetura brasileira do período. Entretanto encontramos, para exemplificar, na Rua do Imperador em Petrópolis, uma pérola eclética digna de nota e em muito bom estado, datada, pela prefeitura, como sendo de 1910, pertencia a Manoel Joaquim da Costa e no início dos anos 50 do Século XX foi transferida para Itatiaia Companhia de Seguros. Em sua loja funcionou, até bem pouco tempo, a tradicional casa A Predileta desde o início dos anos 30, também do século XX. Todavia não possui o referido edifício esse exagero de decoração quase obrigatório nessas construções: o nº 906, elegante edifício com cinco pisos, lojas no térreo, como convém em rua de setor financeiro; nos outros andares tem uma decoração variada, onde não encontramos dois pavimentos iguais, portas e janelas […] Read More
CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO DR. DÉCIO JOSÉ DE CARVALHO WERNECK
CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO DR. DÉCIO JOSÉ DE CARVALHO WERNECK Victorino Chermont de Miranda, Associado Correspondente Senhor Presidente Professoras Vera Rudge Werneck e Gilda Werneck Machado da Silva Prezados Confrades Senhoras e Senhores Há dois anos, quando tomei posse como sócio correspondente desta Casa, uma das figuras que evoquei foi a do Dr. Décio José de Carvalho Werneck, porque o seu nome sempre esteve identificado, no meu imaginário, com o culto da História pátria, já que o Colégio Padre Antônio Vieira, por ele fundado e onde fiz minhas primeiras letras, dedicava ênfase especial à celebração da nacionalidade. Não era minha intenção, entretanto, fazer uso da palavra nesta noite, como me sugerira o presidente, até porque, pensei eu, minha passagem pelo Colégio fora curta. Mas, ao sopesar, neste fim de semana, as lembranças daquele tempo, resolvi por no papel estas breves considerações, que se, por um lado, por certo, nada acrescentarão à fala, que iremos ouvir, de Francisco de Vasconcellos, por outro confirmam a imagem que a unanimidade dos ex-alunos guarda de seu estimado diretor. Sempre tive, Senhor Presidente, por figuras austeras, como a do Dr. Décio, uma admiração particular, um pouco por temperamento, mas também por entender que elas sobrelevam, cada vez mais, em significação num tempo em que a compostura e a dignidade andam escassas. Mas é preciso dizer que a austeridade dele nada tinha com o distanciamento e a frieza que às vezes vemos em pessoas com tal perfil. Era austero, sim, mas sem deixar de ser paternal e amigo de seus alunos. E o respeito que a eles infundia era fruto não tanto da autoridade que detinha, mas de seu carisma de educador. Alguém para quem educar não era sinônimo de reprimir inclinações ou impor ideias, mas de suscitar potencialidades e cotejar valores, com vistas a um projeto de vida voltado para a realização pessoal e a construção do bem comum. Por isto, a disciplina no seu Colégio era um exercício de responsabilidade, mais do que um cerceamento, uma descoberta da alteridade e das vantagens da convivência civilizada. Uma verdadeira iniciação à cidadania. E assim como a disciplina não era um código cego, a proposta de ensino se antecipava, em muitos aspectos, com tantas vezes ouvi de colegas e professores que mais de perto a acompanharam, à pedagogia da época, estimulando a investigação, incentivando a capacidade crítica do alunado e fazendo do ensino […] Read More