Paulo Barbosa da Silva

AURELIANO DE SOUSA E OLIVEIRA COUTINHO Do monólito de fundadores como o Instituto mereceu, nos seus duzentos anos

  Bastante divulgadas as origens do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – ideais, objetivos, ações tendentes. De 16 de agosto de 1838 – a proposta, apresentada ao Conselho Deliberativo, firmada pelos secretários da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional – a 21 de outubro, a instalação, medeiam o exame e a aprovação (19 de agosto) da criação da entidade que nos congrega, completando 162 anos. A compor o quadro fundador, 27 membros (hoje expandidos para mais de 240), integrados o cônego Januário da Cunha Barbosa e o marechal Raimundo José da Cunha Matos, idealizadores e proponentes, uma plêiade de homens que vinham dando ou muito ainda emprestariam ao Brasil, de sua capacidade, de sua inteligência, de seu bem doar. Aureliano um deles, na altura, na força de seus 38 anos, nascido no ano-fim do século XVIII. Sobre ser um dos 27, entre políticos, militares, professores, funcionários do governo, negociantes, titulares ou que o viriam a ser, um religioso e outras categorias profissionais, foi o 1º e 2º vice-presidente do Instituto. Se, na 11ª sessão, de 4 de maio de 1839, o secretário perpétuo, cônego Januário, propôs o pedido de um subsídio ao Legislativo, coube ao vice-presidente, Aureliano, assumindo o exercício, pela morte do marechal Cunha Matos, primeiro titular do cargo, ler requerimento formulando a solicitação (14ª sessão, 7 de junho do mesmo ano). Ainda em exercício, Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho ofereceu, em nome da entidade, na Sessão Solene do 2º aniversário, ao imperador e suas irmãs, d. Januária e d. Francisca, exemplares da medalha da fundação do Instituto, cunhadas por Zeferino Ferrez, em ouro e prata. Viria a tornar-se o dístico, o logotipo da instituição, para suas publicações, o colar acadêmico, sua marca, onde se impregna sua presença. Por sempre tão visualizada, tem-se perdido, acreditamos, para muitos o significado que está bem acorde com a imagem simbólica do Instituto. Na descrição de Januário da Cunha Barbosa – tirâmo-lo da Resenha histórica do sesquicentenário, organizada pelo então 1º secretário, Vicente Tapajós -, “um Gênio gravando com buril na rocha do Pão de Açúcar |a cidade presente| o dia da fundação do Instituto”, encimado pela legenda Auspice Petro Secundo, auspícios nunca negados, mesmo nos mais de cento e dez anos de República, fechada por esta outra, síntese do seu trabalho: Pacifica Scientiae Occupatio. O reverso, ainda em latim, ensina a fundação do Instituto Histórico e Geográfico, no dia 21 de outubro […] Read More

TEMA É AINDA PAULO BARBOSA DA SILVA (O)

O TEMA É AINDA PAULO BARBOSA DA SILVA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Não percamos de vista que o Conde Ney, no seu depoimento sobre o Mordomo da Casa Imperial, desencavado em boa hora por Alberto Rangel nas suas exaustivas pesquisas realizadas no arquivo D’Orsay, disse com todas as letras que Paulo Barbosa da Silva tornara mais regular a administração das terras imperiais, fazendo crescer as rendas, sendo por conseguinte digna de aplausos a maneira como cumpriu suas funções. A leitura desse depoimento nos faz crer que o projeto Petrópolis almejava, antes de mais nada, aumentar as aludidas rendas. De que forma? Até o advento do ato de 16 de março de 1843 e do conseqüente instrumento de contrato celebrado com Júlio Frederico Koeler, a fazenda do Córrego Seco não passava de um taperão, arrendado por inteiro a pessoas que pagavam um aluguel anual que pouco deveria representar na contabilidade da Casa Imperial. A perspectiva do fraccionamento do solo dessa herdade e depois do das demais que se somaram a ela, através do sistema de facteosim ou enfiteuse, com pagamento de foros anuais pelo prazo aforado e suas eventuais subdivisões e laudêmio em face das transações inter-vivos a título oneroso, obviamente, haveria de proporcionar um maior faturamento para os cofres do senhorio direto, no caso, a Casa Imperial. Era o ovo de Colombo a que as terras serranas serviam como nenhuma outra, caindo pois o projeto da colônia / povoação como uma luva nos planos de Paulo Barbosa da Silva, sempre de olho na receita de seu amo e senhor. Na parceria com Júlio Frederico Koeler, o Mordomo matou vários coelhos com uma só porretada: fez crescer paulatinamente as rendas imperiais; atendeu à necessidade de mão de obra livre reclamada pela província fluminense na área das obras públicas com fulcro na construção da Estrada Normal da Estrela; ensejou a criação de uma colônia agrícola na serra acima; provocou o início de uma povoação que se desenvolveria pelos quarteirões nobres da concepção urbanística de Koeler e propiciou ao Imperador uma bela residência serrana de modo a poupá-lo dos rigores e da insalubridade dos verões cariocas. Essa perfeita união do útil ao agradável resultou da urdidura e da costura levada a efeito pelas mãos hábeis e já experientes do Mordomo. É bom lembrar que D. Pedro II, nessa […] Read More

PAULO BARBOSA DA SILVA, QUE TANTO FEZ PELA FUNDAÇÃO DE PETRÓPOPOLIS

  Parece incrível que Silvio Julio, o mais anti-áulico, o mais anti-cortesão de que se teve notícia ao longo deste século em terras fluminenses, tivesse concebido o título que encima este artigo. Mais incrível ainda o próprio texto de sua lavra, que infelizmente não passa de um fragmento, de um esboço que merece transcrição na íntegra já que discrepa totalmente da linha mestra que norteou a vasta obra silviojuliana. “Natural de Minas Gerais, pois nasceu em Sabará a 25 de janeiro de 1774, Paulo Barbosa da Silva era filho do Coronel de milícias Antonio Barbosa da Silva e Ana Maria de Jesus, filha de Antonio Ribeiro Pinto. Aos 14 anos entrava para o exército português no Brasil na categoria de cadete, em que se viu efetivado em 1808. sua promoção a alferes deu-se durante 1810. Matriculou-se na Academia Militar em 1818. No ano de 1819 ascendia ao posto de tenente e em 1822 ao de capitão. Nesta graduação passou para o Imperial Corpo de Engenheiros. Destinado para estudos, em 1825 realizou uma viagem à Europa, onde de novo se encontrou em 1829, não como militar, mas partícipe do problema complicado que acabou sendo o segundo casamento de D. Pedro I. Caindo o extraordinário José Bonifácio de Andrada e Silva, exerceu Paulo Barbosa da Silva o cargo de mordomo da Casa Imperial. Dom Pedro II em 1840, confirmou-o nesta posição, quando transpusera ele em 1837 o posto de major e, em 1839, o de tenente coronel. Então deputado pela província de Minas Gerais, Paulo Barbosa da Silva achava-se profundamente empenhado nas intrigas partidárias da monarquia. O povo atribuía-lhe desmedida capacidade de remexer as águas turvas da política, e, à sua residência denominada anonimamente o Clube da Joana, acorriam os amantes dos fuxicos no começo do reinado de Dom Pedro II, imperador jovem ainda e inexperiente quiçá. Em 1843, Paulo Barbosa da Silva, no auge de sua carreira na corte, é promovido a coronel e um ano depois reformado como brigadeiro. É a época em que, por iniciativa do major Julio Frederico Koeler, que se manifestara antigo defensor da colonização germânica da Serra da Estrela, adere à causa do incansável fundador de Petrópolis, com o qual assina um contrato em sua qualidade de mordomo da Casa Imperial – não conforme engano de impressão do mesmo em folhetinho – como decreto. Seria isto se houvesse sofrido debates e emendas no Parlamento, para depois […] Read More