…E nada mais havendo a tratar, dou por encerrada a sessão… Assim, há cem anos atrás, meu bisavô, Dr. Hermogenio Pereira da Silva, terminava a reunião de instalação da primeira Câmara Municipal de Petrópolis republicana. Mas não foi sua a atuação mais significativa naquela oportunidade, nem sua a frase mais importante que hoje comemoramos. Estava-se no sobrado do prédio da Rua do Imperador, Avenida Quinze de Novembro, ali onde, no térreo, nos dias que correm deste 1992, se acham as lojas de Mona Modas, Farmácia Petrópolis, Optica Obelisco, com os números 555-571, na Bacia, em frente ao Obelisco. O Governo do Município o alugara para servir de Paço, por contrato de sublocação celebrado com o arrendatário José Kallembach a 19 de março de l878. Há fotografia dele no Catálogo da Exposição do Centenário da Câmara Municipal de Petrópolis, editado pelo Museu Imperial (1959, página 22). Em decorrência do novo regime, houvera eleições para a escolha, além dos juízes de paz, daqueles que, com o título de vereadores gerais e distritais, seriam administradores de Petrópolis, compondo o mais evidente dos três órgãos essenciais, distintos e harmônicos da administração local, ou seja, o colegiado que tinha funções legislativas e executivas, estas depositadas nas mãos do presidente (artigos 86, 87 da Constituição de Estado, de 9.4.1892; artigos 11, 23 da Lei n. 17, de 20.10.1892). Era o dia 30 de junho de 1892, quinta-feira, e a frase que consubstanciou o importante fato, hoje objeto da comemoração, foi proferida por Antonio Antunes Freire, vereador mais velho, presidente da sessão até aqueles instantes, ao declarar “instalada a Câmara Municipal”. A lembrança do acontecimento se presta a discursos de várias naturezas e permitiria oração enaltecedora da busca dos ideais republicanos neste século de existência da casa de representação popular. Mas aqui, neste Instituto, se impõe o esforço de examinar o fato quanto à comprovação de sua ocorrência, quanto às características do contexto em que ele se deu, quanto à interpretação do seu conteúdo e de suas consequências. Em virtude de indesejável e invencível urgência no apronto do que, por honrosíssima designação, hoje devo dizer, dedicarei atenção a apenas alguns destes elementos, pedindo vênia a meus pares e demais presentes pelas deficiências da análise e da exposição. Parece-me que, dentro da situação limitada em que me encontro, aquilo que poderia eu trazer de utilidade para os Senhores seria o tão só relembrar os fatos, com as […] Read More
COLÓQUIO DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS SOBRE OS 150 ANOS DA IMPERIAL COLÔNIA DE PETRÓPOLIS
Em 1565 teve início a colonização da Baixada Fluminense, ao fundo da Baia da Guanabara, com a concessão de uma sesmaria à Cristóvão de Barros. Mas a subida da Serra do Mar, mil metros acima, com sua crista encarpada e, principalmente, coberta por uma mataria selvagem, afastou dali o colonizador português. Aquela penosa subida somente foi vencida no princípio dos anos setecentos, com a abertura do Caminho Novo. É importante destacar aqui, que essa barreira natural influiu decisivamente nos destinos do Brasil, pois “nossa história atrevida de Bandeiras teria sido outra sem esse impedimento”, como lembra Alberto Ribeiro Lamego. A ocupação da Serra da Estrela foi logo iniciada e a partir dos primórdios dos oitocentos, a colonização com imigrantes alemães, uma tendência da época, foi experimentada. Primeiro com o Barão Georg Heirinch von Langsdorff na sua Fazenda da Mandioca, uma iniciativa particular que não teve o sucesso esperado. Na década de 30, trabalhadores alemães foram usados com eficiente resultado na construção da Estrada Normal da Estrela, uma moderníssima rodovia que subia a serra. Em 1845, chegou o primeiro contingente de colonizadores alemães que iria começar a construção de Petrópolis. Dez anos após passariam pela cidade outros colonos alemães que iriam construir a Rodovia União e Indústria e iniciar a vida na nascente cidade de Juiz de Fora. Por todo o final daquele século, centenas de imigrantes germânicos, sem um planejamento especial, iriam se estabelecer em algumas cidades mineiras para tentar vida nova. Comemoramos, 150 anos da chegada do “Virginie” ao porto do Rio, trazendo os primeiros 161 colonos e suas famílias, que arribaram Petrópolis em 29 de junho de 1845. De junho até novembro daquele ano, foram 2338 pioneiros vindos, principalmente, do Rheiland-Pfalz. A chegada desse contingente de desbravadores, significou efetivamente, a existência de Petrópolis. A cidade porém já existia desde 16 de março de 1843, quando Dom Pedro II assinou o Decreto Imperial nº 155, criando Petrópolis através do arrendamento das terras da Fazenda do Córrego Seco ao Major Júlio Frederico Koeler. Nos três anos seguintes, houve muito trabalho administrativo, técnico, comercial, político, social mas, no Córrego Seco, quase nada. A povoação verdadeira do lugar só começou a existir com a chegada das primeiras famílias de alemães que vinham ocupar o espaço que lhes tinha sido reservado. É tão significativa a presença do elemento alemão em Petrópolis, que durante cem anos houve uma grande indecisão sobre a verdadeira […] Read More