Jeronymo Ferreira Alves Netto

GENARO AUGUSTO CAMARGO (DR.) – IN MEMORIAM

  GENARO AUGUSTO CAMARGO (DR.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Roubou-nos a morte, no dia 1º de julho do corrente ano de 2008, o Dr. Genaro Augusto Camargo, uma das figuras mais lídimas e expressivas da Odontologia e do Magistério Superior de nossa cidade. Neste momento de tamanha tristeza, dois grandes sentimentos invadem nossa alma: a saudade de um grande amigo e a emoção profunda de recordar sua vida, tão digna e proveitosa. Nascido em Sapucaia, no Estado do Rio de Janeiro, a 8 de outubro de 1921, era filho do Dr. Olivier de Camargo e de Dona Fidelta Francisca Faraco Camargo. Seus primeiros estudos foram feitos no Colégio Regina Pacis, em Araguari, no Estado de Minas Gerais, o Curso Ginasial no Colégio Mineiro, em Barbacena (MG) e no Instituto Granbery em Juiz de Fora, no mesmo Estado e o Curso Superior na Escola de Farmácia e Odontologia de Juiz de Fora, atual Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da mesma cidade. Cursou ainda o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, anexo ao IV/4º R.C.D, sendo promovido a Aspirante R2 da Arma de Cavalaria, em 1940, e a 2º Tenente R2 da mesma Arma, em 1943. Seu extenso currículo revela ter sido ele um profissional da mais alta competência e perfeita honorabilidade. Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial e Patologia Oral foi, durante muitos anos, assistente-estagiário da Sessão de Cirurgia da Cabeça e do Pescoço do Instituto Nacional do Câncer, projetando-se no cenário nacional da Odontologia como um dos maiores conhecedores desta especialidade. Sentindo-se atraído pela carreira docente, obteve, com grande brilhantismo os títulos de Livre-Docente pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e pela Faculdade de Farmácia e Odontologia do Estado do Rio de Janeiro. Lecionou em várias instituições de ensino superior, entre as quais destacamos: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina de Petrópolis, na qual foi responsável pelo Setor de Cirurgia e Traumatologia Maxilo-Facial do Departamento de Clínica Cirúrgica, Faculdade de Odontologia de Volta Redonda, Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Brasileira de Odontologia e Universidade Católica de Petrópolis, onde ministrou a disciplina Fonoaudiologia Geral, na Escola de Reabilitação. Exerceu o magistério com invulgar brilho, conquistando a admiração e o respeito de seus alunos. Poucos como ele souberam, compreender a grandeza de sua missão e a […] Read More

CENTENÁRIO DO CONVENTO DE LOURDES DE PETRÓPOLIS

  CENTENÁRIO DO CONVENTO DE LOURDES DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Neste ano de 2008, estamos comemorando 150 anos das aparições de Nossa Senhora de Lourdes a Bernadete Soubirous na gruta de Massabielle, em Lourdes, na França (1858). Em Petrópolis, comemoramos 100 anos da fundação do Convento de Lourdes, inaugurado a 21 de dezembro de 1908, em cerimônia religiosa oficiada pelo Bispo de Niterói D. Agostinho Benassi, em prédio localizado à Rua 7 de Abril. Este prédio, é importante ressaltar, tem grande importância histórica, já que nele funcionou o primeiro hospital de Petrópolis, criado pelo governo provincial, ainda no regime colonial da localidade, dirigido pelo Dr. Thomaz José da Porciúncula. Nele também funcionaram, segundo nos informa Fróes: “o Colégio Canezza, dirigido pelo professor Luís Hipólito Canezza, e o Colégio São Luiz, dirigido pelos professores Antonio Afonso de Almeida Albuquerque e José Ferreira da Paixão” (1), este último um dos mais competentes educadores que militaram em nossa cidade. Funcionou ainda, no referido prédio, o conceituado Hotel Alexandra, de propriedade de Madame Lentz, no qual, segundo nos informa a Gazeta de Petrópolis, foi fundado um Clube de Tênis, em 1896, tudo indicando teria sido o primeiro do gênero em Petrópolis. Em 1908, a então proprietária do imóvel, D. Maria Carolina Evangelista de Souza, Baronesa de Ibiramirim, filha do Visconde de Mauá, fez a doação do mesmo à Congregação de Nossa Senhora de Lourdes. A ilustre senhora, nascida a 28 de outubro de 1854 e falecida a 10 de novembro de 1941, “era casada com José Luiz Cardoso de Sales Filho, Barão de Ibiramirim, nascido em Nice, na França, a 6 de novembro de 1840 e falecido na mesma localidade, em 30 de março de 1904, filho do Barão de Itapuã e Cônsul do Brasil na França, durante cerca de 30 anos” (2). (1) FRÓES, Gabriel. Anotações. Disponível em Acervo Histórico de Gabriel Kopke Fróes, www.earp.arthur.nom.br. (2) MOYA, Salvador. Anuário Genealógico Brasileiro. São Paulo: 1941, p.6. A baronesa era proprietária de inúmeros imóveis em nossa cidade, a saber: na Rua Silva Xavier nº 167, na Rua Paulino Afonso nº 355, na Rua Fabrício de Matos s/n, e um terreno no Quarteirão Renânia Inferior. A ilustre dama, extraordinariamente religiosa, enquanto viveu, acompanhou com grande interesse o desenvolvimento de sua grandiosa obra, desenvolvendo intensa atividade em favor da mesma. Comprovam este fato os requerimentos dirigidos […] Read More

JOSÉ HAMILTON LOPES (IN MEMORIAM)

  JOSÉ HAMILTON LOPES (IN MEMORIAM) Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette No dia 31 de julho de 2007, faleceu, aos setenta anos, o Prof. José Hamilton Lopes, sem nenhum favor, uma das figuras mais expressivas da educação e da cultura em nossa Petrópolis. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, a 18 de abril de 1937, era filho de Raymundo Cyrino Lopes e Bernadette Vieira Lopes, naturais do Ceará. No Grajaú, bairro em que foi criado, recebeu sólida formação religiosa do Padre Alberto Teixeira Ferro, Vigário da Paróquia da Arquidiocese de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Grajaú. Tal orientação fez dele um católico modelar e explica, sem nenhuma dúvida, a maneira resignada com que suportou os sofrimentos que a saúde, abalada por pertinaz enfermidade, lhe impôs, nos últimos momentos de sua vida. Apaixonado por Petrópolis, aqui fixou residência e completou seus estudos, bacharelando-se em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis, em 1966 e licenciando-se em Pedagogia, pela mesma Universidade, em 1977. Dedicou-se à advocacia com notável empenho e dedicação, porém mais que a carreira jurídica apaixonou-se pela carreira docente, lecionando, com invulgar brilho em vários colégios petropolitanos, as disciplinas Educação Moral e Cívica, Organização Política e Social Brasileira e, na Universidade Católica de Petrópolis, a disciplina Estudo dos Problemas Brasileiros. Ainda no campo da educação distinguiu-se como Diretor-Presidente do Instituto Saul Carneiro, órgão destinado à Orientação Pedagógica para deficientes da audição e da fala, animando-o com a força vigorosa de seus ideais. No magistério, é preciso que se reconheça, sua conduta lapidar, marcada em desprendimento e patriotismo, o elevou no conceito de seus alunos, de seus colegas professores e de todos que o conheciam. Outra grande paixão de sua vida foi a poesia, que, para ele, significava encantamento, alegria e vivência cotidiana. Deixou-nos uma intensa e extensa obra poética, na qual destacamos o inspirado poema “Via Sacra de Brasília”, inspirado nos quadros da Via Sacra de Brasília, de Marlene Maria Godoy Barreiros, doados à Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro daquela cidade, e inúmeros outros, publicados na imprensa petropolitana e nas Revistas da Academia de Poesia Raul de Leoni, na qual ocupou a cadeira nº 9, patrocinada por Arthur Barbosa e da qual era, atualmente, o Presidente, com inspirada atuação. Marcante também foi sua atuação como dirigente internacional do Elos Clube, procurando sempre criar elos de fraternidade entre brasileiros e portugueses. […] Read More

CINE-CUBISMO EM PETRÓPOLIS (O)

  O CINE-CLUBISMO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O cine-clubismo em Petrópolis também teve a sua época. Pelo menos, que conheci, existiram dois: O Cine Clube Chaplin e o CEPEC (Centro Petropolitano de Cinema). Sobre o Cine Clube Chaplin não obtive muita informação e ficarei devendo aos amigos que estão acompanhando essa rememoração da atividade cinematográfica em Petrópolis. Fica aberto o espaço do DIÁRIO DE PETRÓPOLIS para aquele que se dispuser contar a história do clube. O CEPEC conheci bem de perto. Era freqüentador assíduo nas noites de sábado do Auditório do Museu Imperial, onde eram realizadas as sessões. Os dirigentes do clube foram Fernando Morgado, que conhecia tudo sobre cinema e escrevia coluna especializada na imprensa petropolitana; Eduardo Ferreira e Geraldo Guimarães, que promoviam as sessões, cuidavam da divulgação, atendiam a todos à entrada do auditório, o hoje poeta José Damião que trabalhava muito pelo clube e o professor Maurício Cardoso de Melo Silva que emprestou o brilho de sua inteligência a uma fase da entidade. Foi fundado no ano de 1959, nos idos de agosto e perdurou por 5 anos, até 1963. Utilizava dois projetores de 16mm: um do Museu Imperial e o outro alugado ao fotógrafo Pinheiro. Obviamente, como todo bom cine-clube a projeção era deficiente, as cópias que vinham nem sempre estavam em boas condições, as máquinas de projeção eram frágeis, antigas e sempre necessitando reparos e muita vez a sessão correu com apenas um projetor ou foi cancelada por motivos técnicos que eram: máquinas sem condições, cópias de fitas em mau estado, falha da distribuidora dos filmes que não enviava a cópia para exibição, enfim, se os dirigentes e sócios levavam o clube a sério e curtiam o prazer de assistir seus filmes prediletos, os circunstantes nem sempre colaboravam a contento. Mas um cine-clube autêntico tinha que passar por todos esses percalços e todos compreendiam e colaboravam com o esforço dos dirigentes. Mas chega o dia em que as condições gerais não mais favorecem a continuidade de uma organização como o CEPEC e, por isso, encerrou suas atividades no final do ano de ‘963. Para relembrar a qualidade da programação, aqui vão alguns títulos exibidos pelo CEPEC, na sua última fase: anos de 1962 e 1963: “Os Gangsters (Le Grand Chef)”, com Fernandel e Gino Cervi; “Momento Sublime (Il momento piu bello)”, de […] Read More

ALCEBIADES PEREIRA DA SILVA (IN MEMORIAM)

  ALCEBÍADES PEREIRA DA SILVA (IN MEMORIAM) Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Faleceu em Petrópolis, a 16 de julho de 2007, o tenente e professor Alcebíades Pereira da Silva. Partiu, discretamente, como viveu, sem deixar de cumprir, um só dia, seus deveres para com a família, a pátria e a religião. Viveu, portanto, uma existência digna e proveitosa, deixando atrás de si uma produtiva folha de serviços prestados ao exército, ao magistério e à música, que para ele significava encantamento, alegria e vivência cotidiana. Nascido em Três Rios, no Estado do Rio de Janeiro, filho de José Pereira da Silva e Rosinda Baptista da Silva, casado com Regina Lúcia de Almeida Silva, pai de André Felipe e Diana, tinha na família o carinho maior de seu coração. Ingressou no Exército como soldado, em 1º de novembro de 1941, nele permanecendo durante 26 anos, 10 meses e dezesseis dias, sendo transferido para a Reserva de 1ª Classe, em 1º de novembro de 1967, no posto de 1º Tenente. Sua carreira militar foi rápida e bem sucedida, sendo sucessivamente promovido a Cabo (1º de junho de 1942); 3º Sargento (1º de outubro de 1942); 2º Sargento (15 de janeiro de 1951); 1º Sargento (28 de fevereiro de 1958); Sub-Tenente (2 de agosto de 1963); 2º Tenente (10 de maio de 1966); 1º Tenente (24 de novembro de 1966). Durante o tempo em que esteve no serviço ativo foi, por diversas vezes, elogiado por seus superiores, por seu profissionalismo, pontualidade, cooperação, educação e exemplo moral produzido sobre seus comandados. Serviu na Zona de Guerra definida e delimitada pela Lei 1.156-50, durante o período de 1º de novembro de 1941 a 8 de maio de 1945; no 1º Batalhão de Caçadores, hoje denominado 32º Batalhão de Infantaria Motorizado e no III/ 2º Regimento de Infantaria – Batalhão Suez, na Companhia de Comandos e Serviços, acantonado em Rafah, no Egito, em 1966. Foi, durante muitos anos, instrutor do Tiro de Guerra nº 12, em Petrópolis. Após ter passado para a reserva, foi Inspetor de Segurança na Companhia Atlantic de Petróleo, no Rio de Janeiro e, posteriormente, Chefe de Operação dos Terminais Rodoviários de Petrópolis. Foi um grande apaixonado pelo canto lírico, tendo concluído o Curso de Cantor Lírico, reconhecido pela Ordem dos Músicos do Brasil, e vários cursos de especialização e aperfeiçoamento dentre os quais destacamos: Curso […] Read More

CURSO DE HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS

  CURSO DE HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Módulo I Antecedentes históricos: primitivos habitantes; penetração para Minas; as sesmarias; a Fazenda dos Correias; Dom Pedro I no Córrego Seco. PRIMITIVOS HABITANTES Os primitivos ocupantes do solo petropolitano foram os índios. A denominação “Sertão dos Índios Coroados”, inicialmente dada às terras que hoje constituem o Município de Petrópolis, nos leva à conclusão de que estes índios, assim denominados pelos portugueses “porque cortavam os cabelos de maneira a formar uma espécie de coroa enrolada no alto da cabeça[…]” (1), seriam os antigos goitacazes que, combatidos pelos portugueses, buscaram refúgio no sertão. (1) DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. Tomo I. São Paulo: Universidade de São Paulo, p. 52. Por outro lado, a descoberta de vestígios de objetos indígenas nos rios de Petrópolis, reforçou a tese de que, na realidade, muitas picadas no caminho para Minas Gerais e que posteriormente foram aproveitadas pelos colonizadores, na realidade foram abertas pelos índios em seus movimentos migratórios. Do mesmo modo, a Carta Topográfica da Capitania do Rio de Janeiro, datada de 1767, assinala uma vasta área da margem direita do rio Piabanha e da margem setentrional do Rio Paraíba, até Minas Gerais, à qual denomina “Sertão dos índios bravos”. Por esta região erravam os índios Puris, divididos em várias tribos, constantemente em guerra. Assim, os Pataxós, da mesma raça que os Puris “habitavam as florestas do sertão à beira do rio Piabanha”. (2) (2) DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. Tomo I. São Paulo: Universidade de São Paulo, p.71. O CAMINHO NOVO O Caminho Novo, ligando Rio de Janeiro a Minas Gerais, foi aberto por Garcia Rodrigues Pais, filho do bandeirante Fernão Dias Pais, o “Caçador de Esmeraldas”, mediante licença concedida pelo governador Arthur de Sá Meneses. Garcia Rodrigues Pais iniciou a empreitada com alguns homens brancos e mais de quarenta escravos, consumindo nesse trabalho “todos os seus haveres, quer os herdados de seu pai, quer os adquiridos de suas catas auríferas”. (3) (3) LACOMBE, Lourenço Luís. Centenário de Petrópolis: Trabalhos em Comissão. Petrópolis, v. 5, p. 41, 1942. Garcia Rodrigues Pais transferiu sua residência de São Paulo para perto da atual Penha, nos subúrbios do Rio de Janeiro e, ao finalizar o caminho, “obteve duas sesmarias sobre os rios Paraíba e Paraibuna, estabelecendo sobre o primeiro balsas e […] Read More

EVOCANDO D. JOSÉ PEREIRA ALVES

  EVOCANDO D. JOSÉ PEREIRA ALVES Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette O ano em curso assinala o centenário de ordenação sacerdotal de D. José Pereira Alves, uma das figuras mais representativas do episcopado brasileiro. Nascido em Palmares, no Estado de Pernambuco, a 5 de março de 1885, foi ordenado sacerdote a 1º de novembro de 1907, logo destacando-se por sua vasta cultura, modéstia, zelo apostólico e uma extraordinária capacidade de trabalho, qualidades que o levaram a exercer as mais elevadas funções eclesiásticas. Foi professor e reitor do Seminário de Olinda, Deão do Cabido da Catedral de Olinda, Monsenhor Protonotário Apostólico, Governador do Bispado e Vigário Capitular da Arquidiocese de Olinda e Recife, deixando em todos estes cargos “a marca indelével de seu espírito de iniciativa, de sua prudência, de sua autoridade e de sua imensa cultura” (1). (1) JOAQUIM, Thomas. D. José Pereira Alves, in: Vozes de Petrópolis, Petrópolis, janeiro-fevereiro de 1948, p. 117. Foi ainda um consumado jornalista, consagrando-se aos temas morais e religiosos. No Nordeste, dirigiu os jornais “A Tribuna Religiosa”, “Mês do Clero” e a revista “Maria”, além de ter publicado inúmeros artigos em outros órgãos de divulgação católica. Deixou-nos ainda duas obras de grande valor literário e religioso, publicadas após sua morte pela Imprensa Nacional e, infelizmente, não reeditadas: “Discursos e conferências” e “Palavras de fé”. Em 27 de janeiro de 1922, foi sagrado bispo, na Basílica do Carmo, um dos mais lindos templos do Recife e designado para a Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte, ali permanecendo até 1928, quando foi transferido para a Diocese de Niterói, pastoreando-a até a sua morte em 1947. Na Diocese de Natal fundou um Seminário, a Federação Católica do Rio Grande do Norte e o Diário Católico daquela cidade. Por ocasião de sua posse na Diocese fluminense, a 20 de maio de 1928, a Tribuna de Petrópolis assim se manifestou: “Orador dos mais fascinantes, conferencista dos mais brilhantes, provecto professor, escritor, jornalista e polemista de fôlego, D. José é um espírito que não só honra a sua terra natal, mas enche de orgulho o Brasil inteiro” (2). (2) TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Novo Bispo de Niterói. Petrópolis, 24 de abril de 1928, p. 1. Petrópolis fez-se representar na solenidade de sua posse pelo Dr. Oscar Weinschenck e pelo Padre Lúcio Gambarra, vigário de paróquia de Cascatinha, o qual, em nome […] Read More

ALGUNS EQUÍVOCOS RELACIONADOS À HISTÓRIA PETROPOLITANA

  ALGUNS EQUÍVOCOS RELACIONADOS À HISTÓRIA PETROPOLITANA Jeronymo Ferreira Alves Netto Na rica e fecunda História de nossa Petrópolis, encontramos alguns equívocos que necessitam ser devidamente esclarecidos, sob pena de afetarem seriamente a reconstrução de nosso passado. Apesar dos esforços dos pesquisadores do Instituto Histórico de Petrópolis, sempre comprometidos com a verdade histórica, em desfazer tais equívocos, continuam os mesmos a ser divulgados, colocando em risco a credibilidade de nossa historiografia. Neste sentido queremos lembrar que inúmeras são as razões que podem levar alguém a deturpar a verdade, cabendo aos historiadores agir no sentido de lembrar que todas estas razões não são sensatas. Logo, é nosso dever alertar para o fato de que nem tudo que está nos jornais, revistas, televisão e até em publicações oficiais contém a verdade. Assim, a afirmativa de que “Petrópolis é a única cidade imperial da América Latina”, não é verdadeira. O pesquisador Francisco de Vasconcellos em seu alentado trabalho intitulado “Três ensaios sobre Petrópolis” nos informa “que o Imperador D. Pedro I, pelo alvará de 15 de abril de 1825, concedeu à cidade de Montevidéu, o título de Imperial pelos seus patrióticos e relevantes serviços em favor da causa do Império. Do mesmo modo, em 17 de março de 1823, já havia outorgado a São Paulo este título, fazendo o mesmo à Vila Rica, atual Ouro Preto, em 20 de março do mesmo ano”. Acrescente-se, ainda, que a historiadora Thalita de Oliveira Casadei, em seu livro a Imperial Cidade de Nictheroy, reproduziu o Decreto nº 93, de 22 de agosto de 1841, que concedeu à cidade de Niterói o mesmo título. Petrópolis, só em 26 de março de 1981, recebeu o título de Cidade Imperial, através de um decreto do então Presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo. Tal decreto, é preciso que se reconheça, além de resgatar uma dívida para com a nossa cidade, que “de fato” sempre foi uma cidade Imperial, contribuiu para a preservação de todo o seu acervo arquitetônico e natural. Prosseguindo, queremos também lembrar que o pesquisador Paulo Roberto Martins de Oliveira, associado do Instituto Histórico de Petrópolis, em palestra proferida no referido Instituto, em 29 de novembro de 2004, apontou inúmeros desvios na divulgação de nossa História, entre os quais tomamos a liberdade de selecionar alguns, que nos parecem mais gritantes. Os italianos, diz ele, “não foram colonos, pois eram imigrantes livres de contrato, que vieram voluntariamente […] Read More

DJANIRA E O LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO

  DJANIRA E O LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO Jeronymo Ferreira Alves Netto Encontra-se no Salão Nobre do Liceu Municipal Cordolino Ambrósio, em Petrópolis, uma extraordinária obra de arte, ou seja, um painel com 25 metros de comprimento por 4 metros de largura, executado a pincel pela extraordinária artista Djanira da Mota e Silva, sem dúvida um dos valores mais expressivos da arte primitivista em nosso país. Selecionando elementos da tradição popular da sociedade petropolitana, a artista conseguiu combiná-los com tal maestria, imprimindo-lhes um magnetismo tão forte, que o painel transmite uma sensação de vida, raramente encontrada em outras obras do gênero. Assim, a autora conseguiu retratar, num estilo futurista, toda Petrópolis antiga, vendo-se o Museu Imperial, a Estação da Leopoldina e sua primeira locomotiva, operários trabalhando com picaretas e teares, jovens modelando aparelhos na cerâmica, tudo em cores diversas. Quem foi Djanira? Que fez? Por que teria oferecido o citado painel ao Liceu Municipal? Quererá saber, certamente quem não se dedica ao estudo da história da arte no Brasil. Satisfazer esta justa curiosidade, é um dos objetivos do presente artigo. Djanira da Mota e Silva nasceu em Avaré (São Paulo), em 1914 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1979. Ao mudar-se para Santa Teresa, matriculou-se num curso de arte no Liceu de Artes e Ofícios, onde conheceu o pintor Emeric Mercier que, segundo nos informa Furke “mais do que um orientador foi seu grande incentivador” (1). (1) FURKE, Ana Maria. Restrospectiva de Djanira. In: REVISTA CULTURA, Brasília: MEC, Ano 7, Nº 25. A partir daí, “[…] sua pintura evoluiu, à força de uma poderosa intuição criativa, transformando-se em suporte de sua documentação de costumes, paisagens e festas populares, das mais ricas da História de nossa arte” (2). (2) DICIONÁRIO DOS PINTORES BRASILEIROS. Vol. 1, Rio de Janeiro: Spala , 1968. Realizou exposições individuais e coletivas, no Brasil e no Exterior, recebendo inúmeros prêmios. Em Petrópolis deixaram saudades as que realizou no Museu Imperial. Suas telas mais famosas são: “Ouro Preto”, “Casario”, “Panorama de Parati”, “Procissão – Folia do Divino”, “Menina com Flores”, “Amolador de Facas” e muitas outras. Dividindo seu tempo entre seu apartamento em Santa Teresa e sua residência em Petrópolis, localizada no bairro de Samambaia, à rua que hoje leva seu nome, a artista sempre acompanhou com grande interesse os acontecimentos marcantes ocorridos em nossa cidade. Aqueles que, em Petrópolis, com ela conviveram e tiveram o […] Read More

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO MUNICIPAL EM PETRÓPOLIS

  ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO MUNICIPAL EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto No decorrer da primeira República, os críticos do modelo educacional do Império, confirmando a premissa de que é fácil criticar e demolir, mas muito difícil construir, apesar dos quatro planos educacionais que se seguiram até 1915, pouco acrescentaram ao modelo anterior. Assim, o currículo constante do plano de Benjamin Constant era praticamente o mesmo de 1854, apenas, conforme muito bem assinala Valnir Chagas: “[…] apresentava um sentido mais nacional dos estudos com uma visível preocupação metodológica. No primeiro grau acrescentaram Geografia e História, principalmente do Brasil, Desenho e Trabalhos Manuais; no segundo grau, Português (como disciplina individualizada), Álgebra, Trigonometria, Direito Pátrio e Economia Política. O ensino da religião, nos dois graus, foi substituído pelo ensino da Instrução Moral e Cívica” (1). (1) CHAGAS, Valnir. Educação Brasileira: O Ensino de lº e 2º Graus. São Paulo: Saraiva, 1978. Na realidade, a Constituição de 1891, omitindo-se quanto à idéia de um sistema educacional de ensino, apontada por muitos educadores como o ponto de partida para qualquer renovação educacional, dificultou as mudanças reclamadas. Do mesmo modo, a referida Constituição determinava que o ensino primário era de competência do Estado e, no Distrito Federal, da Municipalidade. Ocorreu, então, como observa Arnaldo Niskier “ […] que as Constituições estaduais que se seguiram à federal, colocaram o ensino primário sob a responsabilidade das Câmaras Municipais” (2). Estas, contando com poucos recursos financeiros, não puderam desenvolvê-lo a contento. Apesar disto, a bem da verdade, cumpre ressaltar que os Municípios, sabe-se lá à custa de que sacrifícios, nunca deixaram de ser os grandes animadores desta modalidade de ensino. (2) NISKIER, Arnaldo. Educação Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1989. Em conseqüência, o censo realizado em 1920 revelou uma situação nada animadora: […] das 6.582.017 crianças em idade escolar, somente 1.249 (19%), recebiam algum ensino. Este quadro só começa a mudar a partir de 1921, para isto contribuindo, entre outros, três fatos de capital importância: 1. a Conferência Interestadual do Ensino Primário, realizada em novembro do citado ano, em que se buscou uma solução para o problema da difusão do ensino primário e do combate ao analfabetismo; 2. a fundação da Associação Brasileira de Educação, em 1924, por Heitor Lira e Silva que teve o grande mérito, conforme muito bem acentua Jorge Nagle de “institucionalizar a discussão dos problemas da escolaridade em âmbito Nacional […]” (3). (3) NAGLE, […] Read More