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O Carnaval em Petrópolis: da belle époque aos bailes de gala

O Carnaval em Petrópolis: da belle époque aos bailes de gala Norton Ribeiro, Associado Titular da Cadeira nº 9 – Patrono Mário Aloysio Cardoso de Miranda Época do entrudo e do corso A virada do século XIX para o XX, na maioria das grandes cidades brasileiras da época, marcou de forma indelével seus habitantes de um modo especial. O crescimento urbano bem como o frenético contato com outras tradições culturais proporcionadas pelo aumento populacional, fizeram com que aquelas pessoas extrapolassem a sensação de modernidade. O Rio de Janeiro, em especial, capitaneava tal condição por inúmeras razões e, entre elas, por ser a capital da República e por presenciar a enorme reforma urbana do prefeito Pereira Passos (1902-1906). Pelas ruas falava-se em “vertigem” na tentativa de explicar a sensação de rápida passagem do tempo. Foi nesse contexto que surge o samba carioca. Na época, diversas tradições musicais estavam presentes na cidade do Rio de Janeiro como o lundu, maxixe, chorinho, valsa e tango, além do carnaval de rua, e seriam grandes influenciadores na formação do samba. O Carnaval do final do século XIX concentrava na Rua do Ouvidor o coração das comemorações. No alto das sacadas as famílias abastadas assistiam aos cortejos das sociedades carnavalescas, grupos de origem burguesa, que faziam crítica à sociedade e adotavam como lema o propósito de “civilizar” a plebe, já que praticavam o verdadeiro cortejo como de Veneza ou Paris. Executavam marchas e óperas e pretendiam acabar com o entrudo, uma festa popular de origem portuguesa, além das brincadeiras de molhar, pintar o rosto e seguir o Zé pereira, um personagem criado por um português bigodudo que circulava pelas ruas batendo seu tambor. Neste clima de uma convivência tensa, o entrudo, as brincadeiras e o carnaval das sociedades burguesas dividiam o espaço público. Havia, dessa forma, uma convivência entre desiguais, algo que contribuiria decisivamente na formação do samba carioca. A despeito desta convivência, o carnaval ficou cada vez mais segregado com a profissionalização dos desfiles, a criação de regras e a aceleração do ritmo dando origem ao samba enredo. Alguns autores, como José Ramos Tinhorão, acreditam que tal segmentação do carnaval tenha acontecido ainda na virada do século XIX para o XX, quando surgiram os primeiros cordões e blocos nos quais os foliões deveriam seguir um grupo cercado por cordas, sob os olhos da polícia pronta a agir contra algum desavisado que por ventura viesse a atirar […] Read More

MINISTRO ROCHA LAGÔA

MINISTRO ROCHA LAGÔA Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel Petrópolis é um celeiro de intelectuais e acolhe em seu panteão celebridades, exemplo: Ministro Rocha Lagôa. Dispensa apresentações. Ainda que de forma tênue, tentarei resumir sua longa e rica trajetória. Até o dia 10 de junho de 2013, aos 94 anos, quando exalou seus últimos suspiros, nos presenteou com espantosa lucidez. Desde os primórdios foi dedicado à pesquisa médica, posteriormente ao ensino e à medicina coletiva. Nasceu em 16 de outubro de 1919, originário de tradicional família mineira, radicada há mais de quatrocentos e cinquenta anos em Ouro Preto, dela, sobressaíram insignes nomes da cultura e da política a exemplo do ministro Bernardo de Vasconcellos – Ministro do Primeiro Império e o Primeiro Presidente de São Paulo –, Visconde de Congonhas do Campo, Lucas Monteiro de Barros, dentre outros, oriundos de suas raízes portuguesas. A memória do ministro Rocha Lagôa o tornou um verdadeiro arquivo vivo de passagens memoráveis de nossa história de um modo geral, e da história de Minas Gerais, de maneira especial. Era delicioso ouvir seus relatos, trazendo acontecimentos inéditos, só conhecidos pelos que tiveram o privilégio de vivenciá-los. Necessário que ele escrevesse ou gravasse suas memórias para que material tão precioso não se perdesse na poeira do tempo. O professor Dr. Francisco de Paula da Rocha Lagôa diplomou-se em Medicina, em 1940, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense e especializou-se através do Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz. Sua grande capacidade de comunicação e a necessidade de levar ao próximo o conhecimento que adquirira, tornaram-no professor, primeiramente da Escola Nacional de Veterinária e, posteriormente, professor de Imunologia no Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz, professor de Virologia e Imunologia Aplicadas na Escola Médica de Pós-Graduação da P.U.C. do Rio de Janeiro e Membro do quadro permanente de pesquisadores e professor catedrático do Instituto Oswaldo Cruz. Além das atividades didáticas, exerceu inúmeras funções de direção, chefia, coordenação, orientação e pesquisa, tanto no setor público, quanto privado. Pela excelência de sua atuação sempre competente, humana e eficaz, foi alçado, em 1969, ao mais alto posto dentro de sua área: o de ministro de Estado dos Negócios da Saúde, honroso cargo que exerceu até 1972. Como ministro de Estado desincumbiu-se de várias tarefas oficiais no exterior, dentre elas: missões científicas, conferências, congressos, etc. Por seu grande valor […] Read More

Palavras proferidas pela Presidente do IHP na abertura da sessão de 14 de março de 2016

Palavras proferidas pela Presidente do IHP na abertura da sessão de 14 de março de 2016 Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Boa noite a todos confrades, confreiras e convidados. Na qualidade de Presidente do IHP, declaro aberta esta sessão e agradeço a presença de vocês para juntos celebrarmos duas datas tão significativas: o centésimo septuagésimo terceiro aniversário da cidade de Petrópolis e o dia internacional da mulher. Escolhemos homenagear todas as mulheres e, especialmente, as mulheres desta Casa, na pessoa da querida amiga e sócia emérita Dora Maria Pereira Rego Correia, que completará 90 anos no próximo dia 16 de março. Mas, antes de passar a palavra ao vice-presidente, Prof. Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado que fará a saudação à nossa homenageada, quero registrar a importância do trabalho das mulheres na trajetória do IHP que, mesmo sendo minoria, contribuíram e contribuem de forma decisiva para o seu desenvolvimento. Na figura da petropolitana Profa. Germana Gouvêa, que integrou o grupo de fundadores do Instituto Histórico de Petrópolis, instalado em 02/12/1938, a única mulher no quadro de sócios, assumindo um lugar na Comissão de Contas, eu agradeço a todas as sócias que passaram pelo nosso Instituto, e na figura da primeira mulher que o presidiu, no período de 1980 a 1986, Ruth Judice, saúdo as associadas que junto com ela ocupam, atualmente, uma cadeira na nossa instituição: Alessandra Fraguas, Carmem Lobato, Elizabeth Maller, Maria das Graças Duvanel, Marisa Guadalupe, Patrícia Souza Lima e Vera Abad. É com muita alegria que passo a palavra ao amigo Joaquim Eloy.

HUGO LEAL, UM AMIGO DE PETRÓPOLIS

HUGO LEAL, UM AMIGO DE PETRÓPOLIS Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe   Esse foi o pseudônimo adotado, em 1911, por Vasco Machado de Azevedo Lima, conhecido como Vasco Lima. Filho dos portugueses Alfredo de Azevedo Lima e de Silvina Faria Machado Lima nasceu no Porto em 6 de setembro de 1886 e veio para o Brasil aos quinze anos de idade. Em 1906, casou-se com Adelaide Guiomar d’Ávila. Faleceu em 8 de agosto de 1973. Desenhista, caricaturista e ilustrador, Vasco Lima foi colaborador de vários revistas e jornais como “O Malho”, revista ilustrada de grande prestígio, onde ingressou em 1905. Seu colega, o caricaturista Álvaro Marins (pseudônimo Seth) recorda: “Enquanto se trabalhava, discutia-se arte, literatura, filosofia e metia-se o pau na vida alheia. Vasco, o eterno irreverente contador de anedotas, ria e fungava através dos seus vastos bigodes da moda”. Em julho de 1911, lançou com Álvaro Marins a revista “Álbum de Caricaturas”, que depois passou a chamar-se “O Gato”, que fazia sucesso entre a elite intelectual. Segundo Álvaro Marins, “Vasco Lima, pelos seus notáveis dotes de atividades e tino de negócio, além dos de artista, dispunha de crédito e boas relações”. O que explica a sua presença na reunião de fundação e instalação da Sociedade Amigos de Petrópolis realizada no dia 24 de março de 1946, na residência do professor Chryso Fontes, na Independência, na qual compareceram várias pessoas de destaque na sociedade carioca e petropolitana, com a finalidade de discutir os problemas da cidade e cooperar para o seu progresso. Em 1912, ingressou no Jornal A Noite e, mais tarde, ocupou o cargo de diretor-técnico. Em Petrópolis funcionou uma sucursal de A Noite. Amigo de Petrópolis, Vasco Lima doou ao Museu Imperial, em 1941, vários objetos, pinturas, gravuras, fotografias, manuscritos e livros. Em cerimônia realizada no gabinete do diretor Alcindo de Azevedo Sodré, em 1944, recebeu das mãos do diretor Alcindo de Azevedo Sodré uma carta do ministro da Educação, Gustavo Capanema, enaltecendo o seu gesto que revelava desinteresse pessoal e esclarecido espírito de cooperação. O ministro concluiu dizendo que considerava “inapreciável a contribuição dos particulares para a formação dos conjuntos artísticos e históricos organizados pelo poder público e que ao público pertence”. Referências MURUCI, Lucio Picanço. Seth: um capítulo singular na caricatura brasileira. Tese apresentada no PPJ em História Social da Cultura, PUC-RIO, 2006. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9437/9437_5.PDF. Acesso […] Read More

DOIS “NASCIMENTOS” DE FREI MONTE ALVERNE (OS)

OS DOIS “NASCIMENTOS” DE FREI MONTE ALVERNE Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado Em seu belo discurso de posse na Academia Petropolitana de Letras, a 20 de março de 1927, o ilustre sacerdote e advogado paraibano, Padre Lucio Gambarra, que atuou na Paróquia de Cascatinha de 1914 a 1937, afirma que o frade franciscano, Frei Francisco de Monte Alverne, Pregador Imperial de Dom João VI a Dom Pedro II, e precursor do Romantismo no Brasil, patrono da cadeira na qual tomava assento, a de n.°29, teria nascido duas vezes: a primeira em 1785, ao receber na pia batismal o nome Francisco José de Carvalho, mudado aos 23 anos e por ocasião do sacerdócio, para o de Frei Monte Alverne; e a segunda, em 19 de outubro de 1854, aos 79 anos, quando a convite do Monarca, reaparece após 16 anos de recolhimento, cego e debilitado por grave enfermidade, para pregar o famoso panegirico de São Pedro de Alcântara, no Outeiro da Glória, e na presença de figuras seletas da sociedade de então, entre as quais Machado de Assis e Joaquim Manuel de Macedo. Nas palavras de Pe. Gambarra: “Se o primeiro nascimento ficou assignalado desde a juventude de conquistas, de revelações e prodigios, que só em anunciar a predestinação dos genios, o segundo ainda mais se notabilizou, pelo caracter de ressureição com que, após 16 annos de tacitude e obscuridade, durante os quaes todos o lastimavam e carpiam, se mostrou redivivo, na plenitude do seu genio vindo ao pulpito da egreja da Gloria prégar o celebre sermão de S. Pedro de Alcantara, o sublime cégo, emulo de Homero e Milton e talvez ainda maior que ambos, porque, sem desservir os homens, mas antes os instruindo com a sua doutrina de mestre, com o seu verbo de apostolo, sempre esteve, até aos ultimos instantes da sua vida, ao serviço de Deus, da sua Egreja e da Patria.”  O escritor José de Alencar também assistiu ao “segundo nascimento” de Monte Alverne e registrou: “Chegou o momento. Todos os olhos estão fixos, todos os espíritos atentos. No vão escuro da estreita arcada assomou um vulto. É um velho cego, quebrado pelos anos, vergado pela idade. Nessa bela cabeça quase calva e encanecida pousa-lhe o espírito da religião sob a tríplice auréola da inteligência, da velhice e da desgraça. O rosto pálido e emagrecido cobre-se desse vago, dessa oscilação de homem […] Read More

JOÃO AUGUSTO ALVES, FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE PETRÓPOLIS

JOÃO AUGUSTO ALVES, FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE PETRÓPOLIS Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe   A Associação dos Amigos de Petrópolis foi fundada em 15 de dezembro de 1940, pelo veranista João Augusto Alves, proprietário de um prédio na Rua Cardoso Fontes, nº 88, em Petrópolis. Eleita com mandato trienal, a primeira Diretoria da Associação dos Amigos de Petrópolis tomou posse em 26 de fevereiro de 1941, sendo assim composta: presidente João Augusto Alves, secretário Eugênio Lopes Barcellos e tesoureiro Antonio Augusto Gonçalves Pereira. Foi criado o Departamento de Publicidade e Turismo instalado à Avenida 15 de Novembro, nº 793, sob a direção do escritor Mário Barreto, que no Rio de Janeiro era representado pelo escritor e jornalista Albertus Carvalho. Foram considerados presidentes de honra, o interventor fluminense Ernani Amaral Peixoto e o prefeito de Petrópolis Mário Cardoso Aloysio de Miranda, conforme o art. 3º, parágrafo único do estatuto. O Conselho deliberativo foi formado por João Augusto Alves, Herbert Moses, Mário Magalhães, Belizário Soares de Souza, Arthur Alves Barbosa, Chryso Fontes, Alcindo Sodré, José Rainho, Antônio Augusto Gonçalves Pereira, Osório Magalhães Salles, Eugênio Lopes Barcellos e Carlos Brandão Camacho. A suplência coube a Henrique Castrioto, Carlos Magalhães Bastos, Paulo César de Andrade, Adolpho Paulino Soares de Souza, Álvaro Correa Bastos Júnior, Paulo Lobo de Moraes, Durval Egydio de Souza, Alberto Borges Gouvea, Antônio Taboada, Vasco Marques Ribeiro e Santiago Araujo Esteves. Em 16 de março de 1941, no Edifício Tocolli, à Avenida 15 de Novembro nº 793, foi inaugurada a exposição comemorativa do 98º aniversário da fundação da cidade e também da instalação do Museu Imperial, promovida pelo Departamento de Publicidade e Turismo da Associação dos Amigos de Petrópolis, em homenagem ao criador do Museu Imperial, Presidente Getúlio Vargas. João Augusto Alves era figura de destaque no comércio do Rio de Janeiro, onde nasceu em 27 de fevereiro de 1883 e faleceu em 30 de setembro de 1953. Casado com Teresa Delfina Pereira Alves, descendente da tradicional família Delphim Pereira, do tempo do Império, teve duas filhas e dois filhos. Foi um dos fundadores do Aero Clube Brasileiro, presidente do Centro de Marinha Mercante, criador do “Dia do Marinheiro”, sócio e diretor do Jockey Club Brasileiro, fundador do Hospital de Jesus no Rio de Janeiro, vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, além de vários outros cargos em sociedades, […] Read More

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL: CONSERVAÇÃO/ RESTAURO

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL: CONSERVAÇÃO/ RESTAURO Eliane Marchesini Zanatta Abrahão, Associada Titular, Cadeira nº 22 – Patrono Henrique José Rabaço A ausência do entendimento e dimensionamento das abordagens teórico-conceituais relacionadas com a conservação/restauração de bens culturais tem sido uma lacuna frequente no cotidiano da preservação do patrimônio cultural. Ainda hoje, muitos são aqueles que acreditam que tais intervenções se reduzem ao mero restabelecimento estético de um determinado objeto cultural, banalizando completamente que a conversação/restauração desses bens compõe um nicho científico/acadêmico próprio, necessariamente pautado por métodos e teorias que devem ser aplicadas por profissionais detentores de formação específica para tanto. Convém ponderar que a preservação do patrimônio cultural deve ser entendida de forma ampla, com intuito de proteger primariamente o valor cultural de um determinado objeto enquanto inserido em seu contexto atributivo de relevância, cuja defesa, cuidado e respeito visam resguardar o testemunho vivo da herança das gerações passadas que exercem papel fundamental no momento presente e se projetam para o futuro. A história da conservação/restauração do patrimônio cultural tem uma peculiaridade em seu modos operandi que a torna complexa, envolve técnica e ciência, requerendo conhecimentos estéticos, filosóficos, históricos, éticos, sociológicos, físicos, químicos, biológicos, de engenharia de materiais, dentre outros. Assim, o objetivo principal está em retardar/prevenir a deterioração/dano a um determinado bem cultural contra fatores de diferentes naturezas – física, química, biológica e humana –, que possam agir sozinhos ou conjuntamente, ameaçando ou destruindo a sua integridade. Ademais, mantendo coerência com a máxima de que o valor cultural de um bem está diretamente associado ao seu contexto temporal/espacial de inserção, é importante registrar que os procedimentos de conservação devem sempre prevalecer sobre os de restauração, esta que só deve ser realizada quando a sua indicação for estritamente necessária para recuperar, na medida do possível, um objeto cultural deteriorado ou arruinado na sua forma, desenho, cor e/ou função. Por fim, é imperioso que os agentes direcionados ao campo da conservação/restauração busquem uma formação acadêmica que possibilite assimilar os conteúdos teórico-prático e as condutas éticas necessárias para que se possa respeitar as características dos bens simbólicos em toda a sua amplitude.  Somente assim, poderá fundamentar suas ações enquanto sujeitos culturais que têm o poder de intervir e o mais maléfico, o de alterar completamente os objetos que são símbolos de grupos ou mesmo da nação.

MONSENHOR NEY AFFONSO DE SÁ EARP

MONSENHOR NEY AFFONSO DE SÁ EARP Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel   Tive a alegria de conhecer o Sacerdote Monsenhor Ney Affonso de Sá Earp nos anos 60. Depois, em momento triste por ocasião de seu falecimento em 14.09.1995, quando foi velado na Catedral São Pedro de Alcântara em Missa de Réquiem presidida pelo Bispo Diocesano Dom Veloso e concelebrada pelo Bispo Emérito Dom Cintra. A Missa de Sétimo dia foi celebrada na Capela do Colégio Santa Isabel onde o menino Ney fez sua Primeira Comunhão. Está incluído em minhas orações. Rezo por tão aureolada alma na certeza de sua beatificação. Ney Affonso foi o filho primogênito do casal Nélson de Sá Earp e Amélia Maria Costa de Sá Earp, que teve, ao todo, sete filhos: quatro homens e três mulheres. São eles, por ordem de nascimento: Ney Affonso nascido a 17.12.1935 em Petrópolis, Arthur Leonardo, Maria Cecília, Maria Angélica, Antônio Carlos, Pedro Paulo e Maria Gabriela. Os pais tinham uma profunda formação religiosa; o ambiente familiar foi decisivo para desabrochá-lo à vocação sacerdotal do primeiro filho. Pertencia à Ordem Terceira Franciscana. Ney Affonso fez o curso primário no Colégio Dona Hilda Maduro, tradicional de Petrópolis. O curso ginasial no Colégio São Vicente de Paulo, dos cônegos premonstratenses. No intervalo entre um curso e outro, ocorreu um acidente em 16.12.1946, véspera do seu aniversário de 11 onze anos. Seu irmão, o ilustre historiador Arthur Leonardo em comovente matéria publicada na Tribuna de Petrópolis “Uma tragédia – cinqüenta anos” (15.12.1996) discorreu sobre o lamentável acidente, que marcou a sua vida. Concluiu o curso de Teologia em 1960, ano de sua ordenação em 3 de julho. O recém-ordenado Padre Ney Affonso de Sá Earp não voltou logo ao Brasil. Permaneceu em Roma para fazer novos estudos. A história registra a celebração de sua primeira Missa cantada na Catedral de Petrópolis em 19 de abril de 1964. “Retornou a Roma e a Toronto (no Canadá) para completar sua tese doutoral, laureando-se brilhantemente em 1974” tudo conforme relata a Revista Ação. O então Pe. Ney  assumiu a paróquia de Bemposta. Ela integrava, dentre outras, a Igreja de Hermogêneo Silva, distrito de Três-Rios bem no início de sua ordenação Sacerdotal. Sua permanência ali se deu por pouco tempo. Lecionou no Seminário Diocesano de Corrêas e na Universidade Católica. Foi Secretário Diocesano de Pastoral Familiar. Serviu à Arquidiocese do Rio de […] Read More

PALÁCIO DE CRISTAL NÃO FOI PRESENTE DE CASAMENTO (O)…

O PALÁCIO DE CRISTAL NÃO FOI PRESENTE DE CASAMENTO …. Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira nº 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe O Palácio de Cristal não foi presente de casamento do Conde d’Eu à Princesa D. Isabel. Se tivesse sido, ele seria um bem particular e, dessa maneira, só poderia ter passado ao poder público por meio de doação ou de venda, tal como ocorreu com o Palácio de Petrópolis, hoje Museu Imperial. Vamos aos fatos. A Primeira Exposição Hortícola e Agrícola de Petrópolis, realizada no Passeio Público, em 02.02.1875, foi uma iniciativa da Princesa D. Isabel. Com o êxito do evento, foi criada a Caixa Hortícola de Petrópolis, cujo conselho diretor era presidido pelo Conde d’Eu. Sendo assim, foram realizadas mais duas exposições, inauguradas em 20.01.1876 e 18.04.1877. Mais tarde, a Caixa Hortícola transformou-se na Associação Hortícola e Agrícola de Petrópolis, que tinha como presidente o Conde d’Eu e como vice-presidente o Barão do Catete. A Associação decidiu construir um edifício especialmente para abrigar as exposições e obteve autorização para instalá-lo no Passeio Público, fato que, na época, gerou grande polêmica. Em 1878, o antigo pavilhão que abrigou as três primeiras exposições foi demolido e, em 02.02.1879, foi realizada a solenidade da colocação da pedra fundamental do novo edifício. Em prol da Associação Hortícola e Agrícola de Petrópolis, a Princesa D. Isabel e o Conde d’Eu patrocinaram um concerto público em 1882. Assim, o Palácio de Cristal foi inaugurado em 20.04.1884, com a abertura da 4ª Exposição Hortícola e Agrícola de Petrópolis, ornamentada pelo botânico Auguste François Marie Glaziou. O edifício foi construído nas oficinas da Sociedade Anônima de Saint-Sauveur-lès-Arras, na França, por encomenda da Associação Hortícola de Petrópolis, e montado em Petrópolis pelo engenheiro Eduardo Bonjean. Foi inspirado no Palácio de Cristal projetado pelo arquiteto Joseph Paxton para a Exposição Industrial de Londres em 1851. A Associação Hortícola e Agrícola de Petrópolis era, sem dúvida, a proprietária do Palácio de Cristal, mas, como fora construído em logradouro público, era necessário que as relações jurídicas entre a Municipalidade e a Associação estivessem estabelecidas no caso da dissolução desta última. O vereador Domingos Manuel Dias, presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, preocupado com essa possibilidade em virtude do fim da Monarquia, em 1889, escreveu ao barão do Catete, presidente em exercício da Associação, solicitando uma reunião para tratarem do assunto. A extinção da Associação Hortícola e […] Read More

CASA BARÃO DE MAUÁ: CONSTRUINDO E DESCOBRINDO MEMÓRIAS

CASA BARÃO DE MAUÁ: CONSTRUINDO E DESCOBRINDO MEMÓRIAS Norton Ribeiro, Associado Titular, Cadeira nº 9 – Patrono Mário Aloysio Cardoso de Miranda   O imóvel conhecido pelos petropolitanos como casa do Barão de Mauá, situado à Avenida Rio Branco n. 3, assim como várias residências da elite do século XIX, guarda muitas histórias, algumas muito conhecidas, outras nem tanto. Redescobrir os fatos ocorridos em outras épocas nas ruas, praças e imóveis da cidade contribui para compreender nossa própria história e resguardar o patrimônio material que compõe parte de nossa cultura e memória. Assim, Petrópolis aparece como uma das cidades brasileiras com grande patrimônio histórico relativo ao século XIX e início do XX, bem como um conjunto arquitetônico variado, compondo-se de muitos estilos diferentes. Sua preservação depende de uma série de fatores que envolvem tanto a sociedade quanto os poderes públicos e precisa ser encarada com seriedade, pois eles são capazes de nos revelar aspectos da cultura e do tempo, as relações sociais de outrora, questões políticas, a interatividade entre o homem e seu meio, enfim, diferentes questionamentos que dependerão das necessidades históricas. A Casa Barão de Mauá preserva memórias de diferentes momentos de nossa história local e nacional. Atualmente ela funciona como a Casa da Educação, promovendo cursos e atividades extracurriculares para alunos da rede municipal.  O trabalho com projetos de educação patrimonial, pesquisas sobre o imóvel e a vida de seu idealizador Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá (depois Visconde), me tem possibilitado verificar e revelar fatos interessantes sobre a Casa inaugurada em março de 1854.  Um deles foi a localização no acervo do Museu Imperial da fotografia do dia inauguração da placa de bronze colocada na frente da Casa em 21.03.1928. O exame da imagem suscitou várias perguntas: De quem foi a ideia da homenagem? Por que de tanta pompa na homenagem ao Barão? Quem esteve presente na cerimônia? A ideia foi do vereador Alcindo Sodré em 1927, que obteve a autorização do prefeito Paula Buarque e certamente contou com a aquiescência do proprietário do imóvel, o biógrafo de Mauá, Alberto de Faria, grande entusiasta do Barão e suas realizações. A Tribuna de Petrópolis (22.03.1928) noticiou o fato exaltando a relevância das realizações de Mauá para o país e sua ligação com Petrópolis. O cronista Walter Bretz, sob o pseudônimo João de Petrópolis, procurou reforçar esta relação destacando a primeira estrada de ferro do Brasil e transcreveu o […] Read More